Resistência a antibióticos: o mau uso nos hospitais

• Uso de antibióticos em hospitais brasileiros • Chikungunya chega à China • Câncer de colo de útero no SUS • E MAIS: orçamento da saúde; abelhas; câncer de ovários; barreiras ao aborto legal •

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Uma pesquisa, lançada nesta quarta-feira (20) pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), alerta para um cenário preocupante: 20% dos hospitais brasileiros não ajusta corretamente a dosagem de antibióticos, ou seja, utiliza os fármacos fora dos protocolos ideais. Além disso, 87,7% indicam a dosagem aos pacientes por meio de tentativa e erro. Realizado com 104 estabelecimentos, públicos e privados, o estudo aponta para a necessidade de evitar o uso excessivo ou ineficaz desses medicamentos, responsável pelo aumento do risco de infecções por bactérias resistentes.

No Brasil, estima-se que 48 mil pessoas morrem por ano por infecções resistentes, totalizando mais de 1,2 milhão de mortes até 2050. E há ainda o risco de que o mau uso de antibióticos gere danos ao meio ambiente, já que, segundo a pesquisa, nenhum hospital analisado havia estabelecido um protocolo de descarte nem análise de efluentes hospitalares.

Chikungunya espalha-se pelo mundo

Mais de 240 mil casos do vírus chikungunya já foram relatados ao redor do mundo apenas neste ano. O interessante é que 8 mil destes são da China, representando os primeiros casos já registrados no país. Esse vírus, capaz de deixar pessoas infectadas e debilitadas por anos, está se espalhando para várias regiões do mundo à medida que a crise climática viabiliza e cria novos habitats para os mosquitos que o carregam.

As mudanças climáticas impulsionam a expansão dos mosquitos transmissores do chikungunya de duas formas: um mundo mais quente e úmido fornece habitat mais adequado; e eventos climáticos extremos aumentam a proliferação após enchentes ou deslocam populações, que acabam se aglomerando em áreas com saneamento precário. A OMS afirma que os padrões atuais de transmissão lembram um surto global que infectou 500 mil pessoas há 20 anos. O fato torna-se ainda mais preocupante ao considerarmos que a vigilância do chikungunya é, ainda, muito frágil.

Diagnóstico tardio de câncer de colo de útero eleva custos no SUS

Um estudo sobre este tipo de câncer, realizado por pesquisadores da empresa farmacêutica MSD Brasil, indica que, quanto mais tardio é o diagnóstico de doenças, maiores são os custos para o SUS. Além de impactar a sobrevida dos pacientes, descobrir o câncer em estágios avançados demanda mais internações e procedimentos médicos.

Nos dados analisados, o percentual das pacientes que precisaram passar por quimioterapia aumenta de acordo com o estágio em que o câncer é identificado, assim como a frequência de internações e visitas ambulatoriais por mês. O estudo reforça o tamanho do problema e a “necessidade urgente de direcionar mais esforços para a prevenção e o rastreamento, à medida que avançamos em direção às metas de eliminação do câncer de colo de útero”.

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SP é o estado que menos aplica orçamento de saúde

O Tesouro Nacional publicou nesta quarta, 20, o Relatório Resumido de Execução Orçamentária dos Estados e do Distrito Federal, que descreve o perfil de despesas em pastas essenciais da administração pública. Na saúde, TO, PE e RR lideram investimentos; MS, RN e SP são os últimos. Confira o relatório.

Ataques e mortes por picadas de abelhas crescem 83% e 123%

Um grupo de pesquisadores da Unesp publicou artigo no qual busca explicações para o aumento de picadas de abelhas no país. São 34.252 casos e 123 mortes em 2024, o que se explica por questões climáticas e também comerciais, dado o aumento de criatórios de abelhas africanizadas. Leia o artigo científico.

Novo teste antecipa diagnóstico de câncer de ovários

No estado do Colorado, nos EUA, pesquisadores desenvolveram um teste capaz de analisar moléculas e, ao reunir diversos biomarcadores, determinar o câncer de ovário. O procedimento foi aprovado após estudo com 400 mulheres e 88% e 92% de eficácia nos testes em diferentes estágios da doença. Entenda o que isso significa.

Brasil segue a sabotar direito ao aborto legal

Reportagem da Folha retrata a dificuldade de meninas e mulheres grávidas em condições que permitem aborto de acessar o serviço. O número de estabelecimentos ainda é restrito e diversos estados não o disponibilizam, o que obriga a longas viagens. Na prática, o direito ainda é negado. Veja as consequências.

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