Itália: no alvo, os governos regionais

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Por Antonio Martins e Pep Valenzuela

Em sintonia com as instruções da União Europeia, o Senado italiano adotou em julho um duro ajuste fiscal. A maioria parlamentar do governo Berlusconi impôs o pacote por meio de um dispositivo sumário denominado “questão de confiança”, que reduz ao mínimo o debate no Parlamento e sua repercussão social. Mais de 600 medidas foram votadas em bloco.

Os pontos principais do aprovados são:

— Corte do gasto público de 25 bilhões de euros em dois anos. Desses, 13 bilhões atingem administrações regionais e locais.

— Congelamento do salário dos servidores públicos.

— Aumento da idade mínima para aposentadoria das mulheres – de 60 para 65 anos – a partir de 2012.

A primeira reação veio dos governantes regionais, cujos orçamentos (e autonomia) serão muito limitados. Teme-se, como consequência inevitável, deterioração dos serviços públicos locais (muito importantes na Itália), conflitos políticos e sociais. Regiões italianas como a Toscana e Umbria são há décadas governadas majoritariamente pela esquerda.

O principal sindicato do país a Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL, em italiano) convocou, na sequência, uma greve geral de quatro horas (setor privado) e oito horas (serviço público). Os protestos que acompanharam a paralisação reuniram 1 milhão de pessoas em todo o país.

Em julho, o instituto de estatística oficial (Istat) publicou os resultados da última pesquisa sobre pobreza no país em 2009. Revelou que 7,8 milhões de italianos são pobres (13,1% da população) e que, entre eles, há 3,74 milhões em situação de pobreza absoluta.

A esquerda italiana, que ficou fora do parlamento nas últimas eleições, tenta se recompor por meio da Federação da Esquerda Italiana (FSI), que deverá nascer em setembro, por meio de um pacto de unidade entre o Partido da Refundação Comunista, o Partido dos Comunista da Itália, Socialismo 200 e Lavoro-Solidarietà. Aberta à incorporação de outras organizações políticas, sociais e culturais, a experiência se pretende inovadora e visa recuperar o rico tecido político e social que a esquerda italiana teve e mantém, ainda que desagregado.

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