Entidades científicas defendem soberania brasileira

• SBPC e ABC repudiam sanções dos EUA • A situação do SUS na capital gaúcha • A contribuição da China à ciência • E MAIS: hepatite A; prevenção contra HPV; censo das UBSs; OMS e genocídio •

Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
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Em nota conjunta disseminada nesta segunda-feira (14), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) manifestaram seu repúdio à ingerência estadunidense no Brasil, após Donald Trump enviar uma carta ameaçando a imposição de tarifas punitivas e pressionando pela anistia ao ex-presidente golpista Jair Bolsonaro. As ações do governo norte-americano constituem uma “afronta inaceitável à soberania nacional, à democracia brasileira e à estabilidade das relações internacionais”, denunciam as entidades científicas.

Além de prejudicar setores essenciais da economia brasileira e violar os princípios do comércio justo, a investida dos EUA também atenta contra a autodeterminação dos povos, apontam a SBPC e a ABC. Na nota, as organizações também “conclamam a sociedade brasileira a manter-se vigilante na proteção de seus direitos, sua democracia e sua independência”.

“Raio-X da Saúde” destrincha problemas do SUS em Porto Alegre

Lançado na última quinta-feira (9), um relatório investigou as raízes da crise na saúde pública de Porto Alegre, noticia o Brasil de Fato. A capital gaúcha vive um cenário cada vez mais grave de superlotação das emergências, e há relatos de unidades operando com uma lotação de 400%. 

A partir de visitas a equipamentos e entrevistas com 64 profissionais e gestores e 57 usuários do SUS, o projeto Raio-X da Saúde identificou que o colapso da atenção básica no município transformou as emergências em “porta de entrada” dos serviços de saúde para a população. O subfinanciamento e a precarização das condições de trabalho estão entre os fatores que impedem as unidades básicas de saúde de oferecer assistência adequada. Entre as medidas indicadas para reverter a situação de crise, estão o “fortalecimento da atenção básica, valorização dos profissionais e ampliação da participação popular”.

O triunfo da “pesquisa organizada” na China

Neste ano, a China finalmente ultrapassou os Estados Unidos em um ranking da revista Nature que mede a contribuição dos países para a pesquisa de ponta no campo das ciências naturais. Em artigo para o mesmo periódico, duas estudiosas chinesas discutem o papel da “pesquisa organizada” para essa notável conquista. O modelo, elas explicam, se baseia em “ciência orientada por missões, mobilização de todos os recursos nacionais e colaboração entre instituições”, elas explicam. 

Criada em 2023, a Comissão Central de Ciência e Tecnologia do Partido Comunista da China orienta esse processo coordenando “o desenvolvimento da ciência estratégica” e promovendo o foco em pesquisas alinhadas aos objetivos do país. 300 laboratórios estatais foram reorganizados para colaborarem mais entre si e com a indústria nacional, por exemplo. Em áreas consideradas cruciais – a exemplo de IA, energias renováveis, biomedicina e ciência de base –, a formação de grupos de pesquisa é incentivada com financiamento público expressivo. O novo modelo enfrenta desafios, argumentam as autoras, mas guarda forte relação com os sucessos recentes da ciência chinesa.

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Surto de hepatite A em SP

A Secretaria de Saúde de SP criou um painel para entender as razões da explosão de casos de hepatite A. Os 974 casos representam aumento de 90% em relação a 2024. Este tipo de hepatite é transmitida por bactérias em água, comida ou contato sexual, mas o painel do governo focará também em doenças transmitidas pela água e alimentos. Acesse os dados.

Para incentivar prevenção de HPV

Uma pesquisa randomizada feita na Fiocruz Bahia monitorou 650 portadores de HIV/aids que nunca tinham se vacinado para HPV, a partir da oferta de dois tipos de caminhos informativos para adesão à imunização. Veja qual foi a forma mais eficaz.

60% das UBS do Brasil precisam de reparo estrutural

Aylene Bousquat, da Faculdade de Saúde Pública da USP, analisou os dados do Censo das UBS e observou que 60% das unidades carecem de alguma reforma em suas estruturas físicas. Leia mais sobre sua pesquisa.

OMS contrata consultoria que participa do genocídio em Gaza

O Observatório de Políticas de Saúde revela que a consultoria norte-americana Boston Consulting Group, que projetou campos de concentração em Gaza, foi contratada pela OMS em seus projetos de monitoramento de dados. Avaliado em US$ 4 milhões, seria o segundo contrato entre os dois entes. Entenda as contradições.

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