Por uma ciência que valorize a vida

Obra da Associação Filosófica Scientiæ Studia questiona a tecnociência hegemônica e sugere alternativas éticas para a pesquisa científica. A coletânea de textos propõe perspectivas que priorizem justiça social e sustentabilidade. Sorteamos um exemplar

Mulher na ciência (Women in Science), por Pascal Chuma. [2019] | Fonte: Fine Art America
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Em um momento em que a humanidade enfrenta crises climáticas, sociais e sanitárias, fica a questão: nossa relação com a ciência e a tecnologia tem sido sustentável? É possível fazer ciência objetiva de outra maneira?

A obra Entre conhecimento e valores: alternativas à tecnociência atual, lançada pela Associação Filosófica Scientiæ Studia, e organizada pelo professor e filósofo Pablo Rubén Mariconda, traz à tona a importância de uma filosofia e prática da ciência que dialoga com os saberes tradicionais e promove a justiça social e a sustentabilidade ambiental.

Outras Palavras e Associação Filosófica Scientiæ Studia  sortearão um exemplar de Entre conhecimento e valores: alternativas à tecnociência atualorganização de Pablo Rubén Mariconda, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 7/10, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!

Resultado de um colóquio em homenagem ao professor australiano Hugh Lacey,  filósofo da ciência, a coletânea apresenta ensaios que discutem como a ciência pode ser reorientada para respeitar e integrar valores essenciais à vida no planeta.

Ao contrário do modelo tecnocrático hegemônico, que prioriza o progresso a qualquer custo, os autores defendem uma abordagem que respeite as dimensões natural, cultural e social da existência.

A interação entre ciência e valores é explorada sob a ótica do pluralismo estratégico, propondo que a pesquisa científica deve ser guiada pela imparcialidade e pelo princípio da precaução.


“Essa colaboração permitiu o desenvolvimento de uma filosofia da ciência rigorosa do ponto de vista lógico e epistemológico a qual mostra que a imparcialidade (objetividade) pode ser direcionada segundo perspectivas de valores – tais como, a perspectiva da justiça social, participação democrática e sustentabilidade ambiental {VJS/PD/SA} e a perspectiva de valores ecológicos da conservação e da reparação ambiental {VCA & RA} – diferentes da perspectiva dominante e hegemônica do progresso tecnológico {VPT} e do capital e mercado {VC&M}, que direcionam a ciência prioritariamente para o controle técnico do mundo, produzindo as mais variadas crises, como as da mudança climática, da desigualdade social, da fome, da perda de diversidade, da extinção (sem exceção dos humanos nos vários genocídios planeta afora).”


Os textos são organizados em duas partes: a primeira aborda questões internas ao modelo da interação entre atividades científicas e valores, discutindo conceitos como autonomia e neutralidade da ciência. A segunda parte se alinha ao pluralismo estratégico, explorando cooperativas de saberes que incluem perspectivas feministas, agroecológicas e indígenas.

A relevância deste livro reside em sua proposta de uma ciência situada, que não apenas busca a eficácia, mas também questiona a legitimidade das práticas científicas no contexto das interações sociais e ambientais.


“[…] uma expressão de como o pluralismo estratégico pode contemplar as mais diversas perspectivas de valor, tais como as feministas, as dos saberes tradicionais, as agroecológicas, respeitando a objetividade do conhecimento científico.”


Ao promover um debate crítico sobre o papel da ciência em nossas vidas, esta obra se torna um insumo valioso para construir alternativas ao fim do mundo que se anuncia.

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