Os desafios que enfrenta o combate à dengue

• 37% tomaram a vacina contra a dengue • Tuberculose não deve ser eliminada • Indenização para enfermeiras após pandemia • Pacientes perdem visão após mutirão de cirurgia • Atendimento a brasileiros deportados • Poluição e concentração •

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
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Apenas 37% do público-alvo recebeu a vacina da dengue neste último ano, revela O Globo. Em outras palavras, somente cerca de 3,1 milhões das 8,3 milhões de crianças de 10 a 14 anos buscadas pelo poder público receberam pelo menos uma dose. Entrevistados pela matéria, integrantes do Ministério da Saúde indicam duas principais causas para a dificuldade de ampliar a cobertura. Em primeiro lugar, o laboratório farmacêutico japonês Takeda, que produz a vacina, não estaria entregando doses o suficiente para contemplar mais cidades com o estoque. 

Além disso, haveria um cenário de “baixa procura”– isto é, um número insuficiente de responsáveis está levando seus filhos para se imunizar. Só metade das doses distribuídas para os municípios foram aplicadas. Também ouvido pelo jornal, o sanitarista Cláudio Maierovitch (Fiocruz Brasília) sugere que, caso o cenário não melhore até abril, “seja ampliada a faixa etária para a oferta da vacina ou que haja estratégia específica de vacinação”.

Brasil distante de eliminar a tuberculose

O Brasil não deve alcançar a meta da OMS para a eliminação da tuberculose, indica um estudo da Fiocruz Bahia noticiado pela Agência Brasil. Em artigo publicado na The Lancet Regional Health – Americas, pesquisadores ligados à instituição alertam para uma tendência de “aumento na incidência da doença”, de 39,8 mil para 42,1 mil casos por 100 mil habitantes até o ano de 2030. 

Em entrevista ao Outra Saúde, o sanitarista Dráurio Barreira, diretor do departamento do Ministério da Saúde responsável por enfrentar a tuberculose, já havia informado que a doença não está entre as que o país caminha para eliminar, nos marcos do Programa Brasil Saudável. Para os autores do estudo da Fiocruz Bahia, é necessário “criar estratégias integradas” que enfrentem os principais desafios – entre eles, “o acesso limitado à saúde, a não adesão ao tratamento e a limitação de recursos para ações inovadoras no controle da doença”. No Brasil, um dos principais medicamentos de combate à tuberculose segue acorrentado por patentes.

Governo indenizará enfermeiras vítimas de covid-19

Um acordo firmado entre a União e o Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Minas Gerais (Seemg) garantirá a indenização dos enfermeiros vítimas de covid-19 naquele estado, noticia a Agência Brasil. O entendimento remete à Lei 14.128/2021, que prevê a “compensação financeira aos profissionais de saúde que […] tornaram-se permanentemente incapacitados para o trabalho” durante a pandemia do coronavírus, no valor de R$50 mil. Os filhos de trabalhadores que faleceram, assim como dependentes com deficiência, têm direito a valores adicionais. 

A demora no início dos pagamentos levou a um processo judicial, que se conclui com o acordo agora em vigor. No estado de Minas Gerais, 4.028 casos de covid-19 foram registrados entre os enfermeiros durante a pandemia, 55 deles levando ao óbito. Nesta semana, a entidade sindical informou que começou a receber a documentação dos profissionais e parentes que estejam aptos para receber as indenizações.

Mutirão de catarata promovido por OSS resulta em desastre

Pacientes perderam a visão após um mutirão de cirurgias de catarata em Taquaritinga (SP). Segundo a Folha, 12 das 23 pessoas atendidas apresentaram complicações pós-operatórias. Os procedimentos foram realizados no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) da cidade, que é gerido por uma Organização Social da Saúde (OSS).  Após a constatação de “inadequações na sala de materiais e esterilização” em uma visita técnica, o local foi interditado pela prefeitura. 

Trata-se do segundo caso do tipo em menos de 4 meses a envolver entes não-públicos que se infiltram no SUS. Em outubro do ano passado, 8 idosos da cidade de Parelhas (RN) perderam o olho em um mutirão de catarata realizado uma semana antes das eleições municipais. O prefeito havia contratado uma empresa de outro estado para promover as cirurgias, mesmo não havendo equipamentos hospitalares em condições de recebê-las.

Força Nacional do SUS atende brasileiros deportados dos EUA

Os brasileiros deportados dos Estados Unidos pelo governo de Donald Trump estão sendo atendidos pela Força Nacional do SUS, revela o Ministério da Saúde (MS). Segundo nota da pasta, só na sexta-feira (7/2), 173 atendimentos foram realizados junto aos 111 brasileiros que chegaram naquela data ao aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza (CE). 

A equipe que os recebeu conta com 12 profissionais, entre médicos, enfermeiros, psicólogos e sanitaristas. “Atendimento emergencial, avaliação médica e os primeiros cuidados psicológicos” foram os três eixos desse trabalho, de acordo com a enfermeira Amanda Dantas, que coordenou a missão. A ação foi organizada pelas autoridades federais em parceria com a Secretaria de Saúde do Ceará, a Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza e a Anvisa, completa a nota do MS.

Nature: os efeitos dos poluentes sobre a concentração

Um artigo publicado no periódico científico Nature Communications na última quinta-feira (6/2) sugere que a poluição do ar reduz a capacidade de concentração das pessoas em suas tarefas diárias. O estudo, conduzido por uma equipe de duas universidades britânicas, acompanhou 26 adultos que realizaram testes cognitivos antes e depois de serem expostos a diferentes concentrações de poluentes no ar. 

Os resultados indicaram que, após a exposição a um alto nível de material particulado, houve “redução significativa na atenção seletiva e no reconhecimento de emoções” – sem diferença entre os que estavam respirando pelo nariz e os que o faziam pela boca. A pesquisa faz parte de um projeto que conduzirá estudos sobre o impacto de diferentes poluentes, buscando incidir sobre as políticas públicas que os regulam.

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