No sertão baiano, os condenados da cidade

Através de uma cartografia de dispositivos discursivos, livro expõe hierarquias raciais do Brasil rural entre 1940 e 1960. Lançado pela editora Hucitec, obra analisa como visões racializadoras construíram regimes de exclusão. Sorteamos um exemplar

Cena do documentário “Como nasce uma cidade”. Fonte: Memorial da feira (Prefeitura de Feira de Santana)
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“A Feira de Santana, uma das portas de entrada dos sertões da Bahia, estava rodeada por subúrbios, distritos, sítios que compunham pequenas vilas pŕoximas. Nelas, residiam as pessoas que encontravam na feira da Feira a oportunidade de vender as coisas da roça e comprar outras tantas que faltassem.

Eram ‘as senzalas da cidade’, expressão cunhada por Muniz Sodré (1991), para descrever os subúrbios e distritos da Feira e que anuncia a abundância das populações negras naqueles espaços, bem como as hierarquias comportamentais e territoriais alimentadas por valores racializados presentes na cidade de Santana. Nelas, viviam os ‘tabaréus’, termo vez em quando mobilizado para descrever as gentes da roça, sentença que congela imagens e estereótipos de uma suposta preguiça, incivilidade, desonestidade, rusticidade”

– trecho retirado do livro “As senzalas da cidade”


É um fato que a abolição da escravidão em 1888 não significou o fim da opressão racial. A história das relações raciais no Brasil se estende muito além dessa data e a transição do Brasil colonial para uma república moderna não significou o fim das desigualdades.

Cada período histórico de nosso país tem suas particularidades, no entanto, a tríplice raça, classe e gênero atravessa todas, com seus marcadores específicos.

As décadas de 1940 a 1960, por exemplo, mesmo que marcadas pela expectativa do desenvolvimento, oferecem um panorama crítico para entender como as heranças do período escravocrata ainda moldavam a vida de negros e pardos em contextos rurais.

É nesse quadro que se insere a obra As senzalas da cidade: marcadores raciais entre negros roceiros (Bahia, 1940-1960), do historiador Diego Lino. O livro, que foi lançado pela Hucitec Editora e integra a coleção Diálogos da Diáspora, faz um importante resgate das condições de vida das populações negras que viviam nos arredores das cidades dos sertões baianos.

Outras Palavras e Hucitec Editora sortearão um exemplar de As senzalas da cidade: marcadores raciais entre negros roceiros (Bahia, 1940-1960), de Diego Lino, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 16/9, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!

Sua contribuição é significativa para a compreensão das tensões raciais, das condições de vida e das trajetórias desses trabalhadores. Com uma abordagem detalhada e sensível, o autor mapeia e analisa as estruturas opressivas que ecoavam as práticas desumanizadoras da escravidão.

A obra reúne uma série de casos que ilustram as brutalidades e injustiças enfrentadas por indivíduos cujas histórias estão repletas de violência racial e discriminação. Os relatos de pretos, pardos, roceiros e quilombolas, não apenas documentam a crueldade vivida, como também destacam de que maneira as hierarquias raciais e os discursos discriminatórios seguem a influenciar e moldar a vida das pessoas no campo ou nas regiões metropolitanas que ainda não foram tomadas pela urbanização.

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Através de uma “cartografia dos dispositivos discursivos”, Diego Lino explora como os sentidos raciais e as práticas discriminatórias se manifestaram no Brasil rural, oferecendo uma visão crítica sobre a construção das formas de opressão e regimes de exclusão que até hoje prevalecem.

Para pesquisadores das relações raciais e da história da população negra no Brasil, As Senzalas das Cidades é uma ferramenta que amplia os horizontes e adensa a fundamentação do tema.

A análise rica e minuciosa de desigualdades legitimadas, é um valioso recurso para entender as persistências das injustiças raciais e suas repercussões nas dinâmicas sociais atuais.

Em um momento em que a reflexão crítica acerca de nossa história ainda se faz premente, este livro oferece uma perspectiva ímpar para compreender as raízes dessas heranças do passado que ainda assombram a atualidade e os impactos das tensões raciais no Brasil ao longo do tempo.


Em parceria com a Hucitec Editora, Outras Palavras irá sortear um exemplar de As senzalas da cidade: marcadores raciais entre negros roceiros (Bahia, 1940-1960), de Diego Lino, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 16/9, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!


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