Che Guevara e os dias que abalaram a Bolívia

Investigação minuciosa, lançada pela Editora Boitempo, explora a trajetória do revolucionário no país – até seu assassinato. Obra humaniza a figura do guerrilheiro e aborda sua influência para as lutas de hoje. Sorteamos dois exemplares. Leia um trecho

Imagem reproduzia no site VisitBolivia

No dia 9 de outubro de 1967, há exatos 57 anos, Ernesto Che Guevara, um farol para as lutas de libertação do século XX, era assassinado na Bolívia. Sua trajetória, marcada pela prática revolucionária, reflete seu comprometimento com a luta pela justiça social e transcende fronteiras e gerações.

Desde suas primeiras experiências na Sierra Maestra até sua busca por uma nova frente revolucionária na Bolívia, o “guerrilheiro heroico” tornou-se um símbolo da resistência contra a opressão.

Foi quando abria novas veredas para guerrilha na Bolívia que acabou sendo capturado e assassinado. Sua imagem se perpetuou como um mito, ecoando pelo mundo todo, sendo reverenciado como um exemplo a ser seguido pelos que lutam por um mundo mais justo.

A obra Che Guevara e a Luta Revolucionária na Bolívia, escrita pelo historiador Luiz Bernardo Pericás, e lançada pela Boitempo Editorial, é um estudo minucioso que explora as complexidades da guerrilha boliviana.

Outras Palavras e Boitempo Editorial irão sortear dois exemplares de Che Guevara e a Luta Revolucionária na Bolívia, de Luiz Bernardo Pericás, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 21/10, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!

Com rigor acadêmico e uma bibliografia extensa, Pericás investiga os aspectos políticos, sociais e econômicos da Bolívia nos anos 1960, proporcionando um panorama contextualizado do momento histórico em que Che atuou.

As fontes em que o autor se baseia enriquecem a narrativa, são documentos inéditos, entrevistas com camponeses, intelectuais e militares, como o general Gary Prado, que participou da captura do guerrilheiro.

A obra se distancia da biografia convencional, focando em desmistificar a figura de Che e entender as circunstâncias que cercaram sua luta na Bolívia. Segundo Osvaldo Coggiola, historiador e professor da USP, Pericás busca esmiuçar o contexto histórico e político que levou ao desaparecimento de Guevara, revelando sua relação com diferentes setores da sociedade boliviana.

A pesquisa não apenas reinterpreta a figura de Che, mas também investiga o impacto de sua luta no imaginário popular e na dinâmica social do país na atualidade.

Além de abordar a guerrilha e a figura de Che, o livro também explora eventos paralelos, como sua experiência no Congo e seu treinamento em Cuba, antes de sua jornada à Bolívia.

Ademais, detalhes sobre a atuação do Exército de Libertação Nacional (ELN) e a continuidade da luta revolucionária são igualmente tratados, fornecendo ao leitor uma visão abrangente sobre o legado de Guevara.

Leia abaixo, com exclusividade, um trecho do escrito.

Boa leitura!

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Guevara prepara o caminho

Para se compreender os motivos que levaram Che Guevara a organizar e conduzir a guerrilha de Ñancahuazú é preciso buscar os antecedentes que indicam a gênese político-militar de seu projeto continental, assim como fatores internos e externos de intentos semelhantes. A Bolívia, nação limítrofe com cinco países, já havia sido utilizada como “ponte” para outros grupos armados na região. Alguns dos membros do futuro ELN– à época desses desdobramentos integrantes do PCB (pró-soviético) – anteciparam sua vivência de combatentes apoiando esses movimentos, experiência que mais tarde lhes seria de relativa utilidade. Não custa lembrar que logo após o triunfo dos barbudos na “mayor de las Antillas”, o Che confidenciara a amigos e correligionários seu desejo de lutar em outras partes do continente, principalmente em sua terra natal [1]. Além disso, o bloqueio norte-americano, as limitações agroindustriais de Cuba e a pouca confiança no relacionamento com a União Soviética eram alguns fatores que levavam o argentino a considerar seriamente abrir novas frentes de apoio à ilha. Nesse sentido, para dar andamento a seu projeto sul-americano, a Bolívia teria um papel primordial.

Em 15 de maio de 1963, a vanguarda de um grupo armado de seis guerrilheiros (e um guia local) [2] foi interceptada em Puerto Maldonado, no Peru. Nesse episódio perdeu a vida, com apenas 21 anos de idade, dentro de uma canoa no rio Madre de Dios, após perseguição policial, o jovem e premiado poeta Javier Heraud, antigo militante do MSP (agremiação da qual já havia se afastado) e autor de El viaje [3], que no ano anterior fora a Havana estudar cinematografia como bolsista (em Cuba, contudo, realizou treinamentos e se integrou ao ELN de seu país) [4]. Em seu corpo crivado de balas foram encontradas dezenove perfurações de tiros. Na mesma ocasião foi ferido no pescoço (mas sobreviveu) seu companheiro de armas, Alaín Elías (o segundo em comando, depois de Héctor Béjar Rivera, que não estava lá no momento), enquanto os outros combatentes acabaram presos.   

Aquele acontecimento pode ser considerado o primeiro antecedente importante da experiência de Ñancahuazú [5]. A intenção era que o núcleo avançado de reconhecimento abrisse caminho para o resto da coluna guerrilheira, que ficara do outro lado da fronteira, na Bolívia, aguardando o melhor momento para também fazer a travessia [6] e posteriormente constituir focos nos departamentos de Cerro de Pasco, Junín e Cusco. Mas o início do projeto, como se pode perceber, não foi auspicioso… 

Na realidade, os combatentes peruanos iniciaram sua jornada em Cochabamba, naquele mesmo ano. Ajudados pelo então segundo homem do Partido Comunista da Bolívia, Jorge Kolle, e por Luís Tellería (outro membro do CC), que lhes providenciaram alojamentos, saltariam mais tarde para sua pátria [7]. De acordo com a opinião polêmica de Oscar Zamora (posteriormente, líder do PC-ml, pró-chinês), Mario Monje Molina (na época primeiro-secretário do PCB) teria insistido para que os membros do ELN ficassem em território boliviano, seguindo suas instruções, e os delatou para a polícia política do país, dirigida pelo general Claudio San Román. Segundo Zamora, a partir das informações transmitidas por este último à CIA, o governo de Lima e suas forças puseram-se a par dos planos daqueles revolucionários, encontrando e dizimando o grupo fácilmente [8] (Humberto Vázquez Viaña, no entanto, acreditava que Paz Estenssoro, San Román e dois ministros, por mediação do Partido Comunista da Bolívia, estavam cientes da presença de uma coluna de 35 peruanos e permitiram sua passagem por todo o departamento do Beni, ainda que só a vanguarda com meia dúzia de homens tenha seguido para o país vizinho) [9]. Parte da coluna que restou, não obstante, conseguiu ir a La Paz, graças à ajuda de Júlio Luis Méndez Korne (também conhecido por El Ñato, natural do Beni e futuro chefe de abastecimentos da guerrilha boliviana de Guevara). Os guerrilheiros reorganizariam o ELN, que seria encabeçado pelo já mencionado Héctor Béjar Rivera (antigo secretário de imprensa e ex-membro da Comissão Política do PCP) e Juan Pablo Chang Navarro [10].

Já o MIR, encabeçado por Luis de la Puente Uceda, “o primeiro teórico da guerrilha” no Peru, era uma emulação do exemplo cubano e demonstrava certa sincronicidade com os conceitos elaborados pelo Che, não apenas com a ideia de uma aliança com outras tendências políticas de esquerda (mesmo  nunca tendo conseguido resolver suas diferenças ideológicas), como também com a intenção de estender a luta revolucionária para outros países, com vistas a uma provável expansão daquela experiência a nível  continental [11]. Entre 1959 e 1961, ele fez viagens a Cuba, com intuito de conhecer de perto o país caribenho, participando do Primeiro Foro Nacional de Reforma Agrária e se entrevistando com Guevara (em 1963, o peruano também chegou a se reunir com Mao Tsé-Tung, Ho Chi Minh, Kim Il-Sung e Adolfo Gilly). Para o militante Ricardo Napurí, De la Puente era “um especialista no problema agrário camponês” e “desarmava o Che quando lhe explicava a composição orgânica do campo no Peru” [12]. Ele teria detalhado ao argentino a importância dos sindicatos e das comunidades rurais daquela nação andina, colocando em dúvida a ideia do foco “puro”. Aparentemente, Guevara teria compreendido “que deveria ‘matizar’ sua ideia de foco” e que “por um tempo considerou que o Peru fosse uma ponta de lança em seus afãs internacionalistas de exportar a revolução” [sic] e que, “se a insurreição ‘prendía’ [se iniciasse], ele lutaria conosco nas serras peruanas” [13].

Dissidente da Aliança Popular Revolucionária Americana e um dos  fundadores da Apra Rebelde, De la Puente mudou o nome (e sigla) de sua organização para MIR em 1962, quando se encontrava na prisão, acusado de ter assassinado o correligionário Francisco Sarmiento. Ao sair do encarceramento, procurou Hugo Blanco [14], importante dirigente trotskista e líder camponês. A intenção era a luta armada, mas as divergências mostravam-se suficientes para impossibilitar uma aliança naquele momento. Em 1963, após ataques veementes ao então presidente Fernando Belaúnde Terry e a seu governo, e exaltando a figura de Fidel Castro, De la Puente entrou para a clandestinidade e começou a organizar seu grupo.

Da mesma forma, Héctor Béjar (fundador do periódico Unidad) formou o ELN, uma “dissidência” do PCP, que defendia em seu programa cinco tarefas principais: a constituição de um governo popular; a expulsão de todos os monopólios estrangeiros do Peru; uma revolução agrária; a amizade entre todos os povos do mundo; e a consolidação da soberania nacional [15]. O objetivo final, por certo, seria o triunfo do socialismo, por meio da luta armada. O ELN acreditava que a revolução não seria obra de apenas um partido, mas de um processo múltiplo, mutável e complexo, com a participação das mais variadas forças políticas [16]. Na verdade, o ELN nunca teve a intenção de se tornar um partido, mas de construir uma “associação livre de revolucionários”, que tivesse ao mesmo tempo “disciplina militar” e “democracia” interna.

Vale lembrar que ambas as agremiações eram compostas por elementos treinados em Cuba. Na ilha, três grupos distintos de peruanos haviam se preparado belicamente: os integrantes do MIR; os chamados “quadros sem partido”, organizados em torno de Luis Felipe Angell (“Sofocleto”); e os “bolsistas”, oitenta jovens que estudavam na ilha, dos quais quarenta ingressaram nas guerrilhas. Em 1962, esses núcleos cogitaram se unir e  constituir uma única organização. Ao final, decidiram, de um lado, criar o ELN, e, de outro, estruturar e ampliar o aparato mirista [17].

Seus métodos de trabalho, contudo, diferiam bastante e dificultaram uma maior coordenação entre eles. Segundo Béjar, o MIR “partia de um partido político prévio com uma direção militar já estabelecida” [18], enquanto o ELN acreditava que tanto o partido quanto o comando deveriam surgir ao longo da luta, podendo assimilar outras forças revolucionárias [19]. Se de um lado o Movimiento julgava necessário um trabalho clandestino precedente no campo antes do início das atividades armadas, o ELN defendia a ação imediata pela guerrilha, que no curso dos eventos contruiria sua própria base social. Para o ELN, seria muito difícil realizar propaganda preparatória na área rural considerando as condições de repressão que o interior sofria naquela época. Por isso, seria fundamental implantar grupos móveis no campo [20]. Somente em setembro de 1965 as duas organizações decidiram constituir o Comando Nacional de Coordenação, mas, segundo o mesmo Béjar, já seria tarde demais para que essa tentativa tivesse êxito [21]. 

O MIR estabeleceu três focos: o Tupac Amaru, dirigido por Guillermo Lobatón Milla, na região de Satipo; o Manco Capac, na fronteira do Equador, que nunca entrou em ação, liderado por Gonzalo Fernández Gasco e Elio Portocarrero Ríos; e o Pachacutec, em Mesa Pelada, encabeçado por Luis de la Puente e Rúbel Tupayachi. Já o ELN constituiu a frente “Javier Heraud” no departamento de Ayacucho, sob os auspícios do próprio Béjar (vale lembrar que logo depois da tragédia de Puerto Maldonado o representante do ELN, Néstor Guevara, foi enviado a Cuba para conversar com o Che sobre os detalhes dos acontecimentos recentes e trocar ideias sobre os passos seguintes, ativando o novo foco em setembro de 1965, na serra sul central andina) [22].

Os acontecimentos mostraram-se pouco animadores: em junho de 1965, o grupo de Lobatón entrou em ação, atacando fazendas, postos policiais e destruindo pontes, permanecendo na luta por mais sete meses; os Estados Unidos enviaram os Boinas Verdes como forma de cooperação militar ao governo peruano e as FFAA fizeram o cerco às guerrilhas, matando seu líder e outros oito companheiros em janeiro de 1966, num enfrentamento nitidamente desigual (segundo informes da época, em torno de 5 mil efetivos, incluindo Exército, Força Aérea, Marinha e polícia, estiveram envolvidos na luta contra os guerrilheiros a um custo de US$ 10 milhões) [23]. Mesmo destino teve Luis de la Puente, que perdeu a vida em outubro de 1965. Héctor Béjar ainda tentou uma aproximação com o MIR e levou a cabo alguns ataques bem-sucedidos.

O Exército peruano, que lutava em várias frentes, demorou para combater o ELN. Quando ocorreu o encontro dos guerrilheiros com as FFAA, em dezembro de 1965, na província de La Mar, contudo, o grupo foi destruído e Béjar preso pouco tempo depois, permanecendo atrás das grades por alguns anos. De acordo com Ricardo Gadea (ex-cunhado do Che e membro do Movimiento, que atuou na região de Cusco e desempenhou o papel de tesoureiro da guerrilha), 

o MIR nunca teve mais de cem militantes capacitados na guerrilha, e pobremente armados; enfrentamos uma força armada que era a segunda na América Latina em número de oficiais e soldados, preparada na Escola das Américas, que tinha um dos melhores adestramentos do continente para enfrentar uma guerrilha. Havia uma enorme disparidade de forças: a luta de uma organização popular pequena diante de uma força armada poderosa. [24] 

De qualquer forma, para Jan Lust, 

o objetivo inicial do Che foi fortalecer a luta guerrilheira no Peru dirigida pelo ELN no departamento peruano de Ayacucho. A ideia de desenvolver a guerrilha boliviana, não obstante, surgiu depois da derrota do ELN peruano em dezembro de 1965. Essa derrota não implicava o fim do papel do ELN peruano no projeto guerrilheiro continental do Che. De fato, no mesmo período que se organizou a guerrilha boliviana, também no departamento peruano de Puno perto da fronteira com a Bolívia se tentou construir uma força guerrilheira. [25] 

Por sinal, em março de 1966, aparentemente combatentes internacionalistas cubanos teriam chegado a Arica, Chile, com o intuito de reforçar a guerrilha em Ayacucho, o que, em última instância, não veio a ocorrer [26].

A Argentina também foi palco de um projeto malsucedido. O jornalista Jorge Ricardo Masetti, fundador e ex-diretor da Prensa Latina, que ficaria conhecido como “comandante Segundo” – para uns, uma referência ao famoso personagem da literatura platense Don Segundo Sombra [27]; para outros, para designar que o “comandante Primeiro” seria o próprio Guevara –, lideraria o Exército Guerrilheiro do Povo, grupo no qual o Che seria considerado um “membro honorário”, utilizando o codinome “Martín Fierro” [28]. O periodista sucumbiria em Salta, no norte de seu país, sem ter visto qualquer possibilidade de vitória, tentando implementar um plano que visava também criar uma ambiciosa conexão entre as guerrilhas peruanas e as de seu país.

Nascido em 31 de maio de 1929, em Avellaneda (zona sul da grande Buenos Aires), Masetti encontrara-se pela primeira vez com seu famoso compatriota na Sierra Maestra em março de 1958, como correspondente da rádio El Mundo (também trabalhou no Canal 7 e nos diários Tribuna, La Época, Notícias Gráficas e Democracia). Aparentemente, ao conhecer os barbudos do Movimento 26 de Julho, inspirou-se e converteu-se à sua causa. Pouco depois da primeira visita, retornaria à ilha e escreveria diversas reportagens. Mais tarde, publicaria Los que luchan y los que lloran, um livro de grande sucesso em que narra suas experiências naquele período [29].

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Em 1959, foi convidado por Guevara para organizar a Prensa Latina, uma agência de notícias que pretendia se contrapor aos monopólios midiáticos estrangeiros (principalmente estadunidenses). Lá, trabalhou por dois anos (entre as personalidades que colaboraram com esse projeto estavam nomes como Gabriel García Márquez, Gregorio Selser e Rodolfo Walsh). Pressões de elementos ligados ao PSP, contudo, fizeram Masetti se demitir (ou, dependendo das fontes, ter sido retirado) do cargo entre março e maio de 1961. Ainda assim, se manteve sempre próximo ao Che, que discutia com o jornalista as possibilidades da luta armada na Argentina (inicialmente na região de Salta), a partir do território boliviano. Aquela missão seria organizada pela seção de operações especiais (cujo chefe era Orlando Pantoja Tamayo e o segundo em comando Ulises Estrada), vinculada ao Vice-Ministério Técnico do Interior, encabeçado por Manuel Piñero Losada (ainda que o Che, na prática, desempenhasse um papel precípuo na direção de suas atividades) [30].

Entre os primeiros militantes a ingressar no núcleo inicial do que viria a ser o Exército Guerrilheiro do Povo, encontravam-se o cubano Hermes Peña Torres (que atuaria como o número dois no comando), o médico portenho Leonardo Werthein (“Fabián”; mais tarde, “Medecín”), o técnico mecânico Federico Méndez (“Basilio”; posteriormente “El Flaco”), o artista plástico mendoncino Ciro Bustos (“Laureano”; depois, “El Pelao”); e um último, apenas conhecido como “Miguel”; todos os argentinos previamente contatados pelo amigo de juventude do Che, Alberto Granado [31]. Em seguida, se incorporaria à trupe Abelardo Colomé Ibarra, o “Furry”, veterano da Sierra Maestra e chefe da Polícia Revolucionária em Havana (que mais tarde usaria o apelido “Carlos”). Nas palavras de Bustos, Masetti teria dito: 

Na Argentina era preciso fazer a revolução. De acordo com a lei das condições objetivas e subjetivas, este era o momento. Um povo estafado, encurralado, proscrito e agredido. Uma economia no auge, mas usurpada. Uma infraestrutura industrial em desenvolvimento, com setores autônomos importantes. Uma crescente invasão das transnacionais, se apropriando de áreas-chave dificilmente recuperáveis. Uma forte classe operária em posição de combate. Uma classe média culta e bem-informada. Uma excepcionalidade geográfica inigualável: todos os climas entre o mundo cordilheiro e o Atlântico, entre Trópico de Capricórnio e a Antártida. E uma capacidade produtiva em bens de consumo e alimentos fora de toda dúvida. O país ideal para desenvolver um processo de câmbios revolucionários que recuperem para a população o usufruto de uma riqueza natural e um esforço criativo e laboral próprio, sem ver-se esgotado pelo cerco e chantagens imperialistas […] Segundo Masetti, a Revolução Cubana havia demonstrado como o foco de ação armada desmantelava as supostas hegemonias e atraía o apoio popular em virtude de um fato inédito: ação concreta no lugar de promessas. [32] 

Os futuros combatentes, depois de intenso treinamento, seguiram para a Tchecoslováquia, onde se encontraram com o antigo comandante do Exército Rebelde, oficial graduado do Dier e do DGI e chefe de missões diplomáticas Jorge Serguera Riverí (“Papito”). Ficaram hospedados num hotel perto do lago Slapie, a uma hora de distância de Praga. Sozinhos e com muito tempo livre, faziam longas caminhadas nas imediações. Sem maiores atividades e sendo constantemente monitorados pelos serviços de Inteligência locais, sentiam a necessidade de abandonar o país na primeira oportunidade. E foi o que fizeram. De lá, partiram para Paris e, então, para a Argélia, onde foram recebidos com todas as honras pelas autoridades locais [33]. No país africano, realizaram preparativos, com práticas de tiro, exercícios físicos e estudo de operações militares da FLN. Pouco tempo depois, chegou Papito Serguera, que serviria como novo embaixador cubano na capital.

Ainda assim, não faltaram problemas entre os homens. A relação entre Masetti e “Miguel” se deteriorou rapidamente, resultado de disputas e altercações entre os dois guerrilheiros. “Miguel” mostrava-se indisciplinado e insubordinado, o que afetava a organização do grupo. Ele foi acusado de violar normas de segurança (chegou a enviar cartas, o que era proibido), de questionar a liderança de Masetti e de não querer participar da campanha. O “comandante Segundo” foi enérgico. Depois de um julgamento sumário, o réu foi considerado culpado e condenado à pena capital. O líder do destacamento imediatamente passou a deliberação para os argelinos, ordenando seu fuzilamento. “Miguel” foi preso imediatamente pelas autoridades locais. Todos ali acharam que a execução se consumara. Sua vida, contudo, foi poupada, sem que o grupo ficasse sabendo… O jovem seria libertado mais tarde… [34]. 

Sete meses depois de partirem de Cuba, Masetti e seus homens estavam prontos para dar prosseguimento ao que seria descrito por Serguera como “a primeira ação conjunta insurrecional anticolonialista na América Latina” [35]. De acordo com o diplomata cubano, o objetivo seria “abrir uma frente guerrilheira no norte da Argentina com um duplo propósito: criar as condições para provocar uma revolução nesse país similar à cubana e dar apoio estratégico e estender com isso uma modalidade de resposta às agressões dos Estados Unidos, suscetível de ser generalizada” [36]. Tudo isso com apoio da Argélia, que forneceria aos guerrilheiros equipamentos, uniformes, botas, bússolas, compassos de precisão e passaportes diplomáticos com identidades falsas [37].

Necessário, contudo, garantir as condições preliminares para a implantação do foco no sul da Bolívia, a fim de “transportá-lo” logo depois para a Argentina. Os preparativos foram supervisionados originalmente por José María Martínez Tamayo (conhecido como “Papi” ou “Ricardo”). Utilizando um passaporte colombiano para ingressar no país, dizia aos locais, entretanto, ser procedente de Vallegrande (cidade do sudeste boliviano) e teve como missão coordenar o estabelecimento da base de operação do núcleo de Masetti em Tarija. Em teoria, o PCB teria prestado mais ajuda naquela ocasião ao projeto do “comandante Segundo” do que aos guerrilheiros de Puerto Maldonado (Jesús Lara [38] afirma que Ricardo teria sido o coordenador de ambas as “pontes”) [39].

NOTAS

[1] Tulio Halperin Donghi, História da América Latina (São Paulo, Paz & Terra, 1989), p. 256.

[2] Pierre Broué, “Bolivia, 9 April 1952: A Forgotten February Revolution?”, Revolutionary History, v. 4, n. 3, 1992, p. 28.

[3] Ibidem, p. 29.

[4] Jean Lieven, “Bolivia: From the Birth of the Revolutionary Workers Party to the Popular Assembly”, Revolutionary History, cit., p. 55; e José Villa, “A Revolution Betrayed: The POR and the Fourth International in the Bolivian Revolution”, Revolutionary History, cit., p. 62 e 64. Para Liborio Justo, por exemplo, o MNR seria um partido pequeno-burguês. Ver Liborio Justo, “Bolivia: The Revolution Defeated”, Revolutionary History, cit., p. 39.

[5] Richard W. Patch, “United States Assistance in a Revolutionary Setting”, em Robert D. Tomasek (org.), Latin American Politics: Studies of the Contemporary Scene (Nova York, Anchor Books/Doubleday and Company, 1970), p. 352. Segundo o historiador Harold Osborne, o MNR combinava “uma plataforma de nacionalismo chauvinista com apelos demagógicos para as classes trabalhadoras”. Ver Harold Osborne, Bolivia: A Land Divided (Londres, Royal Institute of International Affairs, 1955), p. 64. Augusto Céspedes, por sua vez, dizia que “o MNR, sem negar a utilidade do método marxista, crê que sua aplicação ortodoxa na América Latina pode ser contrarrevolucionária. Na Bolívia, o conceito de classe, aplicado à emancipação nacional, é contrarrevolucionário”. Ver Fernando Mires, “Bolivia: la revolución obrera que fue campesina”, Síntesis/Bolivia, Madri, n. 14, maio/ago. 1991, p. 128. O programa do Movimiento dizia: “A Bolívia é uma semicolônia na qual subsistem resquícios feudais no sistema de trabalho da terra. Para independentizá-la, é necessário liquidar a influência do imperialismo e da grande burguesia que lhe serve de agente, devolvendo ao país a exploração de suas minas, redistribuindo a terra e diversificando a economia mediante a criação de novas fontes de riqueza”. Ver ibidem, p. 129. E, então, Víctor Paz Estenssoro, que afirmava que “o MNR é um partido nacionalista com inclinações socialistas”. Ver idem. O partido possuía desde “frações fascistoides” até grupos“populares” e “trabalhistas”. Ver ibidem, p. 130-1 e 149. Mais tarde, absorveu militantes de outras agremiações, desde sindicalistas com tendências trotskistas até membros do PIR, de inclinação stalinista. De acordo com James Dunkerley, “o MNR estreitou seus contatos com os mineiros e obteve a afiliação de líderes sindicais-chave – a do astuto e carismático Juan Le-chín Oquendo (secretário-executivo da FSTMB) e a de Mario Torres Calleja (secretário-geral) –, mas nunca se dedicou a trabalhar com as bases nem obteve o controle total. Isso se deveu a que os mineiros desconfiavam de laços partidários demasiadamente fortes e estavam mais apegados à ideia de independência sindical, mas também refletiu a influência porista, que não se limitava a vituperar contra os barões do estanho com tanta veemência como o MNR, mas que tinha ademais um programa infinitamente mais coerente e radical que era defendido por seus militantes nos próprios acampamentos”. Ver James Dunkerley, Rebelión en las venas: la lucha política en Bolivia – 1952-1982 (La Paz, Quipus, 1987), p. 27. Herbert S. Klein comenta que, em meados da década de 1940, “após três anos da revolta e do exílio da ala superior do MNR, este voltaria a surgir como o partido mais popular da esquerda e o movimento político mais poderoso do país. […] Para levar a cabo esta mudança, [o MNR] decidiu se desfazer, de uma vez por todas, de seus elementos fascistas. Para isto lhe ajudaram Lechín e seus mineiros, defensores da transformação revolucionária e que pediam que o partido apoiasse seu programa. Ao mesmo tempo Paz Estenssoro e outros novos líderes, como Hernán Siles Zuazo, se dedicaram a restabelecer sua sólida base de classe média com um forte programa de estabilização econômica, por um lado, e de nacionalização econômica, por outro”. Ver Herbert S. Klein, Historia de Bolivia (La Paz, Juventud, 1994), p. 226. Segundo Klein, “o partido de 1952 era enormemente diferente do grupo pró-fascista derrocado em 1946: agora era um partido radical de gente de classe média e de trabalhadores revolucionários, encarnando um novo tipo de amálgama de movimento populista radical. […] Ao aceitar a participação e a ideologia operárias e ao armar a massa popular, havia se comprometido com uma atitude absolutamente destruidora da velha ordem e, apesar de sua ideologia reformista tradicionalmente limitadora, agora estava lançado a um desenlace revolucionário”. Ver ibidem, p. 231.

[6] Fernando Mires, “Bolivia: la revolución obrera que fue campesina”, cit., p. 131.

[7] Robert J. Alexander, El movimiento obrero en América Latina (México, Roble, 1967), p. 139.

[8] Richard W. Patch, “United States Assistance in a Revolutionary Setting”, cit., p. 353. Segundo Fernando Mires: “De todas as maneiras, e ante o espanto da direita, nas eleições de 6 de maio triunfou a fórmula representada por Paz Estenssoro e Siles Zuazo. A votação favorável ao MNR foi acachapante: 59.049 votos. Os republicanos obtiveram 13.180. O PIR, pagando a conta por seus erros, apenas 5.000, menos ainda que os liberais. Nunca, em toda a história da Bolívia, um partido havia obtido mais votos que o MNR”. Ver Fernando Mires, “Bolivia: la revolución obrera que fue campesina”, cit., p. 133. Herbert S. Klein, por sua vez, diz que o MNR recebeu 39 mil votos. Ver Herbert S. Klein, Historia de Bolivia (La Paz, Juventud, 1994), p. 230.

[9] Para Fernando Mires, “o alto mando militar, temendo entre outras coisas que o MNR reincorporasse os oficiais que haviam recebido baixa do exército depois de Villarroel, decidiu simplesmente anular as eleições aduzindo uma absurda conspiração entre MNR e comunistas. O ato foi tão grosseiro que até alguns parlamentares direitistas apresentaram seu protesto. Poucos golpes de Estado tiveram tão pouca legitimidade como aquele de 1951”. Ver Fernando Mires, “Bolivia: la revolución obrera que fue campesina”, cit., p. 133.

[10] René Zavaleta Mercado, “Considerações gerais sobre a história da Bolívia – 1932-1971”, em Pablo González Casanova (org.), América Latina: história de meio século, v. 2 (Brasília, Editora UnB, 1998), p. 41.

[11] Richard W. Patch, “United States Assistance in a Revolutionary Setting”, cit., p. 355. Já segundo Luiz Alberto Moniz Bandeira, baseado em informações do relatório especial “Revolução e conquista do poder pelo MNR, de 9 a 11 de abril de 1952”, do embaixador brasileiro em La Paz Hugo Bethlem, 17 abr. 1952, foram duzentas vidas perdidas e 5 mil feridos. Ver Luiz Alberto Moniz Bandeira, De Martí a Fidel: a Revolução Cubana e a América Latina (Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2009), p. 133. Herbert S. Klein, por sua vez, afirma que foram seiscentas vidas perdidas durante aqueles acontecimentos. Ver Herbert S. Klein, Historia de Bolivia, cit., p. 231.

[12] James Dunkerley, Rebelión en las venas: la lucha política en Bolivia – 1952-1982, cit., p. 18.

[13] Fernando Mires, “Bolivia: la revolución obrera que fue campesina”, cit., p. 119.

[14] James Dunkerley, Rebelión en las venas: la lucha política en Bolivia – 1952-1982, cit., p. 18.

[15] René Zavaleta Mercado, “Considerações gerais sobre a história da Bolívia – 1932-1971”, cit., p.41. Já Liborio Justo, exageradamente, diria que aquela era “a mais profunda revolução social na história das três Américas!”. Ver Liborio Justo, “Bolivia: The Revolution Defeated”, cit., p. 39.

[16] Segundo Fernando Mires, “ainda que, ao parecer, muitos dirigentes do MNR se viram surpreendidos pela insurreição de 1952, o Movimento já havia provado em 1949 não ser nada refratário à violência. Novamente Hernán Siles Zuazo era o chefe da insurreição, que se viu facilitada porque o general de Carabineiros, Seleme – que mantinha contatos com o MNR a partir de seu cargo de ministro do Interior –, decidiu abrir os arsenais ao povo. Milhares de mineiros chegaram às cidades portando, ameaçadoramente, cartuchos de dinamite. Os camponeses também se armavam. E, nas cidades, cada um escolhia a arma de que mais gostava. Foram três dias de intenso combate. Os militares fugiam em debandada. De cada esquina, de cada janela saíam balas. A insurreição decisiva foi a de Oruro, pois determinou a desmoralização total das tropas em La Paz. Ao final, o exército estava política, militar e, sobretudo, moralmente destruído. As bandeiras do MNR eram o símbolo da insurreição popular. Mas aqueles que empunhavam os fuzis se levantavam, sobretudo, contra aquele sistema que depois da Guerra do Chaco havia perdido toda legitimidade, e não podiam dissimular que, quando combatiam o exército, o faziam contra um Estado que não representava mais a nação. Foi essa, sem dúvida, uma revolução da nação contra o Estado”. Ver Fernando Mires, “Bolivia: la revolución obrera que fue campesina”, cit., p. 133-4.

[17] De acordo com Fernando Mires, “os barões do estanho estavam longe de constituir algo próximo a uma classe social. Tratava-se na verdade de impérios econômicos individuais e/ou familiares. O mais lendário foi, sem dúvida, o de Simón Iturri Patiño, nascido em Cochabamba em 1868 [sic], que, de empregado de minas, converteu-se em um dos mais portentosos milionários do mundo. Em 1910, Patiño comprou a Uncía Mining Company e, em 1924, a companhia chilena de Llallagua. Já nesse período controlava em torno de 50% da produção boliviana, com um pessoal de mais de 100 mil homens. Sua fortuna era estimada em US$ 300 milhões. Só suas rendas eram superiores às do Estado, caso único no mundo. Seu avanço não tinha limites. Em 1916, adquiriu a William Harvey Co. de Liverpool, de onde construiu um império financeiro ramificado em toda a Europa. Não tão poderosos como Patiño, mas também importantes, foram as possessões mineiras da família Aramayo e de Mauricio Hochschild. Só esses três grupos controlavam toda a produção de estanho e grande parte da de chumbo, zinco, tungstênio e outros minerais. […] Ainda que fossem bolivianos, os barões do estanho agiam na prática como capitalistas estrangeiros em seu próprio país. Isso inibiu ainda mais a possibilidade de que surgisse algo parecido a uma burguesia nacional. E obrigou o Estado a se converter no principal gestor da economia não mineira do país”. Ver Fernando Mires, “Bolivia: la revolución obrera que fue campesina”, cit., p. 115.

[18] Ricardo Rojo, Meu amigo Che (trad. Ivan Lessa, São Paulo, Edições Populares, 1983), p. 22-3.

[19] Ibidem, p. 24.

[20] Douglas Kellner, Che Guevara (trad. David Casas, São Paulo, Nova Cultural, 1990), p. 18-9.

[21] James Dunkerley, Rebelión en las venas: la lucha política en Bolivia – 1952-1982, cit., p. 68. O ministro chegou a dizer: “vamos orientar a reforma agrária sobre a base do fortalecimento da propriedade coletiva comunal e a implantação da etapa capitalista nas propriedades privadas, liquidando o feudalismo”. Já um membro de sua equipe comentou que “a reforma agrária não implicará nenhum desconhecimento do Direito de Propriedade […] a organização de um novo sistema de trabalho agrário se desenvolverá com base às atuais comunidades indígenas, para realizar a cooperativização […] Não é possível fazer a redistribuição de terras porque isso implica estabelecer o minifúndio, prejudicial à produção”. Ver idem.

[22] Ricardo Rojo, Meu amigo Che, cit., p. 31. Calica Ferrer acompanhou Guevara na audiência. De acordo com ele, “em seu gabinete, muito bonito, com cortinas, tapetes e poltronas, recebia as delegações indígenas que iam apresentar os dramas que sofriam. Antes de entrar, como supunham que tinham piolhos, os índios eram aspergidos com DDT no rosto, no pescoço, decote da camisa e cabelo. Era muito frequente ver pela rua índios com as sobrancelhas, os cílios e o cabelo cobertos de pó branco. ‘Veja’, dizíamos, ‘esse aí foi ver Chávez’. O ministro nos recebeu muito gentilmente e nos deu vários livros, que contavam o movimento revolucionário boliviano”. Ver Carlos “Calica” Ferrer, De Ernesto a Che: a segunda e última viagem de Guevara pela América Latina (trad. Sandra Martha Dolinsky, São Paulo, Planeta, 2009), p. 121-2.

[23] Che Guevara, citado em Michael Löwy, O pensamento de Che Guevara (Lisboa, Bertrand, 1976), p. 111.

[24] De acordo com Calica Ferrer, eles atravessaram a fronteira no dia 10 de julho de 1953 e saíram do país no dia 17 de agosto, ainda que o carimbo de entrada oficial no Peru tenha sido estampado no dia 18 daquele mês. Ver Carlos “Calica” Ferrer, De Ernesto a Che: a segunda e última viagem de Guevara pela América Latina, cit., p. 93-140. Já segundo William Gálvez, os amigos entraram na Bolívia no dia 9 de julho de 1953 e partiram no dia 18 de agosto. Ver William

Gálvez, Viajes y aventuras del joven Ernesto: ruta del guerrillero (Havana, Ciencias Sociales, 1997), p. 228-38.

[25] Carlos “Calica” Ferrer, De Ernesto a Che: a segunda e última viagem de Guevara pela América Latina, cit., 2009.

[26] Ernesto Guevara, Notas de viaje (Havana/Madri, Abril/Sodepaz, 1992); e Alberto Granado, Com Che Guevara pela América do Sul (São Paulo, Brasiliense, 1987).

[27] Carlos “Calica” Ferrer, De Ernesto a Che: a segunda e última viagem de Guevara pela América Latina, cit., p. 97.

[28] Ernesto Guevara, Outra vez: diário inédito da segunda viagem pela América Latina – 1953-1956 (trad. Joana Angelica D’Avila Melo, Rio de Janeiro, Ediouro, 2003), p. 19-20.

[29] Ibidem, p. 146.

[30] Ibidem, p. 146-7.

[31] Ricardo Rojo, Meu amigo Che, cit., p. 32-3.

[32] Sheldon B. Liss, Marxist Thought in Latin America (Berkeley/Los Angeles, University of Cali-

fornia Press, 1984).

[33] Ministerio de Planificación y Coordinación de la República de Bolivia, “Bolivia: estrategia sócio-económica del desarrollo nacional – 1971-1999”, em James Petras (org.), America Latina: economía y política (Buenos Aires, Periferia, 1972), p. 164-5.

[34] Em 1957, por exemplo, 32% da receita do tesouro boliviano vinha da Usaid, com uma média de 25,9% nos quatro anos subsequentes. A reestruturação do exército também recebeu grande auxílio dos Estados Unidos, tanto no que se refere a equipamentos como também em treinamento.

[35] Ministerio de Planificación y Coordinación de la República de Bolivia, “Bolivia: estrategia sócio-económica del desarrollo nacional – 1971-1999”, cit., p. 166.

[36] Idem.

[37] Ibidem, p. 197.

[38] Pablo González Casanova, Imperialismo y liberación: una introducción a la historia contemporánea de América Latina (Cidade do México, Siglo XXI, 1979), p. 234.

[39] Fernando Mires, “Bolivia: la revolución obrera que fue campesina”, cit., p. 139.


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