Sobre o silêncio

Este é um convite ao silêncio. Necessário. Para se atravessar os labirintos. E entender as necessidades da alma. Na coluna “Outro lugar”

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Este é um convite ao silêncio. Necessário. Para se atravessar os labirintos. E entender as necessidades da alma

Por Mariana Caldas, na coluna Outro Lugar

A viagem não começa quando se percorrem distâncias,

mas quando as atravessam

as nossas próprias fronteiras interiores”

Mia Couto

Outro Lugar” é uma viagem que começa. Sem se importar onde vai chegar. Preocupada mais em viver o que vier pela estrada, no devagar depressa dos tempos, dos caminhos, dos encontros. Se embrenhando pelo labirinto místico da alma e dos mundos que se misturam, dentro e fora. Na busca pelo sentido, através de imagens que involuntariamente saem do coração.

É também um manifesto pela pausa. Para ver, rever, sentir, viver. Pela presença da alma, no agora, esse lugar, o melhor do mundo. Pelo sossego da paisagem, que faz nenhuma coisa pedir urgência. Por mais tempos de respiro nessa vida que passa e não dá nem tempo de viver.

Este é um convite ao silêncio. Necessário. Para se atravessar os labirintos. E entender as necessidades da alma.

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5 comentários para "Sobre o silêncio"

  1. PM@ disse:

    Aprendendo sobre o silêncio.

  2. MM disse:

    é o silêncio q propicia o deslumbramento. as palavras e imagens compartilhadas aqui são a prova disso.

  3. Toni disse:

    “Todo silêncio é grávido de som”

  4. Mariana, você me fez imaginar que o silêncio guarda, em tempos ruidosos, o oculto, o reprimido. O silêncio de Mariana me fez pensar em como nos esquecemos de ouvir a alma.
    Na dança o silêncio é tão importante para definir a próxima intenção de movimento, de encontro com o pedido do corpo.
    Moro também numa aldeia, no interior da Bahia, não fotografei o silêncio pois não tenho uma máquina.
    Ouço, contudo, escuto um vento leve que refresca folhas de um dendezeiro e ele canta uma música linda ao lado de minha alcova.
    Penso igualmente na existência dele. Danço esse som suave em noite fresca, desnudo.
    Minha pele respira o silêncio e entende o registro do (in)audível e entendo que o fundo das imagens de Mariana carecem ser feitas de silêncio para que as imagens do Rio de Janeiro, tão belas, por ela fotografadas, ergam-se no imaginário da busca do tempo.

  5. Sonia Fardin disse:

    Mariana, certamente você conhece esta poesia do Manoel de Barros, mas não resisti em enviar. Lindo seu trabalho.
    “Difícil fotografar o silêncio.
    Entretanto tentei. Eu conto:
    Madrugada, a minha aldeia estava morta. Não se via ou ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas. Eu estava saindo de uma festa,.
    Eram quase quatro da manhã. Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado. Preparei minha máquina.
    O silêncio era um carregador?
    Estava carregando o bêbado.
    Fotografei esse carregador.
    Tive outras visões naquela madrugada. Preparei minha máquina de novo. Tinha um perfume de jasmim no beiral do sobrado. Fotografei o perfume. Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
    Fotografei a existência dela.
    Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo. Fotografei o perdão. Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa. Fotografei o sobre.
    Foi difícil fotografar o sobre. Por fim eu enxerguei a nuvem de calça.
    Representou pra mim que ela andava na aldeia de braços com maiakoviski – seu criador. Fotografei a nuvem de calça e o poeta. Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa
    Mais justa para cobrir sua noiva.
    A foto saiu legal”

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