Saúde comemora aumento de cidades dentro da meta de vacinação

• Vacinação infantil segue melhorando • Vacina contra a dengue começa a ser produzida no Brasil • Butantan também trabalha em imunizante para chicungunha • Exoesqueletos e cuidado • Medicamento contra distrofia muscular de Duchenne •

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Após cumprir com as entregas de todo o estoque de vacinas para todas as cidades do país, o Ministério da Saúde publicou nota na qual comemora o alcance das taxas de 95% de vacinação de tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) em 2.408 municípios – aumento de 180% frente a 2022. A tríplice viral é uma das principais vacinas do calendário de imunização infantil e era um dos motivos de preocupação com a redução das taxas de cobertura, fenômeno influenciado pelo discurso anticientífico de setores religiosos e conservadores. 

Aplicada em duas fases, a tríplice viral também viu aumento de 55% de sua primeira dose. Outra vacina emblemática é a VOP (Vacina Oral Poliomielite), que previne a paralisia infantil, doença erradicada há 35 anos no Brasil: houve ampliação de 93% de cidades que atingiram a meta de 95% de imunização. Desde novembro, seu método, de gota (daí a inspiração do personagem Zé Gotinha), será substituído pela VIP (Vacina Inativada Poliomielite) e passará a ser aplicada em apenas uma dose, por meio de injeção.

Butantan inicia produção de vacina contra a dengue

Com resultados promissores em suas duas primeiras fases de testes, o Instituto Butantan anunciou que deu início à produção de sua vacina contra a dengue, a Butantan-DV. O imunizante ainda precisa ser aprovado pela Anvisa, que já tem os documentos da fase mais recente de estudos em mãos desde dezembro e tem 90 dias para analisá-los. 

Aplicada em dose única e com resultados de eficácia superiores à Qdenga, produzida pela Takeda, a vacina terá 1 milhão de unidades disponíveis neste ano. Outro dado positivo é que a Butantan-DV apresentou resultados mais favoráveis em todos os sorotipos da dengue, ao passo que a Qdenga é mais eficaz nas cepas 1 e 2. O instituto ainda informa que pretende atingir capacidade produtiva de 100 milhões de doses anuais até 2027.

Vacina contra chicungunha também apresenta resultados promissores

Outro produto que conta com a participação do Butantan é a vacina contra o vírus chicungunha, transmitido pelo Aedes aegypti. O imunizante é produzido em parceria com a Valneva, laboratório franco-austríaco, e já foi aprovado pelo FDA, órgão regulador dos EUA, além de estar sob análise da Anvisa e da Agência Europeia de Medicamentos. 

Seus testes com adolescentes, público-alvo de sua eventual aplicação, mostraram eficácia de 98% na manutenção de anticorpos contra a doença mesmo um ano após a infecção. Em breve, os laboratórios pretendem testá-la em bebês e crianças até 11 anos, uma vez que as faixas etárias mais baixas e altas são o público mais vulnerável à infecção. Iniciada em 2020, a parceria prevê transferência de tecnologia ao Butantan, a fim de permitir sua produção no Brasil.

USP avança na produção de exoesqueletos

Um artigo de Linamara Rizzo Battistella traz à tona os avanços produzidos pelo Instituto de Medicina Física e Reabilitação (IMREA) da USP na criação de exoesqueletos brasileiros. Os protótipos servem para auxiliar na recuperação de pessoas portadoras de diversas limitações físicas, curáveis ou não, e também conta com a Inteligência Artificial em sua composição – o que permite a programação personalizada de cada peça, de acordo com as necessidades de cada pessoa. 

A pesquisadora e presidente do Conselho Diretor do IMREA destacou ainda que os exoesqueletos terão imensa utilidade social, uma vez que o Brasil tem cerca de 25% de sua população portadora de alguma deficiência física. Fenômenos como guerras e aumento da violência urbana devem manter essas taxas altas. Além disso, ela menciona suas vantagens na chamada economia dos cuidados, uma vez que parte do público portador de deficiência física conta com ajuda informal de alguma outra pessoa para lidar com sua condição, carga de trabalho que pode ser aliviada por este tipo de avanço tecnológico.

Remédio de R$ 20 milhões: será possível incorporá-lo ao SUS?

Em dezembro, a Anvisa liberou o Elevidys, medicamento criado contra a distrofia muscular de Duchenne (DMD), para comercialização no Brasil. No entanto, o remédio fabricado pela Roche custa R$ 20 milhões por dose, um preço praticamente inviável para qualquer sistema de saúde ou cidadão médio. O preço final para o consumidor ainda está para ser decidido e seu processo de liberação ainda precisa passar pelo aval da Conitec, para depois, em tese, ser disponibilizado no SUS em prazo de até 180 dias. 

A condição é raríssima e deve ser diagnosticada em crianças o mais cedo possível. No entanto, resta saber se sua absorção, em um país cuja saúde é sistematicamente desfinanciada e até terapias mais baratas podem demorar a ser absorvidas pelo SUS, não servirá apenas para ampliar a judicialização entre cidadãos e Estado. Como possível saída, o Ministério da Saúde cogita fazer um acordo de divisão de riscos com a Roche, a fim de reduzir custos caso o remédio não produza a cura da DMD.

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