Agressividade e genética

Estudo sobre estresse na gravidez e abusos na infância comprova hipótese da epigenética: ambiente pode interferir diretamente sobre os genes

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Por Daniela Frabasile

Uma mulher passa por estresse durante a gravidez. Uma criança sofre abuso físico ou psicológico quando pequena. Esses fatos podem ter alguma consequência genética na criança? Um estudo recentemente publicado por cientistas da Universidade de Konstanz, na Alemanha comprova que sim.

Há tempos, sabe-se que crianças cuja mãe estava cronicamente estressada durante a gravidez têm maior propensão a apresentar distúrbios psicológicos ou comportamentais quando adultos. Sabe-se também que crianças que cresceram em ambientes abusivos apresentam maior tendência a se tornarem abusivas. Porém não estavam claros os motivos que levam a essas estatísticas. O novo trabalho científico, liderado pelos geneticistas Axel Meyer e Thomas Elbert aponta claramente o papel da epigenética[verbetes na Wikipedia: português e inglês]

Trata-se de algo cujo estudo é recente e ainda pouco conhecido. Em determinadas condições, influências do meio podem provocar alteração direta no código genético das células, mantidas quando estas se reproduzem. Isso pode ocorrer por diversos mecanismos, o principal dos quais é chamado de metilação. Ele pode neutralizar um gene, ao agregar à adenina ou citosina – duas das quatro bases químicas que compõem o DNA – o metil, um grupo de átomos cuja fórmula é CH3.

Descrita num texto publicado na última edição da revista The Economist, a alteração se dá, grosso modo, da seguinte maneira: 1) O estresse prolongado da mãe gestante, ou o abuso sexual sofrido pela criança metilam, no embrião ou após o nascimento,o gene responsável por produzir receptores de glucocorticoide. 2) Estes receptores estão relacionados à transmissão, para as células do cérebro, de hormônios de estresse presentes no sangue; 3) A ausência dos mesmos receptores resulta numa produção anormal de hormônios de estresse. Ela prolonga-se no tempo e está relacionada tanto a distúrbios físicos e psíquicos (tendência à obsidade e depressão, por exemplo) quanto a comportamentos (agressividade, impulsividade e, em homens, propensão à violência sexual).

Do ponto de vista médico, a pesquisa pode levar a drogas que desmetilizam (ou seja, reativam) os genes. É algo que já está em desenvolvimento, embora ainda inicial. Mas a descoberta também pode influenciar, de modo saudável, o debate de ideias. Há alguns anos, estavam muito em voga interpretações que atribuíam quase todos os comportamentos (inclusive os ligados a opção individual, como as preferências alimentares) à simples herança genética. Estudos como o da Universidade de Konstanz contrariam esta visão determinista. Eles evidencial o contrário: em certos casos, é o ambiente social e cultural que influi ativamente sobre o código genético…

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3 comentários para "Agressividade e genética"

  1. ROSÂNGELA HEMCY DANDREA disse:

    A HOMOSSEXUALIDADE NÃO É GENÉTICA. É UMA FORMA DE ESCOLHA DE PARCEIROS AFETIVOS.

  2. julio disse:

    Será o desvio para o homossexualismo, muitas vezes, provocado pela mesma causa?
    Já há estudos que relacionam o homosexualismo à exposição da mãe à inibidores da testosterona(adrenalina) no período da formação do sexo do cérebro. Assim, o feto gerado seria de características morfológicas masculinas, p. ex. e de comportamento feminino nas atitudes se exposto a um baixo indice de testosterona nas primeiras semanas da gravidez, quando se definiria o sexo do cérebro.
    ….A diferença entre o cérebro dos dois gêneros tem raízes evolutivas. Segundo Moir, durante o desenvolvimento dos seres humanos, como o homem era o caçador, desenvolveu um cérebro com habilidades manuais, visuais e coordenação para construir ferramentas. Por isso, um cérebro masculino tem mais habilidades funcionais. Já as mulheres preparavam os alimentos e cuidavam dos mais novos. Elas tinham que entender os bebês, ler sua linguagem corporal e ajudá-los a sobreviver. Elas também tinham que se relacionar com as outras mulheres do grupo e dependiam disso para sobreviver na comunidade e, por isso, desenvolveram um cérebro mais social. Os homens, por sua vez, lidavam com um grupo de caçadores, não precisavam tanto um do outro e se comunicavam menos, apenas com sinais.
    Moir acredita que a diferença de sexo entre cérebro e corpo pode estar ligada às causas do homossexualismo. “Se a concentração de testosterona no útero está mais baixa do que o padrão para os homens, então o ‘centro sexual’ do cérebro será feminino e esse homem sentirá atração por outros homens. Se a concentração desse hormônio estiver alta, o ‘centro sexual’ será masculino e ele sentirá atração por mulheres”, diz Moir…..

  3. robson disse:

    Zeitgeist 3 – sobre o comportamento

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