Em livro, debate sobre o novo capitalismo do nosso tempo
No século 21, o capital mudou – neoliberalismo reorganizou mecanismos do sistema para criar mundo “empreendedor”, explica Andityas Matos em Para além da biopolítica. Nossos apoiadores têm 25% de desconto na Sobinfluencia e concorrem a um exemplar
Publicado 26/08/2022 às 17:07 - Atualizado 04/05/2023 às 16:47
O capitalismo sob o qual vivemos hoje é o mesmo de ontem? Em muitos sentidos, apesar da continuidade da vigência do sistema baseado na propriedade privada e na exploração do homem pelo homem, é possível dizer que não. Em obra lançada pela Sobinfluencia, o professor da UFMG Andityas Matos e o pesquisador catalão Francis Collado buscam entender de que forma tudo mudou para que continue tudo como está.
![](https://i0.wp.com/outraspalavras.net/outrosquinhentos/wp-content/uploads/sites/8/2022/08/para_alem_da_biopolitica.png?resize=293%2C293&ssl=1)
Em Para além da biopolítica, os dois autores se debruçam sobre as condições políticas, jurídicas, econômicas e culturais da sociedade contemporânea para entender sua mutação. Sociedade disciplinar, de controle, de consumo ou do espetáculo – foi assim que pensadores como Foucault, Deleuze, Baudrillard e Debord definiram o atual estado de coisas. Tais definições, porém, já não abarcariam as transformações que se deram nos últimos anos.
Isso porque o capitalismo neoliberal voltou seus poderes para um novo projeto: a construção de um mundo “produtivo” e “empreendedor”, através do qual o capital tem garantido sua autorreprodução. Só entendendo esta reconfiguração do sistema é que poderemos rechaçar suas tentativas de nos domesticar.
Outras Palavras e Sobinfluencia Edições sortearão 1 exemplar de Para além da biopolítica, de Andityas Matos e Francis Collado, entre os apoiadores do nosso jornalismo. O formulário de participação será enviado por e-mail e as inscrições serão aceitas até terça-feira, 30/8, às 14h. Quem é Outros Quinhentos tem direito a 25% de desconto no site da editora.
Para tal, Andityas e Francis entram em diálogo com as ideias de Foucault, Agamben, Esposito e Negri para propor uma nova visão da biopolítica em vista das mudanças de paradigma na organização da realidade: torna-se necessário, dizem, impor uma “bioemergência” para se insurgir pela vida e sua potência.
Na era da pandemia da COVID-19 e também do receio com a propagação acelerada da varíola dos macacos, as concepções surgidas da biopolítica podem ser úteis – mas precisam ser repensadas para seguirem sendo ferramentas potentes e inovadoras, como apostam os autores.
A colaboração de Andityas com a Sobinfluencia não para por aí. Juntos, a editora e o autor estão organizando o curso O pensamento insubmisso ontem e hoje, cujas inscrições estarão abertas até quarta-feira, 31/8. O curso é parte da campanha de financiamento coletivo do livro A an-arquia que vem – fragmentos de dicionário da política radical, também do professor da UFMG.
Os apoiadores do jornalismo de Outras Palavras poderão ter a ótima oportunidade de conhecer as formulações de Andityas Matos e seu colega: sortearemos um exemplar de Para além da biopolítica entre os membros da rede Outros Quinhentos junto de nossos parceiros da Sobinfluencia. O vencedor também terá direito a uma vaga no curso oferecido pelo autor e pela editora.
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A única discussão justificável sobre capitalismo é como substituí-lo por uma cultura que leve justiça social em conta. Sabendo-se que o capitalismo selvagem teve início na Inglaterra, na página 172 do livro História Da Riqueza Do Homem pode se ter ideia da sua desumanidade: “O primeiro inglês a imaginar a ideia de que podia ganhar muito dinheiro apoderando-se, pela traição, de negros africanos e os vendendo como matéria prima para trabalhar até estourar nas plantações do Novo Mundo foi John Hawkins. A “Boa Rainha Bess” achou tão boa a ideia desse assassino e raptor que o fez cavalheiro após sua segunda expedição negreira. Sir John Hopkins escolheu por brasão um negro em cadeias que exibia orgulhosamente”. E mais adiante diz que impressionada com a perspectiva de lucro a rainha quis ser sócia no empreendimento e aprestou um navio chamado Jesus para integrar a esquadra macabra.