Hamburgo, ditadura global e protestos

Como a segunda maior cidade alemã foi cercada pela polícia. para blindar a reunião do G-20. Há sinais de um novo ciclo global de grandes manifestações?

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Como a segunda maior cidade alemã foi cercada pela polícia. para blindar a reunião do G-20. Nos enfrentamentos, sinais de um novo ciclo global de grandes manifestações?

Por Jessica Corbett, no Greenleft Review | Imagens: Alvaro Minguito, em colaboração com Mídia Ninja | Tradução: Antonio Martins

Em contraste com as imagens dramáticas da tropa de choque alemã usando gás lacrimogênio e canhões de água hiper-turbinados para dispersar os manifestantes contra o encontro do G-20, no fim de semana, a mensagem dos protestos nas ruas foi clara, para os que estão dispostos a ouvir: outro mundo é possível.

Dezenas de milhares de pessoas foram a Hamburgo, protestar contra o G-20, um fórum internacional de governantes e bancos centrais das vinte maiores economias. Os protestos tentavam desafiar as políticas adotadas pelas elites globais e a extrema-direita.

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Em meio à chegada dos governantes, as autoridades alemãs foram criticadas pelas medidas de segurança extremas no encontro, que começou oficialmente na sexta-feira, 7/7.

A Coordenação Internacional NoG20, que convocou as manifestações, lançou comunicado afirmando: “As políticas do neoliberalismo e da guerra são decididas no coração das nossas cidades, fechadas para as pessoas, blindadas por uma força policial militarizada e favorecida pela suspensão dos direitos políticos. Este bloqueio da democracia tem um único objetivo: defender o indefensával. Nossas manifestações falam em favor de um mundo diferente”.

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Antes do encontro, a polícia cercou uma enorme área de protestos proibidos, com 38 quilômetros quadrados, abrangendo o aeroporto e o centro de convenções, para afastar dos governantes as milhares de pessoas que protestavam contra o encontro. “É constrangedor saber que alguns dos piores políticos do mundo, e dos mais antidemocráticos, estão chegando a minha cidade. Mas as restrições impostas pelos políticos alemães e pelas autoridades policiais tornam difícil protestar”, disse ao jornal londrino The Guardian George Letts, um dos muitos moradores de Hamburgo que participaram dos protestos.

A BBC reportou: “Os choques começaram quando a polícia atacou um grupo de manifestantes anticapitalistas numa marcha em que milhares de pessoas portavam cartazes com slogans como ‘Bem-vindos ao inferno’ e ‘Esmagar o G20’. Os soldados dispararam canhões de água e spray de pimenta contra manifestantes mascarados, que responderam com garrafas, pedras e fogos de artifício.”

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“G20: Benvindo ao Inferno” foi o slogan adotado por um grupo de ativistas anticapitalistas – um dos muitos grupos que anunciaram manifestações em Hamburgo. A primeira marcha da coalizão, marcada para 6/7, foi oficialmente cancelada em meio a choques com a polícia, mas muitas pessoas permaneceram nas ruas. Houve relatos de ferimentos entre a polícia e os manifestantes, muitos dos quais tentaram fugir das áreas de protesto após a violência policial.

Houve protestos pacíficos nos dias anteriores, o que realçou as reivindicações urgentes dos manifestantes para que os membros do G20 encerrem as políticas neoliberais e xenofóbicas sobre guerra, imigração, política ambiental e diversos outros temas.

Em 5/7, mil “zumbis”, totalmente cobertos com argila cinzenta, saltitaram e se arrastaram pelas ruas de Humburco. Estes manifestantes multiplicaram-se pelas ruas da cidade nos dias anteriores, o que culminou numa marcha conta a “apatia política” e os “impactos destrutivos do capitalismo”.

Para milhões de telespectadores que assistem a vídeos violentos sobre as manifestações, nas telas de TV de todo o mundo, os ativistas que encheram as ruas da Alemanha oferecem visões complexas e provocativas sobre as superpotências desenvolvem suas políticas e impõem suas agendas.

“As melhores ideias, para quem deseja construir políticas verdadeiramente democráticas cruzando as fronteiras nacionais, não virão provavelmente das cúpulas oficiais do G20 – mas poderão ser entrevistas nas ruas de Hamburgo”, escreveram Lorenzo Marsili e Giuseppe Caccia para a revista Policy Critique. Segundo eles, “a crise da governança global oferece também a chance de ir além de um sistema que, em primeiro lugar, nunca funcionou de fato.

Nick Dearden, da Rede de Justiça Global, disse à revista eletrônica Democracy Now!, em 6 de julho: “Estamos falando sobre como construir um mundo alternativo. O ruído de fundo é o do ativismo, e todo mundo aqui é muito consciente. Ele completou: “Muitas pessoas estão, é claro, amedrontadas. Mas tudo o que está acontecendo no mundo de hoje é amedrontador. Estamos sob o caos, e Donald Trump é um símbolo disso. Mas, ao mesmo tempo, há mais potência do que tenho visto há muito tempo, em torno de que precisamos construir algo a mais, algo muito diferente.”

 

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2 comentários para "Hamburgo, ditadura global e protestos"

  1. Luiz Cláudio Fonseca disse:

    Daqui para frente, o trabalhador poderá almoçar em apenas cinco minutos, se quiser. Avesso dos marcos regulatórios, a CLT subjaz. E tem gente que jura que o Temer é progressista.

  2. C.Poivre disse:

    Acho que é sinal só do quanto os alemães estão à frente de outras nações. Eles fizeram a única coisa que o capitalismo teme: o povo unido e organizado em protestos continuados. Mas eles podem ficar tranquilos, não vai se disseminar pois a grande mídia mundial, toda comprada pelo grande capital, cuidará de manter o povo na mesma condição de zumbis alienados que estão hoje. Para isso o poder dominante (um por cento) fizeram um trabalho metódico e científico de desmobilização popular e está dando certo pois a maioria escravizada perdeu até o sentimento da indignação.

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