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Um surto de gripe aviária de uma linhagem distinta da que está circulando normalmente, a H5N9, foi detectado pela primeira vez em uma fazenda de patos no estado norte-americano da Califórnia. Desde dezembro, foram sacrificadas quase 119 mil, em decorrência do vírus. Além do H5N9, o H5N1 também foi identificado no local – situação considerada problemática pois pode provocar o rearranjo genético e abrir caminho para patógenos desconhecidos. Embora o impacto em humanos ainda não esteja claro, especialistas alertam sobre a necessidade de vigilância devido ao potencial de adaptação do vírus a mamíferos, incluindo gatos, que podem atuar como ponte para infecções em humanos. 

Além disso, surtos têm sido registrados em rebanhos bovinos e há 67 casos humanos confirmados naquele país. Apesar de a gripe aviária ainda ser considerada de baixo risco imediato à saúde pública, o CDC (agência estadunidense similar à Anvisa) afirma monitorar a situação em colaboração com autoridades estaduais. Mas preocupa o fato de que os Estados Unidos vêm sendo negligentes em relação aos novos surtos de H5N1, como tratou o Outra Saúde em uma matéria recente.

Brumadinho: após desastre, arsênio e outros metais encontrados em crianças 

Estudo realizado pela Fiocruz Minas e pela UFRJ em Brumadinho, após o rompimento da barragem da Vale, revela uma persistente exposição a metais como arsênio, chumbo e mercúrio em crianças e adultos entre 2021 e 2023. A análise identificou aumento no percentual de crianças com arsênio acima dos limites de referência, de 42% para 57%, e revelou que 100% das amostras continham ao menos um dos metais avaliados. Em adultos e adolescentes, 20% e 9% das amostras, respectivamente, apresentaram arsênio acima do limite, com variações regionais significativas. Embora a exposição seja disseminada, os níveis de detecção médios para alguns metais diminuíram.

A saúde mental e física da população segue impactada, com aumento de diagnósticos de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, e agravamento de sintomas respiratórios e psicológicos, como ansiedade e depressão. O estudo aponta para a necessidade de fortalecer os serviços de saúde locais, expandir exames e promover ações integradas entre saúde e educação – especialmente para o desenvolvimento infantil, que apresentou melhorias desde 2021. Após receber os resultados do estudo, famílias do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) pedem acompanhamento de saúde. “Precisamos de um protocolo específico para enfrentar esse cenário. Estamos muito preocupados porque cada vez o nível de contaminação aumenta no sangue das pessoas, nos animais, em todas as plantas”, afirmou Joceli Andrioli, integrante da coordenação do MAB, em entrevista à Folha.

Farmacêutica quer estender patente do Ozempic no Brasil

A queda da patente do Ozempic no Brasil em 2026 abre caminho para a produção de medicamentos similares a base de semaglutida, o que deve reduzir o custo do tratamento. Contudo, a fabricante Novo Nordisk tenta estender a exclusividade alegando demora excessiva do INPI na concessão da patente, processo que levou 13 anos. A empresa busca na Justiça a ampliação do prazo e pressiona por alterações na legislação, mas especialistas refutam as alegações, destacando que os depositantes se beneficiam de monopólio de fato durante a tramitação, mesmo antes da decisão final do órgão. Em carta aberta de 2023, o Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual (GTPI) já argumentava que a celeridade defendida por grandes conglomerados transnacionais visa enfraquecer o rigor técnico do INPI e facilitar a concessão de patentes indevidas.

Enquanto isso, laboratórios brasileiros como EMS, Biomm e Prati-Donaduzzi aceleram preparações para lançar genéricos e similares do Ozempic após o término da patente. A concorrência promete ampliar o acesso ao medicamento, atualmente vendido entre R$ 700 e R$ 1.000. Para se ter ideia do que está em jogo, apenas no primeiro trimestre de 2024, a Novo Nordisk teve um lucro líquido equivalente a 18,9 bilhões de reais.

Prefeitura de SP faz busca ativa para vacina da dengue

A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo decidiu intensificar a busca ativa por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos com a vacinação contra a dengue em atraso. Até agora, 35% do público-alvo recebeu a primeira dose da vacina Qdenga, e apenas 20% completaram o esquema vacinal, cujo intervalo entre doses deve ser de três meses. A meta é atingir 600 mil jovens na capital.

A ação é realizada por equipes das UBSs e envolve contato telefônico e visitas domiciliares, buscando conscientizar famílias sobre a importância da imunização, que protege contra formas graves da dengue. Os principais motivos para o atraso incluem falta de tempo, esquecimento e baixa percepção de risco. A vacina não pode ser aplicada fora das UBSs, e casos de dengue entre doses requerem cuidados específicos para completar o esquema. 

Recorde de cirurgias eletivas realizadas pelo SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 13.663.782 cirurgias eletivas realizadas em 2024, aumento de 10,8% em relação a 2023 e 32% em relação a 2022. O Programa Nacional de Redução das Filas, que prioriza cirurgias essenciais, foi responsável por 5.324.823 procedimentos em 2024, um crescimento de 18% frente a 2023.

O programa Mais Acesso a Especialistas contribuiu para o maior avanço nos serviços especializados do SUS em uma década, promovendo a ampliação de médicos especialistas e introduzindo um modelo de remuneração focado no cuidado integral. Foram investidos R$ 2,4 bilhões em áreas como oncologia, cardiologia e oftalmologia, conta a Agência Brasil.

Com adesão de 100% dos estados e 97,9% dos municípios, o programa enviou 136 planos de ação regionais, beneficiando 167,9 milhões de pessoas e reduzindo tempos de espera para consultas, exames e tratamentos – com ênfase no diagnóstico precoce.