Brasil avança no combate às hepatites virais

Hepatites B e C tiveram queda no número de mortes em 50% e 60%, respectivamente. País se aproxima da meta para 2030, mas ainda precisa garantir tratamento para todos

Créditos: Tomaz Silva/Agência Brasil
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O Ministério da Saúde divulgou dados animadores na luta contra as hepatites virais: entre 2014 e 2024, o país registrou queda de 50% nas mortes por hepatite B e 60% por hepatite C. Os números, apresentados no novo Boletim Epidemiológico, mostram que o Brasil está no caminho para cumprir a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de reduzir em 65% a mortalidade por essas doenças até 2030. Por trás desses resultados está uma combinação de fatores: ampliação da vacinação, oferta de testes rápidos e disponibilização de tratamentos eficazes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Um dos avanços é o lançamento de uma plataforma de monitoramento inédita, que permite acompanhar em tempo real a situação das hepatites B e C em cada município brasileiro. O sistema, inspirado na bem-sucedida estratégia de combate ao HIV/aids, fornece dados cruciais para os gestores: número de pessoas diagnosticadas, quantas iniciaram tratamento e tempo médio de cuidado.

Em 2024, os números revelaram um desafio persistente: das 115,3 mil pessoas indicadas para tratamento contra hepatite B, apenas 58,8 mil (51%) começaram de fato a terapia. Na hepatite C, o cenário é um pouco melhor – 9,1 mil dos 12,5 mil diagnosticados iniciaram tratamento (73%). “Os dados do boletim, do painel e a campanha lançada hoje mostram que é possível avançar mais no enfrentamento das hepatites”, conta Mariângela Simão, secretária de Vigilância em Saúde do ministério.

A nova ferramenta possibilita uma melhora na busca ativa. Com os dados em mãos, as equipes de saúde podem localizar pessoas diagnosticadas que não iniciaram tratamento ou que abandonaram o acompanhamento. O objetivo é dobrar o número de pessoas em tratamento para hepatite B, alcançando a meta da OMS de 80% de cobertura.

Paralelamente ao lançamento da plataforma, o Ministério iniciou a campanha “Um teste pode mudar tudo”, focada no diagnóstico precoce. “O Brasil conta com o maior e mais abrangente sistema público de vacinação, que garante a oferta de terapias e testagem. Desde a implementação dos testes rápidos no SUS, avançamos no enfrentamento das hepatites virais”, celebrou o ministro Alexandre Padilha. 

No campo da prevenção, os números são mais animadores. A vacinação contra hepatite A em crianças levou a uma redução de 99,9% dos casos nessa faixa etária. Em 2025, o SUS ampliou a oferta da vacina para adultos usuários de PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV), grupo mais vulnerável à infecção.

Para hepatite B, o esquema vacinal completo (quatro doses) está disponível para todas as idades. Entre as crianças, a cobertura vem melhorando, mas ainda está abaixo do ideal em algumas regiões.

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