Rotas para um futuro feminista

Em obra da editora Boitempo, Nancy Fraser analisa as mudanças no imaginário feminista desde a década de 1970 e aponta os erros e acertos do movimento — com um plano para resgatar seu potencial revolucionário. Sorteamos dois exemplares

Pôster do coletivo See Red Women’s Workshop. “Enquanto as mulheres não forem livres, as pessoas não serão livres” [1978] | Fonte: Victoria and Albert Museum
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Nas últimas décadas, o feminismo conquistou vitórias inegáveis: avanços legais, maior representação política e uma crescente conscientização sobre violência de gênero.

Entretanto, em meio a essas conquistas, um triste cenário se revela: suas utopias parecem ter se esvaziado. O que aconteceu com o feminismo que sonhava não apenas com igualdade, mas com a transformação radical da sociedade?

A obra Destinos do feminismo – do capitalismo administrado pelo Estado à crise neoliberal, da filósofa Nancy Fraser, reúne seus ensaios escritos ao longo de décadas, levando a um diagnóstico contundente: o movimento, ao se afastar de suas raízes anticapitalistas, perdeu parte de sua potência transformadora.

No escrito, lançado no Brasil pela Boitempo Editorial, Fraser não se limita à crítica. Ela aponta caminhos para um feminismo renovado, capaz de enfrentar os desafios do século XXI.

Outras Palavras e Boitempo Editorial irão sortear dois exemplares de Destinos do feminismo – do capitalismo administrado pelo Estado à crise neoliberal, de Nancy Fraser, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 7/4, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!

O livro está dividido em três eixos. O primeiro resgata o feminismo da segunda onda, mostrando como ele estava intrinsecamente ligado a lutas por justiça social e democracia radical.

O segundo analisa o desvio para a política de identidade, que, embora importante, muitas vezes deixou de lado questões econômicas e estruturais.

Já a terceira parte é um convite à ação: como reconstruir um feminismo que una redistribuição, reconhecimento e representação em escala global?

Para Fraser, as novas gerações de ativistas — conectadas digitalmente, transnacionais e formadas em meio ao caos do capitalismo tardio — são a chave para essa reinvenção.

Elas têm a oportunidade (e o dever) de criar um movimento que não apenas denuncie opressões, mas que também proponha alternativas concretas a um sistema em colapso.

A ascensão do neoliberalismo e a fragmentação da luta em pautas dispersas contribuíram para o esvaziamento das pautas feministas. Em um mundo marcado por crises econômicas, autoritarismo e colapso ambiental, o feminismo precisa recuperar seu caráter revolucionário — ou arrisca tornar-se apenas mais uma peça no quebra-cabeça do status quo.

Portanto, longe de ser um livro nostálgico, Destinos do feminismo é um manifesto para o futuro. Nele, Fraser instiga as feministas a pensarem grande outra vez: a lutar não só por direitos individuais, mas por um mundo onde justiça de gênero signifique, de fato, justiça para todos.

Em tempos de crise civilizatória, esse feminismo que incide na justiça social não é uma opção — é uma necessidade. E esta obra é um farol para quem não desistiu de mudar o mundo.

Esta matéria integra uma seleção especial de sorteios do Outros Quinhentos neste mês de março. Ao longo deste período, homenagearemos figuras e temas centrais da luta pela emancipação da mulher. Não perca!


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