Em Jardim dos desejos, homem tenta apagar seu passado de supremacista branco ao relacionar-se com garota negra, enquanto é atormentado por suas memórias. Filme perde-se no didatismo, mas ganha força quando confia no poder de suas imagens
A alegria é a prova dos nove é um caldeirão político: aborda drogas, sem-teto, mistérios da vulva, indígenas, Palestina… Mas o eixo central é a libertação radical através do amor e a sexualidade feminina, que perturba e abala o poder patriarcal
Um dia nossos segredos serão revelados mostra um triângulo amoroso no campo, entre um casal jovem e um quarentão solitário. Mas o pano de fundo é o mais instigante: a Alemanha após a Queda do Muro, quando o “arcaico” é devorado pelo capitalismo
O italiano La Chimera mostra os percalços de saqueadores de túmulos etruscos, em busca de objetos para traficar no mercado de arte antiga. Ao longo da história, gêneros mesclam-se, sagrado e o profano se interpenetram e os vivos convivem com os mortos
Transe aborda o fatídico 2018 – ano da vitória de Bolsonaro – a partir de um trisal de artistas, numa instigante mescla de realidade e ficção. Fora da bolha de classe média progressista, eles descobrem com espanto as fissuras, abismos e vertigens do Brasil real
É um Japão estranho. O governo estimula “cidadãos dispensáveis” – os idosos – ao capitalismo a submeterem-se a eutanásia gratuita. Plano 75 não é futurista, mas o hoje exacerbado. E mostra poesia e o afeto que resistem em um sistema desumano
Em Sem Coração, grupo de adolescentes de distintas classes experimenta, com vigor e delicadeza, a relação com o mundo que os cerca. Uma baía propõe, em flashes, um ensaio poético-geográfico-social sobre Guanabara, seus personagens e seu entorno
A bela burguesa. O quartinho da empregada. A barata esmagada. A paixão segundo G.H não reproduz o livro de Clarice Lispector: emula uma linguagem, uma aventura ética e estética. Inventivo e intenso, filme é um mergulho em um mundo prestes a desmoronar
Documentário aborda a história do grupo mineiro que uniu ritmos – do jazz à viola caipira. Em vez de “voz de especialistas”, filme mostra o “clube” recordando casos, parcerias, encontros e composições – e a geografia afetiva da Belo Horizonte de ontem e hoje
Uma família feliz é um título irônico: por trás de um casal e filhos “de comercial de margarina”, fervilham ciúme, ressentimento e loucura. Entre reviravoltas, obra levanta uma questão: quando uma história sobre a crueldade passa a ser, ela mesma, cruel?