“Meu caro amigo, as coisas estão melhorando”

Chico Buarque entrevistado em Paris: literatura, mídia, música, paixão, Brasil-França, futebol, o sobrenatural… e uma pitada de política

.

Por Daniel Cariello e Thiago Araújo, da revista Brazuca | Foto: Jorge Bispo

“Se tiver bola, eu dou a entrevista”. Essa foi a única exigência do nosso companheiro de pelada, Chico Buarque, numa caminhada entre o metrô e o campo. Uma bola. E eu acabara de informar que o dono da redonda não viria à pelada de quarta-feira. Éramos dez amantes do futebol, órfãos.

Sem saber se esse era um gol de letra dele para fugir da solicitação de seus parceiros jornalistas, ou uma última esperança, em forma de pressão, de não perder a religiosa partida, eu, que não creio, olhei para o céu e pedi a Deus: uma pelota!

Nada de enigma, oferenda ou golpe de Estado. Ele estava ali, o cálice sagrado da cultura brasileira, que sucumbiu ao ver não uma, mas duas bolas chegarem à quadra pelas mãos de Mauro Cardoso, mais conhecido como Ganso. A partir daí, nada mais alterou o meu ânimo e o da minha dupla de ataque-entrevista, Daniel Cariello. Apesar de termos jogado no time adversário do ilustre entrevistado, tomado duas goleadas consecutivas de 10 x 6 e 10 x 1, tínhamos a certeza de que ele não iria trair dois dos principais craques do Paristheama, e sua palavra seria honrada.

Mas o desafio maior não era convencer o camisa 10 do time bordeaux-mostarda parisiense a ceder duas horas de sua tarde ensolarada de sábado. O que você perguntaria ao artista ícone da resistência à ditadura, parceiro de Tom Jobim, Vinicius de Morais e Caetano Veloso, escritor dos best sellers “Estorvo”, “Benjamin”, “Budapeste” e “Leite Derramado”, autor de “A banda”, “Essa moça tá diferente”, “O que será”, “Construção” e da canção de amor mais triste jamais escrita, “Pedaço de mim”?

Admirado e amado por todas as idades, estudado por universitários, defendido por Chicólatras, oráculo no Facebook, onipresente nas manifestações artísticas brasileiras – sua modéstia diria “isso é um exagero”, mas sabemos que não é –, sua reação imediata ao ser comparado a Deus foi “em primeiro lugar, não acredito em Deus. Em segundo, não acredito em mim. Essa é a única coisa que pode nos ligar. Então, pra começo de conversa, vamos tirar Deus da mesa e seguir em frente”.

Enfim, ainda não creio que entrevistamos Deus, quase sem falar de Deus. Mas foi com ele mesmo que aprendi uma lição, talvez um mandamento: acreditar em coisas inacreditáveis. (Thiago Araújo)

Você assume que não acredita em Deus, mas existem trechos nas suas músicas como “dias iguais, avareza de Deus” ou “eu, que não creio, peço a Deus”. No Brasil, é complicado não acreditar em Deus?

Eu não tenho crença. Eu fui criado na Igreja Católica, fui educado em colégio de padre. Eu simplesmente perdi a fé. Mas não faço disso uma bandeira. Eu sou ateu como o meu tipo sanguíneo é esse.

Hoje há uma volta de certos valores religiosos muito forte, acho que no mundo inteiro. O que é perigoso quando passa para posições integristas e dá lugar ao fanatismo. O Brasil talvez seja o pais mais católico do mundo, mas isso é um pouco de fachada. Conheço muitos católicos que vão à umbanda, fazem despacho. E fica essa coisa de Deus, que entra no vocabulário mais recente, que me incomoda um pouquinho. Essa coisa de “vai com Deus”, “fica com Deus”. Escuta, eu não posso ir com o diabo que me carregue? (Risos). Tem até um samba que fala algo como “é Deus pra lá, Deus pra cá – e canta – Deus já está de saco cheio” (risos).

Você já foi em umbanda, candomblé, algo do tipo?

Já, eu sou muito curioso. A mulher jogou umas pipocas na minha cabeça, sangue, disse que eu estava cheio de encosto. Eu fui porque me falaram “vai lá que vai ser bom”. Passei também por espíritas mais ortodoxos, do tipo que encarnava um médico que me receitou um remédio para o aparelho digestivo. Aí eu fui procurar o remédio e ele não existia mais. O remédio era do tempo do médico que ele encarnava (risos).

Já tive também um bruxo de confiança, que fez coisas incríveis. Aquela música do Caetano dizia isso muito bem, “quem é ateu, e viu milagres como eu, sabe que os deuses sem Deus não cessam de brotar.” Eu vi cirurgias com gilete suja, sem a menor assepsia, e a pessoa saía curada. Estava com o joelho ferrado e saía andando. Eu fui anestesista dessa cirurgia. A anestesia era a música. O próprio Tom Jobim tocava durante as cirurgias. Eu toquei para uma dançarina que estava com problema no joelho. Ela tinha uma estreia, mas o ortopedista disse “você rompeu o menisco”. Ela estreou na semana seguinte, e na primeira fila estavam o ortopedista e o bruxo (risos).

Uma vez, estava com um problema e fui ao médico. Ele me tocou e não viu nada. Aí eu disse “olha, meu bruxo, meu feiticeiro, quando ele apertava aqui, doía”. Ele começou a dizer “mas essa coisa de feitiçaria…” e atrás dele tinha um crucifixo com o Cristo. Daí eu perguntei “como você duvida da feitiçaria, mas acredita na ressurreição de Cristo?”. Eu acho isso uma incongruência. Gosto de acreditar um pouco nisso, um pouco naquilo, porque eu vejo coisas inacreditáveis. Eu não acredito em Deus, acredito que há coisas inacreditáveis.

De vez em quando você dá uma escapada do Brasil e vem a Paris. Isso te permite respirar?

Muito mais. Eu aqui não tenho preocupação nenhuma, tomo uma distância do Brasil que me faz bem. Fico menos envolvido com coisas pequenas que acabam tomando todo o meu tempo. Aqui, eu leio o Le Monde todos os dias, e fico sabendo de questões como o Cáucaso, os enclaves da antiga União Soviética, que no Brasil passam muito batidos. O Brasil, nesse sentido, é muito provinciano, eu acho que o noticiário é cada vez mais local.

Meu pai, que era um crítico literário e jornalista, foi morar em Berlim no começo dos anos trinta. Foi lá, onde teve uma visão de historiador, de fora do país, que ele começou a escrever Raízes do Brasil, que se tornou um clássico. A possibilidade de ter esse trânsito, de ir e voltar, eu acho boa. É como você mudar de óculos, um para ver de longe e outro para ver de perto.

Nesse seu vai e vem Brasil-França, o que você traria do Brasil para a França, e vice-versa?

Eu traria pra cá um pouquinho da bagunça, da desordem. Os nossos defeitos, que acabam sendo também nossas qualidades. O tratamento informal, que gera tanta sujeira, ao mesmo tempo é uma coisa bonita de se ver. Você tem uma camaradagem com um sujeito que você não conhece. Aqui existe uma distância, uma impessoalidade que me incomoda.

Para o Brasil, eu gostaria de levar também um pouco dessa impessoalidade. Da seriedade, principalmente para as pessoas que tratam da coisa pública. Não que não exista corrupção na França.

Outra coisa que eu levaria pra lá é o sentimento de solidariedade, que existe entre os brasileiros que moram fora. Isso eu conheci no tempo que eu morava fora, e vejo muito aqui através das pessoas com as quais convivo. Eles se juntam. Como se dizia, “o brasileiro só se junta na prisão”. Os brasileiros também se juntam no exílio, na diáspora.

Falando em exílio, tem uma história curiosa de Essa moça tá diferente, a sua música mais conhecida na França.

É. A coisa de trabalho (N.R.: na Itália, onde Chico estava em exílio político, em 1968) estava só piorando e o que me salvou foi uma gravadora, a Polygram, pois minha antiga se desinteressou. A Polygram me contratou e me deu um adiantamento. E consegui ficar na Itália um pouco melhor. Mas eu tinha que gravar o disco lá. Eu gravei tudo num gravador pequenininho. Um produtor pegou essas músicas e levou para o Brasil, onde o César Camargo Mariano escreveu os arranjos. Esses arranjos chegaram de volta na Itália e eu botei minha voz em cima, sem que falasse com o César Camargo. Falar por telefone era muito complicado e caro. Então foi feito assim o disco. É um disco complicado esse.

Você acabou de citar o Le Monde. Para nós, que trabalhamos com comunicação, sempre existiu uma crítica pesada contra os veículos de massa no Brasil. Você acha que existe um plano cruel para imbecilizar o brasileiro?

Não, não acredito em nenhuma teoria conspiratória e nem sou paranoico. Agora, aí é a questão do ovo e da galinha. Você não sabe exatamente. Os meios de comunicação vão dizer que a culpa é da população, que quer ver esses programas. Bom, a TV Globo está instalada no Brasil desde os anos 60. O fato de a Globo ser tão poderosa, isso sim eu acho nocivo. Não se trata de monopólio, não estou querendo que fechem a Globo. E a Globo levanta essa possibilidade comparando o governo Lula ao governo Chavez. Esse exagero.

Você acha que a mídia ataca o Lula injustamente?

Nem sempre é injusto, não há uma caça às bruxas. Mas há uma má vontade com o governo Lula que não existia no governo anterior.

E o que você acha da entrevista recente do Caetano Veloso, onde ele falou mal do Lula e depois acabou sendo desautorizado pela própria mãe?

Nossas mães são muito mais lulistas que nós mesmos. Mas não sou do PT, nunca fui ligado ao PT. Ligado de certa forma, sim, pois conheço o Lula mesmo antes de existir o PT, na época do movimento metalúrgico, das primeiras greves. Naquela época, nós tínhamos uma participação política muito mais firme e necessária do que hoje. Eu confesso, vou votar na Dilma porque é a candidata do Lula e eu gosto do Lula. Mas, a Dilma ou o Serra, não haveria muita diferença.

O que você tem escutado?

Eu raramente paro para ouvir música. Já estou impregnado de tanta música que eu acho que não entra mais nada. Na verdade, quando estou doente eu ouço. Inclusive ouvi o disco do Terça Feira Trio, do Fernando do Cavaco, e gostei. Nunca tinha visto ou ouvido formação assim. Tem ao mesmo tempo muita delicadeza e senso de humor.

A música francesa te influenciou de alguma maneira?

Eu ouvi muito. Nos anos 50, quando comecei a ouvir muita música, as rádios tocavam de tudo. Muita música brasileira, americana, francesa, italiana, boleros latino americanos. Minha mãe tinha loucura por Edith Piaf e não sei dizer se Piaf me influenciou. Mas ouvi muito, como ouvi Aznavour.

O que me tocou muito foi Jacques Brel. Eu tinha uma tia que morou a vida inteira em Paris. Ela me mandou um disquinho azul, um compacto duplo com Ne me quitte pas, La valse à mille temps, quatro canções. E eu ouvia aquilo adoidado. Foi pouco antes da bossa nova, que me conquistou para a música e me fez tocar violão. As letras dele ficaram marcadas para mim.

Eu encontrei o Jacques Brel depois, no Brasil. Estava gravando Carolina e ele apareceu no estúdio, junto com meu editor. Eu fiquei meio besta, não acreditei que era ele. Aí eu fui falar pra ele essa história, que eu o conhecia desde aquele disco. Ele disse “é, faz muito tempo”. Isso deve ter sido 1955 ou 56, esse disquinho dele. Eu o encontrei em 67. Depois, muito mais tarde, eu assisti a L’homme de la mancha, e um dia ele estava no café em frente ao teatro. Eu o vi sentado, olhei pra ele, ele olhou pra mim, mas fiquei sem saber se ele tinha olhado estranhamente ou se me reconheceu. Fiquei sem graça, pois não o queria chatear. Ele estava ali sozinho, não queria aborrecer. Mas ele foi uma figuraça. Eu gostava muito das canções dele. Conhecia todas.

Falando de encontros geniais, você tem uma foto com o Bob Marley. Como foi essa história?

Foi futebol. Ele foi ao Brasil quando uma gravadora chamada Ariola se estabeleceu lá e contratou uma porção de artistas brasileiros, inclusive eu, e deram uma festa de fundação. O Bob Marley foi lá. Não me lembro se houve show, não me lembro de nada. Só lembro desse futebol. Eu já tinha um campinho e disseram “vamos fazer algo lá para a gravadora”. Bater uma bola, fazer um churrasco, o Bob Marley queria jogar. E jogamos, armamos um time de brasileiros e ele com os músicos. Corriam à beça.

Vocês fumaram um baseado juntos?

Não. Dessa vez eu não fumei.

E essa sua migração para escritor, isso é encarado como um momento da sua vida, já era um objetivo?

Isso não é atual. De vinte anos pra cá eu escrevi quatro romances e não deixei de fazer música. Tenho conseguido alternar os dois fazeres, sem que um interfira no outro.

Eu comecei a tentar escrever o meu primeiro livro porque vinha de um ano de seca. Eu não fazia música, tive a impressão que não iria mais fazer, então vamos tentar outra coisa. E foi bom, de alguma forma me alimentou. Eu terminei o livro e fiquei com vontade de voltar à musica. Fiquei com tesão, e o disco seguinte era todo uma declaração de amor à música. Começava com Paratodos, que é uma homenagem à minha genealogia musical. E tinha aquele samba (cantarola) “pensou, que eu não vinha mais, pensou”. Eu voltei pra música, era uma alegria. Agora que terminei de escrever um livro já faz um ano, minha vontade é de escrever música. Demora, é complicado. Porque você não sai de um e vai direto para outro. Você meio que esquece, tem um tempo de aprendizado e um tempo de desaprendizado, para a música não ficar contaminada pela literatura. Então eu reaprendo a tocar violão, praticamente. Eu fiquei um tempão sem tocar, mas isso é bom. Quando vem, vem fresco. É uma continuação do que estava fazendo antes. Isso é bom para as duas coisas. Para a literatura e para a música.

Tanto em Estorvo quanto em Leite derramado o leitor tem uma certa dificuldade em separar o real do imaginário. Você, como seus personagens, derrapa entre essas duas realidades?

Eu? O tempo todo, agora mesmo eu não sei se você esta aí ou se eu estou te imaginando (gargalhadas).

Completamente. Eu fico vivendo aquele personagem o tempo todo. Entrando no pensamento dele. Adquiro coisas dele. Você pode discordar, mas chega uma hora que tem que criar uma empatia ou uma simpatia. Você cria uma identificação. E alguma coisa no gene é roubado mesmo de mim, algumas situações, um certo desconforto, não saber bem se você é real, se você está vivendo ou sonhando aquilo. Por exemplo, agora que ganhamos de 10 a 1 (referência à pelada que jogamos três dias antes), eu saí da quadra e falei: “acho que eu sonhei. Não é possível que tenha acontecido” (risos).

Você é fanático por futebol?

Não sou fanático por nada. Mas eu tenho muito prazer em jogar futebol. Em assistir ao bom futebol, independentemente de ser o meu time. Quando é o meu time jogando bem, é melhor ainda, pois eu consigo torcer. Agora mesmo, no Brasil, tinha os jogos do Santos.

Mas eu vou menos aos estádios. Eu não me incomodo de andar na rua, mas quando você vai a alguns lugares, tem que estar com o cabelo penteado, tem que estar preparado para dar entrevistas. Aqui, eu estou dando a minha última (risos). Aqui, é exclusiva. Fiz pra Brazuca e mais ninguém. Eu quero ver o pessoal jogar bola. Então eu vejo na televisão. E quando não estou escrevendo, aí eu vejo bastante.

É verdade que um dia o Pelé ligou na sua casa, lamentando os escândalos políticos no Brasil, e disse “é, Chico, como diz aquela música sua: ‘se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão’”?

É verdade (risos). Eu falei “legal, Pelé, mas essa música não é minha”. O Pelé é uma grande figura. Nós gravamos um programa juntos. Brincamos muito. Conheci o Pelé quando eu fazia televisão em São Paulo, na TV Record, e me mudei para o Rio. Os artistas eram hospedados no Hotel Danúbio, em São Paulo. O mesmo onde o Santos se concentrava. Então, eu conheci o Pelé no hotel. E sempre que a gente se encontra é igual, porque eu só quero falar de futebol e ele só quer saber de música. Ele adora fazer música, adora cantar, adora compor. Por ele, o Pelé seria compositor.

E você, trocaria o seu passado de compositor por um de jogador?

Trocaria, mas por um bom jogador, que pudesse participar da Copa do Mundo. Um pacote completo. Um jogador mais ou menos, aí não.

Você ainda pretende pendurar as chuteiras aos 78 anos, como afirmou?

Não. Já prorroguei. Tava muito cedo. Agora, eu deixei em aberto. Podendo, vou até os 95 (risos).

O Niemeyer está com 102 anos e continua trabalhando. Aliás, não só trabalhando como ainda continua com uma grande fama de tarado (risos).

Ele me falou isso. Eu fui à festa dele de 90 anos e ele me disse: “o importante é trabalhar e ó (fez sinal com a mão, referente a transar)”. Aí eu falei “é mesmo?” e ele respondeu “é mesmo”.

Falando nisso, o Vinícius foi casado nove vezes. Você acha a paixão essencial para a criação?

Sem dúvida. Quando a gente começa – isso é um caso pessoal, não dá pra generalizar – faz música um pouco para arranjar mulher. E hoje em dia você inventa amor para fazer música. Se não tiver uma paixão, você inventa uma, para a partir daí ficar eufórico, ou sofrer. Aí o Vinícius disse muito bem, né? “É melhor ser alegre que ser triste… mas pra fazer um samba com beleza, é preciso um bocado de tristeza, é preciso um bocado de tristeza, senão não se faz um samba não”.

Quando eu falo que você inventa amores, você também sofre por eles. “E a moça da farmácia? Ela foi embora! Elle est partie en vacances, monsieur!”. E você não vai vê-la nunca mais. Dá uma solidão. Eu estou fazendo uma caricatura, mas essas coisas acontecem. Você se encanta com uma pessoa que você viu na televisão, daí você cria uma história e você sofre. E fica feliz e escreve músicas.

Pra finalizar. Se você fosse escrever uma carta para o seu caro amigo hoje, o que você diria?

Volta, que as coisas estão melhorando!

MAIS

A entrevista foi publicada originalmente na revista Brazuca, uma publicação bilíngue sobre cultura brasileira que circula em Paris e Bruxelas. A partir de 3 de maio, a degravação completa estará disponível no site de Brazuca. Também lá, é possível baixar em pdf, desde já, a edição completa de março-abril (inclusive com as fotos de Chico…)

Daniel Cariello, editor de Brazuca e co-autor da entrevista, é colaborador regular da Biblioteca Diplô /Outras Palavras. Escreve a coluna Chéri à Paris, uma crônica semanal que vê a cidade com olhar brasileiro. Os textos publicados entre março de 2008 e março de 2009 podem ser acessados aqui. A reestreia, em que Daniel fala sobre a entrevista com Chico, aqui.

Thiago Araújo é diretor de Brazuca.

Leia Também:

27 comentários para "“Meu caro amigo, as coisas estão melhorando”"

  1. silvia prado disse:

    chico, eu sempre tive a sensação que este seu bruxo, tinha o poder de receptar o que eu pensava e o que eu sentia e colocava para ser materializado em suas musicas, livros e agora tambem em entrevistas!!!! Eu não preciso crer em DEUS, eu o conheço…voce mesmo é uma das obras primas dele…. Eu sou chocolatra, Chicolatra e tenho certeza que tambem abençoada por “Deus” pelos meus vicios…Tive um caro amigo em comum, Augusto Boal e que me ensinou muito aos 16 anos de idade sentado na escad do Teatro de Arena…. desisti do teatro e passei a interpretar a vida….Hoje gostaria de poder dizer a ele que pode voltar…. mais ele se foi ….e talvez volte como “bruxo” com direito mexer no caldeirão de nossas vidas. Virei medica, fui para os grandes sertões e reli e vivi o mundo de Guimarães Rosa….. Não posso ser mais feliz….. Conheci o LULA quando eu era estudante no ABC… e conpactuo com voce (mais uma vez) quem o chama de vagabundo, burro, etc.. e que acha que ele nunca leu um livro….não sabe a importancia de não ter lido e sim de ser personagem de tantos (Vidas Secas, Vida e Morte Severina, e outros) Ele tambem e outra obra divina (inacreditável) Sei que voce nunca foi do PT mais seus pais foram companheiros da construção do PT, e a questão não é partido e sim atitude …. continue falando por mim…. voce é mais sensivel e lucido que eu…. obrigada por existir

  2. Tari disse:

    Lúcia Ribeiro, adorei seu comentário..
    Tenho 29 anos e sinto falta de ‘Chico Buarque neste momento no Brasil’ …

  3. Jonathan disse:

    Chico, te amo!!!!
    Gênio!

  4. Patrícia disse:

    Fernandao,
    Só mais uma coisa, na sua argumentação existe um erro de conceito… O individuo que é da Religião Católica (dos Papas) ou Evangélica tem uma mesma origem, o mesmo embasamento doutrinário, dogmático… Se o evangélico fala mal do catolico ou vice-verso, é o sujo falando mal lavado…

  5. Patrícia disse:

    Fernando,
    Nem todos são cristãos, somente são aqueles que acreditam… O cristianismo é uma história inventada pelos romanos para embasar uma ideologia e assim dominar os povos na Idade Média… Deus na perfeição concebida perdoa até aqueles que não acreditam na sua existencia…
    Também acho um defeito Marina ser Evangélica, ela fica mais próxima de uma possível dominação (ser dominada)…

  6. Stella disse:

    CONVERSA DE COMPADRE
    Falar de futebol é tudo de bom.
    É mesmo.
    Ah que saudade de Nelson Rodrigues!
    É mesmo.
    “Os jogadores já partiram e o Brasil vacila entre o pessimismo mais obtuso e a esperança mais frenética.”
    É mesmo.
    Para que escrever para Chico e mandar um quase release, um compêndio sobre o mercado imobiliário ou mandar Marina Silva para a fogueira?
    É mesmo.
    Falar de Chico é tudo de bom.
    É mesmo.

  7. Fernando Elias disse:

    Meu recado é para esta que fala acima, elaine costa, o defeito é ser evangelica, DEus tenha compaixão desta mulher. Por que falar mal dos evangelicos desta forma, vc é cristã, ou é outra coisa qualquer, talvez da igreja romana, dos papas, dos etcs…, e de coisa pior, né, quem sabe. Deus tenha piedade sua e de seus descendentes.

  8. elaine costa disse:

    Gentem! Não vou escrever para o Chico pq sei que ele não vai ler… mas o que tenho a dizer prá vcs é que não entendi que ele vai votar na Dilma não…na verdade a opção é a Marina Silva…estão esquecendo disso??Ela tem o DNA do Lula, mas não mente…o defeito é ser evangélica…mas ninguém é perfeito msm…

  9. janete alves menezes giardini disse:

    Foi ótimo poder ler essa entrevista.Amo o chico desde criança,sou uma frustada por não o conhecer pessoalmente.

  10. vanderlei disse:

    Qual Governo vai alterar o mercado imobiliário ?
    No mercado nacional de construção civil, ou melhor, habitacional a composição dos valores numa transação habitacional fica assim:
    Do preço do imóvel comprado: 20 % do valor corresponde ao custo real
    80% do valor corresponde à especulação
    Se você paga R$ 100 000 na compra de seu imóvel, R$ 20 000 corresponde ao custo do imóvel e R$ 80 000 corresponde ao valor especulativo do negócio.
    Você acha que o comércio deixa os produtos caros ?
    Numa análise custo e benefício, o comércio deixa os produtos duas vezes mais caros que o valor da indústria, isto é, se o preço da indústria é 100, o produto custará no comércio no mínimo 200.
    Não contrata, paga mal – por que não substituir o comércio por cooperativas e outros meios de distribuição ?
    Já que quem paga os impostos e despesas empresariais são os consumidores
    Você vive numa democracia, então, por que não ter os mesmos direitos ?
    Por que não podemos declarar o Imposto de renda com os mesmos direitos de uma Pessoa Jurídica, isto é, deduzir todas as despesas como os empresários fazem na sua contabilidade?
    Por que Pessoa Física precisa pagar quase todas as despesas e Pessoa Jurídica Não ?
    Não é democracia, ou está todo mundo viajando ??

  11. Carol disse:

    Queria eu ter feito essa entrevista, como fã, admiradora e como curiosa ferrenha!

  12. Tina Aliberti disse:

    Ninguém é perfeito! Nem mesmo Chico Buarque de Holanda!

  13. Paula disse:

    Uma vez corri atras do Chico na praia de ipanema inteira pra tirar uma foto com ele. Ele é super simpático e tem uma energia sincera e de paz.
    Chico, eu te amo, e voto na Dilma também. (só porque vc falou rsrs) precisa explicar a piada? (2)

  14. Fátima Viganó disse:

    Chico,
    Tomara que você leia de verdade as mensagens que estamos lhe enviando.
    Pra ser sincera essa é a primeira vez(tenho somente 48 aninhos…) que me encho de coragem e escrevo para alguém que admiro. Você e Maria Bethânia são meus dois amores musicais.
    Essa sua entrevista está ótima! Parece que estamos conversando com você. Quanto às suas ideias políticas, discordo do que a maior parte do pessoal escreveu. Você não tem que se manifestar para desimbecilizar ninguém: vote em quem quiser. Ou será que esse direito já não existe?
    Somente para ser mais tiete, tenho que dizer que adoro quando você canta “Eu te amo”: …ah, se já perdemos a noção da hora…”
    Beijos,
    Fátima Viganó

  15. Will disse:

    Concordo. Não faz a “menor” diferença um ou “outra”. Mas os “medrosos” vão ficar com a “outra” ou o um.

  16. Lilian disse:

    Meus queridos, só porque ele disse que votaria na Dilma, porque ela é a candidata do Lula não quer dizer que ele não se importe ou nunca tenha pensado no assunto, ou não tenha motivos pra isso. Aliás, que absurdo pensar que alguma coisa assim tão “leviana” como foi mencionado em alguns posts acima, partiria de um dos maiores seres “pensantes” desse país. Tem uma pessoa que até veio dar lição de moral… pra quem? pro CHICO BUARQUE!!!! ai meu deus. As pessoas levam tudo muito a sério, mas acho que é porque elas são burras mesmo. Chico, da próxima vez, desenha? pra ver se alguém entende.
    Chico, eu te amo, e voto na Dilma também. (só porque vc falou rsrs) precisa explicar a piada?

  17. Armando Carvalho disse:

    Pá,
    Passei anos da minha juventude a sonhar ver-te num concerto.Quando vieste a Lisboa não havia cheta para a entrada e agora também não, com a agravante que já somos cinco a admirar o teu trabalho de operário em construção.
    Uma parte da nossa festa está estragada, pá, mas a festa imortal da luta pela emancipação continua. Faz sempre falta a tua banda sonora, a do Lins, a do Gabriel, etc pra entusiasmar a malta.
    Abração transatlântico.

  18. Fabio Campos disse:

    Pois bem,
    é realmente curioso você poder ler uma (outra, de tantas!) entrevista de alguém que parece tão próximo, tão perto. Parece. Quando comecei a tocar violão e via os encadeamentos dos acordes, percebi como a música brasileira passava por ali, por aquela harmonia e sequências. Aquela melodia… Por Chico. Quando comecei a escrever letras idem. Não consigo citar porque são realmente muitos exemplos de beleza não rara. Beleza comum nesse trabalho. Um dia, era aluno da PUC-RJ tentei jogar bola no campo do Politheama. Estávamos com uma homenagem ao João do Valle e fomos ao campo tentar fazer o contato. Mas nesse dia o Chico não foi. E não pode participar, também, da homenagem. Foram Gonzaguinha, João Nogueira, Geraldo Azevedo, Maurício Tapajós, Luis Vieira e o próprio homenageado em cadeira de roda, mas o Chico não foi. Ficou aquele vazio… Conseguimos arrecadar um dinheiro e enviar para o João do Valle que, poucos meses depois viria a falecer. Hoje, também não acredito mais em Deus, pelo menos enquanto vivo. Depois, é outro caso. E não creio mais também naquela música que amo e que ainda fazem o quarteto Chico, Caetano, Gil e Milton. Não há mais espaço para novos (novo? 44 de vida e 20 de música!) como eu. Depois de 250 músicas compostas e 20 anos tocando, compondo, escrevendo e gravando, só me resta mesmo curtir essa simplicidade nas palavras e a vontade de tomar umas depois de uma goleada imposta no campinho. Mas isso é sonho, não custa sonhar, mas é sonho!
    Parabéns pela entrevista!
    Abraços,
    Fabio Campos

  19. Monica Siqueira disse:

    Chico,
    vc é sempre genial. Não tenho religião, mas se tivesse, seria Chicobuarquista!
    Parabéns por todos os seus livros e músicas!
    Bjs (que honra mandar-lhe beijos!),
    Mônica

  20. Sebastião disse:

    Grande Chico Buarque, só falta você dizer que vota em Dilma pois acredita que ela, neste momento, é o melhor nome para as coisas continuar melhorando!!! Abraços

  21. Socorro Monteiro disse:

    Chico, meu amor!
    Amo você desde sempre, mas não posso ficar quieta ouvindo-o dizer que vota na Dilma por razão tão superficial! Nossas questões são muito sérias para serem levadas aos fins somente porque somos amigos desse ou daquele, além disso acho que a Dilma não é amiga de ninguém, cá para nós. Um grande beijo, com a admiração,mas com a agora restrição, de sempre.
    Socorro.

  22. Lúcia Ribeiro disse:

    Recado (audacioso) a Chico:
    Chico: vou ser bem sincera e comentar o que achei de sua entrevista. Fico à vontade para falar porque você é uma das pessoas que conheço a muito tempo, pois desde a minha adolescência acompanho o seu trabalho e lhe admiro muito. Em primeiro lugar, você é uma pessoa em quem muita gente acredita, mas acima de tudo, precisamos de você. Lembrando Paulo Freire: “o povo não sabe a força que tem” . Se analisarmos as mudanças ocorridas no mundo, vemos que o povo é quem dá o “primeiro chute”, pois política nada mais é do que defender interesses pessoais e o povo age politicamente quando também briga por seus interesses.
    Você não é passado, tenho uma filha de 20 anos que é sua fã. Você desperta questionamentos e posicionar-se tão friamente em política não condiz com a sua história.
    É notório que o povo vive imbecilizado. Não sabe da importância ora vivida na América Latina em relação a determinados governos. Não sabem que, ocasionalmente, governos que tentaram mudar as relações com o domínio imperial foram desestabilizados (li recentemente, inspirada por Hugo Chávez, “As Veias Abertas….”); Hoje vivemos um momento singular, pela presença em conjunto. Não acho que nos anos 60 a participação política era mais necessária: acredito que ela hoje é mais imprescindível – antes para mudar e hoje para firmar. Diante dos últimos discursos de Serra,vê-se o quanto há de diferença com Dilma.
    As coisas estão melhorando, mas podem ser revertidas e o esperado pode não passar de um idílio. “Acorda, Amor”, o pesadelo segue (Honduras, Colômbia…).
    Lembrando a sua Carolina: … o tempo está passando na janela…
    Beijos

  23. Jorge Dantas disse:

    Chico,
    Sou um admirador do seu estilo de vida, apesar de o meu dia-a-dia não ter nada a ver com ele. Acho que temos a mesma paixão no futebol: o Fluminense. Você fez uma música sobre o clube (“…satisfeito, o radinho tocando direito a vitória do meu tricolor”), talvez outras, mas não me lembro ou nunca as ouvi. Você não acha que poderia fazer uma música de verdadeiro sucesso sobre o Flu, assim como fazem (tantas) sobre o Flamengo? A torcida tem tanto carinho por você e até lhe homenageou no jogo contra a LDU, que acho que merece um presente desse. Faz a música, Chico, bem brasileira e cheia de refrões daqueles que se repete e não se esquece.
    Parabéns Chico, espero que você viva até os 100 anos jogando futebol, sempre com uma “peladinha” ao lado.
    Não falei de cinema e de livros, que são outras paixões mútuas, assim como de mulheres, porque imagino que você gosta mesmo é de futebol.
    Abraços

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *