Indústria da Saúde: novas parcerias para produzir vacinas e medicamentos
Ministério da Saúde firma Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDP) para produção de vacina contra VSR e de medicamento para esclerose múltipla. Estamos rumo à soberania do SUS?
Publicado 11/09/2025 às 09:30
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou, nesta quarta-feira (10), uma parceria de transferência de tecnologia entre o Instituto Butantan e a farmacêutica da vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR). Com isso, o Brasil passará a produzir o imunizante, garantindo a sua oferta no SUS a partir da segunda quinzena de novembro. O objetivo da Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) é fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) e reduzir a dependência do país no setor.
“É uma proteção dupla: protege a gestante e o recém-nascido; e, ao mesmo tempo, garante transferência de tecnologia, incorporação de inovação e geração de emprego, renda e conhecimento ativo no nosso país”, afirmou Padilha. Episódios recentes como a aplicação de tarifas abusivas às exportações brasileiras por parte dos EUA reforçam a importância da soberania do SUS quanto à garantia do acesso da população a medicamentos e tratamentos.
Além da vacina contra o VSR, o natalizumabe, medicamento biológico usado no tratamento da esclerose múltipla, também passará a ser produzido através de uma PDP. A parceria, desta vez entre o Butantan e a farmacêutica Sandoz, prevê a transferência completa do fármaco, permitindo que o laboratório público passe a dominar todo o processo produtivo – desde o insumo farmacêutico ativo (IFA) até a formulação final do medicamento.
Desde 2023, o governo retomou a agenda voltada ao fortalecimento do CEIS com medidas que reduzem a dependência brasileira na área. A expectativa é que, em uma década, 70% das necessidades do SUS em medicamentos, equipamentos e vacinas sejam produzidas no país – com previsão de investimento de mais de 57 bilhões de reais.
Neste contexto, em entrevista ao Outra Saúde, a professora e coordenadora de graduação do curso de Saúde Coletiva da UFRGS, explica que, para falar em construção da soberania do SUS de fato, é preciso gerar ciência e empregos para milhões de brasileiros – proposta chamada de “soberania sanitária”. Logo, Roberta frisa que não é preciso abandonar as PDPs, mas garantir que outras possibilidades também sejam exequíveis, a exemplo do desenvolvimento nacional de novas tecnologias e a engenharia reversa.
Outras Palavras é feito por muitas mãos. Se você valoriza nossa produção, contribua com um PIX para [email protected] e fortaleça o jornalismo crítico.