Ainda não é amanhã narra a gravidez que surge como terremotos na vida de uma jovem periférica. Fazer ou não o aborto? E como? Dilema é abordado sem melodrama nem panfleto: mãe, avó, amiga, professora formam rede de afeto e o namorado não é um cafajeste clichê
Documentário mostra as várias facetas da artista – e as transformações vividas pela cultura brasileira. Um de seus grandes méritos: costurar com delicadeza e fluidez imagens de arquivo, em vez de mostrar depoimentos de “cabeças falantes”
Virgínia e Adelaide narra o encontro, nos anos 1930, entre nossa primeira psicanalista negra e uma médica judia que fugiu da Alemanha nazista. Filme não é historiográfico: “a imaginação é pessoal, o imaginário é coletivo”, diz uma personagem
De forma sutil e lacônica, filme de Marianna Brennand desenha um quadro social terrível: meninas mal saídas da infância para o abuso sexual, dentro e fora de casa. Ação se passa na Ilha de Marajó, entre o casebre apertado e a imensidão da mata e do rio
Um cineasta com dificuldades de sonhar investiga sua relação com o inconsciente e o mundo onírico, com ajuda de Sidarta Ribeiro, Ailton Krenak e outros. Neste percurso, documentário mostra também a magia do cinema – mais “vitrine de sonhos” do que “fábrica”
Duas repórteres e um cinegrafista são sequestrados ao investigarem um senador corrupto. A política é central em Serra das Almas – e uma transformação: a fraternidade entre os homens dá lugar a rancores antes silenciados; e a rivalidade feminina, a solidariedade e ação coletiva
Filme sul-coreano, premiado no Festival de Berlim, retrata uma francesa de meia-idade que caminha por Seul entre um encontro e outro. Obra colhe o acaso e a impermanência. Alguém que busca decifrar o território à sua volta vira a estranha a ser decifrada
Adolescência faz do plano-sequência não um fetiche, mas recurso potente para mostrar atordoamentos, labirintos, embates… E, omitir a catarse (o julgamento do caso) incita a pensar sobre como o mal floresce no mundo contemporâneo, para além de um indivíduo
Dois filmes de um mesmo diretor norueguês estreiam no Brasil. Entre sonhos recorrentes com David Bowie aos encontros e desencontros a partir do sexo casual, as duas obras mostram o amor como fundamento moral e universal das mais diversas interações humanas
Mário de Andrade, o turista aprendiz, de Murilo Salles, é um belo ensaio sobre essa interrogação. Baseado em uma incursão na Amazônia, em 1927, constrói cenas que condensam problemas, dúvidas e tormentos do modernista diante da grandeza e da complexidade do país