Chacina no Rio: “Alguém se sente mais seguro agora?”

Mais de 120 mortos e o crime organizado não sofreu um arranhão: barões do tráfico, que coordenam fluxos internacionais de drogas e armas, seguem com suas vidas – e lucros. Juntos aos corpos em praça pública, está uma sociedade desfalecida. Força e resistência, quebrada!

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A polícia do estado do Rio de Janeiro, comandada por Cláudio Castro, o resto do bolsonarismo, atacou um território onde moram 300 mil pessoas, o Complexo do Alemão e da Penha. Uma fila de corpos foi estendida no chão do bairro, mostrando 64 pessoas assassinadas, enquanto o governador comemorava em rede nacional o maior massacre da história do Rio. E a pergunta que ecoa em todos os cantos, feita por uma das lideranças do bairro Raul Santiago, foi: “você se sente mais seguro?”

Isso é simplesmente asqueroso! Trata-se de mais uma operação eleitoreira que declara guerra contra territórios periféricos. O que aconteceu ali não é segurança pública, é massacre de pobres!

Senhoras infartando, moradores apavorados, famílias de moradores e policiais mortos simplesmente destroçadas, a partir de uma ordem de um governador facínora, que comemora e vibra em rede de televisão este ato vergonhoso, após executar o comando deste morticínio. Crianças apavoradas ao ir para a escola, trabalhadores mais uma vez colocados de cabeça baixa, mais uma vez sentindo que talvez ele seja o problema, fato de ser pobre e morar ali, seria um ato criminoso. Isso é inadmissível!

E o crime, o Comando Vermelho? Não sofreu um arranhão! Assassinaram essas dezenas de jovens, cooptadas para o varejo das drogas… Mas a logística do tráfico que escoa toneladas de cocaína pelo Porto do Rio rumo à Europa e Estados Unidos, o tráfico de armas e fuzis, estes continuam intactos, as redes de lavagem de dinheiro, os políticos bancados por este dinheiro sujo, tudo isso não sofreu um arranhão.

As favelas não refinam cocaína, não fabricam armas e nem lavam o dinheiro do tráfico. O que fez o crime ser abalado foi quando a Polícia Federal chegou à Faria Lima, nos fundos de investimento que faltam dinheiro sujo, nas redes de postos de gasolina e até usinas de etanol. Isso sim, fez o crime tremer, porque mexeu no bolso. As mortes desses jovens são calculadas pelos barões do tráfico, fazem parte do negócio e do lucro. Não é diferente para este resto de bolsonarismo, que ainda domina o Rio, e comemora nas redes… Calculam a morte de pobres e os possíveis ganhos eleitorais… Estes estão do mesmo lado, o lado da Morte!

Ali não morreram apenas policiais e o Varejo das Drogas, ali morreu toda uma sociedade. Uma sociedade que não chega nas favelas e nas quebradas do país, para oferecer outras políticas públicas, outra alternativa de mundo, para este morador da favela, e que inviabilize de uma vez por todas o varejo das drogas. Não é aceitável que o Estado só chegue com a brutalidade e a força letal das polícias em nossos territórios periféricos. Ninguém se sente mais seguro, amanhã já tem novos recrutas do tráfico, e o lucro do tráfico segue intacto.

Minha total e sincera solidariedade ao Raul e a todos os moradores do Alemão e da Penha. Ergam as cabeças, quebrada, nenhum favelado ou sujeito periférico merece essa humilhação que vocês estão passando. Força quebrada!

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Um comentario para "Chacina no Rio: “Alguém se sente mais seguro agora?”"

  1. José Mário Ferraz disse:

    Se combate o crime, há quem é contra. Se não combate, há quem é contra. Mas a ninguém ocorre que este problema agora insolúvel surgiu debaixo das barbas de administrações anteriores. Portanto, só se pode cobrar responsabilidades nos centros espíritas convocando as almas penadas dos administradores de antanho.

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