Voltar quase sempre é partir para outro lugar

No caminho sinuoso do amor, ansiedade e turbulência. Em Moreré, Bahia, sagrado encontro entre mar e mata: o infinito, liberdade e certeza de arrepiar

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Por Mariana Caldas, na coluna Outro Lugar

Foi sofrido deixar o Capão. Mas é impossível não ser. Uma vez lá, um pedacido do seu coração fica e um pedacido da imensidão vem. É como se os caminhos se alargassem feito rio Amazonas quando vira mar. E é uma expansão perene, pode acreditar.

A estrada foi longa até Moreré. As sinuosas curvas de Mercúrio então retrógrado fizeram com que a travessia fosse turbulenta, porém valiosa. De se aflorar os símbolos metafísicos. Era ansiedade. Sabe? Aquela que vem quando a gente pressente que a dádiva é de amor. E foi lindo mesmo. Acho que não poderia ser diferente. Um encontro com as energias sagradas do mar com a mata é sempre tão forte quanto revelador.

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E no vai e vem daquela maré azul entendi muitas coisas sobre mim mesma. É incrível como às vezes precisamos dar voltas para finalmente chegar onde realmente queremos estar. Agradeci aos ventos do coração que me levaram de volta até aquele momento que me parecia tão passado quanto futuro, e agora é tão presente dentro de mim.

Eu só queria mesmo estar ali. Entre um mergulho, uma soneca, uma caminhada, um amor e um bolinho de aipim da Dona Daluz. Sentindo nascer essa mesma presença que, hoje, se espalha feito raiz no meu peito adentro, enquanto revivo esses momentos que me são tão profundamente importantes.

Voltei da Bahia casada, “desempregada” e livre. Sentindo uma certeza que arrepia o meu coração. Todos os dias. Até hoje, amanhã e depois. E neste instante, enquanto escrevo essas palavras nesta página meio cheia, meio vazia, me sinto infinita. Como diz meu mestre-poeta-do-amor Paulinho da Viola, voltar quase sempre é partir para um outro lugar.

 

 

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