Trabalho sexual, dignidade e preconceitos

Nos últimos anos, prostituição foi equiparada a tráfico humano e ofício indesejável. Este erro envolve, infelizmente, feministas ortodoxas

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Nos últimos anos, prostituição foi equiparada a tráfico humano e ofício indesejável. Este erro brutal atinge, infelizmente, as feministas ortodoxas

Por Marília Moschkovich | Imagem: Pan Yuliang

I. Porto Alegre, janeiro de 2002

Fórum Social Mundial. Eu devia ter uns quinze anos. Na vasta programação, uma oficina me chamou a atenção: um debate organizado pela “Liga Brasileira de Prostitutas” (se não me falha a memória, o nome era esse na época). Era novidade pra mim que as prostitutas se organizassem – eu que, menina de classe média, jamais havia conhecido prostituta alguma, claro. Quem seriam aqueles seres praticamente de outro mundo? Achando inconcebível a ideia de alguém se prostituir por escolha, resolvi ir à atividade para conhecer “de perto” as mazelas das pobres, coitadas e exploradas mulheres que eu escutava que eram tão oprimidas.

Foi um tapa na cara.

Escutando o que as debatedoras tinham a dizer, ficou claro para mim que o estereótipo que eu tinha dessas mulheres era uma grande bobagem, e uma bobagem extremamente estigmatizante. Em primeiro lugar, porque ele não dava conta da diversidade de contextos e situações vividos por elas. Quer dizer, ali na minha frente, microfone em punho, havia três debatedoras. A primeira era uma travesti, formada em Direito, advogada, com os documentos regularizados, mas que não conseguia trabalho na área. Por isso, mantinha a prostituição como principal fonte de renda. A segunda era uma mulher cisgênera, que havia trabalhado como empregada doméstica, preferindo mais tarde a prostituição. A terceira era também travesti, que desde sempre havia escolhido a prostituição como trabalho.

Estavam presentes ali características diversas que desconstruíam o mito perverso que confunde prostituição com tráfico de pessoas. Nenhuma delas havia sido traficada, e nenhuma delas tinha a prostituição como única escolha profissional. Ao longo da discussão, contaram suas histórias, mostrando que, em dado momento na vida, definiram que o ritmo de trabalho e a renda obtidas com a prostituição eram melhores do que dezenas de outras possibilidades – atendente de loja, caixa de supermercado, diarista, doméstica mensalista, garçonete e atendente de telemarketing eram algumas das profissões que contavam ter descartado. Foi ali que me caiu a ficha: desconsiderando que o trabalho das prostitutas é um serviço quase sempre (mas nem sempre) sexual, o que o diferenciava então de subempregos bem aceitos socialmente?

Corta. (e guardem a pergunta)

II. Paris, janeiro de 2010

O mandato do conservador Nicolas Sarkozy chegava a sua metade. Dentre as medidas retrógradas adotadas, o movimento feminista francês (em parte) esbravejava quando desembarquei no aeroporto Charles de Gaulle em férias, preparando-me para ingressar no mestrado. Havia poucos dias ou semanas as prostitutas haviam sido proibidas de trabalhar em público, procurando clientes nas ruas. A medida fez com que muitas trabalhadoras autônomas passassem a se submeter a regras de outrem (proprietários de casas, donos de apartamentos e motéis/hotéis, etc), tampouco regulamentadas no país.

Naquele mês, uma de minhas atividades favoritas era ir ao cinema. Passei em frente a uma portinha na boca da praça Saint Michel, e um cartaz anunciava em letras enormes o documentário “Travailleuses du sexe et fières de l’être” (algo como “Trabalhadoras do sexo, com orgulho”). Haveria um debate, após a exibição do documentário, com o documentarista e uma antropóloga. “Cadê as putas?”, pensei logo, “Elas não têm nada a dizer no debate?” – mas supus que estariam bem representadas no filme.

O filme… Ah, o filme.

Tentei encontrá-lo com legendas e não consegui. Para quem quiser arriscar o francês, fazer legendagem ou tentar legendas automáticas no youtube, o documentário completo pode ser acessado aqui. O filme faz um panorama da situação dos direitos trabalhistas de prostitutas e outras trabalhadoras e trabalhadores do sexo (alô, minha gente, o mercado do sexo é bem amplo, viu?) em diferentes países da Europa. Por meio das entrevistas, mostra o quanto a garantia de direitos básicos afeta a vida dessas mulheres. No debate em seguida, lá estavam elas, como eu, na plateia: desafiando o documentarista e a antropóloga que defendiam (!) a lei assinada por Sarkozy. Com feministas de diferentes grupos, deixavam claro que queriam que essa fosse uma escolha profissional como outra qualquer.

Algum tempo mais tarde assisti também o incrível 69 – Praça da Luz (veja aqui), documentário de Carolina Markowicz e Joana Galvão, sobre a vida de prostitutas que trabalham no centro de São Paulo. Quem assistir por último é a mulher do padre!

Corta de novo.

III. Quase-janeiro de 2014

O debate volta à tona. O PL 4211/2012 (clique para ler na íntegra), chamado de Lei Gabriela Leite, é defendido pelo deputado federal Jean Willys, por alguns grupos feministas e por prostitutas politicamente organizadas no Brasil. Ao mesmo tempo, é atacado por ativistas feministas mais ortodoxas e suas organizações (como a Marcha Mundial das Mulheres, ou a organização de mulheres da CUT). Embora esteja na crista da onda, o debate sobre essa lei específica começou tão logo ela surgiu. Em pouco mais de um ano já vimos militantes feministas atacando a proposta, outras divergindo da posição oficial do grupo ao qual pertenciam e defendendo o projeto, e eu dei meu pitaco aqui.

Para animar o debate corrente (que se acirra com a proximidade da Copa do Mundo, evento que além de movimentar bilhões no mercado do esporte também aquece o mercado do sexo), na semana passada o governo francês aprovou uma lei criminalizando os clientes de prostitutas. O presidente já não é Nicolas Sarkozy, ultra-conservador, mas um representante do Partido Socialista! A medida, porém, bem poderia ter sido assinada por Sarkô, dado o teor da proposta. Em vez de criminalizar a prostituição, o Estado criminaliza sua clientela, tornando a prostituição oficialmente parte de um “mercado negro”. A divisão em terras francesas está parecida com a nossa: de um lado setores ortodoxos da esquerda e do movimento feminista ignorando os movimentos organizados dessa parte da classe trabalhadora, e de outro as trabalhadoras do sexo organizadas politicamente e setores menos ortodoxos do feminismo e da esquerda.

Mas afinal de contas, como lidar com a questão da prostituição dentro do feminismo?

IV. Três questões fundamentais

Para começar esse debate – que já mencionei e retomarei aqui em breve – é preciso atenção a três pontos fundamentalíssimos. Não são os únicos três pontos importantes da discussão, e prometo abordar outros mais adiante (inclusive alguns ligados mais diretamente aos argumentos das feministas radicais e ortodoxas sobre o assunto, que estão sendo propositalmente deixados de lado aqui, por merecerem uma análise mais fina).

1. É preciso distinguir: prostituição não é tráfico de pessoas.

Parece uma coisa boba, mas não é. A prostituição é uma das atividades econômicas associadas ao tráfico de pessoas, em especial de mulheres, nos dias de hoje. No entanto, é preciso compreender que, sendo muito mais antiga do que o tráfico de pessoas, não é a prostituição que o causa. É o capitalismo. O capitalismo causa trabalho análogo ao escravo e tráfico de pessoas em dezenas de indústrias e mercados (o que dizer daquela sua roupinha linda comprada na Marisa ou na Zara?), e não apenas no mercado do sexo. Fazer uma associação direta e necessária entre prostituição e tráfico de pessoas é uma ilusão – ilusão essa que, inclusive, apaga a realidade do tráfico de pessoas em diversas outras atividades social e moralmente “mais aceitas”.

Durante o século XX, foi criado o mito do “tráfico de mulheres”. “Mito”, aqui, não quer dizer que ele não exista — mas que os fatos são costumeiramente distorcidos, para reforçar a ideia de que as mulheres, se não fossem forçadas, jamais aceitariam ser prostitutas. Para quem duvida ou quer se informar melhor, dois bons artigos sobre isso estão aqui e aqui. Pra quem tiver tempo, recomendo ainda o ensaio de Emma Goldman sobre o assunto , assim como sua apresentação escrita pela Profª Margareth Rago , e o ensaio-comentário da antropóloga Gayle Rubin (“The trouble with trafficking”) [livro completo, em inglês] .

2. Todo cuidado é pouco com a arrogância militante e atitudes “colonizadoras”

Uma das atitudes mais estratégicas dos grupos conservadores que associam prostituição a tráfico de pessoas é, precisamente, não escutar a classe oprimida em questão. Quer dizer: quem sabe o que é melhor para as trabalhadoras do sexo? Elas mesmas, ou as militantes, padres e pastores iluminados moral e politicamente? Falei uma vez sobre “síndrome da militância arrogante“, que é mais ou menos isso. Consideramos as ideologias como verdades absolutas e nos esquecemos de ouvir quem importa. Afinal de contas, será que acharíamos aceitável que apenas homens definissem a legislação sobre o corpo das mulheres (como o aborto)? Acharíamos aceitável que apenas brancos discutissem e fechassem leis sobre cotas raciais, ignorando a existência do movimento negro? Então por que parece tranquilo, para tanta gente, que não-prostitutas definam os direitos trabalhistas das prostitutas, ignorando completamente seu movimento politicamente organizado e suas reivindicações?

No feminismo intersecional, chamamos essas atitudes de “colonizatórias” ou “colonizadoras”. Quer dizer: pessoas em situação de privilégio utilizam esse privilégio para destituírem o “outro”, desprivilegiado de agência. Agência é a capacidade – o poder – de agir, tomar decisões por si próprio, considerar os fatores e consequências envolvidos em seus próprios atos.

3. Em nossa sociedade, todo moralismo é machista.

Se considerarmos que a prostituição e o tráfico de pessoas são duas coisas distintas, fica realmente difícil entender por que a prostituição deveria ser proibida e fabricar e usar roupas, não (já que na realidade há associação entre tráfico de pessoas – especialmente mulheres – e confecções, em grandes cidades brasileiras). Eliane Brum escreveu lindamente sobre isso aqui e eu reforço a mesma posição: por que achamos que uma mulher adulta, consciente, dotada de agência, não pode escolher viver prestando serviços sexuais? Não vou nem entrar no mérito de questionar a prostituição como serviço exclusivamente sexual. Deixo isso para outra hora.

Há três grandes diferenças entre prostituição e confecção de roupas, agricultura e outras profissões também permeadas pelo tráfico de pessoas. A profissão não é regulamentada (o que torna suas trabalhadoras ainda mais vulneráveis, pois não possuem nenhuma ferramenta de proteção legal como outras categorias). O serviço está ligado, pelo menos em grande parte das vezes, à prática sexual. Disso decorre que, ao tratar o sexo como serviço pelo qual se pode pagar, a prostituição desafia uma crença moral muito forte — a de que sexo deve sempre ser feito por amor, afeto e tesão “espontâneos”.

Questões morais legítimas convertem-se em moralismo quando tenta-se utilizá-las como régua única, generalizadora e brutal sobre todas as realidades de todas as pessoas. É o que acontece quando uma militante feminista diz que a prostituição é necessariamente um mal, e que nenhuma mulher faria isso se não fosse forçada por condições econômicas ou pelo “patriarcado”. Na régua de valores dessas militantes o sexo não pode ser vendido (isso quando não trocam alhos com bugalhos e dizem que o que está sendo vendido é o corpo — uma grande mentira combatida pelos movimentos de trabalhadoras do sexo do mundo todo).

Somem a tudo isso a tal síndrome da militância arrogante – o assalto à agência dessas mulheres todas que trabalham no mercado do sexo – e, voilà, o estrago está feito. Temos então feministas que, em vez de defenderem a liberdade de as mulheres fazerem o que quiserem com os próprios corpos, defendem pautas que as proíbem de escolherem por si mesmas. Roubam-nas de sua agência. Fingem que não escutam. Invisibilizam. Ora, o raciocínio é o mesmo em relação ao aborto, minhas amigas: quem o pratica deve sofrer violências e ser abandonada pelo Estado, pelo simples fato de você estar decidida a não abortar?

Em 17 de dezembro, celebra-se o dia internacional de luta pelo fim da violência contra as trabalhadoras do sexo. Até lá, espero sinceramente que a discussão se aprofunde. Vamos trocar os discursos prontos pela informação, reflexão e debate. Acima de tudo, como sempre, meu melhor conselho para as que estamos do lado privilegiado da história (no caso, quem não trabalha no mercado do sexo) é: ouçamos.

PS.: o debate feminista sobre práticas sexuais (prostituição, BDSM, pornografia, etc) vai muito, muito longe e é delicioso; prometo voltar a ele em breve!

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15 comentários para "Trabalho sexual, dignidade e preconceitos"

  1. Fátima disse:

    A prostituição não é uma exclusividade do gênero feminino, portanto, a história do machismo, a meu ver, não seria uma desculpa de fachada para seu “preconceito escondido”? mesmo porque as leis ajudariam no combate ao machismo, já que os clientes teriam mais comprometimento e respeito em relação ao parceiro(a) sexual.
    O importante sim, é proteger todas as pessoas, de todos os gêneros, com leis que deem segurança no trabalho e garantias na profissão.

  2. Monique Prada disse:

    Nem toda a prostituta aceita a ideia de submissão sexual, nem toda a prostituta está disposta a abrir mão do seu desejo em detrimento do desejo alheio. Esta visão do trabalho sexual é equivocada e deve ser combatida. Existe espaço para uma outra abordagem do trabalho sexual. A luta pelos direitos das trabalhadoras sexuais deve levar isso em conta. Não queremos apenas sair de baixo do tapete. Queremos respeito, na cama e fora dela, para todas as mulheres – as que cobram por sexo e as que não cobram por sexo. Somos todas mulheres.

  3. Monique Prada disse:

    eu desejo em detrimento do desejo alheio. Esta é uma visão equivocada. Há espaço para uma outra abordagem do trabalho sexual. A luta pelos direitos das trabalhadoras sexuais deve levar isso em conta. Não queremos apenas sair de baixo do tapete. Queremos respeito, na cama e fora dela, para todas as mulheres – as que cobram por sexo e os respeito, na cama e fora dela, para todas as mulheres – as que cobram por sexo e as que não cobram.

  4. marcio ramos disse:

    … essa Marília é da-na-da!!!!
    … tempos passados a puta era aquela conhecida como “mãe solteira”, em geral a mulher que engravidava antes de casar, não casava e a familia e a sociedade colocava de lado e pronto so sobrava a prostituição ou o convento ou os dois…
    … ontem e hoje ainda temos as meninas de familias miseraveis, desestruturadas e levando uma vida infernal, acabam se prostituindo da pior forma, porque tem a melhor formula…
    … hoje cada vez mais a gente vê mulheres aptas a vários empregos que preferem se prostituir, homens tambem, ja as trans sofrem muito mais com o preconceito mas algumas trabalham e se prostituem… ou seja tem alguma coisa ae…
    … com a criminalização o preconceito aumenta, o agenciamento inflaciona o preço do trabalho ( ta foda pagar 250 pilas em media por uma trepada sabendo que a puta fica com metade e olhe lá e aquelas que acabam se prostituindo por uma pedra de crack são vitimas desta politica também….) coloca todo mundo na clandestinidade, a criminalidade vem na sombra e tá feito o clima para todo tipo de abuso, problemas de saude, etc etc etc….
    … hoje para muitas mulheres, trans, homens etc prostituição é opção, tem que regularizar isso ai logo… tem de tudo, mulheres casadas se prostituem por dinheiro e aventura – não acho sexo uma aventura, não implica risco na minha opinião mas a prostituição implica – garotas que querem uma experiencia eu ja conheci, eu mesmo tive um caso com uma mulher mais velha, na epoca eu tinha 20 anos – e ela queria me agenciar, encarei tres trabalhos e achei que o quarto ja seria demais, mas descobri que o mercado é forte, muitas mulheres adoram um puto e saudades da minha primeira e ultima? cafetina…
    … eu tenho uma prima que é puta por opção… e linda por natureza!!!!!!
    … eu tenho uma ex que eu tenho certeza que anda fazendo uns programas, ela dizia que eu era O puto, mas eu sei que ela é que é A puta, a putaria da minha vida e na minha vida parece que está só começando ou recomeçando, sei lá, só sei que eu gosto…
    … ontem, olha a coincidencia com este texto eita… (pela primeira vez na vida pois o meu machismo não permitia eu pagar, as que eu transei foi no chaveco…) liguei pra Mary, peguei o fone no site, e pra Mineko, adoro japinha.
    .. pra Mineko eu disse que ligaria pra ela assim que estivesse no centro, ela voltou a ligação meio deseperada, eu disse que se eu fosse ao centro ficasse de boa eu ligaria e não fui e nem liguei, a chuva e o transito eu não aguento mais…
    Esperei a Mary (pelo mesmo preço da Mineko ela veio aqui no ap) ela queria vir as 13 horas eu falei td bem, ela ligou de volta e falou que na casa dela ninguem sabia e iria demorar pois chegou parentes eu falei fica de boa to aqui pitando um e eu espero, ela disse que estava na Lapa… ligou as 15 dizendo se eu ainda queria, eu ri e pensei ela fez um programa, ta trabalhando e vem… demorou mais um tanto e chegou as 18 horas com cabelo molhado, pensei o dia foi bom, e contabilizei as trepadas cada uma a 250 pilas um bom dinheiro… chegou cherosa, ela entrou no ap e sorriu pediu a grana pois nao me conhecia eu paguei – paguei 250, foi foda, metade dos “outros 500” hahahah – e pelo papo ela se ligou: esse ai é… bem, ela viu as fotos, os desenhos pelo chão, o PC rodando e perguntou o que eu fazia eu falei que fazia fotos e video e estava fotografando e filmando as putas e queria fotografa-la e queria uma entrevista, ela se deixou fotografar mas nada de entrevista, de qualquer forma me falou que ja foi casada, tem dois filhos e veio do Piaui… depois falou que todo telefonema meu caia na cafetina que agenciava as meninas nas ruas, ai eu entendi a malandragem, sempre aquela voz fininha e estranha ah e a foto da Mary no site não era a Mary na minha frente a Mary na minha frente era a mulher que eu gosto, traços do Piaui, morena farta… o taxi ja é da equipe, ele espera, por segurança das meninas e claro pra ir mais rapido pois tempo é money, mas tomou maior canceira pois eu e a Mary trepamos ate as 21 horas ou seja além do tempo regulamentar de uma hora e meia… me senti o tal… a Mary me deixou seu fone particular, espero entrevista-la em breve, e mais dois tels de amigas, pela foto do cartão a loira é de arrebentar… mas pagar 250 nunca mais…
    … Gore Vidal entendia como normal vc pagar por um bom sexo no meio da tarde, ter um companheiro ou companheira por um bom tempo de sua vida, mas não compreendia este tal amor romantico… nem todo mundo tem sentimentos iguais, ainda bem…
    … o ser humano precisa parar com tanta bobagem e trepar mais, trabalhar menos e curtir sem neuras ou preconceitos, as feministas são as que mais me ensinam que eu tenho muito o que aprender e aprendi que eu gosto de mulher machista, assim como a Kira, negra e linda que me falva assim: eu gosto de vc porque vc é homem, e homem gosta de mulher e homem precisa ter mais de uma mulher e eu sou sua. Estou descobrindo tambem que não largo o meu machismo por nada, o MEU que so eu sei…
    … no mais cada um na sua e todo mundo numa boa!!!!
    … e vc Marília? Já pensou em ter sua experiencia de puta? ou o que seria ser puta?
    … agora vou ali na xerox ver a minha Mari, esta sim, só minha!!!! : )
    VIDA BOA!!!!

  5. Alice disse:

    Só acho que falta abordar a lei em si. Pra saber se uma lei é boa ou não, não basta declarar intenções, é necessário interpretar o texto que a expõe e tentar divisar quais consequências ela gera. Li apenas um texto que critica a redação da lei e acho que não é o suficiente, mas as feministas de um e de outro lado têm pecado por deixar a discussão no plano anterior, entre o patriarcado e a moral.

  6. Yasmin disse:

    As pessoas têm muito medo de que seja aceita a idéia de que o sexo possa ser encarado como prestação de serviço. É melhor “castrar” esses pensamentos. Quantas pessoas vivem um conflito interno apenas porque foi ensinada que sexo, só com amor!
    Acredito que nunca mudará o fato de as pessoas se recusarem a aceitar ou entender que uma mulher possa ter escolhido oferecer serviços sexuais ou simplesmente companhia em troca de compensação financeira, o que, aliás, acho intrigante, pois muitas pessoas vivem, um casamento ou união estável, manifestamente infelizes, mas não se separam porque o companheiro ajuda financeiramente. Não seria isso uma forma de prostituição?
    Pessoalmente, acredito que nada mais honesto do que a prostituta que oferece seu serviço (sexual que seja) e o cliente que contrata. Não há expectativas.
    Cada prostituta tem “seu limite” e eles tem que ser respeitados pelos clientes, tanto que nem todas oferecem os mesmos serviços. O desrespeito não está no pagamento, mas o desrespeito está nas falsas juras de amor que alguém faz apenas para convencer o outro a ir para a cama. O desrespeito acontece quando uma mulher se deixa filmar em momentos íntimos pelo amado e em seguida percebe que “seu príncipe” a expôs em mídias sociais.
    Aquela que recebe, optou por fazer do sexo seu trabalho. Tudo direto, sem rodeios, sem promessas de amor apenas por uma “noite de amor”.
    Por não ser um trabalho fácil, pois quando se escolhe alguém para fazer sexo de graça, muitas vezes se escolhe o mais atrativo a seus olhos, mas se for trabalho, talvez não haja esse luxo, certamente esse não seja um trabalho para qualquer um, mas ora, há vários tipos de trabalho que não são para qualquer um.

  7. Patty Kirsche disse:

    Toda vez em que eu falo sobre BDSM ou pompoarismo, aparece alguém querendo cassar minha carteirinha de feminista. Imagino que na questão da prostituição seja a mesma ideia de confundir o que mulheres fazem para satisfação própria com as violências que lhes são perpetradas.

  8. Beatriz disse:

    Marília, gosto muito de seus textos, principalmente pelo teor crítico e também esclarecedor. Tenho tentado me informar sobre a questão da prostituição e formar uma opinião sobre a Lei Gabriela Leite, e outras legislações mundo a fora sobre o tema. Não tem sido fácil, pois, de fato, há muito o que se considerar. Logo, não esperava ver tudo abordado em um artigo de internet. Me pareceu que seu principal objetivo com o texto foi diferenciar de uma vez por todas a prostituição do tráfico de mulheres e expor o lado das trabalhadoras do sexo. Achei muito válidas as suas colocações e salvei os links recomendados para ler com calma outra hora. Porém, sinto que faltou mencionar (não discorrer) a realidade da maioria das mulheres prostitutas e prostituídas (cis e trans), que por serem tão marginalizadas acabam mesmo não tendo voz. Vi no seu texto uma legítima defesa do direito de se prostituir, mas de um modo tão parcial que nem expôs os argumentos de grupos contrários para refutá-los, apenas taxou feministas radicais na mesma laia de grupos conservadores: “moralistas”. Parênteses: não acho que devesse ser imparcial, apenas trazer os dois lados do debate, podendo fortalecer sua argumentação.
    Fiquei um tanto confusa de onde partiu a ideia para escrever o texto. Foi na proibição da prostituição, na sua regularização, ou no moralismo que o tema recebe? Misturou um pouco dessas três coisas, fazendo parecer que são antagônicas (proibição x regularização) ou sinônimas (moralismo e proibição). Pelo que vi, a grande crítica de feministas ao PL formulado pelo Jean é referente à legalização do rufianismo, garantindo 50% do lucro ao cafetão, permitindo em lei a exploração. Uma crítica muito diferente dos grupos conservadores e que não significa que não apoiem de modo algum a regularização, a questão é como esta será realizada.
    Enfim, achei importantíssimo você ressaltar que devemos dar ouvidos a elas, as prostitutas. Seria possível você linkar alguma de suas organizações no Brasil? Tive dificuldade de encontrar, o que me parece mero reflexo da invisibilidade que sofrem.
    ps.: deu pra perceber que você ainda tem muito mais coisa pra falar sobre alguns detalhes, espero que volte em breve mesmo.

  9. Monica Camargo Neves disse:

    X da questao-sexo!As pessoas nao costumam encher-se de nao me toques,qdo se fala das condicoes sub humanas dos trabalhadores da cana de acucar,por exemplo.Assume-se que eles prestam um trabalho dificil e mal remunerado,por nao terem outras escolhas…Mas,qdo o assunto tem a ver com sexo,sao misturados componentes explosivos e em nome de sabe-se Deus o que(na verdade sao intolerancias em nome de um deus ou outro),tornam-se absurdamente excludentes…Mulheres nao sao as unicas profissionais do sexo,embora para elas(sempre elas!!!!)um peso maior…

  10. Encuentro de un lado y del otro posturas, a veces dogmáticas… entonces defendemos ideas. Y podemos distanciarnos muchísimo por ellas.
    Agradezco el valor de poner en la mesa un tema que nos confronta con nuestros prejuicios, con nuestro desconocimiento.
    Qué importante, reconocer lo humano y el respeto que es vital, en estos temas candentes.

  11. Patrícia disse:

    Três referências estão com problemas nos links: “o ensaio de Emma Goldman, assim como sua apresentação escrita pela Profª Margareth Rago , e o ensaio-comentário da antropóloga Gayle Rubin (“The trouble with trafficking”) [livro completo, em inglês] .”
    Eu já pensei em tudo que Marina disse naquele comentário, mas creio que manter o trabalho sexual na situação atual não trará nenhuma mudança sobre a objetificação da mulher. Já procurei ler o que os clientes pensam das prostitutas. Das comentários que li sobre os serviços a conclusão que cheguei é que aqueles (que comentaram) as viam como objetos. Mas o problema está na prostituição ou na sociedade?

  12. Galeano, é difícil encontrar pessoa que compartilha de suas idéias. Eu sou uma. Fico triste de ver irmãos ignorando e distorcendo as coisas que estão na cara por questões ideológicas ou por ignorância mesmo.
    Uma das profissões mais antigas da História deveria pelo menos ser tratada com respeito e cotidianamente.

  13. Ah… então a decisão de outra mulher (ser prostituta, no caso) deve ser combatida porque vai contra a ideologia do MEU movimento?? Por favor né… Isso sem contar que, seguindo o seu raciocínio, as mulheres deveriam abrir mão de possíveis desejos/fantasias sexuais para não “corroborar o machismo”. Não vou nem comentar o “ao invés de ser conquistada e respeitada”.

  14. galeno pupo disse:

    Marilia,
    seu artigo é ,pelo menos, instigante. Você é jovem e trata de um tema muito árduo, muito difícil. Admirei tua coragem e ela nos traz realmente pontos de vista sobre a prostituição que ampliam o debate. Quero muito aprender com os jovens. Qual é realmente o admirável mundo que construiremos quando nos livrarmos de nossos preconceitos. Procurarei ler os artigos que sugeriu no seu texto e compreender melhor suas colocações.
    De minha parte por mais que seja contrario ao trabalho escravo e ao tráfico de pessoas, seja na agricultura ou na industria de confecções, não consigo entender como colocar no mesmo compartimento abobrinhas, camisetas e serviços sexuais, mesmo que se possa questionar o mérito de a prostituição ser um serviço exclusivamente sexual.
    Apenas como sugestão de método sugiro que você amplie este debate
    deixando de lado o problema de trafico e escravidão – pelo que você escreve , e eu concordo, não temos nenhuma duvida, condenamos.
    Traga luzes para a atividade em si, autônoma, livre, vocacionada da prostitução se assim for possível. Na verdade como se dá esta escolha profissional de homens, mulheres, bisexuias, transexuais e transgêneros.
    Parabéns pelo artigo.
    Galeno Pupo

  15. Mariana disse:

    Ponto de vista interessante porém, não passou pela cabeça de nenhuma feminista que a prostituta corrobora para o machismo? Que o fato de aceitar a submissão sexual e saciar o desejo do homem por dinheiro ela torna a mulher um mero objeto a ser utilizado e descartado? A questão deixa de ser o que fazer com o próprio corpo, pois as consequências negativas afetam a coletividade feminina. Essa cultura de tudo por dinheiro potencializa o machismo do homem em achar que pagando resolve-se suas carências sexuais. Até aí ok, o problema, é que isso é saciado em detrimento da figura da mulher, que ao invés de ser conquistada e respeitada, passa a ser comprada como uma mercadoria qualquer.

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