Ataques a Nísia e a tentativa de desestabilizar governo Lula
“A quem interessa, neste momento, a metralhadora giratória que ora se dirige ao Ministério da Saúde? Aos mesmos que defendiam, há poucos meses, que o país rumaria ao abismo com a manutenção do Piso Constitucional da Saúde e da Educação?”
Publicado 21/02/2025 às 12:38 - Atualizado 21/02/2025 às 12:50
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Distrair e desviar atenções é uma estratégia antiga de batalha. Na semana em que a denúncia da Procuradoria-Geral de República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela tentativa de golpe de Estado chega, enfim, ao Supremo Tribunal Federal (STF) requentam-se as velhas especulações sobre mudanças no Ministério de Saúde. Desta vez com uma imagem para lá de misógina, onde uma ministra é retratada com uma mão masculina cobrindo o seu rosto. Uma escolha que embrulha o estômago.
Similar “fritura” foi enfrentada pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. As tentativas de desviar o debate político de acontecimentos concretos para crises fabricadas coincide com momentos cruciais para a Extrema Direita.
Apesar da herança extremamente negativa recebida por Lula, o governo obteve sucessos significativos sob circunstâncias políticas adversas. Diante da elevada taxas de juros que lesa a Pátria em quase um trilhão de reais em juros, ou quase 600 bilhões em isenções fiscais, o governo alcançou números positivos no crescimento do PIB, na redução do desemprego, no controle da inflação e na retomada de programas e políticas de inclusão fundamentais para retirar parcela significativa da população da linha da miséria absoluta e da fome. Sabemos que esse é um governo de coalisão, um arranjo que foi possível costurar para derrotar a Extrema Direita. O que testemunhamos é a tentativa de manietar as ações de Lula reduzindo a sua margem de manobra.
Nota do Ministério de Saúde rebateu “fake news” da saída da ministra. Nísia Trindade segue sua agenda, sob comando do presidente Lula, em um governo de ampla coalizão, que vem resistindo a pressões, como a insidiosa campanha pela flexibilização constitucional do Piso da Saúde.
A quem interessa, neste momento, a metralhadora giratória que ora se dirige ao Ministério da Saúde? Aos mesmos que defendiam, há poucos meses, que o país rumaria ao abismo com a manutenção do Piso Constitucional da Saúde e da Educação?
Saúde é democracia. Democracia é Saúde. É certo que, assim como nosso regime democrático recente, a Saúde brasileira enfrenta imenso desafios. Iniciativas como a reestruturação da Atenção Primária à Saúde, a criação do Mais Acesso a Especialistas, as campanhas de vacinação indicam disposição para enfrenta-los, com a retomada dos princípios e bases que orientam a construção do Sistema Único de Saúde (SUS).
O Brasil recuperou, em novembro, certificado de país livre de sarampo, rubéola e síndrome da rubéola congênita. A certificação da Organização Panamericana de Saúde (OPAS/OMS) é um marco da retomada da cobertura vacinal, após quedas consecutivas da desde 2016. O Brasil saiu também, da lista de 20 nações com mais criança não imunizadas.
A expansão do Programa Farmácia Popular permitiu avanço no controle de doenças cardíacas, diabetes, doença de Parkinson, glaucoma, asma e diversas doenças crônicas. São 41 itens 100% gratuitos, entre de medicamentos a fraldas e absorventes. O Ministério da Saúde, apesar do desmonte que sofreu no governo passado e de todas as restrições relacionadas ao orçamento e do trabalho nefasto oposição da extrema direita, tem feito entregas significativas enquanto se reestrutura
A “crise” do Ministério da Saúde é uma cortina de fumaça para desviar o foco da mal ajambrada e fartamente documentada tentativa de golpe de Estado pós eleitoral, com seus planos de assassinato e depredação consumada do Congresso Nacional. O alvo não é a ministra, mas o próprio governo Lula.
Um governo não pode ser refém de especulações e balões de ensaio. Este tipo de prática não serve ao país e aos interesses da maioria a população. Precisamos nos livrar desse tipo corrosivo de exercício da manipulação. Em política, onde há fumaça nem sempre há fogo. Desculpem o texto apressado. A pressa é resultante de indignação e um apelo a necessidade de recuperar o mínimo de dignidade no debate político.