Belo Monte: doze questões sem resposta

Quais as lacunas da licença para usina no Xingu. Por que revelam insistência num padrão de “desenvolvimento” a ser superado

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Por Dion Márcio C. Monteiro

Encravado na Amazônia brasileira, o Xingu é um dos mais importantes rios da região. Dele dependem aproximadamente 14 mil indígenas do Mato Grosso e Pará, além de centenas de comunidades compostas por ribeirinhos, pescadores, extrativistas, quilombolas e agricultores familiares. Tiram sua alimentação das águas deste rio, e o utilizam como meio de transporte — não raro, o único. Antes das expedições holandesas, inglesas e portuguesas ao Xingu, ocorridas principalmente no século 17, a população indígena era muito maior, com aldeias que contabilizavam até 3 mil habitantes. Com o passar do tempo, a situação só tem se agravado para as comunidades originárias e tradicionais existentes na região.

Em 1975, sob o comando dos militares que governavam o Brasil desde o golpe de Estado de 1964, a Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A (Eletronorte) iniciou os estudos do Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu, primeiro passo no projeto de construção da Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte. Foi responsável por este levantamento o Consórcio Nacional de Engenheiros Consultores S.A (CNEC Engenharia), empresa naquele momento integrante do grupo Camargo Correa, um dos maiores interessados em participar do processo de construção de Belo Monte.

O ano de 1989 é um marco no processo de resistência ao então chamado Complexo Hidrelétrico do Xingu (o conjunto então proposto, sete barragens no curso do rio). Ralizou-se em Altamira, Pará, o 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu. Reuniu aproximadamente 3 mil pessoas, entre lideranças indígenas como Raoni Metuktire (cacique Kayapó), Marcos Terena e Ailton Krenak; o então diretor da Eletronorte José Antônio Muniz Lopes (que se tornou presidente da Eletronorte no governo FHC e preside agora a Eletrobrás; o cantor inglês Sting; além de centenas de ambientalistas e jornalistas.

Aenorme indignação dos indígenas e demais povos da floresta, e sua intensa repercussão internacional, forçaram o governo a recuar, mudar de estratégia e refazer seu projeto. Porém a ponto de levar empresários e políticos influentes a desistir de suas intenções iniciais. Dezesseis anos depois, em agosto de 2005, a Eletrobrás firmou acordo de cooperação com as construtoras Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Correa para a conclusão dos Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental da UHE Belo Monte. Em maio de 2009 o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) foram entregues ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão brasileiro responsável pela análise destes documentos e posterior emissão das licenças para a realização do leilão e obras da hidrelétrica.

Em fevereiro de 2010, o governo brasileiro emitiu a chamada Licença Prévia (LP) que autoriza o leilão de Belo Monte. Além das empreiteiras já citadas, teve apoio do grupo francês GDF Suez; de importantes grupos eletro-intensivos e mineradores, como Votorantim, Vale e Alcoa; diversos empresários; governadores, prefeitos e parlamentares. Mas por que os povos do Xingu lutam, há mais de vinte anos, contra a construção desta hidrelétrica — apelidada de “Belo Monstro” pelos moradores e moradores da região? A resposta parece ser clara para quem conhece a floresta e o rio, mas aparentemente “incompreensível” para quem mora a milhares de quilômetros de distância, no centro-sul do Brasil.

O EIA/RIMA de Belo Monte foi elaborado pela Leme Engenharia, afiliada ao Grupo Tractebel Engineering, por sua vez vinculado ao grupo GDF Suez, um dos possíveis participantes do leilão para construção da UHE Belo Monte. Em outubro de 2009, cinco meses após a versão final do documento ter sido entregue ao Ibama, chegou ao mesmo órgão, e ao Ministério Público Federal (MPF), um relatório alternativo, de 230 páginas, intinulado “Analise Crítica do Estudo de Impacto Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte”. Foi elaborado por mais de quarenta pesquisadores. Antropólogos, sociólogos, zoólogos, biólogos, etimólogos, doutores em energia e planejamento de sistemas energéticos, historiadores, cientistas políticos, economistas, engenheiros, hidrólogos, ictiólogos, entre outros, compõem um grupo denominado Painel de Especialistas. Ligados a universidades e centros de pesquisas nacionais e internacionais, eles fizeram uma análise detalhada dos estudos de Belo Monte.

Geração média será muito menor que a anunciada.

Lago desalojará 20 mil famílias e custo

da obra, financiado pelo BNDES, pode chegar a R$ 30 bi

Seu relatório levanta várias interrogações ainda sem respostas, além de diversas outras questões que foram abordadas de forma incorreta ou inconsistente no EIA elaborado pela empresa contratada pela Eletrobrás. Reúne uma grande quantidade de informações instigantes.

1. O primeiro fator a chamar atenção – e um dos menos destacados pelo governo federal – é a destinação da energia a ser gerada UHE Belo Monte. Aproximadamente 80% da eletricidade atenderá as empresas do Centro-Sul do país. Até 20%, caso a negociação realizada entre a União e o governo do Pará se concretize, ficarão para atender empresas eletro-intensivas deste estado, principalmente as Vale e Alcoa. Gerarão vantagens competitivas para estes grupos no cenário internacional, mas não proverão nem 1 quilowatt (KW) para as comunidades amazônicas que até hoje não possuem energia elétrica.

2. Também não é divulgado que a energia prometida (aproximadamente 11 mil megawatt (MW), só será entregue durante quatro meses no ano. Em outros quatro meses a usina funcionará apenas com 30% a 40% de sua capacidade máxima; nos quatro meses restantes, não gerará praticamente nenhuma energia. A média anual ficará em torno de 4,5 mil MW, segundo os dados da própria Eletrobrás – uma média muito baixa quando se faz a relação custo-benefício, podendo inclusive inviabilizar financeiramente o projeto.

3. O estudo entregue pela Eletrobrás ao IBAMA não informa que mais de 20 mil pessoas serão obrigatoriamente deslocadas das áreas onde vivem, deixando para trás suas relações sociais e econômicas, além de elementos materiais de suas memórias. Chama atenção que o EIA utiliza como parâmetro a média brasileira de componentes por grupo familiar, entre três e quatro pessoas. Na região amazônica, porém, a média é outra. A bibliografia disponível indica que o grupo familiar é composto, em média, por 5,5 a 7 pessoas. As conseqüências deste equivoco são graves, pois ao subestimar a população remanejada não é possível pensar corretamente as estruturas e equipamentos sociais necessários para atender quem precisará de moradia, escola, posto de saúde, estradas e outros equipamentos públicos. Problemas semelhantes já se manifestaram nas construções das hidrelétricas de Tucuruí (PA), Balbina (AM) e Samuel (RO).

4. O EIA de Belo Monte afirma que o reservatório, com 516 Km², atingirá diretamente três municípios: Altamira, Vitória do Xingu e Brasil Novo. Porém, especialistas afirmam que Anapu e Senador José Porfírio também serão afetados pelo lago. O estudo oficial diz que onze municípios sofrerão impactos sócio-econômicos e ambientais da hidrelétrica: Altamira, Senador José Porfírio, Anapu, Vitória do Xingu, Pacajá, Placas, Porto de Moz, Uruará, Brasil Novo, Gurupá e Medicilândia, perfazendo mais de 300 mil habitantes. Pautado nesta informação, o MPF tem apresentado uma das contestações ao processo de licenciamento. Se o próprio EIA informa que onze municípios sofrerão impactos, sustentam os procuradores do Ministério Público, então não são suficientes as quatro audiências públicas realizadas – em Belém, Altamira, Brasil Novo e Vitória do Xingu. Faltaram a participação, o amplo debate e os esclarecimentos à população afetada, razões de ser das audiências.

5. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), afirmou, em outubro de 2009, que o custo de Belo Monte seria 16 bilhões de reais. Cinco meses depois, e um mês após a emissão da LP, a EPE reavaliou este custo, estimando-o em aproximadamente R$ 20 bilhões. As empreiteiras, principais interessadas na construção da usina, avaliam que o valor final não será menor que R$ 30 bilhões. Esta indefinição sobre o custo total da obra impossibilita uma segura avaliação em relação ao custo-benefício e à viabilidade econômica. É importante frisar que não estão sendo consideradas a rede de transmissão de energia, subestações, e outras estruturas necessárias ao completo funcionamento do complexo hidrelétrico. Em março de 2010, a EPE também elevou, em mais de 20% (de R$ 68 para R$ 83), o preço-teto da energia vendida nos leilões da Usina de Belo Monte.

6. Os empreendedores estimam que aproximadamente 100 mil pessoas migrarão para a região, principalmente rumo à cidade de Altamira. Alguns especialistas falam que este número, como outros informados pelo governo, também está subestimado. Calculam, amparados no que ocorreu em obras semelhantes, um mínimo de 150 mil pessoas. A Eletrobrás observa no EIA/RIMA que 18 mil empregos diretos serão gerados no pico da obra, no terceiro e o quarto anos de construção. Somados os 23 mil empregos indiretos previstos, seriam 41 mil postos de trabalho. Nas contas do próprio governo, portanto, aproximadamente 60 mil pessoas que migrarão não terão emprego em nenhum momento. A obra deve durar dez anos. No final da construção, a quantidade de empregos estimados é de apenas 700 diretos e 2.700 indiretos. O EIA/RIMA avalia que 32 mil migrantes deverão ficar na região após o termino da obra, a maioria em Altamira.

Índios não foram ouvidos adequadamente. Emissões

de gases-estufa podem estar subestimadas. Certas condições do

Ibama só serão conferidas anos após conclusão da usina

7. De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) o metano (CH4) é um gás de efeito-estufa que causa um impacto 25 vezes maior no aquecimento global que o gás carbônico, por tonelada emitida. As hidrelétricas são responsáveis pela liberação de metano, pois a vegetação que fica submersa com a formação do lago (no caso de Belo Monte, com mais de 500 Km²), libera, ao se decompor, grandes quantidades do gás. A produção de CH4 também ocorre com o processo de passagem da água pelas turbinas e vertedouros da hidrelétrica, algo ignorado pelo EIA/RIMA. As grandes hidrelétricas agravam em especial esta situação, pois quanto maiores a área alagada, e a água movimentada, maior a emissão de metano.

8. O EIA/RIMA afirma que serão afetadas diretamente pela usina de Belo Monte as Terras Indígenas Paquiçamba (do povo Juruna), e Arara da Volta Grande do Xingu (do povo Arara), além da Área Indígena Juruna do Quilômetro 17 (também do povo Juruna). O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) afirma que também será afetada diretamente a Terra Indígena Trincheira Bacajá (dos povos Kayapó e Xicrin). Porém, mesmo reconhecendo este impacto direto, o governo recusa-se a realizar as oitivas indígenas, conforme determinam o artigo 231 da Constituição e a convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário. Este também é um dos principais questionamentos levantados pelo Ministério Público Federal.

9. Com a construção da barragem principal da usina de Belo Monte, uma área de aproximadamente 100 quilômetros, na chamada Volta Grande do Xingu, terá a sua vazão de água reduzida a algo em torno de 30% do fluxo atual. Sobre isso, o parecer técnico nº114/2009, assinado por seis analistas ambientais do Ibama, e um dos documentos básicos para a emissão da LP, é claro. Diz o parecer: “o estudo sobre o hidrograma de consenso não apresenta informações que concluam acerca da manutenção da biodiversidade, a navegabilidade e as condições de vida das populações do TVR [Trecho de Vazão Reduzida]”.

10. Para que as águas do rio Xingu possam fluir da barragem principal até as vinte turbinas que estão previstas para Belo Monte, serão abertos dois gigantescos canais no meio da floresta, o que movimentará aproximadamente 150 milhões de metros cúbicos de terra, e 60 milhões de metros cúbicos de rocha, equivalentes à movimentação de material realizada na abertura do Canal do Panamá. Os impactos não foram totalmente contabilizados no EIA/RIMA de Belo Monte, além de não ter sido fornecida informação clara sobre o local onde o material retirado será depositado, caso a obra avance.

11. O parecer técnico nº114/2009 também afirma que “tendo em vista o prazo estipulado pela Presidência [do IBAMA], esta equipe não concluiu sua analise a contento. Algumas questões não puderam ser analisadas na profundidade apropriada, dentre elas as questões indígenas e as contribuições das audiências públicas”. Porém, em relação ao que puderam identificar, os analistas ambientais destacam, além das questões referentes ao TVR, o não-dimensionamento a contento dos impactos decorrentes do afluxo populacional para a região. Em consequência, podem ser insuficientes as medidas que tentarão preparar a região para receber tal afluxo, além de estar indefinida a responsabilidade de cada agente públicos nas ações necessárias. Um terceiro elemento apresentado no parecer 114/2009 é um elevado grau de incerteza em relação ao prognóstico da qualidade da água, em especial no reservatório dos canais da hidrelétrica.

12. A Licença Prévia nº342/2010, emitida pelo Ibama em 1º de fevereiro de 2010, apresentou quarenta condições para a execução da obra. O cumprimento de várias delas, porém, só poderá ser atestado após a conslusão e pleno funcionamento da obra. É o caso da garantia de qualidade da água, navegação e modos de vida da população da Volta Grande do rio Xingu. A licença também posterga a apresentação das estratégias para garantir a infra-estrutura que antecede as obras. Ela só será definida depois da escolha da empresa que gerará a energia. Estas indefinições estão sendo questionadas por diversos movimentos sociais, ONGs e Ministério Público. Entende-se que não é possível adiar o atendimento destas condicionantes. Após realizado o leilão, a pressão política e econômica do consórcio vencedor para o rápido início dos trabalhos será muito mais forte. Haverá enorme risco de que fiquem à margem do debate fatores importantes para a preservação da vida, e do próprio rio Xingu.

Alternativas: recorrer a fontes limpas, debater

novo paradigma de produção e consumo, rever

relações entre ser humano e natureza

Estes doze pontos, levantados a partir do exame do EIA/RIMA e do relatório do Painel de Especialistas, não esgotam as questões existentes. Uma destas é o perigo iminente de se retomar o projeto original para a construção de hidreléticas no rio Xingu. Ele previa sete represas, número tarde reduzido cinco. As indefinições existentes sobre Belo Monte torna incerta a viabilidade econômica, o que pode despertar a tentação de “completá-la”. O volume de energia entregue pela usina equivalerá a cerca 39% de sua capacidade máxima de geração – enquanto a recomendação técnica é de pelo menos 55%. Nada impede que o governo, no futuro, proponha “otimizar” o empreendimento construindo novas barragens no Xingu.

É interessante também verificar o envolvimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para financiar até 80% de Belo Monte, a instituição precisará se capitalizar, principalmente depois que a EPE reavaliou o custo da obra para R$ 20 bilhões. O banco também financiar o projeto em até trinta anos, dos quais cinco de carência e 25 de amortização. Atualmente, a diretoria do BNDES permite apenas o financiamento em 25 anos, dos quais vinte de amortização. As taxa de juros para o empréstimo ao consorcio ganhador serão as menores do mercado. Vale lembrar que uma das principais fontes de recursos do BNDES é o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), um fundo especial destinado ao custeio do seguro-desemprego, abono salarial e financiamento do desenvolvimento econômico dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.

Belo Monte é um dos maiores investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Como tal, tem recebido atenção especial. Isto ficou particularmente claro em fevereiro de 2010. A Advocacia-Geral da União (AGU) ameaçou processar membros do MPF que se contrapõem ao licenciamento e construção da usina, alegando que as ações judiciais propostas por eles são “sem fundamento, destinadas exclusivamente a tumultuar a consecução de políticas públicas relevantes para o país”.

Diversas comunidades indígenas já deixaram clara sua oposição à construção de Belo Monte. Uma das mensagens foi expressa em carta enviada em 1º de novembro de 2009, ao presidente Lula, pelos povos indígenas Mebengôkre (Kayapó), Xavante, Yudjá (Juruna), Kawaiwet (Kaiabi), Kisêdjê (Suiá), Kamaiurá, Kuikuro, Ikpeng, Panará, Nafukua, Tapayuna, Yawalapiti, Waurá, Mehinaku e Trumai, habitantes da bacia do Rio Xingu e das regiões circunvizinhas. Reunidos na aldeia Piaraçu (Terra Indígena Capoto/Jarina), afirmaram textualmente: “Caso o governo decida iniciar as obras de construção de Belo Monte, alertamos que haverá uma ação guerreira por parte dos povos indígenas do Xingu. A vida dos operários e indígenas estará em risco e o governo brasileiro será responsabilizado”.

O modelo de desenvolvimento implementado na região amazônica tem sido historicamente pautado nos grandes projetos de exploração vegetal, mineral, e hídrica. Isto pode ser verificado nas hidrelétricas de Tucuruí (PA); Curuá-Una (PA); Balbina (AM); Samuel (RO); nos projetos de exploração de ouro em Serra Pelada, no município de Curionópolis, realizado por uma cooperativa de garimpeiros; na exploração de ferro em Parauapebas, realizado pela Vale; na exploração de bauxita em Juruti, realizado pela Alcoa; exploração de níquel em Ourilândia do Norte, pela Vale; exploração de bauxita em Oriximiná, pela Mineração Rio do Norte/Vale; exploração de Cobre em Canaã dos Carajás (Vale); e exploração de bauxita em Paragominas (mais uma vez, Vale). Todos os projetos citados estão localizados no Pará.

Data do final do século 16 o início da exploração dos recursos naturais da Amazônia. Foi sempre um processo autoritário, que se estendeu na fase “moderna”, a partir do final dos anos 1930. O processo tem demonstrado a insustentabilidade do atual modelo de desenvolvimento e, em especial, a urgência alternativas. Elas incluem um cardápio de transformações. A energia pode ser gerada a partir de fontes limpas: solar, eólica, resíduos da biomassa não-oriundos de monoculturas. Relações humanas sustentáveis não podem sobrepor os elementos econômicos ambientais, sociais ou culturais. O paradigma de desenvolvimento pode perfeitamente estabelecer harmonia entre a natureza e os seres humanos, garantindo a existência primeira do planeta. A insistência no atual padrão ampliará os desastres climáticos e ambientais, já em estágio avançado.

Dion Márcio C. Monteiro é economista do Instituto Amazônia Solidária e Sustentável (IAMAS), doutorando em Sociologia na Université Paris-Nord (França), e componente do Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo para Sempre.

MAIS:

Bibliografia de referência:

> EIA-RIMA da Usina de Belo Monte (em versão “pdf”).

> Relatório do Painel de Especialistas (em versão “pdf”)

> Parecer Técnico Nº 114/2009 / Ibama.

> Licença Prévia Nº 342/2010 / Ibama.

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14 comentários para "Belo Monte: doze questões sem resposta"

  1. Fabrício B. Aguirre disse:

    Aqui vi outro artigo interessante: https://domtotal.com/noticia/1541632/2021/09/o-absurdo-de-belo-monte/

  2. O grupo Nhanderu de música ancestral gostaria primeiramente de parabenizá-lo pelo texto.
    Não existe progresso que passe por cima da população. O verdadeiro progresso é apenas aquele que respeita o povo, que melhora sua vida, e definitivamente tirar pessoas de suas casas, retirar suas terras para plantar e praticamente extinguir o rio que traz água e comida é um ATO LEVIANO, que proporcionará apenas melhoria de vida para aqueles que são ricos, os empresários. Nesse país chamado Brasil, ensina-se que o progresso é para o bem do povo, quando uma verdadeira observação atenta e cautelosa constata que apenas aqueles que estão no topo estão a melhorar de vida com esse chamado “progresso do país”. Deveria chamar então de “progresso dos políticos e empresários”! Esqueceram que nós, brasileiros, somos descendentes de índios? Levante a mão quem gostaria de perder sua casa para morar, sua terra para plantar e seu rio para pescar e beber.
    A construção da usina de Belo Monte é uma vergonha para o nosso país!

  3. Missao Tanizaki disse:

    Nem TUDO requer Enormes Investimentos
    Prezado Cidadão Brasileiro,
    Por devemos COMEÇAR com o AGUAPÉ ? ? ? ? ?
    A Equipe BR do AGUAPÉ tem procurado mostrar à Sociedade Brasileira por onde se deve começar quando se BUSCA / LUTA, visando estabelecer o nosso Desenvolvimento SOCIAL & Econômico do BRASIL, de FATO, SUSTENTÁVEL.
    Percebemos que os ESFORÇOS são de MUITOS, porém observa–se que a RESULTANTE tende a ser NULA porque não está ocorrendo um DIRECIONAMENTO SÁBIO – FORÇAS em Direções Opostas se ANULAM & RECURSOS acabam indo para o RALO, como tem ocorrido com o BIODIESEL (Um TIRO no PÉ) ! ! ! ! ! !
    No Governo Passado muitos acreditavam que a Mamona seria a Matéria-Prima para o BIODIESEL e hoje sabemos que foi um ERRO INFANTIL. Também afirmamos que a GLICERINA poderia se tornar um Grande Poluidor porque não teria onde utilizá–lo.
    Acertamos & Continuar Acertando ! ! ! ! ! !
    Aqui deixamos mais um Importante ALERTA:
    A Sociedade Brasileira precisa aprender a SOMAR ESFORÇOS, caso contrário Muito RECURSO vai para o RALO e isso não pode mais ser aceito, pois os outros PAÍSES CONCORRENTES não admitem isso já a um Bom Tempo, certo que é um FREIO para o próprio DESENVOLVIMENTO.
    A maioria das Tecnologias e Matérias–Primas atualmente utilizadas são POLUIDORAS por isso a HUMANIDADE começou a passar a investir na Química VERDE – aqui neste PONTO a Equipe BR do AGUAPÉ tem procurado deixar outro ALERTA: é preciso estabelecer primeiro as Matérias–Primas que apresentam características apropriadas que possam ser importantes para a Preservação do Meio Ambiente & Biodiversidade – todas as matérias–primas que vem sendo objetos de Estudos e / ou Pesquisas apenas absorvem o Gás Carbônico – na visão da Equipe BR do AGUAPÉ, todos estão cometendo um Novo Grave ERRO, pois não estão focando os Demais POLUENTES que poderá se tornar FATAL para toda Biodiversidade do Planeta Terra.
    A Equipe BR do AGUAPÉ adotou a Planta Aquática (O AGUAPÉ) porque ELA própria se revelou DESPOLUIDORA das ÁGUAS. Sempre preocupamos com a POLUIÇÃO e sempre soubemos que ELA vai parar nas ÁGUAS – A ÁGUA é a BASE da VIDA, portanto é fácil perceber que é FUNDAMENTAL dar PROPRIDADE na Preservação / Conservação das ÁGUAS de todo o Planeta TERRA.
    Escolhemos o AGUAPÉ, também, porque os NÃO – ÉTICOS levaram Mudas / Sementes dessa Nossa Espécie VEGETAL e depois passaram a denominá – la de PRAGA. Trata– se de mais uma “Mentira que quiseram transformar em VERDADE”, mas LUTAMOS para desfazer a IMAGEM DENEGRIDA e acreditamos que a tornaremos no Mais Importante VEGETAL Brasileiro que a NATUREZA nos deixou para promover o nosso Desenvolvimento SOCIAL & Econômico do BRASIL, de FATO, SUSTENTÁVEL.
    A Equipe BR do AGUAPÉ tem, com muita persistência, afirmado que o AGUAPÉ tem de IMEDIATO algumas APLICAÇÕES ao ALCANCE dos Pequenos Produtores que podem torná–los altamente COMPETIVOS, requerendo baixo ou nenhum Investimento Financeiro.
    Os Pequenos Produtores podem utilizar o AGUAPÉ como Adubo VERDE / Adubo ORGÂNICO (BioFertilizantes) na substituição da sua Agropecuária CONVENCIONAL pela Agropecuária ORGÂNICA, compensando / neutralizando todas as suas antigas POLUIÇÕES e contribuindo para promover VIDA mais SAUDÁVEL à toda Sociedade Brasileira. Podem , também, fazer uso do AGUAPÉ no preparo / formulação das RAÇÕES de menor CUSTO.
    Porque os nossos Pequenos Agricultores e mesmo os PESQUISADORES não ousam iniciar a utilização do AGUAPÉ ? ? ? ? ?
    A Equipe BR do AGUAPÉ acredita que a Sociedade Brasileira apresenta uma série de Vícios / Crendices / Traumas de Difíceis Soluções. A Sociedade Brasileira precisa estabelecer Novas Somas de Esforços para Reduzir / Eliminar esses Gravíssimos PROBLEMAS, pois se trata dos fatores ESCRAVIZANTES da Sociedade Brasileira, uma vez que tem comprometido o Desenvolvimento Pessoal, Profissional, entre outros, da maioria dos Nossos Cidadãos Brasileiros.
    CUIDADO: O AGUAPÉ, na maioria das situações, pode estar contaminado por Microorganismos Patogênicos ou Produtos Tóxicos que pode atingir / contaminar as Pessoas Inexperientes e ser FATAL – requer utilização de Sistema de Proteção apropriado.
    NOTA 01: a Equipe BR do AGUAPÉ recomenda ampla utilização do AGUAPÉ à todos que acreditam na Química VERDE.
    NOTA 02: o RELATO da sua Experiência de Vida pode VALER muito mais que RESULTADOS de PESQUISAS NÃO-ÉTICOS, Novas LEIS, entre outros recursos, estabelecidos e aprovados por Deputados / Senadores pouco PREPARADOS para estabelecer as Verdadeiras Soluções para essa e outras QUESTÕES.
    NOTA 03: é de sua RESPONSABILIDADE utilização CORRETA / ÉTICA das INFORMÇÕES repassadas pela Equipe BR do AGUAPÉ.
    NOTA 04: “Quando Sonhamos SOZINHOS é só um SONHO, mas quando Sonhamos JUNTOS é o início de uma Nova Realidade” (D. Helder Câmara) – apresente as suas MANIFESTAÇÕES (Críticas, Sugestões, ETC.), utilizando o Endereço Eletrônico: [email protected], certo que muitos na Sociedade Brasileira, inclusive a Equipe BR do AGUAPÉ, te agradeçerão.
    NOTA 05: torne-se DIFERENTE no seu Dia a Dia, certo que no FUTURO, não distante, conseguirá FANTÁSTICOS RESULTADOS que poucos conseguem – na medida do possível inicie o seu DIA, arregaçando as mangas & mãos as obras no cumprimento das suas Obrigações / Deveres, certo que vai Pré-Aquecer a sua MENTE para realizar, com SABEDORIA os TRABALHOS do DIA a DIA, entre OUTROS.
    NOTA 06: a Equipe BR do AGUAPÉ já tomou as iniciativas para a criação da OSCIPE – Equipe BR do AGUAPÉ, visando abrir OFICIALMENTE as PORTAS para toda Sociedade Brasileira, principalmente para os PESQUISADORES, AUTORIDADES e os POLITICOS que se apresentarem Interessados pelo AGUAPÉ.
    Um Abraço Fraterno aos Interessados pelo AGUAPÉ,
    MISSAO TANIZAKI
    Servidor Público Federal
    Bacharel em Química
    [email protected] (Usual)
    [email protected] (Alternativo)
    OSCIPE – Equipe BR do AGUAPÉ
    TUDO POR UM BRASIL & MUNDO MELHOR
    Equipe BR do AGUAPÉ:
    1. Adriane Alves / Prof.POA
    2. Amadeu Elizeu Ribeiro Neto / MAPA
    3. Antônio Ugattis / SP”
    4. Ayrton Jun Ussami / MAPA
    5. Bernardo Sayão / MAPA
    6. Celso Cordeiro Silva / MAPA
    7. FENDEL
    8. Kleber Souza dos Santos / Orgânicos / MAPA
    9. Lázaro Cabral da Costa
    10. Marcus Fonseca
    11. Miguel Nicolau
    12. Missao Tanizaki
    13. Motezuma
    14. MT JR
    15. Murilo Carlos Muniz Veras
    16. RENNER
    17. Rodrigo Batista de Paula
    18. Rogério Lellis
    19. Sylmar / CATI

  4. Frederico Pinheiro disse:

    Duas perguntinhas sem resposta:
    1 – Se um lago artificial de uma usina hidroelétrica gera muito metano, que dizer dos igarapés, pantanais, banhados e chacos que abundam no Brasil nas regiões Norte e Centro-Oeste? Vamos aterrá-los, então?
    2 – Por que razão tantos ambientalistas estrangeiros (Switkes, Fearnside e outros) se instalam na Amazônia, por que tantas ongs estrangeiras só atuam no 3°mundo e não o fazem em seus países?

  5. Missao Tanizaki disse:

    Barragens das Hidrelétricas Brasileiras & AGUAPÉ
    Prezado Cidadão Brasileiro,
    A Equipe BR do AGUAPÉ a ler a matéria (Link abaixo), entre outras, percebe rapidamente que muitos PESQUISADORES são demasiadamente PONTUAIS e por essa razão NÃO PERCEBEM os seus ERROS quando se fala do nosso AGUAPÉ.
    http://www.xinguvivo.org.br/2011/01/18/a-usina-hidreletrica-de-belo-monte-em-pauta/
    Chegaram mesmo a declararem que se tratava de uma PRAGA que causa PROBLEMAS às Navegações nas Hidrovias.
    Em muitos Blog’s há comentários apresentando CRÍTICAS, mas Propostas de SOLUÇÕES ninguém ou poucos apresentam – a Equipe BR do AGUAPÉ atua de Forma Diferente, com os PÉS no CHÃO e por isso tem a apresentar o que segue.
    Podemos / devemos atuar para reconstruir a IMAGEM DENEGRIDA das BARRAGENS, basta que se INVISTA POLITICAMENTE no FOMENTO da Produção & Industrialização do AGUAPÉ.
    Que as Emissões dos GEE seja 1 ou 30 %, citado na matéria (Link abaixo), com a nossa Produção & Industrialização do AGUAPÉ podemos retirar o Gás Carbônico da Atmosfera e Matérias Orgânicas / Minerais que estão causando a POLUIÇÃO em nossas ÁGUAS em todas as Regiões do BRASIL – ALERTAMOS que não há necessidade de RECURSOS FINANCEIROS / TECNOLÓGICOS, mas requer Empenho de Esforços ÉTICOS.
    Abrindo as PORTAS ÉTICAS para a Produção & Industrialização do AGUAPÉ, estamos certos que surgirão rapidamente alguns Milhares de Interessados pelo AGUAPÉ dispostos a Colherem / Controlarem o EXCESSO da Produção do AGUAPÉ que já causou alguns PROBLEMAS de NAVEGABILIDADE nas HIDROVIAS do BRASIL e em outros Países.
    Tudo pode ser realizado à CURTO PRAZO & SEM Demanda Financeira, mas será necessário estabelecer uma POLÍTICA ÉTICA de Soma de Esforços (UNIÃO) na Sociedade Brasileira que deve partir ou ser iniciada pelo MMA, MAPA, entre outras Instituições Públicas.
    Lembramos aqui que estamos convictos que a Produção & Industrialização do AGUAPÉ tem POTENCIALIDADE para substituir toda Produção Mundial do PETRÓLEO, entre outros, e no futuro se tornará a Matéria Prima VERDE (BIOMASSA) da Química VERDE
    Com o exposto acima a Equipe BR do AGUAPÉ recomenda uma profunda REFLEXÃO e fica aguardando as MANIFESTAÇÕES dos Cidadãos Brasileiros ÉTICOS (e-mail: [email protected]).
    CUIDADO: O AGUAPÉ, na maioria das situações, pode estar contaminado por Microorganismos Patogênicos ou Produtos Tóxicos que pode atingir / contaminar as Pessoas Inexperientes e ser FATAL – requer utilização de Sistema de Proteção apropriado.
    NOTA 01: a Equipe BR do AGUAPÉ recomenda ampla utilização do AGUAPÉ à todos que acreditam na Química VERDE.
    NOTA 02: o RELATO da sua Experiência de Vida pode VALER muito mais que RESULTADOS de PESQUISAS NÃO-ÉTICOS, Novas LEIS, entre outros recursos, estabelecidos e aprovados por Deputados / Senadores pouco PREPARADOS para estabelecer as Verdadeiras Soluções para essa e outras QUESTÕES.
    NOTA 03: é de sua RESPONSABILIDADE utilização CORRETA / ÉTICA das INFORMÇÕES repassadas pela Equipe BR do AGUAPÉ.
    NOTA 04: “Quando Sonhamos SOZINHOS é só um SONHO, mas quando Sonhamos JUNTOS é o início de uma Nova Realidade” (D. Helder Câmara) – apresente as suas MANIFESTAÇÕES (Críticas, Sugestões, ETC.), utilizando o Endereço Eletrônico: [email protected], certo que muitos na Sociedade Brasileira, inclusive a Equipe BR do AGUAPÉ, te agradeçerão.
    NOTA 05: torne-se DIFERENTE no seu Dia a Dia, certo que no FUTURO, não distante, conseguirá FANTÁSTICOS RESULTADOS que poucos conseguem – na medida do possível inicie o seu DIA, arregaçando as mangas & mãos as obras no cumprimento das suas Obrigações / Deveres, certo que vai Pré-Aquecer a sua MENTE para realizar, com SABEDORIA os TRABALHOS do DIA a DIA, entre OUTROS.
    NOTA 06: a Equipe BR do AGUAPÉ já tomou as iniciativas para a criação da OSCIPE – Equipe BR do AGUAPÉ, visando abrir OFICIALMENTE as PORTAS para toda Sociedade Brasileira, principalmente para os PESQUISADORES, AUTORIDADES e os POLITICOS que se apresentarem Interessados pelo AGUAPÉ.
    Um Abraço Fraterno aos Interessados pelo AGUAPÉ,
    MISSAO TANIZAKI
    Servidor Público Federal
    Bacharel em Química
    [email protected] (Usual)
    [email protected] (Alternativo)
    OSCIPE – Equipe BR do AGUAPÉ
    TUDO POR UM BRASIL & MUNDO MELHOR

  6. Ubiratan Mendes disse:

    Uma única pergunta sem resposta: o que seria do Brasil hoje sem as outras hidroelétricas que foram construídas nas décadas anteriores? Também sofreram críticas e resistências diversas, ainda que em escala bem menor. Provavelmente, seríamos muito mais dependentes economicamente e não haveria energia suficiente para abastecer a população, ou teríamos que utilizar termoeletricidade a carvão, óleo ou gás (poluentes).

  7. Paulo Wagner disse:

    Concordo que a construção de uma hidrelétrica no rio Xingu é altamente preocupante, no mínimo. Ainda mais quando existem alternativas limpas e comprovadas em termos de segurança ambiental. Um exemplo dessas alternativas, em moda agora devido à defesa do Brasil de maior diálogo com o Irã, é o uso pacífico de energia nuclear.
    Ainda que estigmatizada, é uma fonte de energia que não gera qualquer emissão de gases de efeito estufa, ocupa pouco espaço e tem impacto ambiental reduzido. E o mais importante: como o país poderia abrir mão dessa tecnologia e da prerrogativa de seu uso de forma pacífica quando defende exatamente isso por parte do Irã e de outras nações? A Amazônia certamente agradeceria e o país poderia continuar no seu rumo a um maior desenvolvimento econômico, com geração de emprego, diminuição de pobreza e inclusão social. Já está mais do que na hora da sociedade se engajar em um debate sério sobre essa fonte de energia, sem que isso signifique abrir mão de pesquisa e desenvolvimento de outras fontes ainda em estágio embrionário, tais como a energia eólica e a solar.

  8. Diancarlos disse:

    Nada é impossivel. Mas precisa de cuidados ou a sociedade irar sofre as consequencia futuras…

  9. Luiz Fonseca disse:

    O senador Pedro Simon fez um discurso ontem com um alerta sobre a decisão do governo de usar fundos de pensão para turbinar o negócio. O texto está em http://www.senado.gov.br/pedrosimon

  10. Ricardo disse:

    Vou ler com calma, e fazemos contato para avaliar interesse em publicarmos no Observatorio do Movimento pela Tecnologia Social.
    RN
    [email protected]

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