Depois do Facebook, o Diaspora

Quatro garotos norte-americanos levantam 200 mil dólares para construir uma rede social que respeita a privacidade dos usuários

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(Por Gabriela Leite)

Quatro jovens americanos da New York University (NYU), um matemático e três estudantes de ciência da computação, resolveram pôr em prática uma ideia que começou a ser pensada por muitas pessoas nos últimos tempos. Criaram uma rede que se diz “consciente sobre a privacidade, controlada pessoalmente, faz-tudo e de código aberto” (tradução livre).

A iniciativa surgiu após uma palestra de Eben Moglen, professor de direito da Columbia, sobre a privacidade na internet. Na palestra, Moglen chamou as redes sociais centralizadas de “espionagem de graça”.

Foi aí que os estudantes Maxwell Sallzberg, Daniel Grippi, Raphael Sofaer e Ilya Zhitomirskiy uniram-se para construir um projeto inovador: Diaspora, uma rede social de código aberto que permite que cada usuário tenha o controle sobre seus dados.

O Diaspora está sendo chamada de anti-Facebook, mas sua proposta é maior: mudar o conceito de rede social em geral. Ao inserir uma foto no Facebook ou no Orkut, um vídeo no Youtube ou uma música no MySpace, o usuário os cede completamente para as empresas que controlam as redes , em troca de compartilhar seus arquivos com outras pessoas. E como diz Sofaer: as redes sociais existem há no máximo dez anos, não sabemos o que irá acontecer no futuro com os dados que disponibilizamos nelas, mesmo após serem deletados.

Na opinião dos programadores do Diaspora, o compartilhamento é a coisa mais importante e incrível que existe na internet. Então por que isso tem que ser feito de forma privativa e controladora?

A ideia principal da equipe é que na vida real, quando conversamos com alguém, nos comunicamos diretamente com a pessoa, sem a necessidade de um centralizador. Sendo assim, as redes sociais deveriam seguir a mesma lógica. O Diaspora é uma rede que conecta cada usuário diretamente com quem ele quiser, e o deixa com o direito de controlar seus dados e arquivos quando quiser.

Haveria muita gente descontente com as redes sociais que temos hoje? A prova foi feita pelos quatro garotos por meio do Kickstarter, um site que recolhe fundos para projetos. Os jovens montaram o projeto e deram o prazo de 39 dias para alcançar a meta de reunir 10 mil dólares. O prazo acabou dia 31 de maio e foram arrecadados pouco mais de vinte vezes o valor esperado.

No site do Join Diaspora [“Reúna-se ao Diáspora”], é possível encontrar mais informação sobre o assunto; porém, no momento, não há muita atualização. Os garotos dizem que isso acontece porque estão trabalhando duro no projeto durante a próxima temporada e esperam terminá-lo no final do verão no hemisfério norte (ou inverno no sul, mês de setembro).

Segundo o próprio Facebook, seu número de usuários ativos é de mais de 400 milhões, sendo que metade dessas pessoas acessa sua página pessoal todos os dias (veja as estatísticas). Será difícil para o Diaspora superar esse número, mas o que importa é saber que a internet é dinâmica e tem sempre gente procurando meios de mudar a lógica que o mundo offline tenta impor a ela.

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6 comentários para "Depois do Facebook, o Diaspora"

  1. Sérgio disse:

    Outra coisa: o que garante que a companhia não será vendida depois (mesmo financiado pelo sistema de crowdfunding) como aconteceu com o oculusrift vendido ao faceebook por 3 bilhões?

  2. Sérgio disse:

    O que garante que a Diáspora não é uma rede social para captar os descontentes com políticas do facebook? Tipo um pasto menor com o intuito de somente manter o rebanho confinado com a ilusão de liberdade?

  3. antonio rodrigues disse:

    muito bom. creio que o diaspora tem tudo para dar certo. fiz parte do yahoo 360 e cultivavamos la como um patrimonio. o yahoo vem , acaba com a comunidade, ja de olho no sucesso do facebook. agora o diaspora vem complear essa lacuna. vai dar certo!

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