O “canto da sereia” da saúde digital
• Luiz Vianna e a Reforma Sanitária Digital • E MAIS: Tarcísio e o metanol; obesidade no Brasil; sarampo volta a crescer; órfãos da covid •
Publicado 08/10/2025 às 10:56 - Atualizado 08/10/2025 às 11:58
Em entrevista ao Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), o médico e especialista em bioética e saúde digital Luiz Vianna Sobrinho refletiu sobre o cuidado que movimentos em defesa do SUS devem tomar com o “canto da sereia” das novas tecnologias. Ele defende que é necessário “garantir a nossa soberania através da posse e domínio do conhecimento tecnológico pela base, pelos segmentos populares, pelos movimentos de redes comunitárias, pois é essa cultura digital que dará caráter de soberania com espírito de nação às ameaças externas, mas também a possíveis reviravoltas políticas internas”. Luiz afirma que o Brasil precisa buscar parcerias com polos tecnológicos para impulsionar as redes e estruturas que não estejam sob o controle das Big Techs.
O pesquisador também defendeu que “tecnologias não resolvem iniquidades” e que é preciso retomar as aspirações da Reforma Sanitária Brasileira para pensar uma nova Reforma Sanitária Digital. Sem isso e sem uma visão crítica da adoção dessas novas tecnologias, a saúde corre o risco de tornar-se refém delas. “Numa outra abordagem, a RSD poderia caminhar no sentido de preservar o que é mais importante do que a produtividade, o desempenho, ou a performance do sistema – a qualidade da relação e o desenvolvimento da autonomia”, sustenta.
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Metanol, o governador e a coca-cola
“No dia em que começarem a falsificar a Coca-Cola, eu vou me preocupar”, disse o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas no Palácio dos Bandeirantes. Enquanto isso, três pessoas morreram em seu estado por intoxicação com metanol em bebidas alcoólicas adulteradas. Mas o bolsonarista parece não ter compreendido a gravidade da situação.
Obesidade e refrigerante
O Brasil poderá ter 38,6 milhões de obesos em 2060, se as tendências atuais persistirem. Hoje, o número de pessoas no país com essa condição é de 26,7 milhões, 4,7 milhões são crianças. O Atlas Mundial da Obesidade projeta um crescimento anual de 1,8% dos índices. Entenda a urgência de taxar bebidas açucaradas, nesse contexto.
América com sarampo
O negacionismo do Norte Global pode fazer o continente americano perder a condição de território livre do sarampo. Com a queda de vacinação nos Estados Unidos, mas também no Canadá e no México, novos casos da doença têm aparecido com maior frequência. Entenda como funciona a classificação da Opas.
Covid deixou 1,3 milhão de órfãos
Um estudo conduzido por pesquisadoras da FFLCH/USP calculou o impacto da mortalidade por covid no Brasil no cuidado de crianças. As principais vítimas foram idosos, que são muitas vezes são os principais responsáveis pelas famílias. E os mais afetados pelas mortes foram adolescentes entre 12 e 17 anos. Entenda as implicações.
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