Chamado para reencantar o mundo
Deputada Luiza Erundina lança, nesta sexta, iniciativa que pode sacudir um ambiente político estagnado. Conheça as Sementes da Esperança – iniciativa de mobilização que busca retomar, em encontros presenciais em centenas de núcleos, o debate sobre o futuro do país
Publicado 14/03/2025 às 17:59 - Atualizado 14/03/2025 às 18:04

O desânimo ronda como um cão sem dono, mas a esperança – essa sim – é revolucionária e sempre brota como semente. Não sementes dormentes, mas sementes teimosas que costuram a vida como quem tece um tapete de flores, um manto de cores que há de cobrir o mundo de esperança.
Esse momento há de vir! Está brotando e já avistamos no horizonte.
Nossas sementes são aquelas que não se rendem, sementes que querem revolucionar a sociedade para todo mundo. Para brotar, sonhar é o primeiro ato da transformação, por isso espalhamos as Sementes da Esperança.

Semeamos como quem tece e fia histórias e nosso ato de semear começar por regar milhares de Núcleos de Base por todo o Brasil. Não importa a quantidade de pessoas por Núcleo (Sementes), importam os corações batendo juntos, as vidas milhares, centenas de milhares, milhões… Não queremos poder, semeamos potência, essa força que só aumenta quando compartilhada. Pela potência que brota do chão iremos transformar o Brasil e o mundo. Essa é a nossa esperança.
Uma rede de Núcleos de Base, autônomos, auto-organizados, multipartidários e plurais para amparar nossos sonhos. Uma imensa plantação para todas as pessoas que carregam desejo de justiça, compromisso com a vida e vontade de transformar a sociedade. Não importa a filiação partidária, religião, trajetória, importa o compromisso com a dignidade humana e a emancipação social. Uma teia dos muitos, dos imprescindíveis, daqueles que lutam por toda a vida e não se cansam de sonhar e semear mudança. Núcleos de Base como força do agir em comum.
Núcleos de Base na quantidade que for possível. Não importa o número, importa o laço, os encontros reais. Assim serão os Núcleos a surgir. A cada Núcleo de Base uma semente que brota, assim a nossa plantação vai crescer, se espalhar, expandir, com humildade, mas com a força de quem sabe que a mudança começa do chão, nos pequenos gestos, nas pequenas ações coletivas, na semeadura de mão em mão.
A cada grupo de pessoas que assim desejarem nascerá um Núcleo; que comecem, com três, cinco, oito, treze, vinte e um… Onde houver muito mais gente, que se crie mais Núcleos, com isso preserva-se a proximidade, o afeto, os vínculos, a cercania da ação comum; e que depois se encontrem com os demais Núcleos. Importante e necessário é ser presencial; grupos de whatsapp, redes sociais, reuniões por videoconferência, podem auxiliar, mas nada substitui o encontro “olho no olho”, “mão com mão”. Vínculos são fortes quando se compartilha vida real, só assim os sonhos se tornam realidade.
Cada Núcleo decide suas pautas, suas ações, suas prioridades. Pode ser a criação de hortas urbanas, luta por moradia digna, comércio de vizinhança, defesa da educação e participação em conselhos escolares, economia solidária, bancos comunitários e comércio justo, luta na fábrica, nos locais de trabalho, participação em conselhos locais, pontos de cultura, escolas. O imperioso é estar onde a vida pulsa, onde o chão sustenta passos e sonhos.
Com organização e tempo para planejar a ação no território, análise de conjuntura e estudo. Toda reunião tem que dedicar um tempo para cada um desses pontos, e subdividir o trabalho com pessoas responsáveis pela comunicação, capacitação, finanças. Vai ser como muitos já fizeram em tempos atrás. Já fizemos, saberemos fazer de novo.
Um encontro presencial por mês é o mínimo para fortalecer os vínculos e a luta. Se possível, mais encontros por mês, incluindo tempo para a festa e a alegria; afinal, uma revolução em que as pessoas não possam dançar não é uma revolução da esperança. Nada de grupos fluidos e sim semeadura coletiva de um Brasil que se ergue de sulcos e cicatrizes do chão, dos territórios. Dessa semeadura coletiva iremos plantar onde a vida é crua. Os Núcleos irão juntar corações que pulsam e se encontram no corpo vivo da luta, de seus sopros nos territórios ascenderão faíscas a iluminar caminhos no labirinto do tempo atual.
Somos mãos que se unem pela base, sem sectarismo, falando a língua do povo junto com o povo. Somos o povo! Do barro erguemos alicerces, da dor brotamos coragem. A espera acabou!
Sementes da Esperança a fazerem brotar um Brasil que não desiste.
Queremos o básico, o essencial para a vida digna, é tão simples: Teto, trabalho digno, saúde e educação de qualidade, cultura e arte em toda parte, ar limpo, água pura, vida segura, tempo para viver, comunicação democrática e verdadeira, democracia que não cabe na algibeira.
Em resumo, queremos um Brasil que seja bom, belo e justo para toda a gente que vive em nosso país, e para além disso, queremos um mundo que seja bom, belo e justo para todo mundo. Não é muito, só queremos o que é justo, belo e bom. Justiça, e queremos já!
As Sementes da Esperança se fiam no coletivo, nas raízes profundas de um povo que luta. Nossa filosofia não apenas interpreta, mas transforma o mundo. E o nosso verbo é aquele ensinado pelo mestre Paulo Freire: Esperançar. Nossa ação é aquela que semeia, fia e tece.
Nossa semeadura é coletiva junto com quem tem coragem de sonhar, plantar e colher. Semeamos com quem acredita e faz acontecer, sejam nos movimentos sociais, nas comunidades, nos coletivos antirracistas, ecologistas, pacifistas, da cultura, nos partidos políticos de esquerda. Nosso canto é o canto do trabalho de que ara a terra para que as sementes adormecidas do povo voltem a brotar.
De mãos entrelaçadas chamamos todos que carregam o desejo e fé no mundo, na vida. Não importa onde estejamos, de onde viemos, mas para onde queremos ir. Semear junto, em canto livre de um povo que se descobre para si.
Sementes que nascem do agir comum, da força de cada encontro, de cada olho no olho, de cada mão que se estende. Nossa semeadura é ação real, urgente e constante, que pulsa e se sustenta nos territórios onde a vida acontece.
A hora é agora!
Milhares núcleos de base, muito mais que isso em mãos que semeiam futuro, mãos espalhadas pelos rincões do Brasil e além. Queremos estar juntos com os nossos irmãos da América Latina e com os povos do mundo, em irmandade da humanidade. Nossas sementes se espalham pelo vento e nossa esperança não teme os muros e fronteiras.
Enfrentaremos os mercadores da mentira e do reacionarismo, aqueles que transformam a vida em coisa, a financeirização do mundo, o tecnofeudalismo das Big Techs, o militarismo, os ódios, o armamentismo, as opressões e maldades, os fundamentalismos, as violências, com a força do coletivo. Coletivamente utilizaremos ferramentas livres na comunicação, códigos abertos para a unidade do povo.
Igualmente reconhecemos os avanços e retomadas havidas no Brasil recente com união e reconstrução, e apoiamos todo esforço que faz avançar, unir e reconstruir. Mas avisamos desde já, com lealdade, coragem e generosidade, queremos mais e melhor porque o nosso povo merece mais e melhor. E para já!
A verdadeira liberdade é a solidariedade e o verdadeiro poder é a potência do amor, essas são as partes constitutivas de nossas sementes. As Sementes da Esperança não são promessa, são o chão que nos sustenta, o horizonte que nos guia, o futuro que começa. Semeamos vida, colheremos revolução. E assim chamamos quem queira semear junto.
Nosso poder é o poder de agir junto, pela base, não a ilusão do poder concentrado nas mãos de poucos. Queremos um Brasil onde o pão, a terra, o trabalho digno sejam direitos de todos, sem exceção. Queremos um país onde a dignidade humana seja a única medida de progresso. Queremos um mundo onde as vozes do povo não sejam abafadas pela ganância, pela exploração e pela violência estrutural.
Que nossas mãos, que nossos corpos, que nossos corações, se unam na construção de um novo mundo, a começar pelo Brasil. Não basta esperar, é preciso fazer. Nesse momento histórico, fazer é, antes de tudo, semear. unir, reunir. Reunir para dialogar, para decidir, para agir. Em cada Núcleo de Base, em cada ação, nos tornaremos mais fortes, mais vivos, mais humanos.
Vamos semear este futuro. Vamos tecer juntos a justiça, a igualdade, a liberdade, a fraternidade, o respeito. E a cada semente, a beleza de um Brasil novo. Que os Núcleos de Base se espalhem, que os encontros se multipliquem, que as vozes se unam e a esperança, que hoje se apresenta como um convite, transforme a nossa força coletiva.
Semeadoras e semeadores, tecelões e tecelãs, Uni-vos!