Crítica a certa crítica do amor

Seria a cama sem paixão uma liberdade? Ou uma espécie de continuação da ideologia do consumo noutros lençóis?

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Por Nuno Ramos de Almeida | Imagem: Gustav Klimt, O Beijo, 1908 (detalhe)

Numa célebre passagem da sua obra, Jorge Luis Borges põe um narrador a conversar com um velho chinês. O idoso explica-lhe que uma infinidade de possibilidades coexistem num mesmo tempo, mas em mundos paralelos – como na parábola do gato de Schrödinger, fundadora da moderna física quântica, em que no momento em que abrimos uma caixa, com veneno e um gato, o felino está ao mesmo tempo morto e vivo. Diz o chinês da história de Borges: “Não existimos na maioria desses tempos; em alguns existe você e não eu; noutros eu e você não; noutros os dois. Neste que a sorte me permite, você chegou a minha casa; noutro, você está atravessar o meu jardim e encontra-me morto.”

Perdemos um ônibus por 30 segundos e encontramos alguém que de outra maneira teríamos falhado. O amor é um verdadeiro acaso. Escrevia Niklas Luhmann, “o amor não é apenas uma anomalia, mas antes uma improbabilidade absolutamente normal”. No processo amoroso, um encontro fortuito abre a possibilidade de criar um mundo, através da capacidade de ver a partir da diferença a dois. Segundo Badiou, ele não nos leva para “cima” nem para “baixo”, permite-nos construir um mundo de uma forma descentrada da visão, que ultrapassa o nosso simples interesse individual. Modifica o tempo e “inventa uma forma diferente de durar na vida”. É um duro desejo de durar, mas é sobretudo a assunção de um desejo de uma duração desconhecida.

A esta ideia de um amor que constrói a partir de um encontro fortuito uma verdade que dura no tempo, opõe-se a concepção de que o amor não passa de uma capa ideológica para a reprodução, em que a paixão não seria mais que a sua prisão.

“O amor é também um prazer”, assim começa Roger Vailland o seu Esboço para um retrato de um verdadeiro libertino. Nesta pequena obra, o escritor francês defende que o amor-prazer se opõe tão rigorosamente ao amor-paixão como a liberdade à escravatura. No amor-paixão os amantes aceitam passivamente “o curso inexorável” de um destino que não elegeram. Pelo contrário, o libertino escolhe o objeto do seu prazer.

O libertino não pretende apaixonar-se nem perder-se. Vê na paixão uma alienação que não lhe permite ser livre e controlar a sua vida. A sua verdadeira forma de comportamento está inscrita na frase do Divino Marquês num romance: “Ele pousou em mim o olhar frio do verdadeiro libertino.”

Nada é mais estranho ao espírito da libertinagem que a linguagem das afinidades eletivas de Goethe. A ideia da predestinação das almas gêmeas é totalmente repugnante para aquele que apenas a liberdade segue. A geometria variável da cama seria parte desse processo de libertação perante uma moral burguesa. Para Vailland, “a cama é para o amor-prazer o que o dinheiro é para o jogo. Foi precisa uma certa burguesia para imaginar o jogo a feijões e o amor sem ir para a cama”.

“Libertino” designava originalmente o filósofo ateu. A palavra foi passando a designar, pela lei da vida, aquele que escorraça Deus e a moral dos outros da sua cama. Resta saber se a alteração da moral dominante não torna o libertino vizinho do liberal. E a cama sem paixão uma espécie de continuação da ideologia do consumo noutros lençóis.

Esta escolha de relações “livres” encaixa bem numa sociedade que pretende os outros à distância em que o maior desejo é a segurança. Vivemos uma época divertida, em que nos apresentam como conquistas civilizacionais o café sem cafeína, o amor sem riscos e a política sem revolução. Uma campanha de um site de encontros francês proclamava com orgulho: “É possível ter paixão sem cair apaixonado.” E acrescentava: “Pode-se perfeitamente estar apaixonado sem sofrer.” Para resolver este embate, o site de encontros propunha uma espécie de “coaching do amor”, para menorizar este choque traumático que é um encontro com o outro.

À cruzada pela segurança das almas juntam-se os liberais; não há nada mais parecido com a doutrina do mercado capitalista que esta ideia das relações afetivas e sexuais como uma questão de gozo ligada a expectativas de consumo.

“Longe de ameaçar o presente regime de biopoder – para utilizar o conceito de Foucault –, a proliferação recente de várias práticas sexuais e identidades sexuais é a forma precisa que assume a sexualidade engendrada nas condições presentes do capitalismo mundial, que encoraja claramente uma subjectividade caracterizada por identificações múltiplas em permanente mudança”, defende Zizek.

Nada garante mais a manutenção de um poder despótico que perpetua a desigualdade que a proliferação de um conjunto de relações fluidas de trabalho, sociais e amorosas que nos tornem a todos elementos isolados num espaço em que não temos poder.

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18 comentários para "Crítica a certa crítica do amor"

  1. Alice Leite disse:

    Obrigada! Pensei exatamente a mesma coisa mas jamais seria capaz de tecer uma argumentação tão perspicaz! Esbocei um comentário e desisti na sequência. Li o seu e concluí que me representava! Sensacional!

  2. O capital ñ tem ética, ideologia ou dissernimento, o que interessa é sua tendencia ao lucro e a acumulação. Portanto, nâo interessa o formato de relacionamento, se é poliamor, sexo livre ou monogamia, o que interessa é o que naquele momento serve a lógica do capital. Dessa forma, qquer tentativa de associação eterna entre formas de relações sexuais e formatos de relacionamentos é mera punheta, pois o capitalismo se reinventa todos os dias.

  3. Zavo disse:

    Nossa que Poético!

  4. Fran Lená disse:

    Gostaria de ler a resposta do autor a sua questão.

  5. Interessante. Principalmente por observar a possibilidade de que as relações podem ser alvo de consumo. Porém, as diversas formas e tipos de afetos que nos incidem relacionam-se diretamente com as linhas de fuga que já tratava Deleuze. É um bom texto pra um bom debate.

  6. Marcelo Bueno disse:

    No conto do Borges quem fala sobre os tempos paralelos é um sinólogo e não um velho chinês.

  7. Diego Mascate disse:

    Lembra a frase do Tim Maia…
    “Este país não pode dar certo. Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita.” haha 🙂

  8. Edgar Rocha disse:

    A única coisa positiva sobre a ponderada análise do autor é que, a despeito das expectativas de controle social das várias opções de sistemas político/econômicos, e da aparente eficácia em sua empreitada pelo fim de tudo que possa interferir no rompante sociopata do mercado, que a tudo disciplina e elimina conforme sua inquestionabilidade, ainda assim, as ideias pairam, as percepções se formam e o incômodo ganha corpo até virar atitude. Quantos de nós já não esboçou (com muito menos talento que seja, já que falo por mim) o mesmo questionamento sobre esta pretensa liberdade nas relações afetivas. Afinal de contas, se a referida mudança de comportamento, apregoada de forma paradigmática pelos quatro cantos, sobretudo pela internet, fosse de fato revolucionária e definitiva, mesmo sendo uma realidade, não tenho dúvidas que já teria sido amplamente rechaçada por aqueles que desejam o controle social de todos em função das demandas de mercado que os beneficiam unicamente. O que não faltam são meios para isto. Esta é por si só, a maior das contradições internas do atual conceito de liberdade: sua pasteurização. Fico feliz que haja talentos capazes de se aperceberem de mais este engodo da ‘modernidade’ e que consigam se fazer ouvir. Parabéns, e obrigado por nos dar bons argumentos.

  9. Marcos Assis disse:

    Mas que cocô de texto. Tô absurdamente farto dessa argumentação normativa e furada pra defender, pagando de bonito, a própria covardia frente a um mundo que apenas começa a aflorar identidades e práticas sexuais historicamente e violentamente oprimidas, silenciadas e invisibilizadas.
    1. Completamente generalista. Iguala todo tipo de prática de liberdade sexual e afetiva não monogâmica. Não assume como os processos de empoderamento e libertação nesse sentido são, assim como todos, também sujeitos à influência e contradições da sociedade opressora e violentamente normativa em que vivemos.
    2. Sugere um binário de modelos de relações como se fosse único: ou a pessoa “aceita passivamente o ‘curso inexorável’ de um destino que não elegeram” ou é uma pessoa libertina, por consequência fria nas relações. Risos.
    3. Sugere que as relações livres seriam pró-capitalistas. O capitalismo encoraja subjetividades e identificações múltiplas?! Em qual mundo?! Só se for no seu, o mundo da normatividade e privilégios. Porque no meu mundo, ser qualquer coisa fora do ‘normal’ (ser qualquer gênero que foge do binário, ter sexualidade e afetividade não monista e não monogâmica, etc, etc) é algo que vai ser FATALMENTE invisibilizado, silenciado e violentamente oprimido da forma mais cruel possível.
    Então para com essas falácias fraquíssimas e argumenta então por que mesmo é que a proliferação de identidades, subjetividades, práticas e entendimentos diversos sobre o próprio corpo seriam suportadas (e não dizimadas) pelo capitalismo. Lógico que não, né: mimimi. Texto mal escrito e covarde. Coisa de gente covarde e normativa. Cuidado pra não comprar essa merda por causa do seu medo de “relacionamento aberto” achando que tá bem na fita, mas na verdade tá é cagando regra no amor das outras pessoas. Tô de olho.
    E podem fazer críticas das críticas o quanto quiserem: vozes da normatividade continuarão sendo o que são: cagadoras de regras.
    Pseudo-socialismo autoritário e normativo!!! Temos que unir todo mundo, né? Ids diferentes que isolam? Temos que unir, mas desde que do jeito certo de vocês, né? E eu que sou individualista e liberal: bebe meu xixi.
    As diversas práticas e entendimentos sobre amor, sexo, relacionamentos e tudo mais são infinitamente diversas e todas sofrerão a pressão inexorável e violenta da sociedade normativa em que vivemos. Mas as diferenças do normal não ameaçam ninguém nem nenhuma prática, subjetividade ou identidade existente, não suportam ordem opressora alguma: APENAS QUEREM EXISTIR. Ao contrário do seu MEDO e COVARDIA que sai cagando regra no amor alheio. Poder despótico é a normatividade também.

  10. Gabrielle disse:

    Muito legal a sua reflexão!
    Eu acho que podemos crescer e evoluir individualmente até um certo ponto. Após esse ponto, precisamos do outro para nos confrontar com nós mesmos, nossos defeitos e dificuldades.
    Quando temos um companheiro, os problemas que acontecem nos expoem, mostram nossos defeitos e nos impulsionam a crescer, se aceitarmos lidar com esse problema. Porém, se a relação for de amor-livre, a tendência das pessoas será de largar o companheiro e não de confrontar o problema, e com isso essa oportunidade de crescimento será desperdiçada.
    Se não há comprometimento em uma relação, a tentação de largar a pessoa quando os problemas acontecem é muito grande, quando esses problemas na verdade são uma oportunidade de crescimento, o crescimento que só pode vir através do outro.
    O mesmo problema ocorre em uma relação a três. Se há um problema com um, a tendência será compará-lo com o outro e não lidar com o problema.
    A relação monogâmica oferece uma possibilidade de crescimento muito grande, desde que haja comprometimento. Se o divórcio é banalizado, essa oportunidade também se esvai, porque é mais fácil largar a pessoa do que crescer com a dificuldade.
    O amadurecimento, o crescimento, não é tarefa fácil. E, no mundo liberal capitalista, a facilidade é sempre a escolha, e é por isso que é tão tentador não viver de forma monogâmica.
    Eu acho que há momentos diferentes na vida de cada um, e tanto o amor poligâmico quanto o monogâmico podem ter seu espaço, dependendo do momento da vida. Com a maturidade, acredito que o amor monogâmico é mais coerente com um aprendizado mais duradouro e com a superação de si.

  11. Vamo fazer assim que cada um cuida da sua vida? Grato, beijos.

  12. José Carlos Abrão disse:

    DIA DOS NAMORADOS (Artigo publicado no Jornal “O Mojiano” de Orlândia, SP, 19/06/14, com exceção do último parágrafo)
    José Carlos Abrão* (Mestre e Doutor em Educação pela FEUSP; Professor Titular aposentado da UFMS))
    Semelhante a outras datas, esta também tem o seu dia de comemoração ou celebração. No Brasil ele ocorre às vésperas (12/06) do dia de Sto. Antônio (13/06), também conhecido como “santo casamenteiro”. Neste artigo eu vou desenvolver algumas considerações ou reflexões em dois momentos. No primeiro eu reproduzo o poema de autoria do mestre Azis Abrahão do seu livro “Poemas Escolares” (1981, S.Paulo, Resenha Universitária, pg. 99). Em seguida, desenvolvo considerações sobre alguns pontos de caráter interdisciplinar que estão na retaguarda, por assim dizer, do desdobramento das sete estrofes que compõem o poema. Adotei esta estratégia para que o leitor e/ou a leitora, ao ler o conteúdo do segundo momento, possam acompanhar as conexões que eu entendo como plausíveis.
    OS NAMORADOS
    Azis Abrahão
    Eram estranhos – dois desconhecidos:
    duas almas, dois destinos e duas vidas.
    Mas hoje, obra dos deuses e cupidos,
    são, numa só, criaturas confundidas.
    O amor pode explodir, como um lampejo,
    de olhares que se cruzam, casualmente,
    na viva labareda de um desejo,
    brotando, com ardor, tão de repente.
    Pode nascer, também, da convivência,
    que é comum no trabalho ou nos estudos,
    da qual resulta aquele mútua influência,
    tendo a amizade e a união por seus escudos.
    Às vezes pode vir da afinidade,
    divina sedução entre duas almas,
    que vincula os destinos e os invade,
    aureolando-os de glórias e de palmas.
    Não raro ele provém da simpatia,
    que, nos semblantes, límpida, fulgura,
    num mundo de quimera e fantasia,
    os olhos carregados de ternura.
    Na comunhão da vida, é o mensageiro
    de dois seres, no enlace emocional,
    em que cada qual vê, no companheiro,
    seu sonho, sua ilusão, seu tipo ideal.
    É o namoro a radiosa temporada,
    da história conjugal o seu advento,
    como estágio inicial de uma jornada,
    cujo epílogo é o próprio casamento.
    (In opus citada acima)
    Diferentemente de outros poemas ou discursos que se dirigem ou se destinam aos casais enamorados, o do mestre Azis traça um percursos existencial calcado nas manifestações ligadas à vida cotidiana. Senão, vejamos: estranhos; desconhecidos; amor e explosão; convivência; afinidade; simpatia; sonho, ilusão, tipo ideal; namoro, epílogo e casamento.
    E por se tratar de vida cotidiana, fica subentendido que teoricamente ele se apoia numa base de caráter filosófico para traçar os possíveis caminhos em que a própria realidade do viver enamoradamente vai sendo traçada e construída a dois. Embora o poeta Azis não se refira diretamente às implicações da vida cotidiana, elas se fazem presentes no embate de diversas naturezas e em diversos momentos entre os enamorados que, como deixa explícito no poema, realizam ou devem realizar um caminhar histórico que vai do namoro ao seu epílogo, ou o casamento. Todo e qualquer casal de enamorados deve passar por esse quadro de viver o cotidiano enamoradamente? Não necessariamente. E aqui nós entramos de cheio no sentido filosófico de vida cotidiana e suas implicações.
    O mestre Azis, ao expor a sua verve poética na construção de seus quadros com pincéis, traçados e cores, tendo como destaque o casal de enamorados, ele usa e abusa de forma convincente a pintura epistemológica de sete quadros que se concatenam na explosão de mediações que não se desgarram do viver o cotidiano enamoradamente. E neste ponto ele abusa dos traçados e das cores porque ele deixa subentendido que, como artista, idealiza quadros que poderão ser acrescidos de outros traços e pinturas por parte de quem esteja do outro lado apreciando os quadros afixados e tirando as conclusões particulares de per si ou a dois…
    Diferentemente de outros poemas, o do mestre Azis não se fixa apenas em certo tipo de viver o cotidiano e sua relação com o viver enamoradamente, como se só este fosse um dos traços mais importante.
    Nesse sentido o quadro poético do mestre Azis neste poema veio à luz às vésperas da conquista das liberdades no Brasil. E, assim, , s.m.j.sutilmente se antecipa ao quadro crítico-ideológico de Nuno Ramos, envolvendo-o…

  13. Stefano disse:

    Que texto bem escrito, que crítica bem pensada! É claro que não é uma verdade absoluta, mas que bela forma de se pensar, tão encantadora!

  14. wunderkind disse:

    belas palavras, nuno! andava a um tempo intrigada com o amor livre e outras histórias como essa..

  15. Ana disse:

    Só falta isso agora, a “patrola” dos politicamente corretos decidirem sobre a vida sexual das pessoas!

  16. nunotito disse:

    Olá do outro lado do mundo,
    Não sei a resposta, da mesma maneira que não consigo garantir que é possível uma revolução. Mas creio que as paixões de alguma forma se equivalem às revoluções: são momentos em que damos sentido ao que somos. O amor, necessariamente não é apenas sexo por muito bom que este seja, exige liberdade: A liberdade de escolher quem amamos. Esse gesto livre e comprometido não se mede pelo número de vezes que o repetimos, mas pela vontade que não tenha tempo contado.
    É possível fazer uma revolução sem pronunciar a palavra? É possível viver sem pensar em palavras? A revolução é como a paixão, parte da não aceitação daquilo que existe e do desejo de conseguir aquilo que é dado como impossível. São rupturas que criam as suas próprias condições de possibilidade. Dão vida aos seus próprio antecedentes passados. Como escrevia Rimbaud, quando pensava no inferno e se propunha transformar o mundo e mudar a vida, “l’amour est à reiventer, on le sait”.
    Vivemos uma época divertida em que nos apresentam, como conquistas civilizacionais, o café sem cafeína, o amor sem riscos e a política sem revolução. Uma campanha de um site de encontros francês proclamava com orgulho: “é possível ter paixão sem cair apaixonado”. E acrescentava, “Pode perfeitamente estar apaixonado sem sofrer”. Para resolver este embate, o site de encontros propunha uma espécie de “coaching do amor”, para menorizar este choque traumático que é um encontro com o outro.
    Nesta cruzada pela segurança das almas juntam-se os liberais, não há nada mais parecido com a doutrina do mercado capitalista que esta ideia das relações afectivas e sexuais como uma questão de gozo ligada a expectativas de consumo.
    Na política como na vida deve-se lutar para reinventar o risco e a aventura contra a segurança e o conforto. Badiou defende que há no amor, como na revolução, uma capacidade de produzir verdade e uma semente da universalidade que transcende num momento a nossa própria mortalidade. Seja isso o que for, passa pela capacidade de se somar ao outro. Aquilo que começa por um encontro do acaso, torna-se um momento de ruptura, como escrevia Mallarmé: “l’hasard est enfin fixé…”.
    As palavras são o momento dessa ruptura.
    Abraço,
    Nuno Ramos de Almeida

  17. Rafael disse:

    Intrigante ponto de vista.
    Conhecidos que, como eu, pensam sobre o amor livre, são via de regra mais alinhados com a esquerda.
    O conceito por detrás de meu pensamento a esse respeito é tentar eliminar o conceito capitalista de posse (ou propriedade privada) e o controle que advém dele de nossas relações amorosas.
    Porém, começam a aparecer na mídia tradicional vários artigos defendendo o poliamor relações livres etc. e sempre considero sudável desconfiar de tendências que aparecem nos grandes veículos de comunicação.
    A minha pergunta ao autor é a seguinte:
    Seria possível considerar em nossas vidas um modelo de relacionamento livre que amenizasse os males do sistema monogâmico (posse, controle) sem que caíssemos no esquema de relações fluídas e liberais citadas no texto?
    Obrigado por causar essa reflexão!!!

  18. Excelente advertênciapara jovens que se esbarram na vida. Nada mais! Sem consequências, sem alegrias e sofrimento. Um simples esbarrão, um beijo e lingua e o consumo do prazer fugidio e inconsequente.
    Sem moralismos, estamos esvaziando nossas vidas com esbarrões fugidios. Muiito medo, moçada!

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