Breve nota em defesa da Unicamp

Pioneira na implementação de cotas no ensino superior, universidade sofre ataques – da depredação de seu espaço à violência contra alunos. Ação é coordenada e convida forças democráticas se preparar para a luta contra o obscurantismo

Foto: Novos estud. CEBRAP 43 (2)
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As universidades enfrentam hoje intenso ataque em diversas partes do mundo, seja por meio de repressão direta, seja por restrições orçamentárias. Não podemos ignorar que também no Brasil os ataques continuam, apesar de termos superado o período das conduções coercitivas a reitores no governo Temer e a violência orçamentária e política do governo Bolsonaro — dirigidos estes, em especial, contra as instituições federais de ensino superior.

Forças obscurantistas, que preferem a exclusão e a ignorância, tomam agora por alvo a Unicamp — e o fazem exatamente por essa instituição, reconhecida mundo afora por sua excelência acadêmica, aprofundar ações afirmativas, visando a que seu ambiente acadêmico refinado contemple manifestações de cultura e não de barbárie.

Talvez devêssemos até chamar esses grupos de provocadores de “bandos”, envolvidos que estão em prática criminosa, ameaçadora e invasiva de um espaço sagrado, que é o da universidade. Entretanto, é importante não diminuirmos, com isso, a gravidade e o perigo desses grupos de natureza fascistóide, que, como descrito em importante nota de ex-diretores do IFCH, “Gravam vídeos de espaços do nosso Instituto e de membros da comunidade acadêmica sem a devida autorização, abordam estudantes de forma provocativa e os agridem. Depredam os muros dos nossos prédios, voltando-se especialmente contra as manifestações políticas e culturais dos movimentos negros e de minorias, indicando, por meio da ação violenta, sua índole autoritária e seu inconformismo com a política democrática de ação afirmativa.”.

Em primeiro lugar, a ação desses grupos não é isolada. Ela tem propósito político claro, servindo a quantos almejam retrocessos civilizatórios. Em segundo lugar, esses atos disruptivos se dão em momento delicado, no qual a educação superior ainda não encontrou a proteção e o reconhecimento necessários e próprios de seu papel central em um projeto de nação profundamente democrática.

É, pois, urgente, por um lado, reagir com medidas imediatas e adequadas à ação desses grupos, como têm sido anunciadas pela Direção do IFCH e pela Reitoria da Unicamp. Por outro lado, as forças democráticas não podem subestimar a extensão da ameaça, devendo estar preparadas para uma luta mais demorada e bem mais ampla.

Defender a universidade pública é defender a democracia. Viva a Universidade Estadual de Campinas!

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