Woody Allen: condenado por sensacionalismo?

Reconstituição do possível abuso revela fatos antes ocultos e sugere: nunca se saberá o que de fato acorreu

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Por Robert B. Weide, no The Daily Best | Tradução Cauê Seignemartin Ameni e Beatriz Seigner

Como qualquer um com acesso à internet deve saber, Woody Allen foi linchado nos últimos dias, com alegações de que molestou sua filha adotada com Mia Farrow 21 anos atrás, em 1985. Inúmeras pessoas opinaram sobre isso, muitas delas sem a menor ideia sobre os fatos. Considero-me alérgico a fofocas e tabloides, e tento evitá-los à minha maneira. Assim, quando uma celebridade está sendo devorada por fofocas e insinuações, costumo ter compreensão mínima do que eles fizeram, ou são acusados de ter feito. Woody Allen é uma exceção.

Produzi e dirigi as duas partes do especial Woody Allen: A Documentary, que estreou nos EUA na série American Masters. Também supervisionei e fiz consultoria de montagem no breve clip que foi ao ar na recente cerimônia do Globo de Ouro, quando Allen recebeu o Cecil B. Demille Award por Lifetime Achievement.

Quando entrei na internet na manhã seguinte à transmissão do Globo de Ouro, encontrei mais de um e-mail me perguntando se tinha visto os tweets de Mia Farrow e seu filho, Ronan, na noite anterior. Uma rápida pesquisa me levou não só às acusações no twitter, mas à explosão na internet sobre o caso. O comentário mais benevolente sugeria que Wood deveria apodrecer na cadeia. Outros exigiam sua cabeça na ponta de uma lança.

No outono passado, a revista Vanity Fair publicou um artigo sobre Mia e sua família, que incluía uma entrevista com Malone (crescida com o nome Dylan), de 28 anos, a qual, aos sete, esteve no centro das alegações de Mia que fizeram manchetes durante a brutal batalha de custódia entre ela e Woody. Na recente entrevista, Malone apoia as acusações de sua mãe. Foi o golpe duplo da Vanity Fair e os tweets de Farrow que despertaram o ninho de vespas dormente ao longo dos últimos 20 anos.

Meu documentário cobre a relação de Allen com Soon-Yi Previn (filha adotiva de Mia e mulher de Woody há 16 anos) e as insinuações aparecem, mas eu não quis ir ao buraco do coelho detalhar o caso da custódia, porque meu filme era principalmente sobre o seu trabalho e não queria transformá-lo em um drama de tribunal. No entanto, fiz uma pesquisa aprofundada de todo o episódio, a fim de chegar às minhas próprias conclusões sobre o que aconteceu ou deixou de acontecer.

Minha associação com Woody é antes de mais nada profissional, embora tenhamos mantido a amizade desde o documentário e continuemos trocando emails ocasionalmente, através de seu assistente (já que Woody ainda usa uma velha máquina de escrever). Quando escrevi a ele no dia seguinte à cerimônia, ele estava vagamente consciente do que Mia e Ronan haviam falado dele (novamente), mas não sabia direito o que era Twitter. Como ele não fica online, estava alegremente inconsciente de como a história foi crescendo. E mesmo que soubesse, não teria se importado.

As acusações de Mia são velhas, e o fato de que Ronan foi quem soltou a faísca não significava nada para Woody, já que não vê seu (possível) filho há 20 anos. Eu também sabia que Woody nunca responderia publicamente a nada disso. Sua indiferença à fofoca sempre me impressionou, não tanto como uma decisão mas como reação involuntária e orgânica. De fato, durante a troca de emails naquele dia em que mencionei o ataque no Twitter ele estava mais focado em me dar conselhos sobre um terçol em meu olho, que brinquei dizendo ser provavelmente um tumor no cérebro: “Concordo, você provavelmente tem um tumor cerebral. Deve colocar seus negócios em ordem o mais rápido possível, já que essas coisas podem evoluir depressa. Você talvez comece a ter alguns problemas de equilíbrio – não entre em pânico -, é natural no caso de um tumor cerebral”. E então me aconselhou a não usar os “últimos dias” me preocupando com Mia.

Dylan (Malone) Farrow a esquerda ao lado de sua mãe, Mia Farrow

Dylan (Malone) Farrow à esquerda ao lado de sua mãe, Mia Farrow

No decorrer do dia, parece que a desinformação na internet ia tornando-se exponencialmente espúria a cada minuto. Os blogueiros mais contundentes perguntavam: “É possível separar a arte do artista?” Ou “A América esta pronta para perdoar Woody Allen?”. A própria construção dessas questões presumia que Woody havia feito algo terrível, e tínhamos de decidir o quando permitiríamos que isso nos incomodasse. Minha esposa sugeriu que, na ausência de uma resposta de Woody, ele estava sendo difamado. Seu silêncio criava um vácuo que todos com um teclado nas mãos iriam preencher com o que acreditavam, pensavam acreditar ou ouviram falar sobre o artigo da Vanity Fair.

Considerei a possibilidade de entrar na briga, já que minhas credenciais estavam em ordem, por assim dizer. Pesquisei esses fatos e conhecia Woody, mas não eramos tão próximos a ponto de alguém me acusar com razão de estar em seu bolso. Muito pelo contrário, já que Woody havia me aconselhado a não me envolver. Mas, como me deparei com mais e mais artigos e posts plenos de desinformação, minha esposa me disse algo que me tocou profundamente: “Você tem tanto direito quanto qualquer outra pessoa a ponderar sobre isso, independentemente do que Woody pensa.”

Então aqui vou eu, contribuindo com o barulho de que estava reclamando.

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Existem basicamente duas questões em jogo: uma é o fato de Woody começar um relacionamento romântico/sexual com Soon-Yi Previn, filha adotiva de Mia, em 1991. Outra é a acusação de Mia – usada durante a batalha pela custódia dos três filhos que têm juntos – de que Woody molestara sua filha adotiva de 7 anos de idade. As pessoas tendem a confundir essas duas questões, então vamos examiná-las separadamente.

Primeiro, a situação com Soon-Yi:

Toda vez que me deparo com este tema na internet, parece que os mais indignados são também os que mais ignoram os fatos. A seguir estão os dez principais equívocos, seguidos por minha resposta em itálico:

1: Soon-Yi era filha de Woody. Falso

2: Soon-Yi era filha adotiva de Woody. Falso

3: Soon-Yi era filha adotiva de Woody e Mia. Falso. Soon-Yi era filha adotiva de Mia Farrow e André Previn. Seu nome completo é Soon-Yi Farrow Previn.

4: Woody e Mia eram casados. Falso

5: Wood e Mia moravam juntos. Falso. Woody morava em seu apartamento na Quinta Avenida, enquanto Mia e seus filhos moravam no Central Park West. Na verdade, em 12 anos, Woody nunca passou uma noite no apartamento de Mia.

6: Woody e Mia tinham uma união consensual. Falso. O estado de Nova York não reconhece a união consensual. Mesmo em estados onde reconhecem, o casal tem que morar junto alguns anos.

7: Soon-Yi via Woody como uma figura paterna. Falso. Soon-Yi via Woody como namorado da mãe. Sua figura paterna era seu pai adotivo, André Previn.

8: Soon-Yi era menor de idade quando ela e Woody começaram a relação. Falso. Ela tinha 19 ou 21 anos. (Seu ano de nascimento na Coréia não foi documentado, mas acredita-se ser 1970 ou 1972).

9: Soon-Yi era meio retardada. Pois sim! Ela é muito inteligente, tem uma licenciatura na Universidade de Columbia e fala mais línguas que você.

10: Woody estava preparando Soon-Yi desde pequena para ser sua futura noiva. Oh, por favor!

De acordo com documentos judiciais e com o próprio livro de memórias de Mia, até 1990 (quando Soon-Yi tinha 18 ou 20 anos) Woody “tinha pouco contato com qualquer filho de Previn, menos ainda com Soon-Yi”, então Mia encorajou-o a passar mais tempo com ela. Woody começou a levá-la para jogos de basquete, e o resto é história de tabloide. Assim, ele dificilmente “estava de olho nela” quando era criança.

Deixe-me acrescentar o seguinte: se alguém fica assustado com a ideia de um homem de 55 anos envolver-se com a filha adotiva de sua namorada, de 19 anos, eu entendo. Isso faz todo o sentido. Mas por que não esclarecer os fatos? Se os fatos reais são tão repugnantes para você, então por que aumentá-los?

É compreensível que Mia tenha ficado furiosa com Woody pelo resto de sua vida. Se estivesse na posição de Mia, tenho certeza de que me sentiria da mesma maneira. (Embora provavelmente lidasse com isso como assunto privado, e não  twittando acusações de pedofilia, poucos minutos antes de twittar “omfg [oh my fucking god], olha para esse bebê panda”.) Também entendo a raiva latente de Ronan Farrow (nascido Satchel), autor das famosas frases sobre Allen, “Ele é meu pai casado com minha irmã. Isso faz de mim seu filho e seu cunhado. É uma tamanha transgressão moral”. Contudo, este dilema particular pode ser resolvido pelas revelações recentes de Mia, de que o pai biológico de Ronan pode “possivelmente” ser Frank Sinatra, com quem Farrow casou-se em 1966, quando ela tinha 21 anos e o cantor 50.

Enquanto estamos no assunto, uma palavra sobre Sinatra: dizer que Ronan pode “possivelmente” ser filho de Sinatra implica que Mia estava pulando a cerca com seu ex-marido décadas após o divórcio. Retroagindo à data de nascimento de Ronan, isso significa que Farrow e Sinatra se reencontraram em março de 1987, quando ela tinha 42 anos e o garanhão de olhos azuis, 71. Esse ponto desmonta o mito de que Woody e Mia tinham um relacionamento monogâmico idílico até Woody por tudo a perder em 1992, já que Mia estava aparentemente saindo com seu ex cinco anos antes. Se Mia estava apenas “brincando” com Sinatra, era uma coisa muito insensível de se dizer, considerando o fato de que a mulher de Sinatra, Barbara, ainda está bem viva. Será que Mia parou para pensar como suas “brincadeiras” podem ter sido recebidas pela viúva Sinatra? Isso também se encaixa na definição de Ronan “transgressão moral”? (Pode-se também perguntar se Woody tem uma fortuna a ser reembolsada da pensão para a criança.)

Não estou aqui para criticar Mia. Acho que é uma atriz excepcional e admiro seriamente seu ativismo político. (Até mesmo a sigo no Twitter.) Mas aqueles que odeiam Woddy “pelo que fez com Mia” hão de se lembrar que, se Sinatra é de fato o pai biológico de Ronan, não teria sido a primeira vez que Mia engravidou de um homem casado. Em 1969, aos 24 anos de idade, ela ficou grávida do músico e compositor André Previn, 40, que ainda estava casado com a cantora e compositora Dory Previn. A traição levou Dory Previn a um colapso mental e a ser internada, quando recebeu terapia de choque elétrico. Mais tarde ela escreveu uma canção chamada “Beware of Young Girls” [Cuidado com Jovens Meninas], sobre Mia. Talvez dormir com o marido de sua amiga não seja tão negativo como dormir com a filha adotiva de sua namorada, mas se você está agitando a bandeira “Never Forget” em homenagem a Mia, vamos ser consistentes e reservar um momento para lembrar também a falecida Dory Previn. (Ou, melhor ainda, vamos esquecer a coisa toda, considerando que não é da nossa conta).

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Agora, sobre a questão mais delicada das acusações de Mia durante a custódia, o abuso sexual de Dylan/Malone.

Uma breve mas apimentada sinopse da acusação: em 4 de agosto de 1992, quase quatro meses após a revelação sobre o relacionamento de Woody com Soon-Yi provocar, compreensivelmente, uma tempestade na casa da família Farrow, Woody estava visitando Frog Hollow, a casa de campo de Farrow em Bridgewater, Connecticut, onde Mia e vários de seus filhos estavam hospedados. Num momento de descuido, Woody supostamente levou Dylan ao sótão, e digamos assim, “tocou-a de forma inadequada”. No final do dia, alegou-se que a criança estava com seu traje de verão, mas com as roupas íntimas faltando. No dia seguinte, a filha de Mia teria dito à mãe o que havia acontecido e Mia, como prova, gravou um vídeo da criança relatando a história.

Será que este fato realmente ocorreu? Se nos inclinamos a pensar duas vezes, podemos acreditar cada um no que quiser, mas nunca saberemos. Por que a adulta Malone disse que aconteceu? Porque obviamente acredita nisso, então, que bom ela ter falado abertamente sobre o caso à Vanity Fair. Seu irmão Ronan também acredita, então, bom para ele apoiar sua irmã em 140 ou menos caracteres. Ambos cresceram numa casa onde esse cenário foi aceito como fato incontestável, então por que não deveriam acreditar?

Ronan e Mia Farrow

Ronan e Mia Farrow

Sei que aqui estou trilhando um delicado caminho, expondo-me a acusações de “culpar a vítima”. No entanto, estou apenas traçando cenários, e você pode pensar o que quiser. Mas, se o relato de Mia é verdadeiro, isso significa que no meio das negociações de custódia e pensão alimentícia, quando Woody precisava ter seu melhor comportamento, em uma casa pertencente a sua furiosa ex-namorada, e cheia de pessoas fervendo de raiva dele, Woody, que é um claustrofóbico conhecido, decidiu que aquele seria o momento e o lugar ideais para levar levar sua filha ao sótão e molestá-la, rapidamente, antes que alguém da casa cheia de crianças e babás notassem o desaparecimento dos dois.

Mesmo as pessoas que defendem Woody na internet confundem muitas vezes alguns pontos. Alguns dizem equivocadamente que o tribunal considerou-o “não culpado” das acusações. O fato é que nunca houve tal decisão, porque ele nunca foi acusado de crime, uma vez que as investigações não levaram a evidências que sustentassem as acusações de Mia (e de Dylan).

Vamos voltar um pouco: as alegações de Mia sobre o abuso sexual acionaram automaticamente uma investigação criminal pela polícia do estado de Connecticut, a qual trouxe uma equipe do Hospital New Haven-Yale que, ao longo de seis meses de inquérito (incluindo exames médicos), concluiu que Dylan não tinha sido molestada. Já li afirmações recorrentes de que Woody “escolheu” a equipe de investigação. Porém, ninguém sugeriu como ou por que a equipe de Mia deixaria terceirizar a investigação por um grupo “escolhido” por Woody. Outros disseram que os investigadores conversaram com psicólogos da “lista de pagamento de Allen”, antes de inocentá-lo. A única coisa que posso acrescentar é que é natural que os investigadores tenham falado com os psiquiatras de Woody antes de dar-lhe um atestado de saúde. Então, tecnicamente, sim, psiquiatras de Woody receberam um monte de dinheiro de Woody durante anos. (Vamos até chamar de anuidade.) O mesmo seria verdade sobre seu dentista, seu oftalmologista e seu clínico geral.

Quanto ao vídeo-prova da jovem Dylan, observou-se que havia vários recomeços na gravação, criando “edições” no comentário da jovem. Isso levanta dúvidas sobre o que estava acontecendo quando a fita não estava rodando. Mia “treinou” sua filha, como sugerem os investigadores? Mia diz que não, ela apenas ligava a câmera sempre que Dylan começava a falar sobre o que o pai fizera. Talvez devêssemos levar a fala de Mia a sério. Já que não estávamos lá, acho que é uma boa política não presumir o que aconteceu.

O vídeo e os exames médicos não foram os únicos problemas enfrentados por Mia nas acusações de abuso contra seu ex-namorado. Houve também problemas com inconsistências na narrativa em off de sua filha. Um artigo do New York Times de 26 de março de 1993 cita o próprio testemunho de Mia, na qual ela se lembra de levar a criança ao médico no mesmo dia que o suposto incidente aconteceu. Farrow lembrou: “Eu acho que (Dylan) disse que (Allen) tocou-a, mas quando perguntamos onde, ela apenas olhou ao redor e apontou”, e nessa altura Mia acariciou seus ombros. Farrow lembra de ter levado Dylan a outro médico, quatro dias depois. Em juízo, os advogados de Allen pediram a Mia os resultados do segundo médico: “Não havia evidência nenhuma de prejuízos na área anal ou vaginal, correto?”

Farrow respondeu, “Sim.”

No meio do processo, em 2 de fevereiro de 1993, apareceu um artigo revelador no Los Angeles Times, com a manchete: “Babá lança dúvidas sobre as acusações de Farrow”, em que a ex-babá Monica Thompson (cujo salário foi pago por Allen, já que três das crianças também eram dele) jurou em depoimento para os advogados de Allen que ela foi pressionada por Farrow para apoiar as acusações de abuso sexual, levando-a a pedir demissão. Thompson tinha algo a dizer sobre o vídeo: “Sei que a fita foi feita ao longo de pelo menos dois ou três dias. Lembro-me de Mia Farrow dizer na época a Dylan, ‘Dylan, o que fez o papai… e depois o que ele fez?’ Dylan parecia não estar interessada, e Farrow parou de gravar por um tempo, para continuar em seguida”.

Thompson revelou ainda uma conversa que teve com Kristie Groteke, outra babá. “Ela me disse que se sentia culpada por ter permitido que Farrow dissesse aquelas coisas sobre Sr. Allen. (Groteke) disse que o dia que Mr. Allen passou com as crianças, ela não perdeu de vista Dylan por mais de cinco minutos. Ela não se lembra de ver Dylan sem calcinha.”

Em 20 de abril de 1993, uma declaração juramentada foi apresentada como prova pelo Dr. John M. Leventhal, que liderou a equipe de investigação sobre o abuso no Hospital New Haven-Yale. Um artigo do New York Times de 4 de maior de 1993 inclui alguns trechos interessantes de suas descobertas. Quanto à razão porque a equipe sentiu que as acusações não eram suficientes, Leventhal afirma: “Tivemos duas hipóteses: uma, que eram declarações feitas por uma criança emocionalmente perturbada que, em seguida, fixaram-se em sua mente. E a outra, de que ela foi treinada ou influenciada por sua mãe. Não chegamos a uma conclusão firme. Pensamos que era provavelmente uma combinação”.

Leventhal jura ainda que as declarações de Dylan no hospital contradizem a história que ela contou no vídeo. “Não eram inconsistências menores. Ela nos disse inicialmente que não tinha sido tocada na área vaginal, e então disse-nos que tinha, para depois dizer que não tinha”. Ele falou também que o relato da criança tinha uma “qualidade ensaiada”. Num certo ponto, ela disse, “Eu gosto de trapacear em minhas histórias”. A declaração juramentada conclui: “Mesmo antes das acusações de abuso feitas em agosto, a visão de que o Sr. Allen fosse um homem mau e horrível permeava o reduto familiar. A ideia de que ele havia molestado Soon-Yi, e por isso possivelmente molestado Dylan, permeou a casa… É bem possível – levando os fatos em consideração, medicamente provável – que (Dylan) ficou presa a essa história ao longo do tempo por causa do intenso relacionamento que teve com sua mãe.” Leventhal observa ainda ser “muito marcante” que, cada vez que Dylan fala sobre o abuso, emenda “um, o relacionamento de seu pai com Soon-Yi; e dois, o fato de sua pobre mãe” ter perdido uma carreira em filmes do pai.

Muito é falado pelos partidários de Mia pelo fato de que a equipe de investigação destruiu suas anotações coletivas antes de serem apresentadas no relatório. Além disso, os três médicos que compunham a equipe não testemunharam no tribunal, a não ser através do depoimento sob juramento do líder da equipe Leventhal. Não faço a mínima ideia se isso é prática usual ou altamente incomum. Não vou apostar um palpite sobre o que estava por trás da destruição das notas, assim como não vou querer saber por que Mia parou e recomeçou a filmagem, ao longo de dias, das lembranças de sua filha, ou quem foi o acusado de ter vazado a gravação de Dylan para outros, ou por que Mia não fez um teste no detector de mentiras. (Woody fez e passou.) Em qualquer caso, a destruição das anotações pode ter sido parte da razão pela qual, a despeito da decisão conclusiva dos investigadores de que Dylan não fora abusada, o Juiz Elliot Wilk declarou o relatório como “inconcluso.”

O juiz Wilk acabou por conceder a guarda de Satchel e Dylan a Mia. Então com 15 anos de idade, o jovem escolheu não ver o pai, um direito seu. Foi uma vitória duramente conquistada por Mia, que voltou para casa com oito dos seus nove filhos intactos. Ela iria adotar mais seis, incluindo Thaddeus Wilk Farrow, nomeado em homenagem ao Honorável Juiz Wilk.

A Woody foram garantidas visitas supervisionadas a Satchel, mas seu pedido de visitas a Dylan foi imediamento negado, até que a jovem passasse por um período de terapia, depois da qual uma revisão sobre visitas seria considerada. Por uma questão legal, a investigação do possível abuso criminoso iria continuar.

Quase quatro meses após a decisão de Wilk, as autoridades de Connecticut abandonaram a investigação criminal, resultando numa declaração incomum de Litchfield, o procurador da cidade de Connecticut Frank Maco, que rejeitou as acusações de abuso contra Woody, mas ainda manteve que ele tinha “causa provável” para acreditar em Dylan. Para muitos, a decisão deixaria Woody numa espécie de limbo moral. Legalmente, ele foi inocentado de tudo – exceto de uma escura nuvem de suspeita. Woody ficou furioso, e chamou uma coletiva de imprensa na qual se referiu à Procuradoria do Estado como “covarde, desonesta e irresponsável. Ainda hoje, eles se contorcem, mentem, suam e sapateiam, tentando pateticamente livrar a cara e justificar sua miséria moral… não há provas contra mim. Não há nenhuma, agora. Prometo a vocês, eles podem me manchar, eles sempre alegam ter provas; mas aviso que, de alguma forma, vão conseguir encontrar razões pelas quais não conseguem mostrá-las a vocês”.

A coletiva de imprensa de Woody feita ad-hoc para televisão foi amplamente coberta pela imprensa. Menos divulgada foi uma notícia que apareceu no New York Times, cinco meses depois (24 de fevereiro de 1994), relatando que um grupo disciplinar considerou as ações da Procuradoria de Frank Maco (o cara da “causa provável”) razão de “grave preocupação”, a qual pode ter prejudicado o caso. Finaliza dizendo que Maco enviou sua “causa provável” ao juiz do Tribunal do Surrogate em Manhattan, que ainda estava decidindo a questão da adoção de Dylan e Moses por Allen, a qual Mia estava tentando anular. “Na maioria dos casos, [os comentários de Maco] teriam violado as obrigações do procurador com o acusado. [Sua ações foram] impróprias, não solicitadas e potencialmente prejudiciais”, avaliou o grupo. O artigo afirma que a agência poderia ter votado sanções contra Maco, que vão de censura a expulsão. Embora a decisão fosse bastante contundente, Maco teve o equivalente a um tapa no rosto. Dois anos depois, a reprimenda foi anulada, mas Mia não teve sucesso na tentativa de anular as adoções. Legalmente, Woody continua sendo pai adotivo de Dylan e Moses.

Moses Farrow, com 36 anos, é um fotógrafo realizado, e se afastou de Mia por vários anos. Em uma conversa recente ele falou que “finalmente vê a realidade” de Frog Hollow e usa o termo “lavagem cerebral” sem hesitação. Recentemente, restabeleceu contato com Allen e está atualmente reconstruindo um relacionamento renovado com ele e Soon-Yi.

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A vida continuou para ambos, Woody e Mia, respectivamente. Além de ampliar sua família, Farrow se tornou reconhecida como líder de movimentos humanitários, com atenção especial à causa de crianças em zonas de conflito. Trabalhou diligentemente para chamar atenção ao genocídio sudanês, em Darfur, tendo feito diversas viagens à região e recebido vários prêmios pelos seus esforços humanitários neste processo. Woody Allen continuou seu ritual de escrever e produzir um filme ao ano – um ritmo sem antecedentes que mantém desde 1969. Os elogios e prêmios continuam a chover, mas ninguém se importa menos do que Allen, que tradicionalmente se mantém longe de qualquer cerimônia de premiação.

Woody Allen e Soon-Yi

Woody Allen e Soon-Yi

Em 1997, Woody e Soon-Yi se casaram em Veneza, na Itália, e adotaram duas filhas. Qualquer pessoa que já tenha adotado está familiarizado com o processo conduzido por assistentes sociais e agências governamentais responsáveis por zelar pelo bem-estar das crianças. Desnecessário dizer que o caso de Woody e Soon-Yi não foi exceção, especialmente considerando-se a alta notoriedade alcançada pelos fatos ocorridos em 1992-93. Ambas as adoções, realizadas em dois estados diferentes, foram acompanhadas de perto pelas cortes e juízes dos dois estados, que não encontraram razão alguma para que Woody e sua esposa não fossem autorizados a adotar. As meninas, agora com 13 e 15 anos, chamam-se Bachet (em homenagem ao saxofonista/clarinetista de jazz Sidney Bachet) e Manzie (pelo baterista de jazz Manzie Johnson).

Levei pouco mais de dois anos para concluir meu filme, Woody Allen: Um Documentário. Conduzi horas de entrevistas filmadas com Woody, que não colocou nenhuma limitação às perguntas que eu poderia fazer, ou tópicos a serem evitados. Apesar de ter filmado algumas cenas em Londres e Cannes, a maior parte das gravações foram feitas em Nova York. Em mais de uma ocasião, enquanto eu planejava as entrevistas que seriam feitas com Woody, descobri que não poderia agendá-las de manhã, quando ele caminhava com suas filhas para a escola ou comparecia a reuniões entre pais e professores. A normalidade de sua vida doméstica era de alguma maneira surpreendente para mim. Não cheguei a passar muito tempo com suas filhas, mas as encontrei em algumas ocasiões e recebi um apressado “oi” enquanto elas iam fazer suas coisas com as amigas. A única tensão particular entre pai e filhas que presenciei foi elas acharem o pai malvado por não deixá-las ter um cachorro, e um idiota por não saber usar o computador. Para que ninguém me acuse de estar no bolso do Woody, confesso que concordo com as meninas em ambos os tópicos.

Minha mais recente relação profissional com Woody aconteceu no mês passado, quando me pediram para fazer a montagem do clipe sobre Allen para o Globo de Ouro. O editor de montagem, Nicholas Goodman, e eu queríamos acrescentar um breve momento da “Rosa Púrpura do Cairo” em que Mia aparece. Os produtores estavam preocupados se ela assinaria a concessão de uso de imagem para o clipe. (O Sindicato de Atores de Cinema e Televisão mantém regras bem restritas quanto à autorização de uso da imagem de um ator em qualquer clipe com excertos ou compilações). Pensei que seria improvável Mia rejeitar, já que ela havia assinado o termo que autorizava sua aparição no meu documentário, em clipes de diversas durações de vários dos filmes do Allen. Na época, eu estava extremamente agradecido por sua cooperação, já que sua recusa significaria uma lacuna de 12 anos no meu filme, e Mia teria sido extremamente notada por sua ausência.

Até cheguei a pensar que, 20 anos depois do ocorrido, talvez o processo de cura estivesse começando a acontecer. Como mais um sinal de boa vontade, Mia assinou o termo de permissão de uso de imagem da “Rosa Púrpura do Cairo” para o clipe do Globo de Ouro. Os produtores do show ficaram muito agradecidos. Todos concordavam que seria uma pena não poder reconhecer a contribuição do trabalho de Mia em tantos dos melhores filmes de Allen.

Na cerimônia em Bervelly Hills, a atriz Emma Stone, tendo trabalhado com Woody apenas em seu último filme, “Magic in the Moonlight”, apresentou a montagem, seguida pelo discurso da substituta de Allen, Diane Keaton, que foi tipicamente sentimental, frágil e muito Keatonesco. Woody, que teria vomitado do começo ao fim caso estivesse lá, estava em Nova Iorque no Teatro Stephen Sondheim, na estréia da peça “Beautiful: The Carole King Musical”, cujo livro fora escrito pelo amigo Doug McGrath. Woody já havia me dito que, se o espetáculo terminasse cedo, esperava chegar em casa a tempo de assistir às quartas de finais do futebol.

Aparentemente, Mia e Ronan deram mais importância às festividades do que Woody, vendo na ocasião uma oportunidade perfeita para denegri-lo. O primeiro dos Tweets de Mia, postado no início da sessão sobre Woody, era contido e até meio fofo: “Hora de pegar sorvete e mudar o canal para #GIRLS”. Eu sorri quando o li, e pensei “Por que não? Você já viu a montagem quando aprovou o uso de sua imagem no clipe.” O segundo Tweet, referindo-se ao artigo recente na Vanity Fair, foi um pouco mais pesado: “Uma mulher declarou publicamente que Woody Allen a molestou quando tinha 7 anos. A homenagem do Globo de Ouro mostra desprezo por ela & todas as sobreviventes de abusos.”

Este me intrigou. Achei estranho dizer que o Globo de Ouro mostrava desprezo a todas as mulheres sobreviventes de abusos, quando Mia de participou livremente da celebração ao assinar o termo de permissão de uso de sua imagem no clipe, quando teve todas as oportunidades de declinar. Certamente não estava sob nenhuma espécie de pressão, e tínhamos inclusive uma versão alternativa do clipe sem ela, pronta para ir ao ar caso ela assim desejasse. Parece que Mia ou queria ambas as coisas, ou simplesmente assumiu que ninguém jamais saberia que ela era cúmplice do tributo. Quando vi o seu terceiro tweet, “Ele é um pedófilo?”, linkado ao artigo da Vanity Fair, meu pensamento mais caridoso foi que esta mulher precisa superar a si mesma. Minha parte mais perniciosa queria republicar o seu tweet, mas trocar o link da Vanity Fair por outro que levava a um artigo sobre a recente sentença de 10 anos de prisão recebida por seu irmão, John Charles Villers-Farrow, por múltiplos casos de molestação de crianças – um fato sobre o qual ela tem silenciado de maneira incomum, considerando sua propensão para acusar supostos (e muito menos condenados) molestadores a quem ela expôs seus filhos. 

Eu estava de certo modo impressionado com o tweet de Ronan Farrow, agora famoso, no verão de 2012: “Feliz dias dos pais – ou, como eles dizem na minha família, feliz dia do cunhado”. O alvo era justo, e me lembro de pensar que Ronan tinha herdado a sagacidade de seu pai – antes que a paternidade real entrasse em questão. (Um bom senso de humor e a capacidade de pensar por si só são úteis em seu próprio programa na MSNBC.) Mas seu tweet na noite do Globo de Ouro foi um pouco mais cruel: “Perdi o tributo a Woody Allen – eles colocaram aquela parte em que uma mulher confirmou publicamente ter sido molestada por ele aos sete anos antes ou depois do trecho do filme ‘Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’?” Brevidade pode ser a alma da sagacidade, se não precisasse de cuidado. Se ele tivesse dito que uma mulher confirmou um “suposto” abuso sexual, não teria desencadeado a reação que buscava, a apenas algumas semanas da estreia de seu show. Para lembrar os leitores de que a mulher está relembrando memórias de sete anos de idade, quando uma investigação com duração de seis meses a caracterizou como “emocionalmente perturbada”, e que em suas afirmações ela pode ter sido “treinada ou influenciada por sua mãe”, demanda um pouco mais de 140 caracteres.

Eu já disse, mas não custa repetir: Sei que Dylan/Malone acredita que esses fatos aconteceram, e sei que Ronan também acredita nisso. Não estou numa posição de dizer que não ocorreram, mais do que qualquer outra pessoa na internet pedindo a cabeça de Woody. A questão é que as acusações fazem manchetes; retratações são enterradas na página doze, e acusações coercitivas são tão realidade quanto confissões coercitivas. Desde que Woody, literalmente, não presta atenção a essas coisas, e continua a trabalhar e ter sua vida doméstica feliz, eu jamais sugeriria que ele é uma vítima neste caso. A vítima real tem sempre sido Malone. Para mim, de qualquer maneira, a pergunta real é: quem está se vitimizando, e será que a dor realmente se cura melhor sob os holofotes públicos? Não pretendo ter a resposta para nenhuma destas perguntas.

Malone, que hoje é uma escritora e artista, alegremente casada com um especialista em tecnologia da informação, tem vivido uma vida que parece tranquila fora dos holofotes. Obviamente, se ela acha que a entrevista para a Vanity Fair é uma parte necessária para seu processo de cura, este é seu direito. Só espero que tenha conseguido encerrar a questão, e sinceramente desejo a ela toda felicidade e paz que tem procurado. Posso até elucidar para ela um minúsculo mistério, do qual enho conhecimento pessoal. No artigo da Vanity Fair, Malone diz que quando estava nos últimos anos na faculdade, recebeu pelo correio um envelope de Woody, cheio de fotos deles juntos. Ela não reconheceu a caligrafia, mas “[o envelope] tinha um nome falso para retorno: Lehman”. Quando eu estava trabalhando no meu documentário, ocasionalmente pedi materiais para o escritório de Woody, que me eram enviados por correio pelo seu assistente, cujo nome aparecia no endereço do remetente. Durante os últimos anos em que Malone estava na faculdade, Woody tinha um assistente que se chamava Lehman. Pronto, aqui está um mistério resolvido. Se apenas os outros fossem tão simples.

Sobre a confiabilidade e objetividade do artigo na Vanity Fair, eu realmente não posso tomar posição. Sei que a publicação foi processada em 2005 pelo diretor Roman Polanski que, em 1977, foi considerado culpado por ter tido relações sexuais ilícitas com uma garota de 13 anos em Los Angeles. A revista publicou um artigo declarando que, em 1969, Polanski havia sido visto dando em cima de uma jovem modelo no restaurante Elaine, na cidade de Nova Iorque, a caminho do funeral da sua esposa Sharon Tate, que foi brutalmente assassinada pela família Manson. Uma das testemunhas a favor de Polanski foi Mia Farrow, que, me disseram, continua amiga do diretor até os dias de hoje. É isso que amigos fazem. De fato, seu suporte a Polanski foi tão firme que, quando ele ganhou o Oscar em 2002 pela direção de sua obra prima, O Pianista, Mia nunca sugeriu que a Academia de Cinema, ao homenageá-lo, mostrava desprezo a todas as sobreviventes de abusos sexuais. Mas, de novo, estes eram os dias antes do tweet.

Polanski ganhou o processo contra a Vanity Fair. Foi provado que o diretor nem sequer estava em Nova Iorque a caminho do funeral de sua esposa, que aconteceu em Los Angeles.

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8 comentários para "Woody Allen: condenado por sensacionalismo?"

  1. Carolina disse:

    O fato de Woody Allen casar com a filha (Soon-Yi) da namorada não é nem um pouco comum, e por isso soa muito estranho. Ao mesmo tempo eles assumiram, são casados e com filhos. O amor superou para eles.
    Eu entendo perfeitamente a dor de Mia, foi uma humilhação, uma pessoa pública ect.. O que eu acho triste é a raiva dela por Allen ser maior do que o amor pela própria filha (daylan) – isso se ele for culpado ou não.

  2. PEDRO disse:

    PEDRO(Argentina) Woody Allen es un FARSANTE con cara de inocente

  3. Ricardo disse:

    Cara Rosa
    Você devia ler o que escreveu essa moça aí de baixo, a Kalini. Ela foi muito mais sábia nas suas observações do que o que bem parece ser apenas recalque vociferante seu. Ou seja, esse tipo clássico de feminismo histérico em que toda suspeita de ser vítima de violação serve como bandeira da causa contra a iniquidade do poder masculino. O mundo é bem mais complicado que isso! Esse tipo de conversa só serve pra animar o fígado dos já conversos à sua cartilha. Não espere que as pessoas minimamente inteligentes levem a sério besteiradas como as que você recita. Toma tento! Você só vai conseguir captar repugnância para a sua causa. Tente ser mais inteligente!

  4. Kalini Puri disse:

    Se depois de tantas investigações nada foi provado… concluo que histeria atinge demais as mulheres e nesse contexto acho acertado não dar ouvidos a algo que parece realmente ter sido um grave problema proveniente da forma como as pessoas se relacionaram. O que mais indica isso é o comportamento do filho mais novo que conviveu com tudo e conhece muito bem todos os envolvidos. Não creio que o fundo de tudo seja dinheiro mas sim a dor psicológica que surgiu das relações. Quem não sentiria vontade de se vingar de um enorme mal estar? Quem tem de fato a capacidade de perceber isso conscientemente e de lutar contra os próprios recalques? Não é fácil nem simples nem pouco doloroso.

  5. Rosa disse:

    As vítimas de violência sexual seja dentro das famílias ou fora dela, costumam ser desacreditadas, ainda mais quando o agressor é um HOMEM FAMOSO e prestigiado como esse.
    Woody teve a cara de pau de ter um caso com a filha adotiva da parceira, ele e Mia começaram o relacionamento quando Soon Yin e a vítima eram crianças. Ele se tornou, pela convivência, a figura paterna das duas e como explicitam as estatísticas, a maioria dos abusos sexuais é cometida por pais e padrastos. Logo, o Woody está inserido no contexto que marcam os abusos sexuais cometidos contra meninas nas famílias.
    E como disse no começo, essas vítimas costumam ser desacreditadas. E por isso mesmo, eu vou ficar ao lado de quem afirma que sofreu a agressão.

  6. mara rodrigues de figueiredo disse:

    A filha do Wood deveria fazer analise por alguns anos para conseguir ficar com os pensamentos proprios e achar a sua identidade que deve ser muito artistica .Ja A MIA não sei se terapia resolvesse pode ser um problema ge´netico

  7. Sr. Obrigatório disse:

    Você acredita que há cura para quem vive uma situação como essa? Pois não há. Pense bem. Você pode estar defendendo um monstro.

  8. Carlos disse:

    Assim caminha a humanidade americana (EUA) ou a Humanidade ou, ainda, a vaidade humana?

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