Já é possível dizer que o mundo aqueceu 1,5ºC?

• O mundo 1,5º acima da média por um ano • Mortos e feridos por armas de fogo no mundo – Brasil e EUA na dianteira • O problema das bets • Um novo fator para medir a massa corporal • Menos órgãos foram doados no último ano •

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Entre julho de 2023 e junho de 2024, as temperaturas globais mantiveram-se acima de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, rompendo um limite considerado crucial para evitar catástrofes climáticas. Mas o Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento a esse patamar, não define formalmente como calcular esse aumento. Essa falta de parâmetros de definição levanta dúvidas sobre se o limite foi já ultrapassado de forma permanente. Cientistas sugerem uma nova metodologia que combine dados passados e projeções futuras para avaliar o aquecimento em um período um pouco mais longo. À matéria da revista Pesquisa Fapesp, o climatologista Carlos Nobre acrescentou uma informação alarmante: o rápido aumento das temperaturas, que ocorreu de cinco a dez anos antes do previsto, é preocupante. Ele afirma que “há 0,2°C de aumento de temperatura que ninguém entende por que ocorreu” – ou seja, ainda falta compreender completamente o fenômeno que está acelerando o aquecimento global.

Os números da violência causada por armas de fogo

A violência armada é uma emergência de saúde pública global, causando centenas de milhares de mortes anuais e bilhões em custos. Uma nova Comissão Lancet busca entender melhor essa violência, que resultou em 183 mil mortes em 2021. Nos Estados Unidos, 48 mil pessoas morrem por armas de fogo a cada ano. Já no Brasil, a violência armada representa 17% dos homicídios do mundo: são 32 mil mortes anuais. Aqui, a maioria das vítimas são jovens negros. Em outros países da América Latina, como Colômbia, México e Jamaica, as taxas de homicídio por armas de fogo também são elevadas, consequência do tráfico de drogas que se alastra. Medidas de controle de armas, como as implementadas após tiroteios em massa em países como Austrália e Canadá, são apontadas como soluções eficazes. Mas em países como os EUA – e, pouco a pouco, essa visão começa a se espalhar também no Brasil –, a resistência à regulamentação permanece, apesar do apoio da maioria da população a leis mais rígidas. A Comissão espera estimular ações baseadas em evidências para reduzir a violência armada e salvar vidas.

Bets: questão de saúde pública deve ser enfrentada

Um problema desponta, em 2024: as apostas online. Em entrevista ao Mídia Ninja, o psicólogo Altay de Souza alerta que o vício nesse tipo de jogo, especialmente as “bets”, é uma questão de saúde pública no Brasil, comparável a uma epidemia. Ele destaca que essas plataformas são projetadas para viciar, atraindo principalmente jovens entre 19 e 29 anos, e 46% dos jogadores estão endividados. Souza ressalta que as apostas já comprometem até 20% do orçamento de famílias mais pobres e que o crescimento do vício está ligado à desigualdade social: muitos buscam soluções rápidas para dificuldades financeiras. A ausência de uma regulação efetiva no país agrava o problema, e Altay ressalta que apenas “melhorar a educação financeira não funciona”. Ele também critica o marketing agressivo de casas de apostas em eventos esportivos como o Brasileirão, reforçando que a regulação precisa ser imediata para proteger a população. “As bets são um problema de saúde pública porque pulverizam o acesso a fraudes”, alerta ele.

Obesidade: é hora de superar o IMC

Uma matéria recente do New York Times tratou do Body Roundness Index (BRI), que está sendo considerado uma alternativa ao Índice de Massa Corporal (IMC) – criticado por não levar em conta variações na composição corporal. O B.R.I. mede a “redondeza” do corpo com base na altura e circunferência da cintura, sendo um indicador mais preciso de obesidade central, relacionada a doenças como diabetes tipo 2 e hipertensão. Um estudo recente mostrou que pessoas com BRI elevado têm 50% mais risco de morte por doenças graves. Além disso, o BRI é mais eficiente ao identificar variações na distribuição de gordura que o IMC ignora – como no caso de atletas, que podem ter alta massa muscular, e idosos, que podem perder músculo e ganhar gordura. Isso pode tornar, segundo a matéria, o BRI uma ferramenta mais precisa para avaliar riscos à saúde de diferentes tipos de corpo e de diferentes faixas etárias.

Números da doação de órgãos no último ano

Segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira de Transplantes (ABT), no último ano, as doações de órgãos no Brasil tiveram uma queda significativa. Transplantes de rim (-7,7%), fígado (-7,9%), córneas (-6,1%) e pâncreas (-33,3%) apresentaram quedas. Houve duas exceções: coração, que aumentou 9,5%, e pulmão, com alta de 66,6%. A taxa de efetivação das doações caiu para 27,4%, enquanto o número de doadores efetivos reduziu 4%. A falta de autorização familiar (43%) e a contraindicação médica (18%) foram os principais empecilhos. Rondônia, Paraná e Santa Catarina se destacaram com as maiores taxas de doação. Doadores homens foram maioria, representando 61%, na faixa etária predominante de 50 a 64 anos. A Associação Brasileira de Transplantes espera que esse cenário se reverta até o fim de 2024.

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