Um papel ampliado para as parteiras?
• Parteiras ajudam na redução de mortes maternas • Novas doses de vacina para covid • Imunização contra hepatite A para usuários da Prep • Cientistas brasileiros criam curativo sustentável • Papamóvel vai a Gaza • Trump contra pessoas LGBT+ •
Publicado 06/05/2025 às 16:37
Instigante artigo publicado no Health Policy Watch levanta a hipótese: e se os Estados apostassem nas parteiras para enfrentar os altos índices de mortalidade materna no mundo? O texto lembra que estas profissionais de saúde são as únicas a se dedicarem integralmente à saúde sexual e reprodutiva. Em muitas regiões, seu trabalho se dá em condições extremamente precárias – como no exemplo de parteiras na Palestina, retratadas em documentário, que oferecem cuidados para 20 mulheres em trabalho de parto ao mesmo tempo.
No entanto, seu papel não se resume ao parto, já que elas oferecem os primeiros socorros em muitas emergências e criam forte ligação com as mulheres das comunidades que atendem. Mesmo assim, na maioria dos países, elas não são incluídas no planejamento das políticas públicas de saúde. Fazê-lo, argumentam as autoras, poderia ser decisivo para enfrentar o problema da mortalidade materna.
Nova leva de vacinas contra a covid chega ao Brasil
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, acompanhou a chegada de 1,3 milhão de doses da vacina contra a covid para a população adulta na última quinta-feira (1º), em Guarulhos (SP). De acordo com o ministro, a entrega chegou em tempo recorde, mais rápido até que o período da pandemia, o que demonstra a garantia e a segurança da VCTLOG – empresa fornecedora. Esse quantitativo é a primeira leva de uma compra de 57 milhões de doses fechada em abril, que chegará de forma parcelada, conforme a adesão no país.
As vacinas chegaram após a pasta informar às secretarias de estados e municípios sobre a possibilidade de “interrupção pontual” na distribuição da vacina nas próximas semanas devido à troca de fornecedor das doses destinadas ao público adulto. Padilha pediu o apoio dos estados e municípios, que receberão os novos lotes a partir desta semana e são os responsáveis por garantir a vacinação ao público recomendado pela OMS e referendado pelo Programa Nacional de Imunização.
Ampliada a vacinação contra hepatite A para usuários de PrEP
O Ministério da Saúde vai ampliar a oferta de vacinação contra a hepatite A. As doses serão indicadas também para usuários da PrEP – a profilaxia medicamentosa utilizada para prevenção de HIV – a fim de conter surtos na população adulta e atender a uma mudança no perfil epidemiológico da doença. Embora a transmissão do vírus seja fecal-oral, a OMS relatou, em 2017, um aumento no número de casos de hepatite A relacionado a práticas sexuais.
No Brasil, o aumento de casos de hepatite A por potencial transmissão por sexo foi identificado, pela primeira vez, em 2017, na capital paulista. Outros surtos foram registrados posteriormente, com predominância na população de homens que fazem sexo com homens. Atualmente, cerca de 80% dos usuários da PrEP têm esse perfil. A meta, portanto, é vacinar esse público, que soma atualmente mais de 120 mil usuários no SUS, como estratégia de prevenção.
Universidades mineiras desenvolvem curativo sustentável
Cientistas brasileiros estão desenvolvendo um novo curativo que pode ser mais eficaz e sustentável que as alternativas, conta a Agência Bori. Hoje, o SUS depende principalmente de bandagens importadas, o que encarece tratamentos. Enquanto isso, o insumo formulado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal de Lavras (UFLA) combina quitosana e vidro bioativo, materiais sustentáveis e disponíveis localmente.
Artigo publicado no periódico científico Materials Research nesta sexta (2) aponta que a invenção tem capacidade de absorção superior ao de muitos curativos comerciais. “Para um projeto voltado à substituição de insumos importados, esse resultado demonstra a viabilidade técnica de uma alternativa nacional, com potencial para reduzir custos e ampliar o acesso a tecnologias no SUS”, opinou Eduardo Martins, um dos autores do estudo. Ainda estão por ser realizados testes clínicos de larga escala com o produto.
Papamóvel se tornará clínica em Gaza
Em seu “último pedido” antes de falecer, o Papa Francisco solicitou que o papamóvel – carro utilizado no deslocamento dos pontífices – fosse transformado em uma unidade móvel de saúde para as crianças de Gaza, revela nota do Vaticano repercutida pela Agência Brasil. Por isso, o veículo está passando por um processo de adaptação, recebendo equipamentos de diagnóstico, exame e tratamento. Assim, o antigo papamóvel passará a contar com “testes rápidos para infecções, instrumentos de diagnóstico, vacinas, kits de sutura e outros suprimentos”.
O comunicado ressalta que “em meio à guerra terrível, à infraestrutura em colapso, a um sistema de saúde mutilado e à falta de educação, as crianças são as primeiras a pagar o preço, com a fome, as infecções e outras doenças evitáveis” e que este “foi o último desejo [de Francisco] para um povo a quem demonstrou tanta solidariedade ao longo do seu pontificado”. Como noticiou Outra Saúde, o cerco total promovido por Israel contra a Faixa de Gaza desde o dia 1º de março está tendo efeitos devastadores sobre os equipamentos de saúde e a vida dos habitantes do enclave.
Pesquisas sobre saúde LGBT+ são as mais afetadas pelos cortes de Trump
O governo Trump cortou mais de 800 milhões de dólares em pesquisas sobre a saúde da população LGBT+. Foram abandonados estudos sobre o impacto das doenças virais e de câncer em minorias sexuais, bem como esforços para combater o ressurgimento de ISTs, de acordo com análise feita pelo The New York Times. Das 669 bolsas canceladas pelo National Institutes of Health (NIH), integral ou parcialmente, no início de maio, pelo menos 323, ou seja, quase metade delas, estão relacionadas à saúde LGBT+.
É inegável que, mantendo-se fiel à sua profunda oposição tanto aos programas de diversidade quanto aos cuidados de afirmação de gênero para adolescentes, o governo tem trabalhado agressivamente para erradicar pesquisas relacionadas a medidas de equidade e saúde transgênero. Mas sua repressão repercutiu muito além dessas questões, eliminando parcelas de pesquisas médicas sobre doenças que afligem desproporcionalmente pessoas LGBT+, um grupo que representa quase 10% dos adultos americanos.
Outras Palavras é feito por muitas mãos. Se você valoriza nossa produção, seja nosso apoiador e fortaleça o jornalismo crítico: apoia.se/outraspalavras