Conheça a parceria entre Outros Quinhentos e GLAC

Uma editora que não se contenta em apenas publicar livros, mas sim provocar rupturas – os escritos publicados são objetos de pensamento, feitos para incomodar. Quem apoia o jornalismo de Outras Palavras concorre a obras únicas, além de 30% de desconto

Logo da editora. Inspirada na capa da primeira edição do Jornal EX-, que circulou no Brasil entre 1973 e 1975, em plena repressão da ditadura militar. O periódico foi uma publicação da imprensa alternativa que textos diretos, sem metáforas, de temática abertamente política, e com extenso uso da fotografia. Com tiragem propositalmente irregular, o enfoque de cada edição era imprevisível, como estratégia tanto para marcar sua independência das atividades programáticas dos partidos clandestinos quanto para escapar da censura prévia.
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Há editoras que publicam livros. E há editoras que publicam perguntas, incômodos e pequenas explosões de pensamento. A GLAC pertence ao segundo time – e agora ela volta a caminhar de mãos dadas conosco para reforçar uma aposta comum: ideias que não se acomodam.

A coletânea de textos “Em vista de uma prática ready-made”, da coletiva de arte francesa Claire Fontaine; e o seminário do programa de debates “Cidadãos, Voltem pra Casa!”, que teve lugar na Oficina Cultural Oswald Andrade, foram o pontapé inicial da editora.

Surgida em 2016 como um projeto experimental, a iniciativa acolhe propositalmente livros deslocados do formato convencional: são objetos de bolso que não cabem no bolso, um formato retangular (19×12 cm), impressos em preto e branco; essa última escolha “veio não pelo simples desejo de fazer livros com custos mais baixos, mas porque a dificuldade de realizar um design que dê conta da demanda de infâmia e de solidariedades necessárias nas lutas, entre uma elegância clássica e uma bagaceira mundana, se torna ainda mais difícil sem o uso de cores”

Agora, re-alinhada ao Outras Palavras, a editora expande seu compromisso com a subversão do cotidiano e com a construção de outros mundos possíveis. Essa parceria é uma aposta em estratégias comuns de existência, em busca de amplificar vozes que desafiam o realismo capitalista que nos acomete – desde lutas indígenas e antirracistas até narrativas que esgarçam os limites entre ficção e política.

A GLAC opera em séries gráficas distintas, cada uma pensada como um organismo autônomo, com suas próprias regras e fissuras. Como a série “Acontecências” que “ergue da filosofia-política o ato revolucionário de imaginar mundos, de tornar uma experiência em acontecimento” e que abriga títulos como Dark Deleuze, de Andrew Culp – qual já publicamos um capítulo por aqui – e 99 teses para uma revaloração do valor, de Brian Massumi.

O próximo lançamento é a obra Sabotagem, de Elizabeth Gurley Flynn, que reúne textos-panfletos da militante estadunidense. O título aborda táticas de enfrentamento, como a sabotagem, e argumenta sobre sua legitimidade. Além disso, também revive o legado de comunistas ao redor do globo, finalizando com o exercício necessário de elucubrar sobre quais serão os próximos líderes e futuros possíveis.

A editora, inconformada como é, encabeça diversos projetos públicos, como o “E SE…?“, que são encontros mensais entre música, arte e debate, realizados entre bares e bancas de praça.

Outro projeto é o B.O.E. (Boletim de Ocorrências Especulativas), um podcast que transforma a ficção em arma de intervenção. Ambos expressam um desejo: manter o pensamento em movimento, longe da estagnação.

Com o Outros Quinhentos, esse desejo se expande. Não se trata de crescer para caber em prateleiras, mas de criar vínculos que fortaleçam a autonomia de quem produz e consome essas ideias.

Esta aliança é, antes de tudo, um convite ao incômodo. Um lembrete de que livros podem ser corpos em trânsito, e palavras, como a GLAC, podem e precisam entalar – na garganta do mundo.


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