Uma história alemã na Bolívia

Recém-lançada pelo Selo Manjuba, obra reconta a história da guerrilheira Monika Ertl e seu pai, Hans Ertl, cinegrafista do Terceiro Reich. O escrito revela a relação entre fugitivos nazistas e regimes de extrema direita na América do Sul. Sorteamos um exemplar

O cinegrafista e montanhista Hans Ertl e sua filha Monika durante a gravação do filme da expedição amazônica “Hito-Hito”. [1958] | Fonte: der Freitag.

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Em 12 de maio de 1973, em La Paz, capital da Bolívia, uma troca de tiros ocorreu entre militantes do Ejército de Liberación Nacional (ELN) e forças de segurança. O conflito resultou na morte de Monika Ertl, militante do ELN.

Entre os muitos motivos que levaram à morte de Ertl, o principal, sem dúvida, foi o fato de que a guerrilheria teria sido a responsável pelo assassinato do funcionário consular boliviano Roberto Quintanilla Pereira, embora não haja uma investigação que comprove tal acusação.

Contudo, Ertl não o teria matado sem motivos. Seis anos antes de sua morte, Quintanilla era comandante de polícia no Ministério do Interior boliviano e foi dele a ordem para amputar as mãos de Ernesto Che Guevara após sua morte. A jovem teria vingado tal ato covarde contra o líder da guerrilha e farol para a luta dos povos do terceiro mundo.

No entanto, esse não é o único fato interessante da vida de Monika Ertl. Seu pai, Hans Ertl, um montanhista, jornalista e cinegrafista alemão que fez morada na Bolívia, chegou a ser cinegrafista do Terceiro Reich e trabalhou com a diretora de cinema Leni Riefenstahl – diretora favorita de Hitler. Além disso, Hans chegou a estar em campanha no Norte da África, ao lado de Erwin Rommel, militar alemão que serviu como general marechal de campo da Wehrmacht, as forças armadas da Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

A história da jovem de origem alemã que foi parar na Bolívia revela uma rede de conexões entre fugitivos nazistas e a sociedade boliviana da segunda metade do século XX.


É essa história que é desvelada na obra Surazo – Hans e Monika Ertl: uma história Alemã na Bolívia, da cientista cultural Karin Harrasser, com tradução de Daniel Martineschen. O livro foi lançado no Brasil, esse ano, pelo Selo Manjuba, selo de não-ficção da Editora Mundaréu.

Outras Palavras e Selo Manjuba irão sortear um exemplar de Surazo – Hans e Monika Ertl: uma história Alemã na Bolívia, de Karin Harrasser, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 26/8, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!

Karin Harrasser faz esse relato por meio de uma narrativa cinematográfica, com uma escrita envolvente que aproxima o leitor dos acontecimentos relatados.

Os flashes da vida dos Ertls são entrelaçados com suas memórias da pesquisa em campo, além de suas conjecturas sobre ditadores de direita, nazistas, missionários alemães, emigrantes judeus, guerrilheiros e indígenas, na América Latina, Alemanha e Áustria. A liga para tantos elementos é a relação de Hans e Monika, abordando as diferenças ideológicas e políticas dos dois. Tudo isso não necessariamente em ordem cronológica. Um modo inventivo de contar uma história

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Outro fato interessante dessa narrativa que parece de cinema, é que o provável assassino da jovem guerrilheira, foi um alemão nazista que atuava como conselheiro das forças de segurança da Bolívia e que era fortemente ligado ao seu pai.

A autora, com seu ponto de vista feminista, observa de um ângulo único não apenas a relação entre um pai nazista e uma filha guerrilheira de esquerda, mas também lança luz sobre a complexa relação que fugitivos nazistas mantinham com governos ditatoriais de extrema direita na América do Sul. A obra contribui para esclarecer esse momento sombrio da história em nossa parte do mundo – que infelizmente parece estar sempre à espreita.


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