Uma reinvenção poética do amor no Antigo Egito

Com inventividade, obra da Editora 34 resgata a poesia amorosa nascida às margens do Nilo. Guilherme Gontijo Flores recria a beleza e a sensualidade de versos milenares, num exercício de tradução que atravessa os tempos. Sorteamos um exemplar

“Um relevo de um casal real no estilo Amarna; a figura à esquerda segura um ramo de flor de lótus azul, planta sagrada no Antigo Egito; as figuras foram atribuídas de várias maneiras a Akhenaton e Nefertiti, Smenkhkare e Meritaton, ou Tutankhamon e Ankhesenamun; o afresco data após a morte do ex-rei.” Esboço artístico: Passeio no jardim; Amarna (Spaziergang im Garten Amarna Berlin); Calcário; Novo Reino, 18ª Dinastia, por volta de 1335 AC BC Museu Egípcio de Berlim, inv. 15.000 (doação de James Simon 1920) | Fonte: Wikimedia Commons
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em teu amor habito  •  por dias noites

desperto ali deitado  •  até a aurora

teu corpo alenta o coração  •  pelo desejo em tua voz  • 

meu corpo reacende

de seu cansaço  •  que eu possa então dizer

não tem ninguém  •  naquele coração  •  além de mim


Amor e paixão são temas de fervorosas poesias desde tempos imemoriais. A tradução nacional nos presenteou nos últimos tempos com uma bela e refinada pérola que reluz alguns desses versos, falo da obra: Seu dedo é flor de lótus – Poemas de amor do Antigo Egito, vertida para o português pelo trabalho cheio de esmero e sensibilidade do poeta Guilherme Gontijo Flores.

Publicada pela Editora 34, a obra reencarna a poesia amorosa do Antigo Egito para o público brasileiro, fazendo desta uma espirituosa empreitada linguística ao não se limitar a uma tradução literal.

Outras Palavras e Editora 34 sortearão um exemplar de Seu dedo é flor de lótus – Poemas de amor do Antigo Egito, de Guilherme Gontijo Flores, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 9/12, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!

Com sua inventividade aguda, o poeta reconstrói 53 poemas e 12 fragmentos que sobreviveram dos séculos XIII a XI a.C., trazendo-os à atualidade com singularidade apaixonante. 

Tal esforço resulta em uma reinterpretação poética de sentimentos expressos há milênios, mas que atravessam o tempo em um diálogo com o presente.

A fluidez dos versos livres propostos pelo tradutor estabelecem entre si uma conexão sutil, mas de extrema vivacidade, que evoca a beleza dessas poesias, com metáforas e imagens intensas que tratam de amores e amantes anônimos.

E não se esqueça! Quem apoia o jornalismo de Outras Palavras garante 30% de desconto em obras selecionadas da Editora 34. Faça parte da rede Outros Quinhentos em nosso Apoia.se e acesse as recompensas!

O requinte de sensualidade e sofrimento, com uma leitura que envolve o corpo e a alma, resgata a riqueza de um passado distante que habita uma humanidade que continua a nos tocar.

Flores, que revela no prefácio que há tempos nutria o desejo pessoal de encarar o desafio dessa tradução, lança mão de um criterioso processo de recriação, transitando pelas complexidades da língua egípcia antiga, uma língua sem vogais, de caráter lacunar, que, ao longo dos séculos, foi fragmentada e desafiou estudiosos em busca de um significado completo; além de confrontar a própria ideia de um texto original.

O poeta já tem na conta resgates como: Fragmentos completos de Safo (Editora 34, 2017, vencedor do Prêmio APCA de tradução), Epigramas de Calímaco (Autêntica, 2019), Inana – antes da poesia ser palavra era mulher (sobinfluencia, 2022, um dos finalistas do Prêmio Jabuti de 2023, na categoria de melhor tradução), que reúne duas poesias da princesa, poeta e sacerdotisa suméria exilada (já sorteado no Outros Quinhentos); e Odes de Horácio (Autêntica, 2024).

Ao final da edição, o posfácio de Guilherme Gontijo Flores se aprofunda em questões que cercam esse processo de recriação, refletindo sobre as ideias de filósofos como Jacques Derrida e Henri Meschonnic, abordando as dificuldades de resgatar o sentido e a essência desses textos em uma nova língua e contexto. Ou seja, além de seu precioso trabalho de tradução, o escritor também faz uma boa contribuição à teoria da tradução. 

Seu dedo é flor de lótus constrói uma ponte entre o passado e o presente e celebra a arte de reimaginar e dar vida a amores que nunca morrem – ainda mais agora.


SOBRE O TRADUTOR

Guilherme Gontijo Flores nasceu em Brasília, em 1984. É poeta, tradutor e professor de latim na Universidade Federal do Paraná. Publicou os livros de poesia brasa enganosa (Patuá, 2013), Tróiades (Patuá, 2015), l’azur Blasé (Kotter/Ateliê, 2016), ADUMBRA (Contravento, 2016), Naharia (Kotter, 2017), carvão : : capim (Editora 34, 2018), avessa: áporo-antígona (Cultura e Barbárie/quaseditora, 2020) e Todos os nomes que talvez tivéssemos (Kotter/Patuá, 2020), além do romance História de Joia (Todavia, 2019). Como tradutor, publicou, entre outros: A anatomia da melancolia, de Robert Burton (4 vols., Editora UFPR, 2011-2013, vencedor dos prêmios APCA e Jabuti de tradução), Elegias de Sexto Propércio (Autêntica, 2014, vencedor do Prêmio Paulo Rónai de tradução, da Fundação Biblioteca Nacional), Fragmentos completos de Safo (Editora 34, 2017, vencedor do Prêmio APCA de tradução), Epigramas de Calímaco (Autêntica, 2019) e Pantagruel e Gargântua, de Rabelais (Editora 34, 2021). Foi um dos organizadores da antologia Por que calar nossos amores? Poesia homerótica latina (Autêntica, 2017). É coeditor do blog e revista escamandro: poesia tradução crítica). Nos últimos anos vem trabalhando com tradução e performance de poesia antiga e participa do grupo Pecora Loca.


Em parceria com a Editora 34, o Outras Palavras irá sortear um exemplar de Seu dedo é flor de lótus – Poemas de amor do Antigo Egito, de Guilherme Gontijo Flores, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 9/12, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!


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