OSPAAAL: Quando o design também é uma arma
Em pré-venda, obra lançada pela editora sobinfluencia reúne os pôsteres e a história da Organização de Solidariedade dos Povos da África, Ásia e América Latina. Os traços e figuras representam a luta tricontinental contra o imperialismo. Leia um trecho. Sorteamos um exemplar
Publicado 10/04/2025 às 19:14 - Atualizado 11/04/2025 às 12:52

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Na Cuba revolucionária dos anos 1960, o design gráfico se tornou trincheira. Sob a batuta da OSPAAAL (Organização de Solidariedade dos Povos da África, Ásia e América Latina), cartazes, revistas e livros viraram armas visuais da luta anticolonial, espalhando a solidariedade da África à Ásia e América Latina.
Mais que peças de propaganda, eram manifestos em cores vibrantes – um legado que ainda hoje enfrenta o imperialismo e inspira resistências.

Ainda em pré-venda, a obra Armado pelo design será lançada no Brasil pela sobinfluencia edições e ilustra a conexão entre criação gráfica e ativismo político na Cuba revolucionária, com foco na produção da OSPAAAL.
Outras Palavras e sobinfluencia edições sortearão um exemplar de Armado pelo design, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 21/4, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!
O livro é um manifesto gráfico que já nasce como objeto singular. Fruto de uma colaboração internacional entre o arquivo Interference Archive (EUA) e quatro editoras independentes (Common Notions, Rebozo, Tumbalacasa e sobinfluencia). Além disso, a edição é multilíngue (português, espanhol, francês e inglês) e compila a produção gráfica da OSPAAAL e seu legado nas lutas contemporâneas.
Nascida da histórica Conferência Tricontinental de 1966, a OSPAAAL uniu vozes do Sul Global em resistência ao imperialismo, divulgando a luta em belas e poderosas imagens revolucionárias.
Por meio de pôsteres, revistas e livros, a organização tornou-se um farol de apoio aos movimentos de libertação, combinando arte e militância. Sua produção insurgente influenciou gerações, ecoando em causas anticoloniais desde o mundo árabe até a Coreia.
Mais que uma antologia, esta obra reúne análises de artistas e pesquisadores que constroem uma ponte entre épocas – desde a produção gráfica cubana dos anos 1960-80 (com raridades como esboços de artistas, fotomontagens e materiais da revista Tricontinental) até reflexões sobre como coletivos atuais reinventam essa estética, debatendo o legado da OSPAAAL na construção de iconografias revolucionárias, no tricontinentalismo e na própria circulação dessas imagens como objetos de consumo hoje.
Leia, logo abaixo, um capítulo da obra que resgata as origens da OSPAAAL, do tricontinentalismo e da Revista Tricontinental. Boa leitura!
ATENÇÃO! Em breve, dia 20 de abril, encerra-se o período de pré-venda. São apenas 350 cópias que não serão respostas. O livro adquirido pela campanha será com desconto. Além disso, é possível parcelar em até 6X, além do pôster exclusivo e das aulas nas recompensas. Acesse a campanha de financiamento coletivo clicando aqui.
Sobre o Tricontinentalismo
Sarah Seidman
A publicação de cartazes e artigos desenvolvidos pela Organização de Solidariedadedos Povos da África, Ásia e América Latina (OSPAAAL) a partir de 1966, criou uma linguagem visual ousada que se comunicava com pessoas ao redor do mundo. Suas imagens também representavam uma ideologia mais ampla de internacionalismo promovida pela OSPAAAL, com a sua sede na cidade de Havana, em Cuba, por décadas. O “Tricontinentalismo”, assim cunhado anos depois para se referir às ideias e atividades que surgiram da Conferência Tricontinental de 1966, promoveu a unidade da América Latina, Ásia e África contra o imperialismo, o colonialismo, o racismo e o capitalismo. [¹] O movimento do qual surgiram os cartazes e publicações da OSPAAAL refletia as dimensões globais da Guerra Fria, foi um movimento anticolonial e anti-imperialista que abrange todo o século XX e a política externa internacionalista da Revolução Cubana. Embora os cartazes tenham sido muito apreciados pelos visitantes de Cuba e tenham chamado a atenção de colecionadores e curadores, o Tricontinentalismo só recebeu maior atenção histórica recentemente, incluindo várias novas publicações desde a primeira edição deste catálogo. [²]
A OSPAAAL nasceu da conferência da Tricontinental, o primeiro encontro a reunir formalmente a América Latina com a África e a Ásia com a intenção de que se organizassem em conjunto contra o imperialismo. De 3 a 15 de janeiro de 1966, a conferência reuniu mais de quinhentos delegados de oitenta e dois países de três continentes em Havana, incluindo funcionários governamentais de nações pós-coloniais, como o então senador Salvador Allende, do Chile; lutadores insurgentes pela libertação nacional, como Marcelino Dos Santos da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique); e líderes de facções marxistas, como Abdul Hamid Khan Bhashani, da região do Paquistão, que atualmente é Bangladesh. Mais de duzentos membros de organizações internacionais e países socialistas europeus, convidados e jornalistas também participaram dos eventos no hotel Habana Libre, antigo Havana Hilton.
Críticas ao imperialismo, colonialismo, racismo e capitalismo compunham a ideologia da Tricontinental. O imperialismo era a bandeira sob a qual os outros temas se enquadravam. O tema esteve presente nas quase cem resoluções aprovadas pelas comissões de política, cultura, economia e colonialismo da conferência, desde aquelas que apoiaram movimentos de libertação específicos em nações ainda colonizadas, como Angola, até em outras que denunciavam o impacto mais amplo do imperialismo em áreas como cultura ou saúde pública. Os documentos da conferência foram mais conflitantes em relação ao socialismo: alguns apresentavam o modelo soviético e a libertação nacional como duas correntes paralelas; outros enfatizavam a natureza entrelaçada do capitalismo e do imperialismo e pediam o socialismo considerando as condições de cada país. O racismo foi denunciado de forma inquestionável como uma característica “típica do imperialismo” e da desigualdade. [³]
É importante ressaltar que a ênfase da conferência em relação ao racismo contra afro-americanos nos Estados Unidos mostrou que os ativistas diaspóricos foram incluídos como membros constituintes da Tricontinental. A intervenção dos Estados Unidos no Vietnã, que foi vista como uma parábola da agressão imperialista, foi considerada a questão mais importante da conferência, e os Estados Unidos foram o principal alvo de críticas. [⁴] A luta armada era amplamente propagada como tática para alcançar não só a independência nacional, mas, em sociedades pós-coloniais e neocoloniais, como táticas de autodeterminação e libertação.
A Conferência Tricontinental teve a sua origem a partir de uma longa sequência de reuniões anticoloniais e anti-imperialistas anteriores, desde o Congresso Pan-Africano de 1919 até a reunião Afro-Asiática em Bandung, na Indonésia, em 1955. A Organização de Solidariedade dos Povos Afro-Asiáticos (OSPAA), que surgiu de Bandung, considerou incluir a América Latina, com Mehdi Ben Barka, ativista marroquino e líder da OSPAA, conduzindo a iniciativa. Cuba havia concebido uma conferência para os três continentes desde a criação do Estado revolucionário, com a ideia de uma cúpula para “nações subdesenvolvidas” proposta no início de 1960. Após muitas manobras políticas, os cubanos formalmente sugeriram o encontro na terceira conferência da OSPAA, realizada no atual território da Tanzânia, em 1963, e finalizaram os detalhes em Gana, em 1965. O sequestro político e assassinato de Ben Barka pouco antes da conferência não apenas destacou o que estava em risco para a atividade anti-imperialista e anticolonial, mas também resultou em um papel maior para Cuba na preparação da conferência e do tricontinentalismo, inaugurando e mantendo-se como OSPAAAL nos anos seguintes.
A realização da Conferência Tricontinental por Cuba em 1966 demonstrou seu caráter internacionalista. Essa posição foi impulsionada por uma mistura de motivos. Em primeiro lugar, havia um interesse próprio, já que esses países precisavam de aliados diante da hostilidade dos Estados Unidos. Além disso, havia uma motivação humanitária para ajudar outras nações em dificuldade. Por fim, havia uma motivação ideológica, uma crença na importância de lutar contra o imperialismo e a favor da autodeterminação dos povos. Fidel Castro enfatizou, em 1962, que a Revolução Cubana era uma inspiração para todos, proclamando “que a revolução é possível”, e sua vitória e longevidade inspiram pessoas em todo o mundo. [⁵] Castro havia projetado há muito tempo a ideia de excepcionalismo cubano e procurou que o papel da nação cubana nos assuntos mun diais ultrapassasse a sua dimensão atual à época. Cuba enviou brigadas de médicos para o exterior, começando com a Argélia, em 1963, participou de insurgências e conflitos militares da Bolívia a Angola e, em alguns casos, treinou latino-americanos para retornar a seus países de origem e fomentar a luta armada. O local da Conferência Tricontinental mostrou o papel de Havana como um centro de troca internacional, aonde pessoas de todo o mundo vinham para interagir entre si e testemunhar a Revolução Cubana.
A conferência também deu a Cuba uma oportunidade de divulgar sua revolução para um público global, além de beneficiar o país com sua posição internacionalista. A cidade de Havana foi impregnada pelo evento: até mesmo os moradores mais indiferentes, que evitavam os eventos culturais que acompanhavam a conferência ou sua ampla cobertura no jornal cubano Granma, não conseguiam ignorar as luzes de Natal em formato de armas que decoravam as ruas recém-limpas da cidade. O governo também usou a conferência como uma oportunidade para anunciar novas metas de produção nos locais de trabalho e implementar mudanças nas escolas para as crianças. Embora a conferência e sua ideologia resultante tenham sido um projeto global colaborativo, o Estado cubano equiparou os objetivos da conferência aos objetivos da própria Revolução — mesmo quando não conseguiu alcançá-los completamente.
Outras Palavras e sobinfluencia edições sortearão um exemplar de Armado pelo design, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 21/4, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!
Embora o Tricontinentalismo fosse um impressionante eixo de solidariedade, ele caiu nas garras dos conflitos da Guerra Fria. A conferência creditou cuidadosamente tanto as Revoluções Russa quanto a Chinesa como influências geradoras, mas os dois poderes entraram em conflito em Havana, e nenhum acabou liderando o projeto tricontinental — ou aparecendo frequentemente nos materiais da OSPAAAL. A China queria liderar a chamada para a luta armada, mas não contava com apoio material suficiente para Cuba e outros, o que acabou prejudicando as relações sino-cubanas e seu papel no Tricontinental. Enquanto isso, Cuba rejeitou a política de “convivência pacífica” da União Soviética nos anos seguintes à Crise dos Mísseis, até que Castro relutantemente se aliou aos soviéticos em 1968. O governo dos Estados Unidos acompanhou a conferência de perto, vendo-a como uma ameaça e também como uma oportunidade para contrainteligência. [⁶] Os Estados Unidos usaram seus embaixadores e aliados regionais para gerar uma resposta da Organização dos Estados Americanos, que caracterizou os participantes da conferência como vítimas de uma conspiração comunista que constitui “a ameaça mais perigosa e séria que o comunismo internacional já fez contra o sistema interamericano”. [⁷]
Um relatório do Senado dos Estados Unidos sobre a conferência lamentou:
“Já é humilhante o bastante ter a conspiração comunista internacional assumindo o controle de um país a pouco menos de 100 quilômetros das costas americanas… Torna-se ainda mais humilhante quando esse país se transforma em um centro de subversão revolucionária internacional enquanto a OEA e os poderosos Estados Unidos da América olham impotentes e aparentemente incapazes de tomar qualquer ação decisiva.” [⁸]
As respostas apresentadas apontavam para a ameaça ideológica representada pelo Tricontinentalismo. No entanto, diversos desafios, como a oposição dos EUA e da OEA, a morte de Che Guevara na Bolívia em 1967 — que em muitos aspectos, era o símbolo prototípico do tricontinentalismo — e o fracionamento entre as superpotências, assim como o de países em via de desenvolvimento, prejudicaram o impacto geopolítico do Tricontinental. A segunda conferência, que seria realizada no Cairo em 1968, acabou não acontecendo.
Em vez disso, surgiu a Organização de Solidariedade entre os Povos da África, Ásia e América Latina a partir da Conferência Tricontinental. A OSPAAAL buscou continuar a missão do Tricontinental de lutar contra o imperialismo e auxiliar nos movimentos de libertação nacional, principalmente por meios culturais, e também econômicos, políticos e, às vezes, militares. O líder da OSPAAAL era o oficial político cubano Osmany Cienfuegos, enquanto a liderança era composta por doze secretários — quatro para cada continente. Diariamente, a organização recebia visitantes em Cuba e participava de reuniões no exterior, além de produzir relatórios de pesquisa sobre as condições em diferentes países, patrocinar eventos culturais e distribuir materiais impressos, além de estabelecer dias de fraternidade/solidariedade/ação social com diversas comunidades. A OSPAAAL originalmente deveria ser sediada e dirigida exclusivamente por Cuba até a realização da segunda Conferência Tricontinental em 1968, mas como essa conferência nunca ocorreu, Havana permaneceu como sede da OSPAAAL. O governo cubano financiava os materiais, a impressão e o pessoal da organização até que as suas atividades se encerraram em 2019.
No entanto, ainda assim, a OSPAAAL cultivava um ambiente colaborativo. Relatos anedóticos provenientes dos Estados Unidos — incluídos neste volume — ajudam a completar o quadro do escritório movimentado e um pouco caótico em Havana durante sua primeira década, com grupos e indivíduos inesperados passando por lá. Livros e recortes de notícias trazidos ou enviados pelos visitantes eram retrabalhados e posteriormente impressos. Por exemplo, imagens de pessoas dos Estados Unidos muitas vezes vinham através do Liberation News Service, enquanto o artista da OSPAAAL Jesús Forjans utilizava fotografias de um livro francês específico de esculturas da África Central e Ocidental em vários pôsteres. [⁹] Esse espírito colaborativo está refletido na variedade de publicações e pôsteres, que às vezes defendiam as duras linhas do estado cubano, mas, em geral, sugeriam menos rigidez do que a maioria das outras produções culturais da ilha. Mesmo anos após as publicações e pôsteres quase terem cessado durante a crise econômica do “Período Especial” dos anos 1990, a OSPAAAL continuou sendo um lugar onde visitantes inesperados — inclusive eu — apareciam, examinavam e compravam pôsteres e interagiam com a equipe.
Página 30: Rafael Morante, “Tricontinental XX Anniversario”, Tricontinental 103 (contracapa), 1986.
A OSPAAAL produziu duas publicações impressas importantes: o boletim mensal Tricontinental Bulletin, com foco em notícias, a partir de abril de 1966, e a revista teórica e influente Tricontinental, bimestral, a partir do verão de 1967. A revista, que em alguns momentos foi impressa em inglês, espanhol, francês e italiano, alcançou um pico global de circulação de 50 mil exemplares em 1968, mas encorajava “reprodução parcial ou total” e, sem dúvida, por meio de compartilhamento e reimpressão, atingiu mais leitores. A Tricontinental serviu como texto fundamental do pensamento político dos intelectuais ativistas do projeto do Terceiro Mundo no final dos anos 1960, muitos dos quais participaram da Conferência Tricontinental. Em um mundo pré-digital, em uma ilha que os Estados Unidos procuravam isolar por meio do embargo, a revista continha textos reimpressos difíceis de encontrar de Frantz Fanon, Yasser Arafat e Che Guevara; entrevistas originais com membros do Partido dos Panteras Negras e atualizações sobre movimentos do Vietnã à Venezuela. Stokely Carmichael, colaborador da Tricontinental e líder do Student Nonviolent Coordinating Committee, chamou a Tricontinental de “uma bíblia nos círculos revolucionários”. [¹⁰]
Dentro das páginas da revista Tricontinental, estavam os pôsteres da OSPAAAL. Mais de 330 pôsteres foram produzidos, cobrindo pelo menos 30 países, além de indivíduos e territórios adicionais. Eles foram criados por pelo menos 30 artistas gráficos, a maioria dos quais trabalhava para a Tricontinental. Alfredo Rostgaard, diretor artístico da Tricontinental e prolífico criador de pôsteres, reconheceu como influências globais desde pôsteres poloneses até a arte pop, que influenciaram a estética ousada e brilhante de seu trabalho e de outros artistas. [¹¹] A fusão destes estilos em uma criação reconhecidamente cubana — que veio a ser identificada como a forma de arte “paradigmática” da Revolução Cubana — seguiu de perto a própria ideologia internacionalista da Revolução. [¹²] Demonstrando a formação pré-1959 de seus artistas em publicidade, bem como em belas artes, os pôsteres da OSPAAAL buscavam vender tanto ao público cubano quanto ao internacional a Revolução e a solidariedade global. Como Susan Sontag observou em seu livro sobre os pôsteres cubanos, a OSPAAAL e outros pôsteres políticos divulgados pelo Estado cubano buscavam “elevar e complicar a consciência — o mais alto objetivo da própria revolução”. [¹³]
Os objetivos do Tricontinentalismo e da Revolução Cubana, que por um tempo foram considerados equivalentes, tiveram um destino complexo. A Conferência Tricontinental não con seguiu derrubar o imperialismo em todas as suas formas. As políticas da Revolução Cubana, à medida que entrava em seu período repressivo conhecido como “quinquênio gris” em 1971, resultaram na perda de aliados, incluindo os antigos editores da Tricontinental na Itália e na França. No entanto, os preceitos restantes do tricontinentalismo ajudaram a definir o papel de Cuba nas lutas antiapartheid em Angola e no sul da África na década de 1980. [¹⁴]
De maneira mais ampla, apesar de geralmente esquecida na história, a Tricontinental é considerada precursora do projeto político do Terceiro Mundo e do Sul Global, e é visível em uma série de movimentos radicais atuais. A pesquisa recente contribuiu muito para esclarecer as raízes e a plataforma do Tricontinentalismo, mas há necessidade de mais informações sobre as rotas de circulação e colaboração, especialmente contas que incorporem experiências e perspectivas cubanas e de outros países além dos Estados Unidos. [¹⁵]
As publicações e pôsteres da OSPAAAL tiveram uma influência especialmente duradoura, como evidenciado pelo número de colecionadores privados que mantiveram e por fim doaram pôsteres, além de várias exposições nos últimos anos. Os contribuintes de “Armed by Design” exploram em detalhes as origens, o design e os significados dessas imagens interpretados por uma variedade de pessoas em todo o mundo, passado e presente. A importância da OSPAAAL reside tanto na ideologia tricontinental articulada a partir dos anos 1960 quanto em como sua visão de solidariedade internacional tem sido recebida e reimaginada até os dias atuais.
NOTAS
[1] Robert J.C. Young, Postcolonialism: An Historical Introduction (Malden, MA: Blackwell, 2001), 5, 213.
[2] Ver R. Joseph Parrott e Mark Atwood Lawrence, eds., The Tricontinental Revolution: Third World Radicalism and the Cold War (Cambridge: Cambridge University Press, 2022), e Anne Garland Mahler, From the Tricontinental to the Global South: Race, Radicalism, and Transnational Solidarity (Durham, NC: Duke University Press, 2018).
[3] The General Secretariat of the Organization of Solidarity with the Peoples of Africa, Asia, and Latin America, ed., First Solidarity Conference of the Peoples of Africa, Asia and Latin America (Havana: O.S.P.A.A.A.L., 1966), 5, 25, 48.
[4] Ibid., 127.
[5] Fidel Castro, The Second Declaration of Havana, 2a ed. (1962; repr., New York, NY: Pathfinder Press, 1991), 31.
[6] Eric Gettig, “‘A Propaganda Boon for Us’: The Havana Tricontinental Conference and the United States Response,” em The Tricontinental Revolution: Third World Radicalism and the Cold War, ed. R. Joseph Parrott and Mark Atwood Lawrence (Cambridge: Cambridge University Press, 2022), 216–41.
[7] The Council of the Organization of American States, Report of the Special Committee to Study Resolutions II.1 and VIII of the Eighth Meeting of Consultation of Ministers of Foreign Affairs on the First Afro-Asian-Latin American Peoples’ Solidarity Conference and its Projections (Washington, D.C.: Pan American Union, 1966), 1:57, 66.
[8] Senate Committee on the Judiciary, The Tricontinental Conference of African, Asian, and Latin American Peoples, 89th Cong., 2d sess., (1966), S. Doc. 62-345, p. 4, 32.
[9] Ver Barbara Frank, “Visual Citations and Techniques in Tricontinental Graphics,” (Zuccaire Gallery Lecture, Stoneybrook University, February 3,
2022), disponível em https://youtu.be/KL1Si75bn6Q, e pesquisa de Lani Hanna.
[10] Stokely Carmichael and Michael Ekwueme Thelwell, Ready for Revolution: The Life and Struggles of Stokely Carmichael (Kwame Ture) (New York, NY: Scribner, 2003), 697.
[11] Luis Camnitzer, New Art of Cuba, Rev. ed (Austin, TX: University of Texas Press, 2003), 109.
[12] David Craven, Art and Revolution in Latin America, 1910-1990 (New Haven, CT: Yale University Press, 2002), 95.
[13] Susan Sontag, “Posters: Advertisement, Art, Political Artifact, Commodity,” em The Art of Revolution, Castro’s Cuba: 1959-1970, ed. Dugald Stermer and Susan Sontag (New York, NY: McGraw Hill, 1970), xiii.
[14] Mahler, From the Tricontinental to the Global South, 133, 179.[15] Ver Vijay Prashad, The Darker Nations: A People’s History of the Third World, New Press People’s History (New York, NY: New Press, 2007), 105-115, e Jessica Stites Mor, South-South Solidarity and the Latin American Left, Critical Human Rights (Madison, WI: The University of Wisconsin Press, 2022).
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