Boaventura: "Não há escolhas ideais"

Sociólogo vê hesitação dos socialistas e disseca opção dos dogmáticos, nas eleições portuguesas de domingo. Mas sugere: “transformações maiores virão; enquanto isso, votem à esquerda”…

Multidões de portugueses tomaram as ruas em junho de 2012, no movimento "Que se Lixe a Troika". Mas esquerdas tradicionais ainda não acordaram para nova cultura política, argumenta Boaventura Boaventura

Multidões tomaram as ruas de Lisboa em junho de 2012, contra as políticas de “austeridade”. Mas também em Portugal, esquerdas tradicionais ainda não acordaram para nova cultura política

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Sociólogo constata hesitações dos socialistas e disseca sectarismo dos dogmáticos, nas eleições portuguesas deste domingo. Ainda assim, recomenda: “transformações maiores virão; enquanto isso, votem à esquerda”…

Por Boaventura de Sousa Santos

Uma amiga querida, espanhola, disse-me há dias que lhe apetecia escrever uma crônica intitulada: “Votem à esquerda e deixem-se de parvoíces”. Com esta frase queria ela expressar a ideia de que, apesar de não haver escolhas ideais para votar à esquerda, o mais importante de tudo é mandar embora este governo e tudo o que ele significou para o país. Os danos mais evidentes aí estão: o país empobreceu, a classe média foi arrasada, muitos dos melhores jovens emigraram, a ciência, a saúde e a educação foram decapitadas, tudo isto para diminuir uma dívida que afinal aumentou e para relançar o crescimento econômico que afinal não surgiu e se surgir será um potenciador de desigualdades. E, para além de tudo, a corrupção. Exceptuando o Tribunal Constitucional, o sistema judicial português, além de conservador, é timorato, não sendo capaz de enfrentar políticos enquanto estão no governo. Esta é talvez uma das razões por que os dois líderes do governo queiram tanto ganhar as eleições. Qualquer cidadão minimamente atento não deixará de considerar um escândalo que, no caso dos submarinos, os alemães que corromperam os portugueses tenham sido julgados e punidos enquanto os portugueses  corrompidos por eles continuem a exercer funções públicas.

Mas o mais grave do que aconteceu não se vê. Está inscrito no que os portugueses não veem quando se veem ao espelho: a contra-revolução do 24 de Abril, a ideia de que somos um povo incapaz, que não merecemos o que conquistamos nos últimos quarenta anos, que afinal nunca tivemos direitos, recebemos uns donativos que aliás malbaratamos, que fomos irresponsáveis em pensar que podíamos ser europeus noutra qualidade que não a de serviçais estrangeiros dos europeus do norte.

Devemos, pois, deixar-nos de parvoíces e votar à esquerda. Porque é que não há escolhas ideais? O Partido Socialista (PS) entende que, não estando sujeito a nenhuma pressão da esquerda, mais dividida do que nunca, e tendo o atual governo assumido uma posição muito mais à direita que a posição tradicional do Partido Social Democrata (PSD), tem à sua disposição o centro, onde não tem concorrência. Estratégia arriscada porque, depois de quatro anos de destruição da classe média que sustenta o centro, não se sabe como votarão as suas ruínas. A Europa está a mudar. Vejamos o caso inglês, onde o partido irmão do PS, o Partido Trabalhista, acaba de eleger o secretário-geral mais à esquerda da sua história. Por maioria esmagadora, com a contribuição crucial de jovens que só agora se filiaram no partido (3 libras — quase R$ 20 — pela filiação), com o objectivo de pôr fim ao centrismo e de poder lutar por uma sociedade onde a injustiça, a precariedade e a pobreza não sejam uma fatalidade de que só os ricos estão isentos. No discurso da vitória, Jeremy Corbyn referiu-se sempre ao partido como partido-movimento.

A esquerda à esquerda do PS é a única que se opõe inequivocamente à austeridade, mas é confrangedor vê-la dividir-se ainda mais quando nunca houve tantas razões para se unir. É confrangedor, mas tem uma razão sociológica. Dado o envolvimento dos partidos socialistas europeus com o neoliberalismo e a corrupção e, por último, com as políticas de austeridade que tanta desigualdade e sofrimento injusto têm causado, abriu-se uma janela de oportunidade para uma verdadeira política de esquerda. Para ela se concretizar, seria necessária um profunda revisão das ideologias e uma nova forma da fazer política a partir dos cidadãos humilhados e ofendidos. Em Espanha, a oportunidade foi aproveitada; na Grécia, foi tentada mas falhou ou foi feita falhar.

Em Portugal, não foi sequer tentada. Pelo contrário, o Partido Comunista Português (PCP) contentou-se em continuar a ter sempre razão ante os erros que sempre e só os outros cometem e o Bloco de Esquerda (BE), pelo seu dogmatismo, criou as condições para novos partidos surgirem à esquerda, nomeadamente o Partido Livre (PL) formado com ex-militantes do BE. Como nunca esteve tão longe de ser relevante, a esquerda à esquerda disfarça a irrelevância com a autenticidade dos princípios e a clarividência das propostas, quando não cai no mais caricato espetáculo de personalismo exibicionista. É um desperdício intolerável. Mas ainda maior é desperdício de não podermos contar com a intervenção política de tantos jovens progressistas, altamente qualificados, que podiam estar politicamente mais ativos se a política fosse menos medíocre.

Mas nem tudo é mau. Em alguns distritos, em Coimbra por exemplo, há movimentos de cidadãos e cidadãs com uma história que vem de trás e que, parecendo estar atrás de um partido, está, de fato, à frente dele. São o embrião das transformações políticas que acabarão por chegar à sociedade portuguesa.

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2 comentários para "Boaventura: "Não há escolhas ideais""

  1. ENCARNAÇÃO DO ESPÍRITO DA VERDADE
    (GL.1.9) ASSIM JÁ DISSEMOS, E AGORA REPITO: (AP.22.18) EU, A TODO AQUELE QUE OUVE AS PALAVRAS DA PROFECIA DETE LIVRO, TESTIFICO: (JB.14.17) O ESPÍRITO DA VERDADE QUE O MUNDO NÃO PODE RECEBER, PORQUE NÃO NO VÊ NEM O CONHECE, VÓS O CONHECEIS; PORQUE ELE HABITA CONVOSCO E ESTARÁ EM VÓS, (SL.33.19) PARA LIVRAR-LHES A ALMA DA MORTE, E NO TEMPO DA FOME CONSERVAR-LHES A VIDA: (MC.15.28) E CUMPRIU-SE A ESCRITURA QUE DIZ: (MT.1.23) EIS QUE A VIRGEM CONCEBERÁ E DARÁ A LUZ UM FILHO, E ELE SERÁ CHAMADO PELO NOME DE EMANUEL (QUE QUER DIZER: DEUS CONOSCO:
    ATÉ QUE ENFIM…
    AGORA, OS IDOLATRAS JÁ NAO PODERAO CONTINUAR AFASTANDO A ALMA HUMANA DO ESPÍRITO DE DEUS IMPUNIMENTE; PORQUE JÁ SÃO PECADORES CONSCIENTES: JÁ NAO PODERÃO CONTINUAR PERPETUANDO A IGNORÂNCIA NA TERRA, CAUSANDO O SOFRIMENTO DO MEU POVO, E A DESTRUIÇÃO DO NOSSO PLANETA; PORQUE A MENTIRA JÁ NÃO PODE PREVALECER CONTRA A VERDADE ETERNA DOS MEUS TESTEMUNHOS ESPIRITUAIS, ASSIM SINTETIZADA:
    Paz à todos!
    Este tópico tem a finalidade de reunir algumas referências a respeito da encarnação do Espírito da Verdade para o período atual de transição planetária. Não serão mostradas as mensagens na íntegra, mas serão mencionadas as obras das quais os trechos foram extraídos, para quem quiser conferir posteriormente. Muitos estudiosos espíritas, para não dizer todos, fazem uma vista grossa para este magno acontecimento. Sendo assim, fazendo menção à parábola evangélica As Dez Virgens, perguntamos: estamos nos assemelhando às virgens loucas ou às virgens prudentes, quando o Noivo divino já está chegando? O real preparo está sendo realizado para receber Ensinamentos de ordem mais elevada, pelo novo Enviado de Deus à face da Terra? Quando uma nova luz iluminar o entendimento humano a respeito da Verdade Eterna através do Espírito da Verdade encarnado, estaremos preparados para recebê-la, ainda mais se estiver fora das nossas expectativas? Receberemos o Enviado mesmo se ele não estiver vinculado diretamente e atuante no Espiritismo? É, no mínimo, para refletir sobre o assunto.
    1 – “Vimos preparar os caminhos para que as profecias se cumpram. Quando o Senhor vos der uma manifestação mais retumbante da sua clemência, que o enviado celeste já vos encontre formando uma grande família; que os vossos corações, mansos e humildes, sejam dignos de ouvir a palavra divina que Ele vos vem trazer; que ao eleito somente se deparem em seu caminho as palmas que aí tenhais deposto, volvendo ao bem, à caridade, à fraternidade.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VII, Instruções do Espíritos, mensagem O Orgulho e a Humildade, 12º parágrafo, pelo espírito Lacordaire)
    2. – “(…) mas há outros [seres] cuja missão é agir sobre a Humanidade inteira, que não aparecem senão nas épocas mais raras, que marcam a era das transformações gerais.
    Jesus-Cristo foi um destes enviados excepcionais; do mesmo modo tereis, para os tempos chegados, um Espírito superior que dirigirá o movimento de conjunto e dará uma coesão poderosa às forças esparsas do Espiritismo. (…) Limito-me a dizer-vos: Esperai e orai., porque o tempo é chegado e o novo Messias não vos faltará: Deus saberá designá-lo a seu tempo. E, aliás, é por suas obras que ele se afirmará.” (Revista Espírita, ano 1868, mês Fevereiro, Instruções do Espíritos, 3ª mensagem, Os Messias do Espiritismo, pelo espírito Baluze)
    3 – “(…) Não fiqueis, pois, admirados de todas as comunicações que vos anunciam a vinda de um Espírito poderoso sob o nome do Cristo; (…) Se o Messias de que falam essas comunicações não é a personalidade de Jesus, é o mesmo pensamento. É aquele que Jesus anunciou, quando disse: ‘Eu vos enviarei oEspírito de Verdade, que deve restabelecer todas as coisas’, isto é, reconduzir os homens à sã interpretação de seus ensinamentos, porque ele previa que os homens se desviariam do caminho que lhes havia traçado. (…) Quando todas as bases estiverem postas, então virá o Messias, que deve coroar o edifício e presidir à reorganização, auxiliado pelos elementos que tiverem sido preparados” (Revista Espírita, ano 1868, mês Fevereiro, Instruções do Espíritos, 4ª mensagem, Os Messias do Espiritismo, pelo espírito Lacordaire)
    4 – “(…) Esse glorioso futuro que vos anunciamos será realizado pela vinda de um Espírito superior, que resumirá, na essência de sua perfeição, todas as doutrinas antigas e novas, e que, pela autoridade de sua palavra, ligará os homens às crenças novas. (…) Perguntais se esse novo Messias é a pessoa mesma de Jesus de Nazaré? Que vos importa, se é o mesmo pensamento que os anima a ambos? (…) Espíritas! Compreendei a gravidade de vossas missão; estremecei de alegria, porque não está longe a hora em que o divino enviado alegrará o mundo. (…) A ignorância e a perturbação ainda vos ocultam uma parte da verdade que só o celeste Mensageiro vos pode revelar inteiramente.” (Revista Espírita, ano 1868, mês Fevereiro, Instruções do Espíritos, 6ª mensagem, Os Espíritos Marcados, pelo espírito São Luís)
    5 – “(…) Sim, meus filhos, o povo se comprimirá sobre os passos do novo mensageiro anunciado pelo próprio Cristo, e todos virão escutar essa divina palavra, porque nela reconhecerão a linguagem da verdade e o caminho da salvação.” (Revista Espírita, ano 1868, mês Fevereiro, Instruções do Espíritos, 7ª mensagem, Os Espíritos Marcados, pelo espírito Lamennais)
    6 – “(…) Novas raças saídas das altas esferas vêm rodopiar em torno de vós, esperando a hora de sua encarnação messiânica (…). Estamos e ficaremos convosco, sob a égide do Espírito de Verdade, meu e vosso mestre.” (Revista Espírita, ano 1868, mês Fevereiro, Instruções do Espíritos, 8ª mensagem, Futuro do Espiritismo, pelo espírito Erasto)
    7 – “(…) as virtudes dos céus já se abalam e as estrelas caem de sua abóbada, mas transformadas em Espíritos puros, que vêm, como anuncia a Escritura em linguagem figurada, proclamar sobre as ruínas do velho mundo, o advento do Filho do Homem.” (Revista Espírita, ano 1868, mês Fevereiro, Instruções do Espíritos, 10ª mensagem, As Estrelas Cairão do Céu, pelo espírito Dupuch)
    8. – “Povos, escutai!… Uma voz se faz ouvir de um extremo ao outro do mundo: é a do precursor anunciando a vinda do Espírito de Verdade, que vem endireitar os caminhos tortuosos por onde o espírito humano se desgarrava em falsos sofismas. (…) O Espiritismo é essa voz poderosa que já repercute até os confins da Terra; todos a ouvirão.” (Revista Espírita, ano 1868, mês Fevereiro, Instruções do Espíritos, 11ª mensagem, Os Mortos Sairão de Seus Túmulos, pelo espírito João Evangelista)
    9 – “(…) A vinda do Messias, como fato geral, está anunciada, porque era útil que dela se estivesse prevenido; é uma garantia do futuro e um motivo de tranquilidade, mas as individualidades não devem revelar-se senão por seus atos. (…)” (Revista Espírita, ano 1868, mês Março, Comentários Sobre os Messias do Espiritismo, 4º tópico, 8º parágrafo, por Allan Kardec)
    10 – “(…) Moisés é o tempo passado; o Cristo, o tempo presente; o Messias a vir, que é o amanhã, ainda não apareceu… Moisés tinha que combater a idolatria; o Cristo, os fariseus; o Messias a vir terá também os seus adversários: a incredulidade, o cepticismo, o materialismo, o ateísmo e todos os vícios que acabrunham o gênero humano… (…) Mas esse Messias que deve vir é o próprio Cristo? questão difícil de compreender no tempo presente, e que amanhã será esclarecida. (…) É o Espiritismo que deve remover as grandes pedras que poderiam dificultar a passagem daquele que deve vir. Esse homem será poderoso e forte, e numerosos Espíritos estão na Terra para aplanar o caminho e fazer cumprir o que foi predito. (…) Esse novo Messias será chamado o Cristo? É uma pergunta que não posso responder; esperai o amanhã. (…) trabalhai sobre vós mesmos para vos regenerardes, a fim de que o Mestre vos encontre preparados.” (Revista Espírita, ano 1868, mês Maio, Dissertação dos Espíritos, mensagem Ontem, Hoje e Amanhã, pelo Espírito da Fé)
    11. – – “(…) Todos somos chamados ao grande labor e o nosso mais sublime dever é responder aos apelos do Escolhido. (A Caminho da Luz, cap. XXV, O Evangelho e o Futuro, 24ª parágrafo, pelo espírito Emmanuel)
    Setembro/2015
    Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/artigos-espiritas/encarnacao-do-espirito-da-verdade/#ixzz3mTdR8eBO

  2. Marcos disse:

    A maior decepção/medo do homem, admitido ou não, é saber que vai morrer. Disso ele se ressente tão profunda e inconscientemente que para se vingar, julga a vida imperfeita e factível de correções que normalmente deslizam facilmente para o ataque permanente ao planeta, as vidas que vivem nele, entre elas a do próprio homem. O perverso idealismo sob os mantos da idéia de Deus, da República, da Igualdade, do Progresso e ultimamente do Mercado Livre, perpetrou historicamente os maiores ataques à vida que se tem registro. O homem doente do idealismo crê em mundos perfeitos e sem tensões onde o diferente é sempre encarado como uma ameaça ao núcleo de sua ficção. Essa expectativa baseada numa concepção de valores niilistas e irrealizáveis não tem como ser preenchida. A expectativa sempre inflacionada e ao mesmo tempo intolerante em relação à incerteza natural dos fatos corriqueiros, é algo da ordem da doença. O que foge a esta teia, a essa caixinha reduzida de entendimento passa a ser algo a se normatizar ou eliminar. Não é muito difícil demonstrar que estamos e sempre estivemos entre bárbaros, embora alguns estivessem adormecidos por uma daquelas ilusões acima. O sonho de uma sociedade ideal empenhada em acabar com todas as diferenças que não se encaixam no seu modelo de perfeição acaba resultando na ficção de líderes e partidos ideais, os quais deveriam realizá-la, não podendo deslizar um milímetro daquela idealidade sob pena de perder toda a credibilidade e se tornar o vilão da vez. O pior lado dessa “visão” de mundo é o adiamento do envolvimento de cada um em fazer da sua vida uma afirmação daquilo que supostamente defende. Ao esperar que o milagre venha de cima o homem medíocre se exime da culpa e da responsabilidade por tudo que der errado e se sente no direito de julgar o evento “de fora”. Num contexto histórico milenar que criou um débito impagável pela assunção de Cristo dos pecados da humanidade, a distribuição dessa dívida é administrada a partir dessa visão hipócrita de ideal que convenientemente ignora a capacidade de pagamento daqueles que inadvertidamente se colocam como fiadores e mediadores dessas idealidades. Ao não reconhecer o seu envolvimento naquilo que julga, direciona ao outro tudo o que “dá errado”. O curioso é que todos ao mesmo tempo sentem no direito de julgar de fora aqueles de dentro que são eleitos como os vilões. O advento dessas manifestações de 2013 mostrou uma quantidade não pequena de gente que grita contra a corrupção e que ignora ou tem a má fé de atirar a pedra naquilo que eles costumeiramente estão habituados a conceder a si mesmos: a possibilidade da burla, o cálculo esperto, a saída pela direita do leão da montanha, um sem número de artifícios ilegais ou irregulares para manter uma certa quantidade de dinheiro o mais próximo possível de si. Eu duvido que se queira honestamente acabar com a corrupção, pois se assim fosse já estaríamos vivendo num daqueles paraísos idealizados pela maioria “honesta”. O meu receio é que tal paraíso seja uma daquelas ficções em que a vida, a diferença, o sabor e eventualmente a cor, continuem a ser o grande incômodo que têm sido na trajetória humana rumo à sociedade ideal.

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