Alesp aprova extinção da maior produtora pública de remédios do Brasil
• Furp é extinta e será entregue ao Butantan • Setor da enfermagem cresce • David Capistrano homenageado • E MAIS: Aberti vs. Anvisa; sarampo no continente americano; dengue e malária •
Publicado 13/11/2025 às 10:08 - Atualizado 13/11/2025 às 14:56

Aconteceu nesta terça (11) a votação, na Assembleia Legislativa de São Paulo, para decidir sobre o destino da Fundação para o Remédio Popular (Furp). Foi aprovada a extinção da farmacêutica paulista que produz 400 milhões de unidades por ano, e dispõe de capacidade instalada para alcançar até 1 bilhão de unidades anuais. Há anos subutilizada, ela será incorporada pelo Instituto Butantan, também de São Paulo – um destino menos trágico do que estava nos planos do governador Tarcísio de Freitas, que buscava vendê-la para o setor privado, mas ainda assim alarmante.
Como noticiou este boletim, havia duas preocupações maiores após o fechamento da Furp. A primeira se referia ao destino dos 490 funcionários – decidiu-se que serão transferidos para a Secretaria de Estado da Saúde. Já o futuro das duas plantas de fábrica está em suspenso: o patrimônio físico não poderá ser vendido até que haja um novo projeto de lei específico. A oposição alerta que há riscos de redução da produção de medicamentos após a transferência para o Butantan. O instituto paulista, entidade civil sem fins lucrativos de direito privado, afirma o contrário: que irá reforçar a fabricação de fármacos essenciais para o SUS e para os brasileiros.
Demografia da enfermagem mostra crescimento no setor
O número de profissionais da enfermagem aumentou 44% entre 2017 e 2022, segundo a Demografia e Mercado de Trabalho em Enfermagem no Brasil, divulgada nesta terça (11) pelo Ministério da Saúde. No último ano analisado, eram 1,5 milhão de enfermeiras, técnicas e auxiliares. O aumento se deu principalmente após a pandemia de covid-19, quando mais postos de trabalho foram abertos – em especial no setor público.
Entre outros dados coletados, a Demografia constata que predominam as jornadas entre 31 e 40 horas semanais e a média salarial varia entre 2 e 3 salários mínimos. Cerca de 67% dos vínculos trabalhistas estão sob regime da CLT, enquanto os demais se dão por contratos estatutários, temporários ou autônomos. O maior crescimento de postos de trabalho aconteceu na atenção especializada, com alta de 41%. As mulheres representam cerca de 85% da força de trabalho.
Homenagens a David Capistrano
Em 10 de novembro, segunda-feira, completaram-se 25 anos da morte do sanitarista David Capistrano Filho. No dia, a Faculdade de Saúde Pública da USP realizou uma cerimônia em homenagem a ele, que foi um dos fundadores do Centro de Estudos Brasileiros da Saúde e ajudou a pensar e construir o SUS. Os presentes na celebração lembraram de seu papel na luta contra a ditadura e sua atuação como secretário de saúde nos municípios paulistas de Bauru e Santos. Como gestor público, foi responsável por ações pioneiras como a criação de Unidades Básicas de Saúde e Núcleos de Atenção Psicossocial (Naps). No dia, a FSP também batizou a escadaria em frente ao seu prédio em homenagem a David.
Em setembro, durante o Seminário SUS 35 anos, Outra Saúde ajudou a promover o lançamento da reedição de sua principal obra, Da Saúde e das Cidades. Em entrevista ao boletim, José Ruben de Alcântara Bonfim, outro fundador do Cebes e organizador do livro, declarou que o sanitarista “Era como um caleidoscópio. Se você vai virando, começa a ver outros aspectos maravilhosos. Assim era David, que olhava as coisas de uma forma global”. O site Viomundo publicou a última intervenção pública de Capistrano Filho, no 6º Abrascão, em 2000, na qual refletia sobre o período inicial do Sistema Único de Saúde: “Esses dez anos foram de uma luta muito séria, muito dura, muito difícil, porque tivemos que construir o SUS na contramão da vontade política do poder executivo federal e, sobretudo, daqueles que ditam as regras da política econômica do país”. Leia a fala completa.
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Publicidade de remédios e ultraprocessados
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Após circulação sustentada do vírus do sarampo no Canadá por 12 meses, a Organização Pan-Americana de Saúde decidiu retirar o certificado de região livre da doença. Dez outros países no continente registram casos, mas 95% se concentram na América do Norte, onde o negacionismo se espalha. O que alega a Opas?
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