Brasil precisa expandir gastos com SUS em 3% do PIB
• Estudo sobre o perfil de gastos com cobertura em saúde • Falta saneamento a 12 milhões de crianças • Nísia no Vaticano • Inteligência artificial é destaque nos prêmios Nobel de física e química • Células tronco para recuperar a visão •
Publicado 11/10/2024 às 14:45 - Atualizado 14/10/2024 às 14:59
O Instituto de Estudos em Políticas de Saúde (IEPS) publicou um estudo em que analisa o perfil de gastos com cobertura em saúde, tanto no sistema público como privado. Em linhas gerais, a pesquisa corrobora elaborações históricas do movimento sanitarista brasileiro e constata um subfinanciamento do SUS, da ordem de 4% do PIB, e um peso excessivo de gastos privados, isto é, que saem direto do bolso da população, de 6%. Para compensar as limitações do SUS na garantia de tratamentos em toda a sua dimensão, que inclui compras de medicamentos muitas vezes bancadas pelas famílias, afirma que o país deveria expandir suas despesas com saúde pública em 3% do PIB. Segundo o estudo, tal proposta deveria ser tratada com maior urgência dada a dinâmica cada vez mais cristalizada de seguros de saúde se negarem a cumprir seus contratos de prestação de serviços, com cancelamentos unilaterais e até bloqueio de contratação de planos por clientes cuja condição possa gerar mais gastos.
Desigualdades em saneamento na infância
Dados do Censo de 2022 do IBGE atestam que cerca de 12 milhões de crianças no país ainda não contam com um sistema adequado de saneamento – sendo que 2 milhões ainda carecem de acesso à água tratada. Diante disso, a Unicef aproveitou a proximidade do Dia das Crianças para divulgar carta com alerta para a necessidade de investimentos na cobertura universal de saneamento, cujas carências produzem aumento de doenças evitáveis e limitações no desenvolvimento físico. O Censo de 2022 também atualizou dados sobre as desigualdades de cor e raça no saneamento, cuja ausência é maior nas regiões Norte e Nordeste, além de afetar de forma ampliada indígena, pardos e negros. Desde 2021, o Brasil tem o Marco Legal do Saneamento, que estimula a privatização do setor sob a justificativa de que atrairia investimentos na sua ampliação, ideia que não possui lastro na realidade internacional e em muitos casos até ampliou a escassez do serviço ou do acesso à água para determinadas faixas da população.
Nísia encontra-se com o papa
Em viagem ao Vaticano, a ministra da Saúde Nísia Trindade teve audiência com o sumo pontífice da Igreja Católica, Francisco, frequente crítico do capitalismo e seu modo de funcionamento em manifestações oficiais da Igreja. Após a conversa, Nísia destacou a visão ambientalista de Francisco, que coloca o tema no centro das prioridades globais. Eles conversaram sobre a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, impulsionada pelo Brasil neste ano em que ocupa a presidência do G-20 e sedia cerca de 120 reuniões entre representantes destes países. Na viagem, Nísia também se encontrou com o monsenhor Vincenzo Paglia, presidente da Pontifícia Academia para a Vida, com quem compartilhou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial e suas projeções de investimentos tecnológicos na área da saúde. Este encontro também serviu para Nísia encaminhar ao parlamento italiano um projeto de lei de cuidados da pessoa idosa e um guia prático produzido pelo ministério em 2023.
Nobel de física e química relacionados à IA
Os prêmios Nobel de duas áreas científicas em 2024 ilustram a importância que a Inteligência Artificial ganha a passos cada dia mais rápido. Na física, John Hopfield (91) e britânico Geoffrey Hinton (76 anos) receberam a distinção por seus trabalhos considerados pioneiros no desenvolvimento da IA, ainda nos anos 80, quando iniciaram pesquisas a respeito de redes neurais e sua capacidade de armazenar informações e, posteriormente, formular ideias e conclusões por conta própria, a chamada IA generativa. Ou seja, sua pesquisa é base do que hoje parece cada vez mais banal através e vive seu ápice através de ferramentas como o Chat GPT. Já na química, Demis Hassabis e John Jumper foram premiados por desenvolver sistemas que configuram a composição de proteínas, a partir do uso da computação para formular as diversas combinações possíveis. Tal tecnologia a descoberta de anticorpos e aminoácidos capazes de aumentar a proteção do sistema imunológico, o que entre outras coisas permite a aceleração da produção de medicamentos e vacinas.
Células-tronco recuperam visão de macaco no Japão
Um experimento com um pacote de células-tronco alcançou uma façanha: a partir da introdução do combinado de células humanas na retina de um macaco, cientistas conseguiram restaurar um “buraco macular” no globo ocular do animal, o que regenerou o tecido. Meses depois, o macaco apresentou sinais de infecção, contida com injeções de esteroides. Tal reação é atribuída ao fato de o transplante celular ter sido realizado entre espécies diferentes. Meses depois, a equipe liderada por Michiko Mandai retirou o olho do macaco para analisar a integração das células de distintas origens e constatou que novas células haviam aparecido. Falta concluir se tal regeneração se deu a partir do transplante e sua conexão com as células do símio, o que segue sob estudos.