Estamos (e estaremos) com déficit por um bom tempo, como muitos países, mas o Brasil não quebrará por isso. Por que, então, ministro impõe cortes nas Saúde, Educação e Previdência? Não seria mais coerente mirar no pagamento dos juros, a conta mais deficitária do Orçamento?
Há alternativas – e rápidas – para conter o rentismo que pressiona e tenta ocupar mais espaço no governo. Acabar com a isenção de lucros e dividendos com uma Medida Provisória, por exemplo. Mas isso requer coragem – e apoio dos setores populares
Desde Getúlio, a relação do Brasil com o Fundo alternou subordinação e conflito. Lula 1 alcançou certa independência. Agora, ministro mostra-se submisso diante das orientações da instituição que sempre levaram o Sul a privatizações e desmonte de direitos
Ministro goza de grande autonomia no governo. Ataca o piso da Saúde e Educação. Alçou seu aliado à Presidência do BC. E até assume que a Faria Lima tem razão em exigir cortes. Mas a última palavra sempre é de Lula; e o futuro lhe cobrará, se nada for mudado
A taxa de desemprego cai, mas dados mostram que a precarização persiste e a inflação elevada corroi o acesso da população a itens básicos. Popularidade de Lula sofre solavanco, e pode degringolar se não tiver a ousadia de reverter a “austeridade” que só beneficia rentistas
Popularidade de Lula pode ser abalada com a busca frenética pelo déficit zero. Os cortes em programas sociais já começaram. Mas o financismo é poupado e os R$ 2,9 trilhões em calote tributário, a maior parte de corporações, estão fora do radar
Presidente não pode cometer o mesmo erro dos industriais brasileiros nos anos 90, que abraçaram a agenda neoliberal e cavaram a própria cova. Sanha pelo déficit zero implodirá o projeto de reconstrução — e pode desgastar o governo e desesperançar parte das lutas sociais