Havana pelo olhar de Alejo Carpentier
O que as colunas da cidade podem nos dizer sobre a identidade latino-americana? Em obra relançada pela Editora 34, o escritor a desvenda através de sua arquitetura, que conta uma história de colonialismo, mas também de reinvenção. Sortearemos um exemplar
Publicado 24/04/2025 às 18:57
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Quarenta e quatro anos após sua morte em Paris, em 24 de abril de 1980, Alejo Carpentier permanece como um dos pilares da literatura latino-americana. Nascido em Lausanne, Suíça, em 26 de dezembro de 1904, filho de um arquiteto francês e uma professora russa, Carpentier fez de Cuba sua pátria literária e de Havana sua musa inspiradora.
Intelectual múltiplo – romancista, musicólogo, jornalista e diplomata – cruzou o Atlântico inúmeras vezes, mas sempre retornou, em sua obra, às ruas coloniais da capital cubana, onde o barroco europeu se misturava com a vitalidade afro-caribenha.
Com seu olhar singular de poeta, capaz de revelar o extraordinário no cotidiano, Carpentier criou o conceito do “real maravilhoso” americano – que surgiu em O Reino deste Mundo (1949). Essa visão, que descobria o sobrenatural embutido na própria história do continente, tornou-se pedra angular para toda uma linhagem literária. García Márquez, seu mais célebre herdeiro, transformaria essa intuição carpentieriana no “realismo mágico” de Cem Anos de Solidão (1967), criando um diálogo criativo que atravessaria gerações.
Entre suas obras menos conhecidas do grande público, mas não menos brilhantes, está A Cidade das Colunas, ensaio publicado originalmente em 1964 e que acaba de ser lançado no Brasil pela Editora 34, com tradução de Samuel Titan Jr.
Outras Palavras e Editora 34 sortearão um exemplar de A Cidade das Colunas, de Alejo Carpentier, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 5/5, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!
O livro não se limita a um estudo arquitetônico, vai além: é uma vívida declaração de amor à maneira como cada coluna, varanda e vitral conta a história de como a ilha e seu povo aguerrido metabolizaram a herança colonial, transformando-a em algo inteiramente próprio – uma mistura vibrante de cores, sombras e temporalidades que só poderiam nascer onde nasceram.
Escrito após seu retorno a Cuba em 1959, o texto captura a essência de uma cidade que Carpentier conhecia como poucos – não como turista ou estudioso distante, mas como flâneur que percorreu suas ruas durante décadas, primeiro como jovem jornalista, depois como escritor consagrado.
As fotografias de Paolo Gasparini que acompanham a edição brasileira dialogam com o texto, criando um rico mosaico de palavras e imagens que revelam como a arquitetura havanera é, antes de tudo, um testemunho da capacidade criativa do povo cubano em reinventar as heranças coloniais.
O que torna A Cidade das Colunas tão especial é precisamente essa capacidade de Carpentier de transformar elementos concretos – colunas dóricas, grades de ferro forjado, vitrais coloridos – em metáforas vivas da identidade cubana.
Mesmo seis décadas após sua publicação, o livro ainda oferece chaves preciosas para compreender não apenas Havana, mas todas as cidades latino-americanas que, como ela, carregam em sua arquitetura as marcas de encontros e conflitos culturais. Uma obra para quem busca olhar a alma do continente através das pedras que a sustentam.
Em parceria com a Editora 34, o Outras Palavras irá sortear um exemplar de A Cidade das Colunas, de Alejo Carpentier, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 5/5, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!
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