Por Simone Paz | Imagem: Ruas da Cracolândia, por Mídia Ninja

“Honrarás la esquizofrenia

y escucharás  otras voces;

déjalas hablar en tus páginas.”

(Pedro Ángel Palou – Manifiesto del crack)

Gargalhando Vitória: poemas da cracolândia é um dos novos lançamentos da Editora Elefante, que está a todo vapor, botando um monte de livros lindos, com textos incríveis, no mundo.

O livro teve seu lançamento na semana passada, no Teatro de Contêiner, que fica na região da Luz (São Paulo), bem próximo da Cracolândia.

O autor, Daniel Mello, é um jornalista de Brasília que adentrou a região durante meses para aprender com seus habitantes. Hoje ele integra o coletivo A Craco Resiste, que ele também ajudou a criar, e que luta contra a violência policial e institucional na Cracolândia do centro de São Paulo.

O resultado dos meses se familiarizando com a Craco é este livro, de relato atencioso e sensível, em forma de prosa poética:

Passei janeiro de 2017 todo na Cracolândia. E, de alguma maneira, isso me levou a sentar em uma cadeira de igreja no dia 30 desse mesmo mês. Olhos no altar, depois de muito tempo de costas para qualquer religião. O fluxo cruza trilhos e asfalto em três pontas no coração.

A Editora Elefante é parceira de longa data de Outras Palavras e nós somos muito fãs. As edições contam com projetos gráficos impecáveis e inspiradores. Além disso, são eles que trazem autores de responsabilidade para o público e mercado editorial brasileiro, tais como Silvia Federici, Janet W. Hardy e Dossie Easton.

Para participar do sorteio de 2 exemplares de “Gargalhando Vitória”, você precisa ser assinante de nosso financiamento coletivo Outros Quinhentos (saiba mais) e preencher este formulário até segunda-feira 26 de agosto.

Se você não ganhar, não desanime, tem cupom de desconto de 25% em quase todo o catálogo da Editora Elefante, para comprar direto no site deles. Divulgaremos por e-mail, após o sorteio 😉

Encontrei de tudo na Cracolândia nesses últimos meses em que frequentei intensamente o fluxo da Luz, na região central de São Paulo. Conheci viajantes, ex-caminhoneiros e estrangeiros. Escutei samba surgido de galão de água, lata de tinta e palma seca. Estive com mães fortes, pais desaparecidos e órfãos de família inteira. Ganhei uma pintura de presente e ouvi histórias de rir, de chorar e de pensar. Só não encontrei o crack. Vi muita gente fumando pedra em cachimbo, mas a droga demoníaca que transforma pessoas em seres sem alma, posso assegurar que não existe.

Saiba mais sobre o livro em: Gargalhando Vitória – Poemas da Cracolândia

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