Quando a luta também ecoa na tinta e no papel
Clássico sobre o início da imprensa anarquista no Brasil ganha edição comemorativa pela editora Unesp. Nos jornais clandestinos, operários aprendiam a se organizar, protestar e sonhar com um mundo sem patrões. Leia um trecho. Sorteamos dois exemplares
Publicado 30/05/2025 às 18:58 - Atualizado 30/05/2025 às 19:00

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No final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, o Brasil passava por profundas transformações sociais e econômicas. Nesse contexto, chegavam ao país milhares de imigrantes europeus, muitos deles influenciados por ideais socialistas, anarquistas e sindicalistas, que logo se organizaram em associações de classe, sindicatos e grupos de resistência.
É nesse momento que os ideais anarquistas começam a ser difundidos entre os operários brasileiros, principalmente por meio de grupos de propaganda e periódicos, especialmente a partir da década de 1890.
As atividades anarquistas iam além de periódicos, mantendo atuação na educação de trabalhadores e participando de associações no meio operário. Em 1892, anarquistas organizaram as primeiras atividades do Primeiro de Maio no Brasil, colocando o movimento na mira da repressão.
Entretanto, a imprensa operária foi crucial para o desenvolvimento da luta operária por aqui, indo além das notícias e espraiando ideias revolucionárias que questionavam a ordem capitalista e o Estado repressivo.
Jornais faziam o papel de agitação, formação política e mobilização, ajudando a articular greves, protestos e uma nascente consciência de classe. No entanto, essa história de resistência foi muitas vezes apagada ou minimizada pela narrativa oficial, que privilegiou os feitos das elites em detrimento das lutas populares.
Foi nesse terreno de memória soterrada que o historiador e crítico literário Francisco Foot Hardman se debruçou, resgatando vozes silenciadas e reconstruindo a trajetória do movimento operário e da cultura anarquista no Brasil.

Sua obra Nem Pátria, Nem Patrão – Memória operária, cultura e literatura no Brasil, lançada originalmente em 1984, tornou-se um marco nos estudos sobre o tema, sendo até os dias de hoje uma das principais referências para entender a relação entre literatura, imprensa militante e resistência operária no Brasil das primeiras décadas do século XX.
Quatro décadas depois, o escrito ressurge em uma edição comemorativa que homenageia sua importância fundamental para os estudos sobre o movimento operário e a cultura anarquista no Brasil, graças aos esforços editoriais da Unesp.
Outras Palavras e Editora Unesp irão sortear dois exemplares de Nem Pátria, Nem Patrão – Memória operária, cultura e literatura no Brasil [4ª edição], de Francisco Foot Hardman, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 9/6, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!
Foot Hardman mergulhou em arquivos esquecidos, desenterrou jornais libertários, panfletos e manifestos para reconstruir a trajetória de homens e mulheres que usaram a palavra escrita como arma contra a exploração capitalista e o autoritarismo do Estado.
O livro revela como publicações como A Plebe e Germinal não apenas informavam, mas educavam politicamente, agitavam greves e forjavam uma consciência de classe entre trabalhadores urbanos e imigrantes.
A nova edição inclui novos textos complementares que ampliam o diálogo com pesquisas recentes sobre anarquismo, sindicalismo e cultura impressa, além de um comentários assinados por estudiosos que foram influenciados pela obra. Há ainda um caderno de imagens com fotografias raras, capas de jornais e documentos da época.
Além disso, um posfácio de tirar o fôlego resgata a trajetória intelectual de Foot Hardman, destacando seu papel como pioneiro na intersecção entre história social e análise literária.
“Nem Pátria, Nem Patrão” – um lema cunhado por anarquistas que rejeitavam o nacionalismo opressor e a exploração patronal – ressoa em tempos de precarização do trabalho, ataques aos direitos sociais e resistências que se organizam nas margens.
A reedição é, portanto, tanto uma homenagem quanto um convite: que novas gerações descubram (ou redescubram) a potência das ideias que Hardman ajudou a resgatar do esquecimento.
Leia, logo abaixo, um trecho. Boa leitura!
1
INSTITUIÇÕES DA CLASSE OPERÁRIA E CULTURA
A consciência de classe do proletariado não deve ser buscada numa abstrata e ideológica operação de separar a ciência e a ideologia, mas, concreta e materialmente, pode ser apreendida no exame das instituições criadas pela classe (uniões, ligas, sindicatos, jornais, partidos etc.) e nas relações mantidas por essas diferentes instituições com as classes dominantes, os setores sociais intermediários e o Estado. Isto é, a formação e o desenvolvimento das formas assumidas pelo coletivo da classe operária realizam-se no interior do processo da luta de classes. [1]
Numa aplicação concreta dessa abordagem, no caso da Inglaterra, o estudo de John Foster (1977, caps.5 e 6) analisa o desenvolvimento da burguesia e da classe operária no interior da luta de classes e das transformações trazidas pelo capitalismo industrial. O ensaio fixa-se na análise de três cidades industriais britânicas, em especial Oldham, acompanhando, por exemplo, as mudanças nos “sistemas tradicionais e locais de autoridade”, como as igrejas, escolas dominicais, sociedades de amigos (the friendly societies), os cafés (the public houses), as lojas de maçonaria, o movimento cooperativista etc. Foster enfatiza, em relação à consciência de classe do proletariado inglês, o duplo movimento contraditório da formação de laços de solidariedade e sua fragmentação, movimento histórico e descontínuo, resultante da própria luta de classes e de determinações econômicas estruturais (por exemplo, as transformações técnicas do trabalho industrial e os prenúncios de uma “aristocracia operária” nascida com o desenvolvimento do imperialismo).
Ainda nessa direção, o estudo de Martha Vicinus (1974) é bem específico e aproxima-se mais do tema da prática cultural da classe operária. The industrial muse trata da produção da literatura operária inglesa do século XIX, incluindo poesia e letras de música (street ballads e broadsides), a literatura como propaganda (por exemplo, na produção da União dos Mineiros do Carvão), a poesia cartista, os poetas autodidatas, a literatura dialetal do Norte etc. A autora considera que se configurou, pelo menos na primeira metade do século XIX, uma “cultura operária” baseada numa produção literária e musical muito característica e própria, criada e consumida pelos operários, vinculada aos temas concretos da vida das classes trabalhadoras nas cidades industriais e nas ruas dos bairros operários. Essa cultura de classe foi sendo transformada pelos veículos dos novos meios de comunicação: em 1890, praticamente desaparecera, sendo substituída pelas grandes casas de espetáculos de massa, de entretenimento e diversão, como foi o caso da expansão do music-hall, signo da decadência dos contornos de classe da antiga cultura e do caráter de massa das novas formas culturais.
A utilização do termo cultura, entretanto, envolve as contradições e variações de sentido que esse conceito adquiriu historicamente. É Raymond Williams (1979, p.18) quem observa, com justeza, a perplexidade do pesquisador diante do fato de que “os conceitos mais básicos – os conceitos, como se diz, dos quais partimos – não são conceitos, mas problemas, e não problemas analíticos, mas movimentos históricos ainda não definidos”. [2]
Nesse sentido, é importante lembrar, aqui, que os “fatos culturais” da classe operária não existem em si, aparecendo mediados pelo movimento operário (de que são parte integrante e constitutiva), ambos mediados e representados por sua vez pelos vários discursos históricos pesquisados e, finalmente, pelo discurso do pesquisador construído neste texto. Além disso, é importante superar o mito da recuperação absoluta da “história operária”, ou de sua reconstrução heroico-contínua, cronológica e integral. Retomando Gramsci (1974a, p.491-3), assinalo o caráter essencialmente descontínuo, desagregado, episódico e fragmentário da história dos grupos sociais subalternos, dada a posição mesma de subordinação vivida por esses grupos, a desigualdade da dominação de classes, a dialética da luta de classes e o papel permanente de desorganizador exercido pelo Estado.
* * *
No Brasil anterior a 1930, um dos elementos fundamentais na definição de uma relativa autonomia cultural da classe operária foi sua autonomia no plano associativo, principalmente sindical. E nesse processo, é claro, a presença significativa do anarcossindicalismo (pelo menos entre 1906 e 1920) teve um papel decisivo.
Antes disso, o mutualismo fora uma das primeiras formas de expressão de traços socioculturais distintivos de classe. Em regiões mais afastadas, como o interior de Minas Gerais, tive oportunidade de travar contato com essas formas embrionárias de uma simbologia própria do “mundo do trabalho”. Os estandartes da União Operária Beneficente de Diamantina (1891), a galeria de retratos ovais e emoldurados de seus fundadores e primeiros dirigentes, os baixos-relevos neoclássicos talhados por algum antigo e anônimo operário-artífice, os versos fúnebres presentes nos Estatutos (verdadeira elegia à morte do operário), os ideais de “socorro mútuo” onde intercala-se a solidariedade de raiz proudhoniana misturada a uma religiosidade impressa no emblema “Deus, Honra, Trabalho”, são alguns dos componentes de um espaço social diferenciado, em que pesem as condições rarefeitas do trabalho assalariado ou semiassalariado numa região como o interior mineiro do final do século XIX. [3]
A recorrência de associações de tipo mutualista em cidades menores do interior ou em regiões de baixa concentração industrial onde, inclusive, não é raro encontrar sinais de sobrevivência e até mesmo entidades ainda em funcionamento, verdadeiros “fósseis-vivos” do sindicalismo (por exemplo em Caxias, no Maranhão ou em Floriano, no Piauí), indica a extrema complexidade de fatores que intervêm no processo de penetração do capitalismo, do Estado nacional-burguês e das formas de organização e controle que lhes correspondem. A permanência do mutualismo em localidades “remotas” oferece estimulante material para um exame exploratório em torno do conceito de “tempo histórico” no capitalismo e suas diferentes repercussões sobre as classes trabalhadoras: desde logo, nesta leitura, a riqueza surpreendente das formas reais de associação da classe operária deve afastar qualquer possibilidade de regresso à ótica da linearidade evolucionista.
Um pequeno estudo de Michael Conniff (1973) sobre associações voluntárias no Rio de Janeiro indica a extrema variedade de formas associativas populares ali existentes, em particular no final do século XIX. Antes que o padrão estatal do sindicato único por categoria se impusesse no pós-1930, era bastante heterogêneo o quadro sindical e associativo dos trabalhadores no Brasil. Foi nesse mosaico de instituições criadas e mantidas pelo próprio movimento da classe que se desenvolveram práticas culturais variadas e marcadas fortemente pela imigração estrangeira e pela diversidade étnica e nacional.
Os espaços dessas associações próximas dos bairros operários e fabris são elementos concretos gravados na memória da classe. Os salões de representação teatral e de bailes, além de servirem às conferências de propaganda e assembleias, fornecem pistas interessantes. Em São Paulo, destacavam-se o salão da Sociedade de Beneficência Guglielmo Oberdan (1889), na Rua Brigadeiro Machado, n.5, e o Salão Celso Garcia, pertencente à Associação das Classes Laboriosas (1891), na Rua do Carmo, n.23. Este último, fartamente citado na imprensa operária do período, mantém-se até hoje: no Salão, ainda se pode notar, como um vestígio pré-histórico, o estandarte “bordado a ouro fino e seda sobre damasco grená de primeira qualidade e onde estão simbolizadas como derivadas da Ciência e do Trabalho, a Agricultura, a Indústria, o Comércio, a Música, a Pintura, a Escultura, a Eletricidade, a Química, a Locomoção terrestre e marítima, enfim, tudo que de útil e belo preocupa a atividade humana” (Vargas, 1980).
Em outro exemplo sugestivo, podemos acompanhar os esforços dos antigos operários vidreiros da Cia. Santa Marina, em Osasco, para construírem sua própria cooperativa de produção, após a derrota na greve de 1909. As obras dessa “Vidraria Operária” chegaram a se iniciar e sua lembrança ocupa um espaço simbólico fundamental na memória da classe: “Era um majestoso edifício, todo construído com excelentes tijolos feitos pelas olarias de Osasco, com a argila vermelha das margens do rio Tietê. Essa construção, que deveria ser preservada como um monumento, um marco das lutas operárias, foi destruída pelo capital industrial…” (Werner, 1981, p.53).
O mutualismo foi virtualmente soterrado pela luta de classes: a classe operária, sob influência anarcossindicalista, desenvolveu as ligas de resistência e os sindicatos de ofícios vários; a burguesia, por intermédio do Estado e da Igreja, tomava iniciativas no campo da filantropia e do paternalismo assistencialista. As associações mutualistas sobreviventes são espécies de ruínas de um passado irrecuperável em sua totalidade. É o caso, por exemplo, das associações de socorro mútuo remanescentes de Salto e Campinas, no interior paulista (Hardman & Leonardi, 1982, p.302): ponto de encontro de velhos aposentados da Previdência, ponto de apoio para vereadores locais, sem condições de renovar seus quadros associativos, inexpressivas para as gerações atuais da classe operária, trampolim para a influência da Igreja ou de lideranças populistas. Ainda está por ser feita uma análise do destino dessas velhas associações, uniões e ligas operárias das primeiras fases do movimento operário no Brasil. A visão geral é de que foram destruídas e substituídas pelo sindicato corporativista do Estado. Porém, seria importante acompanhar como ocorreu concretamente esse processo de destruição, recuperando-se, com isso, um elo decisivo da história sindical do proletariado brasileiro. Somente a título de ilustração (indicando que aquela transição não foi linear, nem “pacífica”, mas, ao contrário, aspecto crucial da luta de classes), num levantamento historiográfico da Liga Artístico-Operária Norte-riograndense (1904) pude verificar que um de seus principais dirigentes, o ex-ferroviário e ex-tipógrafo João Carlos de Vasconcelos, presidente da Liga em 1922, 1923 e 1926 e um dos líderes da greve geral dos ferroviários do Rio Grande do Norte (Central e Great-Western, 1920) aposentou-se como delegado regional do Trabalho. [4] Claro está que se poderá objetar, alegando tratar-se dum caso isolado. Muita pesquisa histórica, especialmente concernida aos anos 1920-1930, se faz necessária. A indicação serve ao menos para apontar a complexa e múltipla presença de caminhos na burocratização da vida sindical brasileira, rompendo com a autonomia operária anterior e inaugurando o controle estatal. [5]
Tal percurso, creio, não está isolado da questão cultural. Pois todas as evidências até aqui expostas indicam a simultaneidade (e provável correspondência) entre a burocratização do sindicalismo brasileiro, a emergência do Estado populista-autoritário e a massificação crescente da “cultura popular”, sua transformação em “cultura de massas”, acompanhando o avanço da indústria cultural e o monopólio dos meios culturais de comunicação.
Aliás, essa é uma tendência que, apesar das diferenças de ritmos e de formas assumidas nacionalmente, verifica-se, mais cedo ou mais tarde, em escala mundial. O capitalismo monopolista e o advento do imperialismo liquidaram, com efeito, os últimos resquícios de sindicatos democráticos típicos de um capitalismo concorrencial: a burocracia sindical do Estado, dos quadros da aristocracia operária ou dos partidos tradicionais (sobretudo os PSs e PCs), iria se alojar com maior firmeza nos aparelhos sindicais. [6]
No plano da classe e das instâncias culturais, Foster, Vicinus e Hobsbawm acompanharam detidamente essas alterações no caso da Inglaterra, ainda na segunda metade do século XIX. [7] Na Alemanha, Buonfino (1975) analisou em minúcia a evolução da política cultural da social-democracia, que combinava um pedagogismo autoritário com o reformismo de massas. Na França, Dommanget (1977) aponta os elementos de um “lazer de massas” já tornado realidade nos anos 1930 sob os auspícios do Estado, que retira definitivamente da órbita das organizações do movimento operário (conforme Lafargue vislumbrava o exercício do direito à preguiça, em 1880) para alojá-lo nas leis sociais e nas reformas jurídico-institucionais da época da Frente Popular. [8] Nos Estados Unidos, o rico espectro sociocultural da classe operária do final do século XIX, marcada por uma grande variedade étnica e nacional (como no restante das Américas) e por diferentes estágios de concentração fabril e submissão ao capital (Kuczynski, 1967, p.161-84), modificou-se radicalmente no século XX: o imperialismo, a guerra mundial e a crise de 1929 são algumas balizas das alterações que levarão ao New Deal e à criação de superagências sindicais nos anos 1930, como a CIO (Boggs, 1968, p.13-30). Em contrapartida, em Portugal, a luta do velho sindicalismo operário autônomo (de tradição anarcossindicalista e, em menor grau, socialista reformista) contra a intervenção burocratizada do partido stalinista no movimento e contra o corporativismo fascista introduzido pelo Estado salazarista oferece, em traços gerais, elementos de análise comparativa muito esclarecedores em relação ao caso brasileiro. [9]
* * *
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Há uma estreita relação entre o sentido histórico de definição da classe operária (implicando sua natureza histórica específica, suas formações ligadas a um certo tempo e a uma certa sociedade nacional) e a possibilidade de generalizações a partir de um quadro comparativo internacional (Thompson, 1978, p.147). Isto, em razão do caráter de anterioridade e de relativa universalidade do processo de luta de classes em relação ao próprio conceito de classe: a luta de classes, no capitalismo, assume formas nacionais específicas, ao mesmo tempo que acentua e prolonga seu conteúdo internacional.
Em relação, por exemplo, ao caso argentino, salta aos olhos a semelhança de padrões entre as manifestações socioculturais do movimento anarquista de Buenos Aires e de São Paulo. Buenos Aires, no início do século XX, era, como São Paulo, uma “cidade estrangeira”. A presença do porto e a urbanização intensa acentuaram mais ainda a imigração (entre elas, a italiana), e o movimento anarquista conheceu lá um apogeu e uma influência certamente mais penetrantes que aqui: “Buenos Aires chegou a ser possivelmente a única cidade do mundo onde – além dos inumeráveis semanários, revistas e periódicos de aparição irregular – se publicavam em 1910 dois diários anarquistas com uma tiragem superior aos 15 mil exemplares”. [10] As concentrações proletárias em bairros típicos e miseráveis (conventillos) e o surto industrial faziam de Buenos Aires o cenário privilegiado da luta de classes na República Argentina. O movimento anarquista sempre celebrou a greve geral operária como o momento supremo de solidariedade, como uma forma adequada de “ginástica revolucionária” ou “escola de rebeldia”. No plano cultural, a permanência do poeta e escritor anarquista Pietro Gori em Buenos Aires (1899-1901) foi muito importante.
Vale a pena levantar alguns elementos da agitada biografia política desse “navigatore eterno ed eterno bandito” (Gori, 1912, p.142). Anarcossindicalista, podemos observar sua expressiva figura numa foto tirada em Buenos Aires em 1900, onde posa solenemente com seus compactos bigodes, chapéu, terno e um elegante poncho: o desigual-combinado do internacionalismo revela-se nessa mistura cosmopolita de trajes (cf. p.69). Além da Itália, esteve em vários lugares da Europa, vagabundeando, como ele próprio gostava de dizer, e militando no movimento anarquista mundial. Teve participação decisiva no Congresso Internacional Operário Socialista de Londres (1896), onde se deu a cisão definitiva entre socialistas e anarquistas. Gori apresentou nessa ocasião um relatório como delegado de várias trade-unions dos Estados Unidos. Ele havia perambulado pouco tempo antes pela América do Norte, a partir de contatos feitos em Londres com as organizações sindicais dos EUA compostas por imigrantes italianos (ibidem, p.99-117). De Buenos Aires, Gori viajou até Montevidéu e Valparaíso. Deu várias conferências na Faculdade de Direito de Buenos Aires sobre os princípios anarquistas de organização sindical, participando com destaque no Congresso de Unidade Sindical com os socialistas, em 1901 (Campo, 1971, p.48 e 73). Entre suas obsessões, a julgar pelo número de escritos que dedica a esses temas, figuram o significado do Primeiro de Maio e os trabalhadores marítimos e rurais. [11] Advogado criminal de formação positivista, tinha muito estilo na oratória e na literatura. Seu manifesto, In difesa di un ideale, escrito e lançado em Buenos Aires em 1900, foi subscrito por 25 grupos, círculos e periódicos anarquistas da cidade, incluindo grupos de operários franceses, ingleses, alemães e italianos, o que sugere o cosmopolitismo portenho da época (Gori, 1912, p.123-31). Foi autor de vários poemas dramáticos, encenados com enorme frequência pelos grupos de teatro operário de São Paulo e Buenos Aires: Il Primo Maggio; Senza patria; Ideale. Este último é um bozzetto poético, cuja cena se passa a bordo do vapor Vindice. Os diálogos em verso entremeiam o tema do amor e do ideal anarquista. No clímax do drama, Roberto, o herói, declara “com entusiasmo” sua fé na utopia libertária. O tom profético e visionário era característico da literatura anarquista, se bem que o estilo de Gori apareça mais elaborado:
Ideale!…profondo
cielo, pe’l qual s’innalzano le audacie ardue del mondo!…
Qual’é a meta, il culmine? Chi sa? Via! Camminiamo
su per questo infinito sentiero, combattiamo
innanzi al sole, vindici, senza curar la schiera
dela gente che irride, e che non ha bandiera.
Noi vinceremo. E quando, da la vetta dei monti,
vedremo il sol risplendere sui novelli orizzonti
e del genere umano, non più greggie da soma,
insino a noi giocondo giungerà l’alto idioma
inneggiante a l’amore dopo l’odio e la guerra
benedicente l’ampia patria dell’uom: la terra,
e saliran le strofe di menti e cuori amici,
e i canti de le spose, de le madri felici,
e dei vecchi – saviezza!… e dei bimbi – tesoro
di grandi occhi cerulei e di capelli d’oro,
oh allor volto lo sguardo sul percorso sentiero,
oscuri ma fatidici apostoli del vero,
militi infaticabili d’una santa utopia,
forse stanchi ed esanimi noi cadremo per via,
ma in faccia all’avvennire gettando il gran saluto
ci sentiremo giovani, fieri d’aver vissuto. [12]
Num levantamento sumário na imprensa operária de São Paulo, pude encontrar referências às representações de Ideale em festas operárias de propaganda em 1905, 1906, 1912, 1913 e 1915, [13] número embora muito inferior às encenações do “bozzetto drammatico sociale” Il Primo Maggio (presença constante) e de Senza patria que indica, de qualquer modo, a importância da obra de Gori nas atividades culturais anarquistas de São Paulo e Buenos Aires, sem falar da Itália e outros locais, certamente.
Voltando ao paralelo portenho-paulistano, devo assinalar a impressionante homologia entre as festas operárias nas duas cidades, durante o mesmo período histórico. A título de exemplo, tomemos o anúncio de La Protesta Humana, de 2 de agosto de 1902, que apresenta o programa de uma festa libertária em Buenos Aires:
1. Hino de Carratalá, pela orquestra;
2. Discurso de abertura pelo orador Spartaco Zeo;
3. Drama em um ato de Palmiro de Lidia, intitulado Fin de Fiesta;
4. Conferência sobre o tema “Organização Operária” por um membro da FOA
(Federación Obrera Argentina);
5. Discurso pela companheira Antonia Graziadio;
6. Drama em dois atos e um intervalo, de Pietro Gori, intitulado Senza Patria;
7. Discurso de encerramento pelo orador Bertani Orsini;
8. Hino dos trabalhadores, pela orquestra;
9. Baile familiar e rifa.
Entrada pessoal e rifa: $ 1. [14]
Em São Paulo, na mesma ocasião, o jornal O Amigo do Povo (22 nov. 1902, p.4) anunciava “uma grande festa pro sciopero”, organizada pela liga de Resistência entre Tecelões e Tecedeiras de São Paulo, no salão Eldorado, que apresentava em seu “bello programa”:
1. Senza Patria, drama de Pietro Gori;
2. Sciopero, poesia de Ada Neri;
3. Fine de Festa, drama (uma greve);
4. Conferenza Sociale;
5. Baile. [15]
A simetria de padrões manter-se-ia inclusive numa fase posterior, quando ocorreram alterações no modelo de festa anarquista. No ascenso do movimento operário que se deu a partir do final da Primeira Guerra Mundial (a greve geral de 1917, em São Paulo, pode ser comparada à “Semana Trágica” de Buenos Aires, em 1919), os grandes diários anarquistas passam a anunciar outro tipo de reunião operária. Com efeito, a tradicional festa de propaganda realizada em salões das ligas e entidades de classe foi substituída pelos festivais, piqueniques e excursões a lugares públicos, ao ar livre, patrocinados pelos jornais da imprensa operária. Em São Paulo, o padrão da “festa em salões” permanece no período 1902-1916. Em 1917, junto com o aparecimento de A Plebe, começam a surgir os primeiros anúncios de “festivais públicos”, que se estenderão pelas décadas de 1920 e 1930. No Rio de Janeiro, a mesma tendência se verifica, por exemplo, no jornal Voz do Povo. Analogamente, na mesma época, o jornal La Protesta, de Buenos Aires, passa a convocar para “passeios populares”. Por exemplo, em 30 de dezembro de 1924, o jornal anuncia:
Segundo Gran Pic-nic a beneficio de
‘LA PROTESTA’
El Domingo 4 de enero
EN LA ISLA MACIEL (P.de los Pescadores)
Entrada 0,30 – Menores de 10 años no pagan – Viaje del bote 0,20
Ningùn camarada debe dejar de concurrir a este acto que,
como siempre, será um alto exponente de cultura y solidaridad
anarquista (apud Campo, 1971, p.54 – cf. imagem p.200).
No Brasil, o padrão era, nessas alturas, similar. Posso lembrar o formidável exemplo do “imponente festival de construção civil”, no Rio, coberto pela Voz do Povo (13.9.1920, p.1).16 Outros exemplos aparecem em São Paulo com frequência: trata-se, na quase totalidade, de festivais em prol da fundação e manutenção de órgãos da imprensa operária: A Vanguarda, Alba Rossa, A Plebe etc. Claro que a transição não é tão esquemática: com o termo festival, surgirão anúncios de acontecimentos cujo conteúdo é o da festa de propaganda típica, realizados no tradicional Salão Celso Garcia. [17] Porém, a novidade dessa fase é o festival-espetáculo que converte a festa de propaganda – em que o aspecto doutrinário e educativo era mais ressaltado – em uma aparatosa gama de diversões populares e maciças – na qual o aspecto lúdico de entretenimento coletivo é o principal. Selecionei dois exemplos que considero modelares dessa nova forma e manifestação. Em novembro de 1920, em São Paulo, o jornal A Plebe convoca “todo o operário consciente” para o Grande Festival em benefício de A Vanguarda (jornal que sairia logo depois, em 1921). O acontecimento é “promovido por todas as organizações proletárias de São Paulo”, tendo como cenário o Parque São Jorge. Inclui:
Programa grandioso, constante de um match de futebol entre dois importantes clubs desta capital, entre os quais será disputada a taça Proletária; representações teatrais, canções típicas, regatas, natação, luta greco-romana, cinematógrafo, etc.
Bandas de música – Fogos de artifícios
Bondes em quantidade. [18]
Em setembro de 1919, um ano antes, A Plebe realizava, em prol da publicação diária de A Plebe, um Grande Festival no Jardim da Aclimação, tendo escolhido como data, por acaso ou não, a chegada da primavera. Vejamos o infindável programa:
Match de Foot-Ball – será disputada a taça Escola Moderna em um emocionante match de foot-ball, entre os valorosos quadros de S. A. República e Saturno F. B. C.
[…]
NOTAS
[1] Thompson (1978, p.146). Retomando as colocações de Thompson em relação ao conceito de classe, ao considerá-lo como categoria histórica e, portanto, indissoluvelmente vinculado à luta de classes (as classes não preexistem aos conflitos de classes, não possuem uma realidade independente desses conflitos mas, pelo contrário, formam-se em seu bojo), poderíamos lembrar duas utilizações viáveis: a) classe referenciada a um conteúdo histórico real, ligado diretamente à experiência concreta de seus membros, ao “modo de vida” de suas relações sociais, econômicas, culturais e políticas, às instituições criadas nesse processo; b) classe como categoria heurística ou analítica que objetiva organizar a evidência histórica, mantendo com esta, porém, uma correspondência apenas indireta. Esta segunda observação é importante, acredito, para evitar uma formulação empirista, ingênua e factual das propostas de Thompson. Ao retomar o sentido histórico elementar da noção de classe, Thompson polemiza tanto com a sociologia positivista e funcionalista de tradição norte-americana, zelosa em estancar o conceito de classe por meio de tabelas de estratificação e indicadores restritivos, quanto com o estruturalismo (metafísico e idealista, segundo o autor) de raiz francesa e comum aos trabalhos althusserianos.
[2] Não pretendo resolver as várias tensões conceituais em torno da noção de “cultura” no corpo deste trabalho. Relembro apenas que “cultura”, aqui, designará tanto as produções materiais ligadas ao campo das “artes” quanto sistemas ideológicos mais ou menos configurados, além de se referir, no que diz respeito ao movimento da classe, a um processo social constitutivo de práticas e relações distintas (apreendidas pelos discursos registrados na memória coletiva das associações de classe, imprensa operária, militantes e antigos membros da classe etc.). Nesse sentido, as associações de classe e instituições como o jornal constituem lugares privilegiados dos signos culturais de que tratamos.
[3] Cf. Hardman (1982b, p.57-61). (Ver “Estudos afins”, X). Entretanto, é importante ressaltar que o mutualismo não foi uma tendência original do movimento operário brasileiro, mas sim um momento constitutivo da formação internacional do proletariado como classe. Uma breve síntese dos movimentos de ajuda mútua e do cooperativismo entre os operários europeus, nessa perspectiva, encontra-se em Henderson (1979, p.142-53).
[4] Cf. Entrevista de Antonio Felix da Silva (presidente da LAONR) a Hardman, Natal, fev. 1979. Cf. também Silva, Liga artístico-operária norte-riograndense – Fundada a 28 fev. 1904 – 75 anos de atividade, Natal, 28 fev. 1979, datil. Cf. ainda Vasconcelos, A Liga e a greve da Central em 1920, Natal (RN), folheto, s.n., 1953.
[5] Na cidade de Valença, no Recôncavo Baiano, pude constatar que a antiga associação mutualista beneficente e centro cultural dos operários têxteis da Cia. Valença Industrial, criada no final do século XIX, foi transformada em sindicato estatal da categoria, nos anos 1930; a nova estrutura oficial incorporou, inclusive, todo o patrimônio pertencente à antiga associação (prédio, instalações, móveis etc.). Entender essa transição como momento crucial da luta de classes e examinar os mecanismos ideológicos e de violência utilizados pelo aparelho de Estado é um trabalho ainda, em grande parte, a ser desenvolvido. Algumas indicações sumárias sobre o caráter e os rumos da luta sindical nos anos 1920-1930 podem ser confrontadas em Hardman & Leonardi (1982, cap.17): ver em especial o item “Anos 20: continuidade e transição” (p.354-9). Cf. também o artigo de Hardman (1981, cap.LXXXVII, p.103-12). Apoio-me também em Tocantins (s.d.). Ainda nessa mesma direção de análise teórico-política de tran-
sição sindical no Brasil, ver as recentes e interessantes contribuições do coletivo “Edgard Leuenroth”, em especial os artigos de Eder Sader, “Do anarquismo ao comunismo (1900- 1929)”, e de Michael Löwy, “Do movimento operário independente ao sindicalismo de Estado (1930-1945)” (Löwy et al., 1980, p.11-51).
[6] Trotski (1978a, p.101-9). Para uma análise histórica geral do movimento sindical europeu e norte-americano no século XIX, sua implantação e suas implicações políticas, ver a coletânea de Marx & Engels (1976a, em especial v.1: “Teoria, organización, actividad”). Para uma síntese sumária e factual da evolução internacional do sindicalismo, ver Lefranc (1974, em especial cap.III: “O sindicalismo perante os regimes totalitários”, p.63-75).
[7] Além de Foster (1977) e Vicinus (1974, p.239-63).
[8] Retorno e comento essas considerações no prefácio à edição brasileira de Lafargue (1980). (Ver “Estudos afins”, II.).
[9] “O movimento operário, o Sindicalismo como apareceu e como foi, ficaria desconhecido, oculto por detrás duns organismos corporativos que foram denominados de sindicatos e, como consequência dessa ocultação, os sindicatos nacionais (criados sob Salazar) parecem ainda hoje a muita gente como o início dum movimento qualificado dos trabalhadores. Não é de admirar que, desvinculado do movimento sindicalista, criado por imposição legal, o ‘sindicato nacional’ durante muito tempo apenas tivesse para os trabalhadores o caráter de uma agência de cotização, um encargo sem utilidade nem recompensa” (Santana, 1976, p.7). O autor dessa importante obra foi operário manufatureiro do setor de calçados e um dos grandes expoentes do anarcossindicalismo português: a primeira edição da obra é de 1931, momento decisivo na transição sindical.
[10] Campo (1971, p.83). Para uma breve resenha comparativa da bibliografia sobre o movimento operário argentino e brasileiro, nessa fase inicial, apoio-me em trabalho anterior: Hardman (1982a, p.56-70). (Ver “Estudos afins”, VII.).
[11] Gori (1912, p.13-28 e 184-90). Ver ainda, além do clássico “bozzeto drammatico sociale” Il Primo Maggio, os poemas: “Tempesta di Maggio”; “Il canto dei lavoratori del mare”; “Il canto dei lavoratori della terra” (p.19-20 e 56-61).
[12] “Ideal!… profundo/céu pelo qual se elevam as árduas audácias do mundo!…/Qual é a meta, o ápice? Quem sabe? Vamos! Caminhemos/por esta trilha infinita, combatendo/diante do sol, vencedores, sem se importar com a multidão/de gente que ri, e que não tem bandeira./ Nós venceremos. E quando do cimo dos montes,/virmos o sol resplandecer sobre novos horizontes/e do gênero humano, não mais besta de carga,/chegar até nós o alegre e elevado idioma/enaltecendo o amor para além do ódio e da guerra,/bendizendo a imensa pátria do homem: a terra,/elevar-se-ão as estrofes das mentes e corações amigos,/e os cantos das esposas, das mães felizes,/e dos velhos – sabedoria!… e das crianças – tesouro/de grandes olhos celestes e cabelos de ouro/oh, volto então o olhar para a trilha percorrida,/obscuros mas fatídicos apóstolos da verdade,/militantes infatigáveis de uma santa utopia,/talvez cansados e desalentados cairemos pela via,/mas diante do porvir lançado a grande saudação/nos sentiremos jovens, orgulhosos de ter vivido.” Gori (1912, p.132).
[13] Cf. La Battaglia n.51 (3 set. 1905); A Terra Livre, n.17 (27 set. 1906); A Lanterna (28 set. 1912); La Battaglia n.393 (13 abr. 1913); A Lanterna (10 jul. 1915).
[14] La Protesta Humana (2 ago. 1902), apud Campo (1971, p.86).
[15] O Amigo do Povo, n.16 (22 nov. 1902, p.4).
[16] Ver, aqui, Capítulo 4: “O impasse da celebração”.
[17] Cf., por exemplo, A Obra, n.9 (14 jul. 1920, p.10); O Internacional, n.22 (8.12.1921); Alba Rossa, n.21 (30 ago. 1919); A Plebe, n.81 (11 set. 1920, p.4).
[18] A Plebe, n.88 (6 nov. 1920, p.4).
SOBRE FRANCISCO FOOT HARDMAN
Francisco Foot Hardman é professor titular na área de Literatura e Outras Produções Culturais da Unicamp. Foi professor visitante na Universidade de Pequim (2019-20). Publicou, entre vários livros, Trem-fantasma (Cia. das Letras, 2005), Ai Qing: Viagem à América do Sul (Editora Unesp, 2019 – em colaboração com Fan Xing), Meu diário da China: a China atual aos olhos de um brasileiro (PKU Press, 2021) e A vingança da Hileia Nova edição (Editora Unesp, 2023).
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