Neonicotinoides: que são e como podem afetar você

Aprovados às pressas, novos agrotóxicos são devastadores para abelhas — mas podem contaminar milhares de outras espécies e água que bebemos

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Aprovados apressadamente, novos agrotóxicos são devastadores para abelhas — mas podem contaminar milhares de outras espécies e água que bebemos 

Por George Monbiot | Tradução: Inês Castilho

Só agora, quando os neonicotinoides já são os inseticidas mais usados no mundo, é que estamos começando a compreender a extensão dos impactos ambientais que causam. Assim como a fabricante do DDT, as corporações que produzem essas toxinas alegaram que eram inofensivas para outras espécies, além das pragas que eram seu alvo. Como no caso do DDT, ameaçaram pessoas que se mostraram preocupadas, publicaram argumentos enganosos e fizeram de tudo para ludibriar o público. E, como para garantir que a história segue o velho roteiro, governos colaboraram com esse esforço. Entre os mais (ir)responsáveis está o do Reino Unido.

Como mostra o professor Dave Goulson neste artigo sobre os impactos desses pesticidas, ainda não sabemos quase nada sobre como eles afetam a maioria das formas de vida. Mas, à medida em que as evidências se acumulam, os cientistas começaram a descobrir que eles provocam impactos numa enorme diversidade de vida selvagem.

Quem ler o artigo tomará contato com provas que apontam os neonicotinoides como uma das principais causas do declínio das populações de abelhas e outros polinizadores. Aplicados nas sementes de várias culturas, esses pesticidas permanecem nas plantas conforme elas crescem, e matam os insetos que as comem. A quantidades necessária para destruir os insetos é incrivelmente pequena: os neonicotinoides são 10 mil vezes mais potentes que o DDT. Basta que as abelhas sejam expostas a 5 nanogramas para que a metade delas venha a morrer. Assim como as abelhas, borboletas, mariposas, besouros e outros polinizadores que se alimentam das flores de espécies domesticadas pelo ser humano podem, ao que parece, absorver veneno em quantidade suficiente para comprometer sua sobrevivência.

Mas somente uma pequena parte do volume de neonicotinoides utilizados pelos agricultores é absorvida pelo pólen ou néctar da flor. Estudos realizados até agora sugerem que apenas de 1,6% a 20% do pesticida usado nas sementes de fibras têxteis são de fato absorvidos pelas plantas — muito menos do que quando as toxinas são pulverizadas sobre as folhas. Parte dos resíduos é levada pelo vento e provavelmente causará estragos nas populações de muitas espécies de insetos, nas sebes e habitats das proximidades. Mas a grande maioria, diz Goulson – “normalmente, mais de 90%” – do veneno aplicado às sementes penetra no solo. Em outras palavras, a realidade é bem diferente da visão criada pelos fabricantes, que continuam descrevendo a cobertura de sementes com pesticidas como ”intencional” e “precisa”.

Os neonicotinoides são químicos altamente persistentes, que se mantêm (segundo os poucos estudos publicados até aqui) no solo por mais de 19 anos. Como são persistentes, tendem a se acumular: a cada ano de aplicação o solo se torna mais tóxico.

Ninguém sabe o que esses pesticidas provocam no solo, já que ainda não foram feitas pesquisas suficientes. Mas – mortais para todos os insetos e possivelmente para outras espécies em concentrações mínimas – é provável que acabem com grande parte da fauna do solo. Isso inclui as minhocas? Os pássaros e mamíferos que comem minhocas? Aves e mamíferos que se alimentam de insetos e sementes pulverizadas? Ainda não sabemos dizer.

Isso é o que você continuará ouvindo sobre esses pesticidas: passamos a utilizá-los cegamente. Nossos governos aprovaram seu uso sem a mais pálida ideia das prováveis consequências.

Você pode ter tido a impressão de que os neonicotinoides foram banidos da União Europeia. Mas não foram. O uso de alguns poucos desses pesticidas foi suspenso por dois anos, mas apenas para determinados propósitos. Ao ouvir os legisladores, seria talvez levado a acreditar que abelhas melíferas são os únicos seres que eventualmente são afetados, e que somente flores de plantas cujas sementes foram pulverizadas podem matá-los.

Mas os neonicotinoides são também borrifados sobre folhas de ampla variedade de culturas. Estão ainda espalhados em pastagens e parques, em pequenos grãos, para matar insetos que vivem no solo e comem raízes da grama. Essas aplicações, e muitas outras, permanecem legalizadas na União Europeia – embora não saibamos a gravidade e extensão de seus impactos. Sabemos o suficiente, contudo, para concluir que são provavelmente nefastos.

Claro, nem todos os neonicotinoides que penetram no solo alojam-se ali indefinidamente. Você ficará aliviado ao saber que alguns deles são lavados, quando, então… ah sim, acabam em águas subterrâneas ou rios. O que acontece ali? Alguém sabe? Os neonicotinoides não são sequer mencionados entre as substâncias monitoradas pelos órgãos que cuidam da água, de modo que não temos ideia sobre quais concentrações se encontram nos líquidos que nós e muitas outras espécies usamos.

Mas estudo realizado na Holanda revela que a água de algumas áreas de horticultura é tão fortemente contaminada por esses pesticidas que poderia ser usada para tratar piolhos. O mesmo estudo mostra que, mesmo em concentrações muito baixas – não superiores aos limites definidos pela União Europeia – os neonicotinoides que penetram nos sistemas fluviais acabam com metade das espécies de invertebrados que esperaríamos encontrar nos rios. Essa é outra maneira de dizer que destroem grande parte da cadeia alimentar.

Fui motivado a escrever este artigo por uma horrível notícia sobre o Rio Kennet, no sul da Inglaterra: um ecossistema altamente protegido. No mês passado, alguém – um fazendeiro, dono de casa, ainda não se sabe – jogou outro tipo de pesticida, o clorpirifós, na pia. A quantidade era equivalente – em substância pura – a duas colheres de chá. O veneno passou pelas obras de esgoto da região de Marlborough e exterminou a maior parte dos invertebrados existentes numa extensão de 24 quilômetros do rio.

A notícia me atingiu em cheio. O melhor trabalho que já tive foi, durante as férias de verão da universidade, como zelador da água no trecho do rio Kennet pertencente ao espólio Sutton (Sutton estate). Foi um trabalho difícil e, na maioria das vezes, só fiz bobagem. Mas vim a conhecer e amar esse trecho do rio, e me maravilhei com a profusão impressionante de vida contida naquelas águas claras. Mergulhado nela até a altura do peito durante a maior parte do dia, fiquei imerso na ecologia, e passei muito mais tempo do que devia observando pequenos castores e maçaricos; cabozes gigantes abanando as suas barbatanas à sombra das árvores; grandes trutas tão leais a seus postos que branqueavam o cascalho do leito do rio sob suas caudas; lagostins nativos; libélulas; larvas de moscas d’água; camarões de água doce e muitas outras espécies.

À noite, em busca de companhia e igualmente fascinado pelos protestos e pelas pessoas notáveis ​​que ele atraiu, eu acabava no campo de paz, na frente dos portões da base nuclear de Greenham Common. Contei sobre a estranha história que rolou nessas minhas visitas em outro post.

Ativistas que procuram proteger o rio já descreveram como, após a contaminação, ele cheirava mal por causa dos cadáveres de insetos e camarões em decomposição. Sem insetos e camarões para se alimentar, os peixes, aves e anfíbios que utilizam o rio tendem a desaparecer e morrer.

Depois de digerir esta notícia, lembrei-me do estudo holandês, e me pareceu que os pesticidas neonicotinoides provavelmente estão, em muitos lugares, minando a vida dos rios onde entram de forma semelhante: não uma vez, mas durante todo o tempo em que estão entranhados no terreno à sua volta.

Richard Benyon, ministro do Meio Ambiente do Reino Unido, supostamente encarregado de proteger a vida selvagem e a biodiversidade – e que coincidentemente possui direito de pesca em parte do Rio Kennet e representa o eleitorado da região por onde ele passa –, expressou sua “raiva” pelo envenenamento por clorpirifós. Não deveria ele também se indignar contra o envenenamento rotineiro dos rios por neonicotinoides?

Se fizesse isso, ficaria em maus lençois com seu chefe. Assim como envenenam sistematicamente nossos ecossistemas, os neonicotinoides também envenenaram as políticas (já reconhecidamente bem tóxicas) do departamento que deveria regulá-los. Em abril, Damian Carrington expôs, escrevendo no Observer, a carta enviada pelo ministro encarregado do Departamento de Meio Ambiente, Alimento e Negócios Rurais, Owen Paterson, à Syngenta, fabricante desses pesticidas. Paterson prometia à multinacional que seus esforços para evitar a proibição de seus produtos “continuarão e se intensificarão nos próximos dias”.

E de fato, o Reino Unido recusou-se a apoiar as proibições temporárias propostas pela Comissão Europeia tanto em abril como em julho, a despeito do número enorme de petições e dos 80 mil emêios sobre o assunto que Paterson recebeu. Quando ele e o departamento que dirige viram-se frente à escolha entre a sobrevivência da natureza e os lucros das multinacionais dos pesticidas, não houve muita dúvida sobre onde pular. Felizmente, eles fracassaram. (…)

No início de agosto, como para nos recordar do quanto este governo está capturado pelas corporações que deveria regular, o cientista que liderou as inúteis experiências que Walport e Paterson citaram como desculpa, deixou o governo para assumir um novo posto na… Syngenta. Parece que ela já estava trabalhando para eles, na verdade.

Portanto, temos aqui um departamento que cambaleia como um bêbado portando uma metralhadora carregada, assegurando-nos de que é perfeitamente seguro. As pessoas que deveriam estar defendendo a natureza têm conspirado com os fabricantes de biocidas de largo espectro para permitir níveis de destruição que só podemos imaginar. Ao fazê-lo, eles parecem estar arquitetando uma outra primavera silenciosa.

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13 comentários para "Neonicotinoides: que são e como podem afetar você"

  1. Luiz Parussolo disse:

    Dr. Gustavo Spadotti, se o manuseio agropecuário e a aplicação dos agrotóxicos fossem realizados pelos pesquisadores da Embrapa e também produzidos fossem os agrotóxicos tenho absoluta certeza que nosso ecossistema estaria protegido e 80% das terras degradadas do país estavam em franca produção.
    Como filho de agricultor e agricultor até o começo de minha juventude e 20 anos de Banco do Brasil no período do fomento, além de estar vinculado a município típico de agricultura, porém decadente e degradado, este outrora altamente produtivo em cafeicultura e outras e ter alguns resquícios de conhecimento em agronomia ainda decorados, lamento discordar frontalmente com Vossa Senhoria por saber da ganância dos produtores de agrotóxicos (Monsanto, Bayer, etc.); do egoísmo e da indiferença dos produtores; da má formação ética e profissional de muitos técnicos e representantes e da existência ativa do mercado ilegal no país, como em quase tudo.
    O Brasil agoniza e ninguém procura entender e acreditar.

  2. Mauro J. rezende disse:

    Sou apicultor a mais de 30 anos, o que posso disser é que sim, as abelhas estão desaparecendo, rapidamente e alarmantemente, as pesquisas todas em sua maior parte apontam para a causa Humana, agrotóxicos, desmatamentos, perda do meio ambiente, descaso total dos governos!
    A aqui no Brasil vai ser mais rápido e pior, pois aqui pesquisa e testes em agrotóxicos é feito pra agradar só a quem paga! Afinal Brasil é o pais da piada la fora!
    Os senhores vem falar que agricultura sustentável sem agrotóxicos é inviável, só digo uma coisa tenta a sorte sem as abelhas daqui a alguns anos e vê no que da!

  3. Luis Macedo disse:

    É utópico achar que este sistema de produção de alimentos com agrotóxicos é sustentável. É difícil, como sempre foi a agricultura orgânica, voltar a alimentar o planeta como sempre fez antes da “moderna” agricultura. Isto porque o custo da agricultura convencional não computa a degradação da Natureza. Assim ela fica subsidiada pelos recursos naturais das gerações que ainda nem nasceram. Isso é um roubo covarde. Espero que nem todos pesquisadores vistam a fantasia pregada agora dentro das universidades e que não precisem de regra de três.

  4. Daniel B disse:

    Sr. João, precisa subir um pouco mais do que a altura de uma gilete deitada que está ao observar em volta e tentar discernir verdades.
    O exemplo do cigarro no início do século passado é apenas um dos inúmeros exemplos que se deve ter em mente ao se olhar para a questão posta aqui no artigo.
    Lá, os infelizes escravos dos desejos dos seus corpos, o qual busca ávidamente além da manutenção das “sensações” de prazer propiciadas pelas “armadilhas” fabricadas pelas mãos do homem também uma forma de alcançarem/manterem suas “status” ou “poder”, diziam uma série de coisas positivas sobre o cigarro, chegando ao cúmulo de se ver academias de medicina ensinando que cigarro fazia “bem” aos nascituros.
    Mesmo sendo provado nos 4 cantos deste planeta que cigarro faz muito mal e mata, continuamos vendo essa porcaria sendo fabricada e vendida livremente em todo lugar (o senhor fuma?).
    Outros exemplos vemos nas bebidas alcoólicas, nos remédios “patenteáveis” e em tudo o que engana mentes fracas para o vício e de pouco discernimento que ficam desesperadas por escutarem uma estória qualquer só para se agarrarem nela e permanecerem em sua área de conforto.
    É notório o prejuízo aos ecossistemas e à vida como um todo o uso de pesticidas, e chega a ser medíocre mentes que desconsideram o que mentes de cientistas desplugados da escravidão do egoísmo e da vaidade inerentes a corpo de carne corrupto humano provam com suas pesquisas, e ficam dentro desta terrível armadilha desesperados em manterem seus desejos e anseios atendidos.
    Ou poderia um agrônomo que é viciado no seu modo de vida, em todos os prazeres e posição social, status, e até mesmo poder, portanto dependente do dinheiro que ganha para manter seus vícios, aceitar ser verdade o que se prova acima?
    Teria de se reposicionar e colocar em risco tudo o que lhe vicia e lhe é tiudo como “tesouro”, e para proteger essa pirita, vende a alma para o demônio e nem se dá conta.
    Não falo isso para ofendê-lo, saiba. Mas sim para amá-lo e fazer cumprir o que me fora ordenado: amar ao próximo como a mim mesmo, e assim faço consigo… amar é dizer a verdade, para que a verdade possa se o Criador assim o desejar, lhe libertar.
    Possa vc ser liberto e tomar uma atitude descente para com a única coisa que lhe existe de valor realmente, que é a sua alma… cuide dela, ignorando os efeitos de admitir a verdade e agir conforme se espera de uma pessoa de bem… para de destruir a vida.
    Fraterno abraço.

  5. Lauro disse:

    Estou gostando da discussão.
    Fato indiscutível pra mim é que não desejo comer e beber agrotóxico. Não, obrigado.
    Só queria lembrar que além das situações legais e ideais, ainda temos o mundo “real” pra pensar:
    http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/economia/noticia/2013/09/policia-federal-desarticula-rede-de-contrabando-de-agrotoxicos-no-rio-grande-do-sul-4271895.html
    A questão acaba sendo: praticamos agricultura para servir de alimento para muitos ou para servir de lucro para poucos?
    É a dosagem desses dois aspectos que devem estar tão claros quanto a dosagem do veneno que vai na nossa comida.
    Já que não podemos achar uma solução imediata, pelo menos acabar com a hipocrisia já seria um passo.

  6. Eu, como qualquer cidadão, pesquisador e/ou produtor rural, gostaria de não utilizar defensivos agrícolas em toda e qualquer lavoura. Eu pesquiso a nutrição de planta, trabalho com elementos benéficos que estimulam a produção de fitófitos, compostos alelopáticos, barreiras químicas e físicas contra a entrada de patógenos nas plantas.
    Segue o link de meu currículo, no qual possuo mais de 20 trabalhos em revistas científicas indexadas e mais de 100 trabalhos em congressos, a maioria deles relacionado a saúde do solo e a nutrição das plantas, usando técnicas como o Plantio Direto, rotação de culturas, elementos benéficos e controle biológico para a proteção das plantas.
    http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4744948H5
    Mas a dificuldade existe. Vivemos e e convivemos com estes produtos a muitos anos. A partir do momento que descobrimos que são impactantes, são retirados do mercado. A pesquisa científica evolui a passos largos para produtos mais específicos e que agridam menos o ambiente. Isso é notório na evolução das moléculas utilizadas no campo nos últimos 30 anos.
    Mas fique tranquilo. Eu jamais ofenderia a moral ou questionaria o caráter de um profissional que eu não conheço. Apenas gostaria de manter o nível do debate no cunho científico, baseado no respeito mútuo ao profissional, deixando paixões de lado e discutindo o futuro de agricultura brasileira.
    Hoje, infelizmente, ela passa pelo uso de defensivos. Porém, mais uma vez ela, a PESQUISA, trabalha com soluções voltadas a todos os segmentos, entre eles a agroecologia. Digo isso pois não sou agrónomo de computador. Trabalho no Amapá, bioma Amazônico, participando de projetos desde a produção de grãos até a produção orgânica em pequenas propriedades.
    Voltando ao debate científico, detalho o trabalho que foi anexado por você. Só para mencionar como as dosagens destes produtos são baixas, são utilizados 140 g (que significa GRAMAS) para cada 100 kg (são gramas vezes mil) de sementes. Relatando que são utilizados 50kg de sementes de soja por hectare, temos a aplicação de 280 g de Tiametoxam ou Imidaclopride por hectare. Sabendo que a camada arável do solo é de, aproximadamente, 20 cm, temos cerca de 2400 toneladas, ou, traduzindo, utilizamos 280 gramas do produto em 2.400.000 Kg (dois milhões e quatrocentos mil quilos).
    Mais uma vez eu digo, e repito. Existe muita gente qualificada no setor, inclusive ambientalistas, como eu me considero, trabalhando para a liberação ou não destes produtos, passando pelos ministérios da agricultura, da saúde, e todos os orgões de pesquisa destes ministérios para validar e impedir a liberação de produtos que causem danos a saúde humana, animal e poluição ao meio ambiente.
    Só peço que você valorize o ENG AGR. que vem antes do seu nome, honre a classe, e debata em um nível aceitável, para não fazer papel de bobo mais uma vez.
    Atenciosamente,
    Dr. Gustavo Spadotti Amaral Castro
    Transferência de Tecnologia em Sistemas de Produção de Grãos
    Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amapá)

  7. Oliver Blanco disse:

    Triste ver o intelectual usar o profissionalismo pra defender a Empresa: Syngenta e Bayer, fabricantes dos neonicotinoides (clotianidina e o imidaclopride – Premier 700 PM – , fabricados principalmente pela Bayer, e o tiametoxam – Cruiser 700 WS – , produzido pela Syngenta). Olha os gaúchos publicando seu trabalhos “científicos” – http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fzva/article/viewFile/2338/1824 – com a nova droga; veja aí Dr. se a dosagem é baixa.
    Ficar tranquilo é muita cara de pau. Isso lembra o caso dos soldados, uns idiotas, que soltaram as bombas sobre Hiroshima e Nagasaki. Perguntados porque fizeram aquilo, responderam “somos profissionais, estávamos cumprindo ordens”. Larga de mediocridade Dr. a imprensa aqui não cumpre ordem, ela defende a vida. A reportagem acima é de setembro 13, veja o impacto neste post de janeiro 13: http://pratoslimpos.org.br/?tag=neonicotinoides . Testes de Agrotóxico no Brasil?! lenda.
    Fique atento. Vou te dar uma dica pra acabar com toda hipocrisia, tanto do ser comum ao intelectual. Gramsci chama a atenção para a relevância da posição dos intelectuais no seio do bloco histórico, afirmando que todo grupo social, “ao nascer no terreno originário de uma função essencial no mundo da produção econômica, cria organicamente uma ou mais camadas intelectuais que lhe asseguram homogeneidade e consciência de suas próprias funções, não somente no âmbito econômico, mas também no social e político; o empresário capitalista “tio” cria, junto a si, o técnico da indústria, o especialista em economia política, o organizador de uma nova cultura, de um novo direito etc”. No seu entender, os intelectuais não representam em si mesmos uma “classe”, mas estão organicamente comprometidos com o grupo dominante para assumir a função de “agente da hegemonia”. (Gramsci, Cultura y literatura, op. cit., p. 37)
    Agrotóxicos devem ser banidos do planeta, e ponto final. A dica é a leitura do livro dos horrores ((( A AGRICULTURA ECOLÓGICA E A MÁFIA DOS AGROTÓXICOS NO BRASIL ))) …
    Oliver Blanco (Agrônomo/Agroecologista)
    http://oextensionista.blogspot.com

  8. Neonicotinóides.
    São fortes? SIM
    São concentrados? SIM
    Utilizam altas dosagens? NÃO
    São os únicos prejudiciais quando utilizados erroneamente? Não
    Matam abelhas e outros polinizadores? DEPENDE
    Depende de que? Da orientação dada. Especialmente a época de aplicação (estágio fisiológico da cultura, dose, período de aplicação….)
    Por isso, é recomendado por Eng. Agrônomos, a fim de atacar a praga alvo e evitar o contato com inimigos naturais das pragas e outros insetos benéficos.
    Na agricultura tropical a pressão de pragas é muito maior, devido ao maior número de ciclos que uma praga pode realizar num período de tempo. Isso é favorecido pelo nosso clima.
    Com isso, a busca pelo Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIP), é fundamental. Mas elas não são restritas ao uso de defensivos agrícolas, como o caso dos Neonicotinóides. A rotação de culturas, o cultivo intercalar, o uso de plantas geneticamente modificadas (transgênicas), a nutrição de plantas, o manejo dos sistemas de produção são as ferramentas utilizadas antes de qualquer pulverização com defensivo agrícola.
    O defensivo só deve ser utilizado quando a praga em questão atinge o nível de dano econômico. Neste momento, com a orientação de um Engenheiro Agrônomo, o agricultor pode fazer uso de algum defensivo agrícola, seja ele inseticida (para o controle de pragas), fungicida (para o controle de doenças) e herbicida (para o controle de plantas daninhas invasoras).
    Lembrem-se que para um produto chegar ao mercado, ele passa por testes não só de aptidão agrícola, mas de impacto ambiental e impacto na saúde humana, recebendo aprovação do Ministério da Agricultura e do Ministério da Saúde. A legislação brasileira vigente para defensivos agrícolas (Lei dos Agrotóxicos) é a mais completa do mundo, servindo de base para novas leis em diversos países.
    Podem ficar tranquilos
    Dr. Gustavo Spadotti Amaral Castro
    Transferência de Tecnologia em Sistemas de Produção de Grãos
    Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amapá)

  9. José Manuel disse:

    O Sr. João Geraldo Torres (talvez Engenheiro Agrónomo) parece pessoa ligada a interesses governamentais ou a lobbies relacionados…Já se sabe, cada qual puxa a brasa à sua sardinha!!…
    Acho que o cientista procurou alertar as consciências, não vejo nada mal nisso.

  10. Maria Pereira disse:

    Artigo devastador : Então, me pego questionando sobre o futuro. O FUTURO É SOMBRIO, SEM VOLTA, DESOLADOR…Tenho pena de quem está nascendo agora…imagina o que está reservado à estas pessoas?

  11. Guilherme disse:

    Amigo João Geraldo, leia o texto todo incluindo sempre o autor e os créditos, é um bom exercício para entende-lo em sua plenitude. O autor é Inglês e escreve sobre a realidade que vive. Ele além de ambientalista é também jornalista (do The Guardian). O mundo é muito maior do que o Brasil, tenha isso em mente.
    Ele disse muito bem o efeito que causa o pesticida, ele está matando as abelhas (alem de outros animais). Elas são responsáveis pela polinização de quase 60% dos alimentos no mundo e estão em rápido processo de exterminio.
    E eu te garanto que elas são infinitamente mais importantes para a agricultura do que os pesticidas e bem mais importantes do que os agronomos. Sem elas, as bulas dos produtos que vc citou que são tão bem controlados, estarão em breve apenas nos livros de historia.

  12. João Geraldo Torres disse:

    na dúvida, procure um Engenheiro Agrônomo.

  13. João Geraldo Torres disse:

    na verdade você não respondeu nenhum questionamento do título.
    O que são, e como pode afetar sua vida.. O que escreveu são indagações e perguntas sem respostas que não foram estudadas. Colocou exemplo de outro país de um produto jogado numa pia. A legislação brasileira exige que esses produtos sejam aplicados com acompanhamento de técnico responsável. Todos são comercializados com Bula e Receituário Técnico assinado por um agrônomo. Então nos faça um favor, não escreva do que não sabe. Ninguém aplica, gasta dinheiro, aumenta o custo de produção sem ter uma necessidade e precisar do benefício. Toda ação humana sobre uma área causa, gera impacto ambiental. Precisamos pensar em como reduzir esse impacto. O ideal seria criar alimentos para todo o mundo sem utilizar agrotóxicos, porém isso é uma utopia. Se tem uma solução melhor, estou curioso em saber.

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