Pastiches e miscelânea de Marcel Proust
Livro da Editora Unesp reúne exercícios estilísticos e narrativos de um dos escritores mais influentes do século XX. Além de revelar novas facetas do autor, os textos podem ser uma divertida porta de entrada para a obra proustiana. Sorteamos um exemplar
Publicado 12/07/2024 às 18:47 - Atualizado 15/07/2024 às 19:49
Nascido em 10 de julho de 1871, na capital francesa, Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust, comumente citado apenas pelos dois últimos nomes, é considerado por críticos e escritores como um dos autores mais influentes do século XX.
Novelista, crítico literário, ensaísta e tradutor – especialmente dedicado ao trabalho do inglês John Ruskin –, Proust é constantemente lembrado pelo seu monumental escrito dividido em sete volumes: Em busca do tempo perdido.
Para ir além do clássico proustiano, a Editora Unesp finalmente publicou no Brasil o livro Pastichos e Miscelânea (Pastiches et Mélanges), com tradução e notas de Jorge Coli.
Lançada originalmente em 1919, a publicação é dividida em duas partes onde estão reunidos prefácios, artigos de imprensa e exercícios de escrita do autor — alguns tendo sido publicados no em 1908, no Le Figaro, jornal francês que circula até os dias de hoje.
Outras Palavras e Editora Unesp irão sortear um exemplar de Pastichos e Miscelânea, de Marcel Proust, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 22/7, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!
A primeira parte, “Pastichos”, contém nove pastiches literários do escritor. Pastiches são obras artísticas ou literárias nas quais se imita aberta e deliberadamente o estilo de determinada pessoa, geralmente como uma forma de homenagem à pessoa imitada, além de ser um excelente exercício de escrita.
Os pastichos de Proust dessa edição, tratam do “caso Lemoine” à maneira de Balzac, Flaubert, Sainte-Beuve (em sua novela do Constitutionnel), Henri de Régnier, Michelet, Émile Faguet e Renan, no estilo do Journal des Goncourt (imitado por Proust no Em busca de tempo perdido).
Henri Lemoine, foi um fraudador que afirmava ter o conhecimento necessário para fabricar diamantes. De maneira geniosa, ele convenceu Sir Julius Wernher, presidente do conglomerado de diamantes De Beers, a lhe ceder a bagatela de um milhão de ouro para “fabricação de diamantes”. Lemoine, foi condenado a seis anos de prisão.
A primeira parte se encerra com Mémoires de Saint-Simon, pastiche que presta homenagem a Saint-Simon, um dos autores mais admirados por Proust.
A segunda parte, “Miscelânea”, é dividida em quatro seções. A primeira, “Em memória das igrejas assassinadas”, reúne textos dedicados à destruição de igrejas, catedrais e campanários em Caen, Amiens, Rouen, Lisieux, entre outras cidades, que foram causadas pela Primeira Guerra Mundial. Outros textos desta parte foram escritos em 1900 e são intitulados “John Ruskin”, mesmo nome do autor do qual Proust traduziu A Bíblia de Amiens.
A segunda seção, “A Morte das Catedrais”, é uma manifestação no Le Fígaro de 1904, na qual Proust se opôs a um dos artigos da lei de separação entre igreja e estado. A terceira seção, “Sentimentos filiais de um parricida” (1907), trata de um drama de loucura.
Dentre os textos da segunda parte, destaca-se o fascínio de Proust pelo crítico e artista John Ruskin, expresso em “Jornadas de leitura” (1905 e 1907), prefácio da tradução de Sésamo e os lírios, do autor mencionado, traduzido por Proust para a revista francesa Mercure de France, anteriormente conhecida como Mercure galant (fundada em 1672 e extinta em 1965).
Vale mencionar que toda a coletânea foi dedicada ao grande amigo de Marcel Proust, Walter Van Rensselaer Berry, jurista americano e francófilo que defendeu a causa francesa durante o governo dos EUA na Primeira Guerra Mundial.
Entre ensaio e literatura, a brochura permite que leitores de Proust tenham contato com novas facetas, sem contar a interessante possibilidade de observar o escritor fora de suas linhas consagradas, em um divertido exercício de escrita. Já para os ainda “não iniciados” nas aventuras de o “tempo perdido”, essa é uma “leve” e ótima oportunidade para adentrar a escrita do autor francês.
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