Casa Comum, portas abertas à efervescência popular
Surge, na aridez de Brasília, novo espaço para a fecundidade das lutas sociais. Projeto recém-lançado oferece apoio e infraestrutura para quem deseja incidir criativamente nas políticas públicas – em favor, especialmente, de grupos excluídos
Publicado 31/10/2024 às 17:41 - Atualizado 31/10/2024 às 17:42

Casa Comum. Inauguração: 1º de novembro de 2024, às 15h30. Endereço: CLN 205, Bloco B, Loja 19
A sociedade civil brasileira vai ganhar um espaço coletivo de trabalho e criação em Brasília: a Casa Comum (CC). O projeto será apresentado ao público na sexta-feira, 1º de novembro, a partir de 15h30, na CLN 205. A programação conta, ainda, com happy hour e atividade cultural. A missão da casa é contribuir para o fortalecimento da democracia por meio de um espaço seguro a ser ocupado por pessoas atuantes na sociedade civil, nos movimentos sociais, nos coletivos ativistas e do poder público.
“Queremos construir uma comunidade criativa para a ação coletiva. Estamos em busca de parceiros e não de clientes. Não somos apenas um coworking, mas uma rede cooperativa”, explica Rodrigo Savazoni, diretor do Instituto Procomum (IP) e um dos idealizadores do projeto. Nessa proposta, o IP se juntou a outras duas organizações, o Advocacy Hub e a Rede Afrolatinas, e recebeu apoio-semente da Open Society Foundations (OSF).
A Casa Comum está localizada no Plano Piloto, na quadra conhecida como Babilônia, escolhida por ser permeável à diversidade sociocultural da capital do país. Com sua arquitetura peculiar, reúne atualmente uma cena potente de economia criativa, com bares, restaurantes e outros empreendimentos que fazem dela uma das mais movimentadas da cidade. Além de espaço de trabalho, a CC também irá oferecer uma programação constante de atividades políticas, formativas e de cuidado.
“Nós nos unimos, colocamos nossas aprendizagens sobre a mesa e estamos inventando, juntos, algo novo. A Casa Comum surge, assim, para fortalecer a qualidade da intervenção da sociedade civil, aumentando a incidência nas políticas que constituem a vida democrática, por meio da articulação e da colaboração entre aqueles que se encontram dispersos e fragmentados”, explica Savazoni.
Atuação em rede
Entre as fundadoras da Casa Comum está Jaqueline Fernandes, que atua há mais de vinte anos como gestora cultural e dirige o maior festival de mulheres negras da América Latina, o Latinidades. Segundo ela, infelizmente, o acesso ao advocacy reflete a mesma lógica excludente que estrutura a sociedade e a política institucional no Brasil.
“Uma das principais motivações da Casa Comum é atuar em rede, ampliar oportunidades de incidência política para grupos historicamente excluídos e, assim, trazer inovação para as políticas públicas e para os processos democráticos. Queremos ser um lugar para sociedade civil de todo o Brasil em Brasília, e que isso inclua o Distrito Federal e suas 35 Regiões Administrativas”, reforça.
Para ela, também diretora-geral do Instituto Afrolatinas, nunca foi tão importante lutar por uma efetiva democracia no país, e isso deve ser papel de todos nós. “Fortalecer as organizações da sociedade civil para cumprir essa missão é meu objetivo”, diz.
A gerente de Programas para Aberturas Democráticas na América Latina da Open Society Foundations, Sylvia Siqueira, a Casa Comum se faz necessária sobretudo por conta do momento histórico que vivemos, de esgotamento profundo, em que se torna necessário trazer outros conceitos, outras práticas para retomar o caminho democrático no Brasil. Ela acredita que as mulheres negras, o movimento feminista, os movimentos de periferia, os povos indígenas e as juventudes precisam fazer parte das decisões não apenas sendo consultados, mas fazendo políticas e ocupando espaços de poder.
“A Casa Comum vem também, nesse sentido, ser esse lugar, esse território de encontros do Brasil para mudar a concepção e a prática de poder”, afirma.
Espaço seguro
Outro dos idealizadores da Casa Comum é Pedro Telles, cofundador e presidente do conselho do Advocacy Hub. Ele é especialista em ações de incidência política, prática conhecida como advocacy, além de políticas públicas e engajamento cívico, e tem grande experiência atuando em organizações e movimentos da sociedade civil, fundações e no poder público. Telles destaca que a casa nasce como resposta a uma demanda muito concreta de organizações e movimentos de todo o país que, historicamente, enfrentam dificuldades para defender suas pautas junto ao Governo Federal, Congresso e outros órgãos sediados na capital do país.
“Agora, qualquer ativista pode contar com um espaço seguro e acessível para trabalhar, fazer reuniões, organizar eventos e pedir ajuda para navegar pelos corredores de Brasília”, destaca.
Para participar da Casa Comum, a pessoa interessada deve escrever para [email protected] solicitando sua filiação. O modelo é semelhante ao de um clube, onde os usuários também podem escolher o plano de serviços que melhor se adequa a suas necessidades. A Casa está equipada com postos de trabalho, salas de reunião e de eventos, copa e café, além de oferecer infraestrutura para quem quer trabalhar ocupando espaços ao ar livre que estão disponíveis no conjunto arquitetônico.
Texto produzido pela Casa Comum.
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Excelente proposta.