Partiu #OcupaPolítica

Movimento que traz à tona a crise da democracia e falência do sistema de representação e lança manifesto nacional. Objetivo central é eleger bancada parlamentar cidadã, que enfrente privilégios históricos e abra perspectivas de novo país

Encontro de construção do #OcupaPolítica, em Belo Horizonte, dezembro de 2017. Ao centro, Marielle Franco

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Leia a Manifesta #OcupaPolítica

Ousamos sonhar outro futuro, no qual se expandem as possibilidades de vida livre, feliz, integrada com a natureza, fundada nos interesses coletivos e na democracia real.

A política do nosso país virou terra arrasada e cabe a nós reconstruir esse lugar. Agir agora é mais do que necessário – é uma tarefa vital.

Precisamos ocupar o espaço controlado há tanto tempo por latifundiários, herdeiros, lobistas, patriarcas e endinheirados que só legislam em causa própria.

A esperança e o destino das pessoas não podem ser reféns da ganância de poucos que se acham donos do poder. Nós somos a maioria e estamos unidas em torno de IDEIAS, SONHOS e LUTAS.

Somos mulheres, pessoas negras, trabalhadoras, LGBTs, povos tradicionais, jovens, pessoas com deficiência, ativistas de muitas causas.

Viemos das periferias e dos centros urbanos, das zonas rurais, de quilombos e aldeias indígenas, de movimentos populares, praças, palcos e salas de aula.

Compartilhamos a disposição de construir outra política: radicalmente democrática, laica, diversa, a partir das lutas sociais, com afeto e cooperação.

Essa outra política possível já está sendo praticada em mandatas, gabinetonas e ocupações  de espaços legislativos em todo o Brasil. Com essas experiências, lutamos pela democratização do país, fortalecemos a cidadania ativa, criamos o poder desde baixo. Há exemplos de participação, transparência e abertura que precisam se expandir.

Estamos aqui porque nossas vidas importam. A todo momento, corpos negros, de mulheres e LGBTs são vítimas de brutal preconceito, intolerância e violência. Basta! Lutamos por vida plena para todas as pessoas e vamos retomar a democracia com nossos corpos políticos!

O crescimento absurdo da violência, aliás, comprova que não adianta investir em mais armas e repressão militar. Chega! Defendemos uma política de segurança cidadã para proteger nossas vidas e comunidades, com respeito aos direitos humanos.

Queremos outra política de drogas. A chamada “guerra às drogas” é um fracasso miserável e só produz violência, extermínio de jovens negros e pobres, racismo estrutural e proliferação de máfias e facções. É urgente sair da lógica da criminalização para atuar decididamente na perspectiva do cuidado.

O modelo econômico dominante – colonialista e predatório – é também injusto e insuportável, a ponto de apenas cinco homens acumularem mais riqueza do que a metade mais pobre da população brasileira. Esse modelo envenena, desmata, polui, destrói e faz sofrer. Mar de lama nunca mais!

É urgente fortalecer economias pelo bem viver, de base comunitária, solidária e popular. Agroecologia, coleta e reciclagem de lixo, produção energética renovável, cooperativas produtivas, empreendimentos autônomos nas periferias e tantas outras possibilidades já fazem parte dessa agenda anticapitalista.

Além disso, passou da hora de equilibrar as contas, para que os pobres, a classe média e os ricos contribuam com impostos de acordo com as suas capacidades. É inaceitável que os pobres continuem pagando mais do que os ricos!

A cultura constitui nossas formas de vida e atravessa todas as lutas. Está em terreiros, quilombos, favelas, teatros, praças, ruas, blocos de carnaval, saraus de poesia. Cultura não é caso de polícia nem pode ser censurada por fundamentalistas. Cultura é direito e a arte liberta!

Não aceitamos a apropriação privada dos bens coletivos. É urgente remodelar as instituições para desconstruir privilégios, aumentar a transparência e garantir a qualidade da gestão pública.

Acreditamos que o Estado deve funcionar com excelência para entregar serviços e políticas públicas eficientes para a sociedade. Da educação ao transporte, da saúde à assistência social, a população exige que os seus recursos sejam bem aplicados e que os agentes públicos tenham compromisso com os direitos de cidadania.

Para que essas transformações se viabilizem, a política não pode ser monopólio de ninguém. Precisamos de uma ampla reforma política que corrija o sistema, com candidaturas cívicas, controle e participação social e representatividade nas instituições.

Outra política é possível e não dá mais para esperar. Em 2018 vamos ocupar as eleições com ousadia e alegria e tomar o poder para distribuir potência.

Não estamos aqui para perder. Nossa luta é ancestral e nossas vitórias nos anos recentes são sementes que vão florescer. Estamos aqui com e por Marielle. Venceremos!

São Paulo, inverno de 2018

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