Para entender a gênese do “liberalismo autoritário”
Após 1968, emergiu um campo de batalha contra todas as formas de dominação. Obra da editora Ubu analisa a contraofensiva do poder neoliberal: reorganizar a produção e realinhar o Estado aos interesses do capital. Concorra a um exemplar
Publicado 03/10/2025 às 17:20 - Atualizado 03/10/2025 às 17:21

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“É proibido proibir…”, já dizia o poeta Caetano Veloso no efervescente ano de 1968, durante o Festival Internacional da Canção. O famoso episódio é só mais um dos empolvorosos que marcaram esse ano de virada, que abriria as portas para o espírito de rebelião que atravessou a década de 1970.
A revolta era o espírito da época: as estruturas de poder tradicionais – nas fábricas, nas universidades, nas relações de gênero e raça – eram questionadas por toda parte.
O mundo corporativo, assolado por greves, demandas por responsabilidade social e pressões ambientais, enfrentava uma “crise de governabilidade” sem precedentes.
Mas qual foi a resposta a essa explosão de politização?

Em A sociedade ingovernável – Uma genealogia do liberalismo autoritário, o filósofo Grégoire Chamayou investiga as origens de uma contraofensiva. Seu livro revela como, para domar uma sociedade em rebelião, a estratégia central foi a despolitização do ambiente empresarial, focando apenas na gestão profissional e na eficiência e coibindo quaisquer manifestações políticas.
Outras Palavras e Ubu Editora irão sortear um exemplar de A sociedade ingovernável – Uma genealogia do liberalismo autoritário, de Grégoire Chamayou, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 13/10, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!
O escrito demonstra como a tática neoliberal foi a de contra-atacar o estado de bem-estar social, reduzindo a esfera de atuação do Estado e do poder político e democrático – moldando não apenas a economia, mas também a política e as relações de trabalho.
A partir daí, emerge o verdadeiro projeto do neoliberalismo: longe de ser uma mera doutrina de “Estado mínimo”, ele não hesitou em se aliar a formas autoritárias de poder para impor seus fundamentos.
Ao contrário da ideia corrente de que neoliberalismo implica liberdade, o autor prova, de maneira analítica, como, na realidade, esse sistema opera de forma autoritária, consolidando o poder das elites empresariais e, consequentemente, limitando a democracia às suas regras.
Como demonstra o autor, o caso do Chile sob Pinochet não é uma anomalia, mas a perfeita expressão dessa aliança.
Em sua pesquisa, Chamayou opta por uma abordagem histórica e filosófica – analisando manuais de gestão, teorias econômicas, contradições das construções teóricas e dos principais pensadores do liberalismo, materiais da Escola de Chicago e discursos destinados a administradores. O objetivo: controlar o comportamento dos funcionários e amordaçar o movimento trabalhista e sua política econômica.
O resultado é um trabalho cheio de detalhes que expõe as “novas artes de governar” que fundem liberalismo e autoritarismo, estratégias que o autor demonstra estarem ainda profundamente ativas em nosso presente.
É com assombro que encontramos semelhanças com o recente quadro brasileiro – a aliança entre liberalismo e autoritarismo nunca esteve tão evidente como nos anos de governo Bolsonaro.
A obra é, portanto, um rico manancial para compreender as bases filosóficas e os mecanismos de um projeto de poder que, até hoje, domina as teorias econômicas e molda um Estado avesso ao debate distributivo.
Em parceria com a Ubu Editora, Outras Palavras irá sortear um exemplar de A sociedade ingovernável – Uma genealogia do liberalismo autoritário, de Grégoire Chamayou, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 13/10, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!
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