Outros Quinhentos apresenta: Manuel Ugarte, pensador da América Latina

Intelectual e militante argentino, ele zombou dos “socialistas” colonizados e vislumbrou uma cultura política radical no Sul do planeta. Livro a seu respeito abre coleção “Pensadores da Pátria Grande”. Contribuintes de Outros Quinhentos concorrem a cinco exemplares

Por Editora Insular

“Se a América do Norte, após a decisão de 1775, tivesse sancionado a dispersão dos seus fragmentos para formar repúblicas independentes; se a Geórgia, Maryland, Rhode Island, Nova Iorque, Nova Jersey, Connecticut, Nova Hampshire, Maine, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Pensilvânia tivessem se estabelecido como nações autônomas, veríamos o progresso inverossímil que caracteriza os ianques? O que tem facilitado o progresso é a união das treze jurisdições coloniais que estavam longe de apresentar a homogeneidade que observamos entre as que se separaram da Espanha. Este é o ponto de partida da superioridade anglo-saxônica no Novo Mundo.” Manuel Ugarte

Manuel Ugarte (1875-1951) foi um intelectual socialista e anti-imperialista, defensor e propagandista da unidade latino-americana. Ele relacionou as ideias do internacionalismo socialista com as do nacionalismo, reivindicando uma retomada do programa bolivariano de integração e emancipação. Sua pregação a favor de um pensamento nacional independente provocou a sua marginalização pelas europeizadas e americanizadas oligarquias exportadoras, universidades conservadoras, “academias marxistas” e “centros sociais”, estes dois últimos subvencionados por generosas bolsas do Império, como nos relatou Jorge Abelardo Ramos, criador da corrente política e ideológica Izquierda Nacional, um dos muitos intelectuais influenciados por este grande latino-americanista dos anos 1900, assim como o foi Haya de La Torre, fundador e líder da Alianza Popular Revolucionaria Americana. Para ter-se uma ideia do isolamento sofrido por Ugarte, em vida jamais teve um só livro publicado em sua terra natal, a Argentina. 

Como representante do Partido Socialista argentino, e único delegado da América Latina, no Congresso Socialista Internacional de Stuttgart (1907), durante a discussão sobre a questão colonial e diante de um Lênin surpreso com o descarado colonialismo dos partidos europeus, junto com o consagrado revolucionário russo deu seu voto contra a tese “socialista” que apoiava o colonialismo dos países “civilizados” como forma de educar os países “atrasados”.

Victor Ramos é presidente do Instituto Nacional de Revisionismo Histórico Argentino y Iberoamericano Manuel Dorrego e do Instituto del Pensamiento Nacional. Fundador do Instituto Nacional contra la Discriminación, la Xenofobia y el Racismo (INADI) e presidente do SOS Internacional. Diretor da Casa Nacional del Bicentenario de la Villa 21. Membro do Conselho Editorial da Coleção Pensadores da Pátria Grande em português. Jornalista, documentarista, diretor e roteirista de cinema. Autor dos livros Racismo y discriminación en la Argentina), Democratismo pequeño burguês o democracia direta e La otra Historia – El revisionismo nacional, popular y federalista (2012). É filho de Jorge Abelardo Ramos e Faby Carvallo.

Você pode concorrer a um dos 5 exemplares em sorteio preenchendo o formulário abaixo até às 15h de sexta-feira, 26/10. Mas lembre-se: só se for um colaborador de Outros Quinhentos — nosso projeto de financiamento coletivo por um jornalismo independente, crítico e profundo. Se você ainda não colabora, veja como funciona, aqui

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