A Flotilha Global Sumud sob ataque
Na noite de ontem, diversos ativistas nas embarcações com destino a Gaza soaram o alarme. Drones teriam sido lançados contra os navios. Foram ouvidas ao menos 13 explosões. Nas redes, Israel promove ataques com desinformação: “Flotilha do Hamas”
Publicado 24/09/2025 às 14:44 - Atualizado 24/09/2025 às 14:45

Por Pablo Elorduy, com tradução na Revista Opera
Pouco depois das 00h30 do dia 24 de setembro no horário da Espanha (19h30 de 23 de setembro no horário de Brasília), diversos ativistas da Flotilha Global Sumud deram o alarme em suas contas nas redes sociais, perante o que parece ser um ataque das Forças Armadas de Israel contra os navios que, com destino a Gaza, tentam contornar o bloqueio marítimo imposto pelo regime de Tel Aviv à população palestina, que em outubro completará dois anos sob o genocídio.
A organização fala de um ataque a nove navios com drones que teriam lançado algum tipo de substância tóxica sobre as embarcações. Ao longo da noite, também foi possível ouvir até 13 explosões e as comunicações foram interrompidas, por momentos. O ataque ocorreu perto da costa da ilha de Creta, na Grécia.
Os participantes da Flotilha vinham alertando há alguns dias sobre a presença de drones sobrevoando a área e também informaram sobre a queda de objetos de drones ou aeronaves sobre pelo menos 10 embarcações, o que teria causado danos aos barcos. A tripulação ativou os protocolos de segurança. A organização confirmou que não há vítimas.
“Guerra psicológica”
Lucía Muñoz Dalda, vereadora espanhola do munic[ipio Palma e coordenadora do Podem Illes Balears, foi uma das pessoas que lançou o alerta máximo em suas redes sociais. “Todos os olhos na Flotilha, acabamos de ouvir um impacto, passamos a noite toda com a presença de drones, mais de quinze drones voando baixo. Tudo indica que são ameaças, que fazem parte de uma guerra psicológica”, explicou a política.
A partir da conta oficial de imprensa da Flotilha Global Sumud, foi divulgada à 1h00 da manhã do horário da Espanha (20h00 no horário de Brasília) uma mensagem semelhante, explicando que estão ocorrendo explosões, que há drones não identificados sobrevoando a área e que há interferências nas comunicações. Além disso, essa conta publicou o vídeo de uma explosão de uma bomba sonora que foi gravada a partir do navio Spectre.
“Essas táticas não nos dissuadirão de nossa missão de levar ajuda a Gaza e romper o cerco ilegal. Cada tentativa de nos intimidar apenas reforça nosso compromisso”, denunciaram desde a conta deste movimento global. Desde sua partida de Barcelona, a Flotilha Global Sumud denunciou o aumento dos ataques em águas internacionais por meio de drones, apresentando evidências dessas tentativas de sabotagem.
Na noite de 24 de setembro, esses ataques aumentaram, segundo denúncias da Flotilha, que enfrenta pressão crescente à medida que se aproxima do território bloqueado por Israel.
Campanha de comunicação dos israelenses
Por outro lado, há alguns dias Israel intensificou sua campanha de calúnias contra os participantes da Flotilha. Nas redes sociais, as contas sionistas continuam se referindo à Flotilha como a “flotilha do Hamas” e afirmam que ela planeja empreender ações violentas. “Essa campanha de desinformação tenta justificar preventivamente uma ação militar contra uma missão humanitária não violenta liderada por civis”, afirmam os ativistas da organização.
Este novo ataque à Flotilha por parte de Israel ocorre após a organização ter rejeitado uma oferta feita por Netanyahu que consistiria em deixar a ajuda humanitária transportada pelos navios no porto de Ashkelon, sob domínio israelense, e assim desistir de sua ideia de chegar a Gaza. A organização da Flotilha já deixou clara sua rejeição à proposta e garantiu que não interromperá seus planos de chegar ao enclave.
Os ativistas solicitaram, além disso, pressão por parte dos governantes para garantir que a Flotilha chegue ao seu destino com os navios intactos e os tripulantes sãos e salvos. A relatora especial das Nações Unidas para a Palestina, Francesca Albanese, reagiu nesse sentido: “A Flotilha Global Sumud foi atacada sete vezes em pouco tempo! Embarcações atingidas com bombas de som, foguetes explosivos e pulverizadas com supostos produtos químicos. Rádios bloqueados, chamadas de socorro bloqueadas. É necessária atenção internacional imediata e PROTEÇÃO! Não toquem na frota!”, escreveu ela em suas redes sociais.
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